Sim, mais que concordamos que em momentos como o que estamos vivendo, nessa pandemia a que fomos submetidos, uma parte de nosso tempo deve ser reservada pra reflexões de ordem pessoal.
Na realidade, e mesmo que esse não fosse nosso desejo, muitas vezes no correr dos dias nos descobrimos pensando e refletindo sobre… E todo o restante do tempo, claro, rascunhando, exercitando, e definindo o plano para a volta. O momento em que retomaremos a jornada, provisoriamente interrompida, para que possamos no espaço de tempo mais curto possível, conseguir resgatar a sustentabilidade de nossas empresas e negócios. Em paralelo, a nossa pessoal e de todos que amamos.
Especificamente no território da reflexão pessoal, que seguramente todos nós também estamos fazendo, naqueles momentos em que sentamos no sofá para respirar, ou quando nos deitamos e a cabeça não para de funcionar, uma boa recomendação é recorrermos à reflexão de um dos mais importantes escritores e filósofos dos tempos modernos, Alain de Botton.
Suíço de Zurique, 1969, residente na cidade de Londres, hoje, e ao lado de Harari, um dos escritores que vêm conseguindo tornar acessíveis temas relevantes e que precisam ser do conhecimento de todos; acima de tudo, pela acessibilidade na e da linguagem.
De família originária da vila castelhana de Boton, na Península Ibérica, e hoje desabitada, família que nos anos de 1392, estabeleceu-se na cidade de Alexandria. E onde acabou nascendo, séculos depois, Gilbert de Botton, pai do Alain, investidor e colecionador de artes. Alain viveu até os oito anos na Suíça, domina o francês e o alemão, e aperfeiçoou seu inglês, que também domina, no colégio na cidade de Harrow. Finalmente mudou-se para Londres, acompanhando a família aos 12 anos de idade, e onde se encontra até hoje.
Mas vamos aos conselhos de Alain de Botton, nestes tempos de paradeira, de angústias decorrentes da calma que antecede o enfrentamento das consequências das tragédias, exatamente o que estamos vivendo agora enquanto esperamos pelo fim da crise do coronavírus.
Alain de Botton diz que “estar confinado é um ótimo estímulo para pensar”. E cria uma espécie de undecágono, ou, undecalátero, polígono de 11 lados, para uma tentativa de guia de sobrevivência em tempos de crise:
- Aceitar – Somos improváveis e frágeis. Nunca fomos nem seremos mestres das circunstâncias.
- Admitir – A impotência de nossos poderosos cérebros, humilhação infringida a nós pela natureza, a vulnerabilidade aos absurdos da vida.
- Deixar ir – Os ideais de perfeição, vidas e trajetórias perfeitas.
- Sem perseguição – Nada disso foi feito com a gente em mente. Não fomos escolhidos.
- Amar – Fazer amizades em torno da vulnerabilidade mútua.
- Servir – Sentir alívio por ser tão mais rico amar do que ser amado e quão mais gratificante é servir que ser servido.
- Pessimismo – Obtenha paz não esperando o melhor, mas analisando o pior e se vendo bem nesse cenário. Tire o horror de suas dimensões conhecidas.
- Apreciar – Canto dos pássaros, desenhos de menores de sete anos, e lembranças de praias e abraços.
- Rir – Insista num humor desafiador a caminho da forca.
- Autoperdão – É normal ser alienado na maioria das vezes.
- Pequenos prazeres – Um dia de cada vez, com prazeres modestos: “visão de flores, chocolate e banhos quentes…”.
Se você dispuser de algum tempo, e quiser ampliar a reflexão, agregue mais e muitos lados a esse polígono, que nos ajuda a refletir sobre nós mesmos, e em tempos de coronavírus.
Confessamos a vocês que esse tipo de pensamento ou atitude não se inserem exatamente no que consideramos essencial para as nossas pessoas, mas como a maior, ou, boa parte das pessoas gosta e acredita, decidimos trazer essas reflexões para compartilhar com vocês, nestes dias de sombras e indefinições…