E assim, nós, contribuintes Brasileiros, pagamos R$ 48 milhões para que tirassem fotografias de operações do BNDES. Tudo o que tinha que ser feito era uma devassa e investigação sobre o que aconteceu durante anos.
Portanto, INVESTIGAÇÃO.
Mas, contrataram uma AUDITORIA, isso mesmo, um grupo de profissionais a quem entregaram um monte de papéis e pediram a eles que conferissem se o que estava escrito naqueles papéis, obedecia as normas. Pediram que tirassem fotografias e conferissem. Que olhassem do alto. O que tinha que ser feito era uma investigação profunda. Que se vasculhasse o que estava por trás da fotografia, o que de verdade aconteceu, quantas e quais trocas de interesse e favores ilícitos foram praticados.
Enfim, tudo o que precisávamos para escancarar a roubalheira praticada com nosso dinheiro confiado ao BNDES era a contratação de uma empresa comprovadamente competente de investigação. E contratou-se uma auditoria, um fotógrafo. Precisávamos de um médico legista. Que revirasse as vísceras do BNDES. Contratamos um crítico literário. De gosto discutível, e que gostou do que viu…
No entendimento dessa empresa, e como não poderia deixar de ser, a fotografia saiu perfeita, irretocável. O que deveria ter sido feito, conforme dizem normas e procedimentos, foi feito. O que está por trás dos números permaneceu absolutamente intocado, exalando um odor de corrupção, trambique e falcatruas insuportável.
E para tirar essa fotografia absolutamente irrelevante e perfunctória, zombando com todos nós brasileiros, ainda foram providenciados dois aditivos ao contrato, o que elevou o valor inicial da fotografia, de R$ 16 milhões para R$ 48 milhões.
Esses mesmos contratos, que saíram impecáveis e imaculados na fotografia medíocre e ofensiva a todos nós brasileiros, resultaram em prejuízos de apenas R$ 2 bi para o BNDES, para o nosso dinheiro, conforme denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal.
Um dia consertaremos de vez nosso país.
É da pior prática da cultura de falcatruas do Brasil, empresas oferecerem preços competitivos em concorrências, muitas vezes mesmo cobrando abaixo dos custos, pela certeza que têm que o importante é vencer e ficar dentro. E que depois, vai se fazendo um aditivo atrás do outro.
A maior parte dos rombos monumentais acontecidos em nosso país nos últimos 50 anos nada tem a ver com o valor inicial dos contratos. Mas tudo a ver com a tempestade de aditivos concedidos durante a vigência dos contratos.
Somos um país parecido com as pessoas desastradas que dão topadas em todo o canto. E terminam suas vidas com o corpo coberto por gesso e esparadrapo…
BRASIL, O PAÍS DOS ADITIVOS. ATÉ QUANDO?