Autor: Francisco Madia

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A quase impossível e supostamente vida fácil

Quase todos que buscam informações sobre as Novas Empresas da Nova Economia deliciam-se ouvindo ou vendo as lições de sucessos dos chamados Unicórnios. As dificuldades e desafios iniciais, os atalhos encontrados, as sucessivas injeções de capital, e finalmente a valorização, o lucro, a multiplicação. Só que esse enredo é privilégio de poucas novas empresas. Quase todas as demais ou ficam pelo meio do caminho ou seguem em busca de um mínimo de empoderamento para voar mais alto. Como comentou Romero Rodrigues, que em companhia de três colegas da Poli, fundou o ano de 1998, o Buscapé, comparador de preços, que chegou lá e foi vendido no ano de 2009 – 91% da empresa – por US$342milhões. Hoje Romero, através da Headline e em sociedade com a XP, Guilherme Benchimol, administra uma carteira de quase R$1 bi. Falando à Paula Viera da revista Poder, Romero disse, a respeito das dificuldades e dos desafios em acertar nas empresas certas: “Se a gente soubesse quais as startups iriam dar certo, investiríamos somente nessas. Olhamos 1500 empresas para investir em seis ou sete por ano. E de cada três em que aportamos, apenas uma dá certo – a segunda anda de lado e a terceira morre…”. É isso, amigos, é mais ou menos como no desabafo do bêbado, “Todos reparam nas pingas que eu tomo, mas não veem os tombos que levo…”. Definitivamente, não é nada fácil a vida dos que se tornaram dependentes dos investimentos de risco. Chances mínimas de ganhar fortunas. Chances máximas de perder tudo. Segue a vida…
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Mais brasileiros desistindo do Brasil

14.213 de jan a junho 2022, contra 15.690 de todo o ano de 2021. Mais brasileiros seguem desistindo do Brasil. Para sempre, não se sabe, ou por algum ou muito tempo. No ano de 2021 inteirinho foram 15.690 brasileiros que desistiram do Brasil. Em 2022, em apenas seis meses, o número foi quase o mesmo, 14.213. E desde então não para de crescer de forma acelerada os que desistem e vão embora. Os últimos dados disponíveis de meados de 2024, falam em 4,2 milhões de brasileiros vivendo em outros países. Você está considerando jogar a toalha e partir…?! Que às vezes dá vontade dá, mas, Eu não vou desistir e espero que você também, não!. Nos próximos anos testemunharemos e participaremos de dezenas de movimentos de brasileiros resgatando nosso país da mediocridade, e da vida letárgica e modorrenta dos primeiros 522 anos. Chega, não dá mais! E a hora é agora, aproveitando-nos de todas as oportunidades do tsunami tecnológico, do nascimento de um 4º ambiente, a Digisfera, que nos permitem despedirmo-nos do mundo velho, atravessarmos a ponte, e nos instalarmos, Novos, Novo Brasil, no Admirável Mundo Novo. Em matéria em O Globo de meses atrás o aumento significativo de instituições financeiras que se prepararam e se adaptaram para atender os brasileiros, seus clientes, em mudança, ou fuga. Dentre outros, o Banco do Brasil que celebrou parceria com o UBS, o Itaú que comprou 35% da corretora Avenues com sede em Miami, Santander que acaba de lançar o Santander Private Banking Portugal, e o Bradesco, através de sua corretora Ágora com o programa Invest Us… sem falar dezenas de fintechs que oferecem serviços semelhantes, ou seja, brasileiros em fuga, talvez uma das principais características dos próximos três anos. Eu, Francisco Madia, repito, mais que nunca, vou ficar e participar de todos os movimentos que tenham como objetivo resgatar o Brasil da inércia, ignorância, e passado de tristes e lamentáveis recordações. Chega! E você, faz como Pedro I, diga ao povo que fico, ou desiste, ainda que provisoriamente do Brasil? Eu, repito, fico e participo.
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O que dá para rir, dá para chorar

