Uma marca datada em produto novo funciona? Esse é o desafio que uma das mais tradicionais fabricantes de relógio decidiu enfrentar.
A Technos é de origem Suíça, criação da família Gunziger, 1900, portanto, empresa mais que centenária. Desde 1956 a marca é distribuída no Brasil pela importadora Centauro do empresário brasileiro Mario Goettems.
Nos anos 1970, os relógios analógicos batem todos os recordes de venda, manifestações novas como a do Swatch eclodem, novas marcas surgem em paralelo, e o Brasil passa a ser o principal mercado para a marca em todo o mundo. O que leva a construção de uma fábrica em Manaus, inaugurada em 1984.
Dez anos depois Goettems compra os direitos da marca, transfere a sede para o Brasil, e assim, Technos, converte-se em marca brasileira, por naturalização.
Em 2008, seu controle é transferido para um fundo, em 2013 abre subsidiária na China, decola com novas marcas como Dumont e Condor, distribui marcas globais como Fossil, Diesel, Marc Jacobs, Armani, DKNY, Adidas, Michael Kors.
Mas desde a década passada vê seu domínio ser contestado pelos smartwatches – relógios inteligentes ‒ ligados às empresas de tecnologia, além dos fabricantes chineses.
E assim, e do dia para a noite, ganha a concorrência da Apple, Samsung, e de dois anos para cá do Fitbit, hoje uma empresa do Google.
Curioso é que a marca de certa forma, e mesmo centenária, contempla em sua denominação Technology, Technos, mesmo sendo percebida e reconhecida como uma marca analógica. De qualquer maneira e agora o jogo é outro, em 2017 joga a toalha e reconhece a nova realidade, e lança seu primeiro Smartwatch, com a marca Technos Connect 3.0.
Assim, e completado todo o ciclo, e trazendo de volta para o comando das operações o executivo Joaquim Ribeiro, que de forma precoce restringia-se ao conselho da empresa, lança e volta-se totalmente para o futuro, com o modelo Connect Sport, para venda em larga escala e brigar principalmente com os chineses.
É isso, amigos.
Depois de uma longa e centenária caminhada, e quem sabe, num dos maiores e mais absurdos “cases” de “Branding Premonition” de toda a história, a empresa que nasceu Technos há mais de 100 anos para vender produtos analógicos, agora se reencontra com o nome e tenta convencer todos que acreditaram em sua proposta, que a Technos é Technos no melhor, e mais abrangente e mais atual sentido da palavra.
As voltas que a vida dá…