Enquanto todas as empresas que conseguiram sobreviver sangram, procedem a cortes e reduções, despedem, e tudo o mais. Enquanto milhões de brasileiros perderam seus empregos. Enquanto milhões de empresas fecharam as portas.
Até semanas atrás nenhum único funcionário público – executivo, legislativo, judiciário, forças armadas, e demais, nenhum funcionário público, repetimos, viu seu salário reduzido em um único centavo e muito menos perdeu o emprego.
Ao contrário. Alguns como o Prefeito de São Paulo, membros das forças armadas, dos poderes legislativo e judiciário, não só preservaram seus empregos como ganharam aumentos.
Na síntese da insensibilidade e irresponsabilidade o cálculo é que em 2020, em plena pandemia, com a economia do país sangrando aos borbotões, um em cada quatro servidores públicos recebeu aumento.
E aí veio uma espécie de nova Velhinha de Taubaté, lembram, aquela personagem de Luiz Fernando Veríssimo, criada durante o governo militar de João Figueiredo, e que era a última pessoa do Brasil que ainda acreditava no governo.
Uma espécie de Nova Velhinha de Taubaté é… O Prefeito de Jacobina. Tiago Dias, do PCdoB, que decidiu reduzir seu salário de R$ 15 mil para R$ 1,1 mil. R$1,1, o valor do novo salário mínimo do Brasil.
Um de cinco filhos de um lavrador e uma merendeira, 37 anos, Dias, superou as críticas que recebeu, tipo, – “como um cabra da roça pode ser prefeito se nem os “dotô” eram certo?” e assim se manifestou, “Queria dar o exemplo, na medida em que represento também a zona rural e que ganha menos do que isso. Eu não poderia mesmo receber mais…”.
“Ou seja, amigos, e se aquele velho ditado continuar valendo, a exceção justifica a regra”, agora temos e finalmente uma exceção. Não mais para justificar a regra, mas para se converter na reflexão mais que necessária para que, e finalmente, todos os brasileiros sejam iguais perante a lei, deveres e obrigações. E que não apenas os trabalhadores das empresas privadas paguem parcela substancial da conta, com cortes em seus salários, e com a perda de empregos.
O Brasil está matando seu único doador de sangue. As empresas privadas. Para irrigar e manter vivo um estado balofo, monumental, incompetente, e insaciável.
Vamos permitir que o estado nos mate por asfixia?