Um dia, um inventor húngaro e naturalizado argentino, László Biró, 1899/1985, conseguiu patentear uma caneta esferográfica. Tempos depois, Michel Bic (Marcel Bich), comprava com seu sócio Édouard Buffard no ano de 1945 na França uma fábrica de tinta. Rapidamente comprou os direitos autorais de Biró e, em 27 de dezembro de 1950 lançou sua caneta esferográfica, mudando a história da escrita em todo o mundo, a BIC Cristal. As primeiras BICs chegam ao Brasil importadas, em 1956, e em 1960 uma primeira fábrica é instalada em nosso país. De lá para cá a BIC foi diversificando, mas e para sempre, BIC seguirá sendo a velha e boa caneta descartável, que milhões de brasileiros orgulhosamente usavam no bolso da camisa, e como a se declararem, finalmente, alfabetizados, que sabiam escrever. E aí chegou a pandemia, e a BIC vendendo canetas, isqueiros e lâminas de barbear, e que respondem pela quase totalidade de seu faturamento. Durante a pandemia, com a suspensão das aulas, o faturamento no território específico da escrita despencou 40%. Esse território é responsável por 33% das vendas da empresa no Brasil. Em compensação, os outros 66%, lâminas e isqueiros compensaram. Pessoas trancadas em casa fumaram e cozinharam mais, e assim, e no total, e segundo declarações do belga Olivier Debruyn, que há quatro anos comanda a BIC no Brasil, registrou um crescimento de 15% em 2021. Em alguns momentos, em poucos momentos, a tal da diversificação com consistência faz sentido, e atenua crises. No caso da BIC, a consistência da diversificação levou em consideração duas componentes essenciais. Primeira, colocar ao lado das canetas, de compra recorrente e intensa, outros itens com características semelhantes, isqueiros e lâminas, e, segunda, com afinidades de distribuição e pontos de venda. Essa é e assim é a BIC décadas depois de sua chegada ao Brasil. Um ótimo exemplo de diversificação com sensibilidade e competência.
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A ciencia e a arte de pegar carona

De alguma forma, o negócio de venda de livros em nosso país chegou a uma encruzilhada nos últimos anos. De um lado, editoras e livrarias tentando colocar em pé o chamado livro digital, ou e-book. Que prometia ser um grande sucesso, que acenava com a perspectiva de praticar preços bem mais acessíveis que o dos livros de papel – no máximo 20% do preço de um livro de papel –, mas hoje, 20 anos depois, essa perspectiva perdeu muito de sua força inicial porque quem gosta de livro e tem o hábito de ler, ainda prefere os velhos, bons e queridos livros de papel. E como não conseguiu alcançar os volumes que imaginava, os e-books custam quase tanto hoje quanto os livros de papel. Mas, e mesmo assim, na década passada, a crise chegou pra valer nas livrarias tradicionais, e as três maiores redes do Brasil fizeram água, e até hoje existem dúvidas sobre suas sobrevivências: a Cultura, Saraiva e Laselva. E a FNAC jogou a toalha e despediu-se do Brasil. Assim sobreviveram as novas redes, de lojas de tamanho menor, e também com uma quantidade menor de unidades. Dentre essas, uma rede de porte médio, que começou a partir de uma única loja em 1985, a Livraria da Vila, e que desde 2002 é comandada por Samuel Seibel. Há 17 anos, a então tradicional Livraria da Vila da Fradique Coutinho abriu uma segunda loja na Alameda Lorena. Onde eu, Madia, lancei alguns de meus livros. Com a pandemia, Samuel reconsiderou o tamanho de algumas de suas lojas, e decidiu mudar a tradicional livraria da Lorena, para a própria Lorena, num tamanho menor, mas recorrendo a estratégia de pegar carona. Assim, meses atrás inaugurou sua nova loja na mesma rua, só que agora, ao lado do Santa Luzia. E apostando que conseguirá atrair parcela expressiva dos clientes daquele que é o supermercado de uma loja só com o mais elevado ticket médio de vendas do país. Em tese, tem tudo para dar certo e converter-se num megassucesso. E talvez, como seu vizinho vencedor, e depois de algum tempo, ser a livraria do Brasil com o maior volume de vendas por metro quadrado. Vamos conferir. De qualquer maneira sempre bom saber que as livrarias de tijolo e livros de papel sobrevivem, e, aparentemente, superaram sua maior crise. E pegar carona, continua sendo sempre, uma ótima estratégia.
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Dá, sempre dá, claro, desde que se queira…

