Temos dúvidas e convivemos com diferentes respostas e versões sobre diferentes fatos em nossas vidas. Muitas dessas dúvidas, e que se revelam permanentemente nas perguntas que habitam nossas cabeças, quem sabe nunca cheguemos a uma resposta. Definitivamente, a gênese, a origem da economia, não é uma dessas dúvidas.
Todos, com um mínimo de inteligência e juízo mais que sabemos onde tudo começa. Não convivemos com qualquer dúvida tautológica, tipo, “quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha”, ou, como a Proeme criou e dizia na publicidade, “Tostines vende mais por que é fresquinho, ou é fresquinho por que vende mais”.
No tocante a economia, mesmo as pessoas de pouca cultura e entendimento sabem onde tudo começa, sabem qual é a gênese. E que é… Um dia, uma pessoa, de forma natural e tranquila em outros países, e ensandecida no Brasil devido às dificuldades e ao cipoal de normas, leis e regulamentos, um dia uma pessoa decide empreender. Montar um negócio. E assim começa, muitas vezes, ele ou ela, e o marido, em algumas situações, o filho, cunhado, vizinhos. E assim que o negócio começa a caminhar, nasce Um Emprego. Isso mesmo, Um Emprego.
Não existe nenhuma outra espécie na natureza que produza uma essencial fruta denominada Emprego. Apenas uma. A empresa. E esse emprego, de imediato, gera salário para quem trabalha, e impostos que darão origem ao Estado. Uma instituição que alguém um dia decidiu inventar para fazer o papel de uma espécie de síndico e/ou administradora de condomínio. Cuidar de um edifício ou condomínio chamado Economia. No nosso caso, a economia do Brasil.
Essa a história. Esse o caminho. Verdade absoluta e definitiva. Não existe uma segunda possibilidade.
Quando voltamos aos anos 1940, e quando a industrialização engatinhava por aqui, e os serviços também, nós, brasileiros, ou trabalhávamos, ou encaminhávamos nossos filhos para trabalhar nos pequenos comércios das cidades, alguns mais corajosos prestavam o concurso do Banco do Brasil, e outros trabalhavam nas prefeituras, um número menor nos governos de estado, e um menor ainda no governo federal.
70 anos depois, e dada a nossa indiferença e irresponsabilidade, fechamos os olhos preguiçosamente, e o Estado foi crescendo, aumentando de volume, intensidade e tamanho, multiplicando-se mais que coelhos os funcionários públicos nas prefeituras, câmaras, estados, país, justiça, forças armadas, guardas civis, e todas as demais e infinitas modalidades de empregos públicos.
Em síntese, 70 anos depois convivemos com um monstro. Que até mesmo por uma questão de inércia, não para de avançar e crescer. E porque decidi fazer este comentário, hoje, 2020? Por que estamos enfrentando uma das maiores crises da história do mundo, e, especialmente, de nosso país, pela característica do Estado brasileiro. Neste momento de pandemia, onde a economia volta para trás em desabalada marcha à ré, onde não temos mais dinheiro para nada, os funcionários públicos comportam-se, através de lobbys poderosíssimos, todos concentrados em Brasília, como se estivéssemos vivendo tempos de total e intensa prosperidade.
O Titanic Brasil afundando e servidores públicos pedindo mais e mais champagne… E assim, perplexos, assistimos hoje, governadores e prefeitos exigindo que possam conceder aumentos e outros benefícios a seus funcionários, em meio à pandemia. Nem no pior dos pesadelos poderíamos imaginar que um dia nos confrontaríamos com esse absurdo. Não é que o Estado vai quebrar. Já quebrou. Com a queda brutal na economia, existe uma correspondente queda na arrecadação.
Assim, e como vem acontecendo na única espécie da natureza que dá uma fruta chamada emprego, e que são as Nossas Empresas, os que não perderam o emprego, terão, inexoravelmente, seus salários reduzidos.
E terão que se defrontar com o apetite irracional e incontrolável do monstro Estado que não aceita redução no salário de seus funcionários, como ainda e neste momento reivindica aumentos para muitos deles.
Voltando ao início. Um alucinado decide empreender no Brasil e nasce uma empresa. Semanas ou meses depois começam a brotar os primeiros empregos… Hoje, todas as empresas, em maior ou menor intensidade, encontram-se destruídas pela pandemia. Cortam empregos e reduzem salários. E hoje, e quando olhamos para a próxima esquina, tudo o que vemos é um Estado a nos dizer, “vou precisar aumentar os impostos…”, para poder honrar os Aumentos que pretendo conceder aos servidores públicos.
É isso, e é essa, queridos amigos a patética e absurda realidade. É o fantasma ou monstro que nos espera na próxima esquina. O maior dos pesadelos. Precisamos resistir… Antes que o monstro, e que construímos para nos servir – lembram, servidores públicos – nos devore a todos. No momento em que todos os servidores públicos deveriam ter se antecipado e voluntariamente proposto redução em seus salários para preservarem seus empregos, acontece exatamente o contrário.
Inacreditável. Só no Brasil.