Claro que não. É da natureza do ser humano o encontro físico e presencial, o toque, abraços, beijos. Mas, na realidade dos dias em que vivemos, convivemos 4 vezes mais a distância para, exagerando, uma vez presencial.
Assim, e durante a pandemia, vendo ou revendo parentes e amigos a distância, reuniões a distância, negócios a distância, muitas pessoas passaram a se incomodar de… como eram a distância! E resolveram, como se diz no popular, “dar um tapa na beleza”.
Em meio a diferentes plataformas de teleconferência, onde prevalecia o Zoom, as pessoas começaram a não gostar mais de suas aparências. Closes diretos no rosto extrapolando detalhes dissimulados e escondidos nos encontros presenciais. Isso posto, a tal da indústria da beleza especificamente voltada para o rosto, nariz, olhos, cresce e prospera com centenas de novos lançamentos.
Mas não é suficiente para os que se sentem feios e – infelizes com suas novas aparências no a distância ‒. E assim, cirurgiões plásticos comemoram.
No ano anterior a pandemia o número de plásticas no Brasil, 2019, foi de ordem de 450 mil. No ano da pandemia, 2020, mesmo com as dificuldades de internação, o número saltou para 484 mil. E deve ter superado em muito os 500 mil no ano passado – os números ainda não foram divulgados – e bater nos 600 mil neste ano… E nas chamadas novas plásticas, decorrentes da síndrome de zoom, as pessoas procedem como em relação a quase todas as consultas médicas pós-Google. Preparam-se para aproveitar ao máximo a consulta e contribuírem no diagnóstico e solução.
Se nas consultas de praxe, depois do Google, estudam e preparam-se para questionarem seus médicos, nas plásticas decorrentes do Efeito Zoom, já levam de casa algumas referências produzidas no computador de como gostariam de se ver e serem vistas depois. Totalmente diferente do que acontecia até ontem passado recente, pré-pandemia, onde as pessoas que se dirigiam para procedimentos plásticos levavam revistas com seus artistas preferidos como referências de como gostariam de ser amanhã de manhã.
Depoimentos de Zooms Maniacs Operadas no Estadão, e colhidos por Julia Marques:
“Karina Amorim, cabelereira, 44 anos, jamais fez plástica. Desde 2022 já fez quatro. Diz, “Quando começou a pandemia jamais imaginei que ficaria em casa e não poderia mais abrir meu salão. E aí descobri o escape das plásticas… O emocional abalado e eu tentando demonstrar que resistia e era forte. Cai nas videochamadas e descobri na tela o quando estava destruída. “Fiz plásticas na bochecha, lábios, sobrancelhas…”.
Outro depoimento, “Maria Guiomar Garcia, aposentada, 53 anos, com uma Blefaroplastia agendada para dias depois da entrevista. A propósito, Blefaroplastia é uma cirurgia plástica que busca remover a pele enrugada e descaída das pálpebras superiores ou inferiores…
Voltando a Guiomar… Disse, “o uso de máscaras fez com que prestasse mais atenção em meu olhar e descobri muita tristeza…. em decorrência do que passamos… a cada morte de parentes, amigos, o olho caia um pouco mais… transmitimos e expressamos tristeza crescente e maior… tinha que dar um jeito…”.
E isso aconteceu, em maiores ou menores proporções, em todos os demais países. Nos Estados Unidos o aumento nas chamadas plásticas faciais pós pandemia é da ordem de 40%.
É isso, amigos, assim somos nós. Mais que isso, um dos princípios essenciais de todo o processo de comunicação é as pessoas, devidamente comunicadas, terem consciência de uma nova realidade. Seja um novo produto, serviço, ou as circunstâncias em que vive e as cercam. Conscientes, tomam a decisão. E procedem à compra. Como vem acontecendo com os procedimentos plásticos nos rostos desde o Covid-19.
Pessoas que, ao se verem, não gostaram do que viram, caíram em si, e recorreram ao bisturi, pinças, pontos e demais procedimentos.