É comum e natural ouvimos falar, “Não dá, vamos precisar de no mínimo 10 anos e tudo o que temos são poucos meses…”. E o que a vida tem nos mostrado é que… “Dá… claro que dá… sempre dá… quando a necessidade fala mais alto…”. Ronaldo Lemos é advogado, e um dos melhores pesquisadores e conhecedores das manifestações disruptivas que vem possibilitando a construção de um admirável mundo novo. Numa série de documentários para o Canal Futura, cinco temporadas, “Expresso Futuro”, compartilhou com seus seguidores as manifestações mais relevantes pelo mundo, tendo destacado-se por uma sucessão de matérias sobre a China. Há dois anos, em sua coluna TEC na Folha, revelou o que um país em guerra conseguiu fazer, a Ucrãnia, mudando toda a sua base de serviços analógica para o ambiente digital. Para muitos, uma impossibilidade absoluta, mas, quando não existe outra alternativa tem que dar e deu. Em seus comentários nos últimos anos, e quando Ronaldo se refere aos governos de todos os países, é taxativo, “todos os governos terão que se transformar em plataforma digital… governo que insistir em permanecer analógico perderá a capacidade de governar”. Tão simples e verdadeiro quanto. Dentre os países que fizeram a migração com sucesso, segurança e rapidez, os casos mais conhecidos eram, até ontem, os da Estônia. País que criou uma Identidade Digital, unificou todos os serviços públicos em uma única plataforma ou portal passível de acesso de qualquer lugar do planeta. Hoje na Estônia só duas manifestações precisam ser feitas presencialmente: comprar um imóvel ou casar. Todas as demais, a distância. Enquanto todos falavam da Estônia eclodiu a Guerra Ucrânia/Rússia, e por total falta de alternativa, a Ucrânia teve que se virar nos 30 e mudar-se para as nuvens. Imagine mudar um país para as nuvens em meio a uma guerra. E… fez! Hoje, em poucos meses, ucranianos se somaram, criaram o IT Digital Army, foram à luta, e realizaram a transformação. E aí vem a pergunta, e nós? Quando finalmente decidiremos migrar do velho para o novo, nos modernizar, criar o Brasil Digital, diminuir o peso do Estado a no máximo 10% do que é hoje, e canalizarmos todos esses recursos para injetar oxigênio e inovação em nossa economia. Como temos dito para vocês, o Brasil não tem outra alternativa e está condenado inexoravelmente à transformação. Por bem, vontade própria, em no máximo 10 anos, ou arrastado, por todos os demais países, em 20 anos. Quem viver verá. Não existe outra possibilidade. Ou será que precisamos de uma guerra para criar vergonha.
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A mamãe e filantropa Mackenzie

Mackenzie Scott, ex-Bezos, enriqueceu casando com Jeff Bezos. Em verdade, os planos da Amazon foram feitos a quatro mãos, Ela e Jeff nas viagens que o casal fazia de automóvel pelos Estados Unidos. O amor foi bom enquanto durou. 25 anos. Separaram-se e Mackenzie tornou-se a mulher mais rica do mundo. Um patrimônio de US$65,8 bi, no dia da formalização da separação, 4 de abril de 2019. Hoje se chama Mackenzie Scott, tornou-se uma das principais filantropas dos novos tempos, e desde a separação para cá já destinou quase 20% de sua fortuna para mais de 1,2 organizações sociais em todo o mundo. Inclusive no Brasil. Assim, Mackenzie converte-se num ótimo exemplo de como os novos bilionários podem passar o restante de suas vidas. Dividindo e compartilhando parte de suas fortunas, com instituições sociais, selecionadas criteriosamente para que os recursos alcancem os melhores resultados, e impactem positivamente a sociedade. Que o exemplo de Mackenzie Bezos, hoje Mackenzie Scott, se multiplique…
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Itália resiste pela segunda vez

