Acostumamo-nos, nos finais dos filmes produzidos nos Estados Unidos, e imediatamente durante ou após a cena final, ou mesmo durante, subir ou aparecer a expressão The End. O filme chegando ao fim.
Agora é o cinema, isso mesmo as velhas e fantásticas salas escuras que povoavam nossas imaginações e inundavam nossas vidas de sonhos e encantamentos começarem a longa jornada de despedida. Restando algumas centenas pelo país até a morte do último saudosista.
O maior efeito da pandemia do Covid, mais que matar milhões de pessoas pelo mundo, e deixar outros muitos milhões com sequelas graves, foi a de acelerar, para o bem e para o mal, mudanças em andamento. Antecipando o prevalecimento de novidades que demandariam ainda mais uma década, no mínimo, e antecipando a despedida de manifestações que consideravam uma sobrevida por período semelhante. O cinema é uma das instituições que se inserem na segunda constatação.
Agora, a realidade, diante dos últimos números divulgados sobre o que aconteceu nos EUA, antes e depois da pandemia. O impacto dos números foi de tal ordem que o que menos se discutiu no último Festival de Cannes do ano passado foram os filmes, e sim a debilidade do negócio dos cinemas.
Com a pandemia administrada, com as salas reabertas, os números são chocantes, não obstante a grande expectativa que existia.
Mesmo ainda quando faltavam alguns meses para o final de 2022, a arrecadação do primeiro semestre equivalia a 81% do total de todo o ano de 2021, mas, e apenas, 32% da bilheteria de 2019, o ano pré-pandemia, ou seja, um ano de total normalidade.
O mesmo registrou-se em outros países. Os números do Brasil foram mais calamitosos e reveladores. Mesmo superando o total arrecadado no ano de 2021 em 12%, ainda corresponde e apenas 19% do total de 2019.
O mundo velho despedindo-se…
The End, por mais triste e difícil que seja para todos aqueles, como eu, que adoram cinema. Na minha juventude, eu, Francisco Madia, conseguia a proeza de ver três filmes em três cinemas diferentes num mesmo dia… Outros tempos!
The End.
One thought
The End – or not so much, not so soon.
Segunda feira fui com meu filho, Roberto Féres, na Pinacoteca, onde estava passando O Brutalista, como parte da Mostra Internacional de Cinema.
A temática era nada popular, nenhum ator hiper primeira linha, o filme tinha 3 horas e 40 minutos de duração, começando às 20:20 e terminando a meia noite e sendo na Pinacoteca,
o público sentava em cadeiras de plástico, ao invés de confortáveis poltronas.
A fila era quilométrica, e como em mostras os assentos não são numerados, ficamos (nós e a torcida do Corinthians rss) em pé, do lado de fora, numa calçada esburacada e rua escura,
até abrirem as portas do paraíso, as 20:15.
E A-DO-RA-MOS! TU-DO!
Cinema era programa da malta, agora será um nicho.
O que é uma pena, mas não vamos providenciar o caixão ainda.
Abraços