No século passado, muitos anos ganharam notoriedade e permanecem na lembrança dos historiadores, e muitas pessoas. No caso específico da equipe de consultores da Madia, o grande ano do século passado é o de 1968.
Que mereceu centenas de livros, e, dentre esses, talvez aquele que tenha um título que melhor defina 1968. O livro de Zuenir Ventura, “1968, O Ano Que não Terminou”.
Em 1968, e dentre os principais registros pontificam a revolta dos jovens em todo o mundo, o festival de Woodstock, a peça Hair, o movimento Hippie, os protestos contra a Guerra do Vietnã, a Primavera de Praga, o assassinato de Martin Luther King, as Revoltas de Maio na França, o movimento Black Power nos Estados Unidos, O massacre de Mỹ Lai, O filme Uma Odisseia no Espaço.
No Brasil, Leila Diniz, a morte do estudante Edson Luís, a prisão dos participantes no congresso da UNE, o Pasquim, os supermercados, os shopping centers, o licensing, o franchising, a peça Roda Viva, a Tropicália, Os Mutantes, e muito e muito mais.
Nossa referência maior é o lançamento do livro premonitório e monumental do adorado mestre Peter Drucker, “Uma Era de Descontinuidades”. O livro escrito há mais de 50 anos como se tivesse sido lançado ontem.
Já 2020 tem garantido para si, mais que em todos os demais anos dos tempos modernos, o título de Ano dos Cancelamentos. Onde tudo, ou quase tudo, foi sendo ou cancelado, ou tendo que encontrar uma nova forma de ser e acontecer. Campeonatos de futebol, jogos olímpicos, aulas nas escolas, lançamentos do que quer que seja, cultos e missas, celebrações, casamentos, aniversários e batizados, feriados, férias, salões de automóvel, produtos, empregos, serviços, estreias, promoções, e a quase totalidade de shows, eventos, festivais, de tudo.
E, por aí vai, e como continuaremos assistindo nas primeiras semanas de 2021, e em todos os próximos meses. Assim, podemos concluir que: 2020, o ano onde tudo, ou, quase tudo, foi cancelado. Ou não.
Muito especialmente se tivemos um mínimo de sensibilidade para aprender com os patéticos erros cometidos por todos. Muito especialmente por todos aqueles que, supostamente, tinham a missão de dirigir nosso país, estados, municípios.
2020, o ano em que conhecemos o despreparo de nossa lamentável classe política. Pior que despreparo, a abominável fixação que tem, como era atribuído injustamente ao Gerson há atrás, de levar vantagem em tudo. Muito especialmente, e até mesmo, na desgraça.
Em meio à pandemia, e onde todos polemizam, até mesmo por insegurança e nervosismo, sobre todos os assuntos, acreditamos que duas coisas são absolutamente incanceláveis, referentes a 2020. O tal do ano de cancelamentos.
Jamais cancelaremos os dolorosos aprendizados desta coronacrise, e, jamais cancelaremos nossa consciência de que o formato da democracia que ainda temos já deveríamos ter revisto, ontem. No formato atual estaremos condenados até o final dos tempos a elegermos picaretas, incompetentes, bandidos e corruptos para cuidar de nosso presente e futuro.
Ou, também, decidimos cancelar, por ação ou omissão, nosso futuro?