A primeira vez aconteceu numa pequena cidade ao sul da Itália. A cidade de Altamura, 65 mil habitantes na época, e onde se encontra a festejada Romanesque Cathedral, de 1223, e famosa por fazer O Melhor Pão da Itália. O Altamura Bread, registrado e protegido Pela União Europeia. Por razões que a própria razão desconhece e ninguém conseguiu entender até hoje, um dia, o Mc, 2001, decidiu abrir uma loja na pequena cidade. Decidiu invadir Altamura. Inaugurou a loja no Natal de 2001 e orgulhava-se de oferecer 25 novos empregos na cidade. Como não poderia deixar de ser, e ao lado da loja, um tremendo arco em neon amarelo, encobrindo a vista da catedral, e tornando órfãos os pequenos falcões que se abrigavam nas árvores vizinhas… e com o clarão, perderam o sentido de direção… Foi quando um jornalista local, indignado, Onofrio Pepe, decidiu somar os demais indignados e reagir. Começaram com pequenas manifestações na porta do Mc. Não deu resultado. E ainda o MC decidiu colocar um telão em frente a loja e transmitindo os jogos do campeonato italiano. Diante do insucesso, Pepe colocou em ação uma nova estratégia. Convertendo uma pequena loja ao lado do Mc na nova filial da Antica Casa Di Gesù , sob o comando de Luca Di Gesù , e sua imbatível e monumental Focaccia centenária, passada de bisneto para avô para pai para filhos – 4 gerações. Deu certo! Todos assistiam os jogos na tela do Mc, e iam comer a Focaccia da Di Gesù . Corta, Natal 2002. Narrativa. “Na manhã do dia 11 de dezembro, os Arcos foram apagados, o tapete vermelho recolhido, as janelas cobertas com uma espécie de sudário que se coloca sob o corpo dos que tombam nos campos de batalha… Nunca mais se ouviu falar do Big Mac, das tortas de banana e maçã, e das batatas fritas…”. Salta agora para 2022. Duas décadas depois. Domino´s tentou invadir a Itália. No ano de 2015 a empresa decidiu invadir e tomar conta do mercado. Capitalizou-se e planejou abrir 880 lojas. Tudo aparentemente corria bem, mas, a adesão dos italianos a pizza estilo USA muito abaixo do esperado. Tudo foi tentado inclusive com pizzas de frutas, doces e tudo o mais. Meses atrás, 7 anos depois, Domino´s jogou a toalha e decidiu tirar o time de campo. Em Roma como os romanos, na Itália como os italianos, em pizzas, e como lembra a denominação, como os napolitanos…
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Das ruas, das casas, para as nuvens… Ou, cenas da pandemia…

