E aí, existia uma correlação absoluta e completa entre moradia e trabalho. As pessoas, mais de 90% delas, trabalhavam na cidade onde moravam.
Alguns prestadores de serviços, no entanto, mesmo antes da internet e do digital, prestavam serviços para empresas de todo o país, e muitos, de todo o mundo.
Na medida em que o digital foi avançando, essa possibilidade cresceu, e assim, e por exemplo, boa parte dos contribuintes americanos confiam a especialistas na Índia a realização de seus impostos de renda, assim como muitos estudantes americanos têm aula particular de matemática e outras matérias, com professores indianos, e a distância. Muitas empresas de tecnologia no Brasil trabalham com programadores na Índia.
De qualquer maneira, isso aconteceu num primeiro momento do digital, e com a chegada da internet. De 10 anos para cá, a consciência da mobilidade foi crescendo, os gadgets aperfeiçoando-se, as conexões melhorando, e assim, milhares de jovens profissionais decidiram além da mochila colocarem um notebook a tiracolo e partirem pelo mundo sem deixar de prestar serviços a empresas.
Trabalham para as empresas que querem e valorizam seus serviços, a distância. E morando no lugar de seus sonhos… São os chamados nômades digitais, que vêm crescendo de forma acelerada nos últimos anos, fazendo com que alguns países, e principalmente cidades que sempre atraíram muitos turistas, desenvolvam programas especiais voltados para eles, para os nômades digitais. Hoje, mais de 40 milhões de profissionais em diferentes lugares do mundo prestando serviços para empresas em diferentes lugares do mundo…
Semanas atrás, e pegando carona na forte atração que exerce em todas as pessoas de todo o mundo, o Rio de Janeiro colocava em andamento um plano de posicionar-se como o principal polo, ou porto de atracação, para os nômades digitais de todo o Brasil, e se possível, da América Latina, e quem sabe de outros países.
Em entrevista ao O Globo, a presidenta da Riotur, Daniela Maia, disse que a cidade está se preparando para oferecer a infraestrutura básica a um nômade digital, e que passa também pelo envolvimento da hotelaria, bares e restaurantes.
A ideia, segundo Daniela, “é primeiro atrair quem está em São Paulo, Belo Horizonte, ou outras cidades do país, trancadas num apartamento, para vir trabalhar no Rio por um ou dois meses…
O passo seguinte, atrair o estrangeiro…
Tem tudo para dar certo. Vai dar certo. Nômades digitais, os novos hóspedes, e na sequência habitantes, de uma das cidades mais bonitas e desejadas do mundo.
Para desespero dos pais, as crianças nascem hoje dotadas de asas… São seres alados… Já era tempo. E como nos ensinou Cecília Meireles, “Quem tem asas, voa…”.
One thought
O termo é muito interessante, nômade digital. A iniciativa da riotur mais ainda, pensar numa estrutura para atender de forma planejada e direcionada esse nicho.