Na onda do Todos Vendendo Tudo para Todos, parcela expressiva dos vendedores do território das chamadas Vendas Diretas, dia após dia migrando para as nuvens, e aderindo aplicativos e plataformas de algumas organizações e marketplaces. Durante a pandemia era preciso seguir vendendo… de casa… Vamos transcrever para vocês, agora, trecho da matéria de O Globo, do domingo, 7 de agosto 2022, assinada pela Camilla Alcântara, e que tinha no título a migração do porta a porta para os cliques nas redes sociais. No parágrafo da matéria, o terceiro, Camilla contava que, “O crescimento do e-commerce na pandemia deu um empurrãozinho à criação de programas de parcerias com gente comum pelos varejistas. Alguns são parceiros da Magalu, do Shopee, da Minha C&A, de Favoritos Renner… Em algumas dessas parcerias o vendedor cria um site próprio dentro da plataforma da empresa para vender os produtos nas redes. A curadoria é feita pelo profissional de acordo com o gosto de seus clientes, que usam o link para efetuar as compras. Cada venda por esse canal gera comissão para o consultor… Na C&A e na FARM a fórmula é outra. O cliente direcionado pelo consultor faz as compras no site ou aplicativo e acrescenta no campo indicado um cupom onde se encontra o código do consultor. Assim, o sistema dá desconto ao comprador e a comissão ao revendedor…”. É isso, amigos, a partir da pandemia, que acelerou tudo, dia após dia todos convertendo-se em vendedores… Na matéria da Camilla, um exemplo: “Gabriel Silva Oliveira, 25 anos, encontrou na revenda de cosméticos da Natura pela internet a forma de pagar as contas… formado, concilia o trabalho com as vendas que representam 60% a 70% de sua renda… diz, “Tinha bolsa de estudos, mas precisava de dinheiro para me sustentar. Minha mãe revendia cosméticos pela revistinha e eu resolvi seguir o mesmo caminho. Mas como estava numa cidade nova e não conhecia ninguém fui para a internet. No início dedicava 10 horas por dia para produzir conteúdo e anunciar produtos, conversar com clientes e enviar encomendas… hoje, declara Gabriel, dedica 4 horas por dia à atividade e ganha mais de R$ 4 mil por mês…”. É isso, amigos. Hoje, mais de dois anos depois, milhões de microsellers não param de cavar em busca do ouro da sobrevivência e através das redes sociais. Todas as empresas, de todos os setores de atividade, tendo seus alicerces abalados por essa espécie de novos cupins, que vão ruindo as bases do velho comércio, e impondo reflexões urgentes de todas as organizações de varejo que ambicionam sobreviver… Caso contrário…
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Empobrecimento e perda de renda

Como sempre acontece, em momentos de transição, e durante um bom tempo, muitas pessoas revelam-se e encontram-se perdidas no meio do caminho. Desta vez é muito mais forte. É, simplesmente, brutal! Não se trata de uma mera transição, trata-se de uma disrupção ampla, geral e irrestrita, e do nascimento de uma nova sociedade. Um mundo velho que se despede, e um novo que começa a despertar. Assim, e literalmente, algumas profissões desapareceram, milhões de postos de trabalho evaporaram e assim seguem, e até que a transição do velho para o novo termine – uma década – milhões de profissionais diplomados perdidos pelo mundo, e vivendo de bicos enquanto aguardam melhores notícias, ou decidem-se por reinventar-se, e buscam uma nova profissão, já na condição de empreendedores. Sem falar no monstro devastador, de dois anos para cá, que ceifa empregos aos milhões e em questão de meses conhecido como IA, Inteligência Artificial. Uma primeira matéria sobre o tema foi publicada há dois anos no jornal Valor de um dos últimos finais de semana, e assinada pela Marsílea Gombata. Na matéria meia dúzia de histórias e situações de pessoas que, do dia para a noite, perderam seus empregos, não conseguiram encontrar um novo, e passaram a viver de bico. Na matéria a história de Augusto Barros, por exemplo, 40 anos, formado em editoração pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Com o encolhimento do mercado editorial sentiu-se solto no espaço e sem ter o que fazer e onde empregar-se. Decidiu rever sua atividade, e disse, “Com o tempo as vagas foram escasseando e fui atrás de outras possibilidades para meu sustento. Hoje trabalho num Call Center de uma distribuidora de energia, e onde recebo um salário mínimo…”. De certa forma, e como lembra Marsílea, Augusto Barros é mais um de um contingente de 4,9 milhões de brasileiros que se inserem no território dos com Excesso de Formação, ou, em inglês, Overeducated… Apenas no primeiro semestre de 2023 o contingente dos chamados Overeducateds, cresceu o impressionante número de 478 mil brasileiros, totalizando 4,9 milhões de profissionais. Muitas as razões para que esse fenômeno se manifeste de forma tão forte em nosso país, mas, a maior de todas, a chamada Década Perdida, a passada, onde o número de brasileiros com formação universitária continuou crescendo, enquanto a economia do país voltava para trás. E a década passada, a da gênio Dilma, foi a pior dos últimos 200 anos. Ou seja, amigos. Além do fim dos empregos como temos comentado com vocês que segue acelerando, e com o prevalecimento de profissionais empreendedores, na sociedade onde o capital é o conhecimento e se trabalha no formato de parceria, a crise recente da pandemia, e a guerra da Rússia e Ucrânia, a crise no oriente que bagunçaram de vez a economia mundial, tornam o problema que tinha data marcada para acontecer mais desafiador, e, maior, ainda. E de dois anos para cá, o monstro ceifador de empregos mais conhecido como IA… Mais que na hora da ONU eleger como seu tema principal para os últimos cinco anos desta década o que Rifkin, premonitoriamente, anunciou, em um de seus best-sellers, lançado pela Amazon no dia 11 de maio de 2004, The End of Work… As lideranças mundiais não leram. E se leram, irresponsável e criminosamente, ignoraram…
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A segunda bolha. Silenciosa e horizontal

A primeira bolha da internet, do digital, da chamada Nova Economia eclodiu na virada do milênio. A segunda, agora, num universo muito maior, e pipocando todos os dias o que atenua seu impacto visual e sonoro. Mas, simplesmente, monumental. Nas duas bolhas um mesmo protagonista, Masayoshi Son, do Softbank. Da primeira bolha, trago para vocês o relato do livro do economista Sebastian Mallaby, “The Power Law” livro diminuído e mediocrizado no Brasil com o título pífio de uma tradução literal e burra, “A Lei da Potência”. Se, e para ser literal, o título deveria ser A Lei do Poder… Mas o melhor título seria mesmo Os Bastidores da Nova Economia… Na página 229 do livro Mallaby introduz Masayoshi, no eclodir da primeira bolha. Diz Mallaby, “Masayoshi Son, que por um breve período chegou a ser a pessoa mais rica do mundo, perdeu mais de 90% de sua fortuna. Munido de capital durante os anos de expansão, muitas sociedades de capital de risco não viam como movimentar o dinheiro. Alguns devolveram dólares não investidos a sócios externos, outros pararam de levantar novos fundos, e os poucos que tentaram arrecadar dinheiro foram rejeitados por financiadores… O Vale do Silício perdeu duzentos mil empregos entre 2001 e o início de 2004; os outdoors nas estradas ficaram sem anúncios, e os doutores em física passaram a trabalhar como garçons. Como disse na época um empreendedor, “estar no Vale do Silício é entender que só as baratas sobrevivem e você agora é uma delas…” Corta para segunda-feira, 8 de agosto de 2022. Masayoshi Son convoca coletiva de imprensa que abre, confessando, “Estou Envergonhado”. Ou seja, de novo, Masayoshi, um dos principais, talvez o principal protagonista do eclodir da segunda bolha do digital. No segundo trimestre de 2022, provavelmente, o ponto mais fundo da bolha, o conglomerado de investimentos e fundos sob a gestão de Masayoshi e seu Softbank registrou perdas da ordem de US$23 bilhões. Em suas declarações Masayoshi disse que seu Softbank está se impondo um exercício dramático de cortes de custos e de forma generalizada. Segundo ele, seus fundos foram fortemente impactados pela onda mundial da queda no valor das ações das empresas de tecnologia, mais as perdas cambiais que impactaram o iene – o iene atingiu sua pior cotação em relação ao dólar no mês de julho passado…. Ao terminar sua coletiva, e reconhecendo estar pagando o preço decorrente do açodamento e superficialidade nas decisões de investimentos e compras de participações, Masayoshi disse, “Se tivéssemos sido um pouco mais seletivos e investido apropriadamente não teria doido tanto…” Ou seja, amigos, estamos vivendo a eclosão da 2ª grande bolha da internet. Só que desta vez, e como o universo de novas empresas é muitas vezes maior do que quando eclodiu a primeira bolha, o barulho, os prejuízos, e as consequências, ficam mais diluídos, atenuados. Mas, as perdas seguem descomunais… Em tempo, dentre as empresas onde o Softbank investiu no Brasil figuram a Creditas, Kavak, Loft, Mercadobitcoin, Quintoandar, Olist, Vtex, Único, Madeiramadeira, Rappi, e outras mais, e que também e desde então, e em quase sua totalidade, seguem procedendo a cortes significativos em seus quadros e investimentos.