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Saúde, o maior canteiro de obras do Brasil

Poucos consideraram a possibilidade de testemunhar a reinvenção ou recriação do território da saúde no Brasil. E é o que vem acontecendo gradativamente, no início, e acelerado desde a década passada. À semelhança de um Rip Van Winkle que decidiu dar uma cochilada num passeio de montanha e só acordou 20 anos depois. E só então, retornando a sua base, deu-se conta do quanto permaneceu dormindo, e o quanto sua aldeia tinha mudado. Até mesmo sua mulher e família cansaram-se de esperar, e constituíram uma nova família, com um novo pai. Semanas atrás o jornal Valor publicou um caderno especial da maior qualidade, com um editorial de abertura assinado pela jornalista Marlene Jaggi, e onde anuncia que e finalmente, chegou a hora da integração. Tipo, tudo está montado e instalado, e agora, só falta conectar os fios e virar a chave. É, simplesmente, inacreditável tudo o que aconteceu nos últimos anos. Se no mundo inteiro, por exemplo, a participação do business da saúde nos processos de fusões e aquisições, foi responsável por 10,2% do total, no Brasil foi quase o dobro, 17,3%. Já em volume de investimentos, os saltos são de arrepiar. Dos R$96 bi de negócios de 2019, para R$218 bi em 2020, e em 2021, R$378 bi. Em 2021, último dado disponível, o grupo que realizou o maior número de aquisições, com 7, foi a Rede D´Or. Seguido pelo Viveo com 6, Dasa e Kora Saúde com 5, e Fleury, Elfa e NotreDame com 4. Em termos de futuro, e lastreado nos dados de uma pesquisa realizada pelo Capgemini Research Institute nos meses de outubro e novembro de 2021 com 523 executivos de 166 biofarmacêuticas em sete países – América do Norte, Europa e Ásia, mapeou-se as 10 principais tendências do business da saúde, e que são, A – Avanço através do território da Saúde Digital garantindo aos pacientes um atendimento perfeito. B – Foco total no paciente, cuidado personalizado, e experiência de qualidade, em busca de seu engajamento total. C – Priorizando sempre a saúde total do paciente. D – Acelerando e encurtando os prazos de atendimento via digital. E – Capacitação dos players analógicos para as práticas no digital. F – Dados e informações nas nuvens. G – Precificação absolutamente transparente. H – Segurança e privacidade do paciente sempre. I – Preços mais competitivos com a redução das margens. J – Integração dos sistemas em benefício dos pacientes. Na conclusão do especial Saúde de Valor, assinado pela Marlene Jaggi, a seguinte manifestação: “A pressão da pandemia por novas formas de atender o paciente, o descompasso tecnológico em relação aos demais setores da economia e as facilidades de capitalização criaram o ambiente perfeito para uma movimentação sem precedentes no mercado brasileiro de saúde. Respaldadas na necessidade crônica do país de ampliar, melhorar e baratear o custo da saúde, as empresas vêm mudando o perfil do setor, com apostas altas em transformação digital, integração e consolidação. Tendências que permeiam todos os elos da cadeia, de redes hospitalares a operadoras de planos de saúde e clínicas de análises diagnósticas e que devem se manter ao longo deste ano…”. É isso, amigos. As mudanças seguirão no correr dos próximos anos, mas as consequências sentiremos com igual ou maior intensidade no correr de toda a década.
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Imóveis; esqueceram-se de combinar com os Russos…

Um dia, Garrincha, diante da tranquilidade e segurança de Feola que descrevia como os russos iriam jogar contra o Brasil, e a partir de sua conhecida e natural inteligência e simplicidade, pergunta ao técnico se ele tinha combinado com os russos. É exatamente essa a sensação que tenho diante do Novo Plano Diretor da cidade de São Paulo, e os planos e iniciativas das incorporadoras e construtoras, dos chamados agentes imobiliários da maior cidade do país. Um dia, e perguntado sobre o Futuro, nosso adorado mestre e mentor Peter Drucker foi direto ao ponto, “A melhor maneira de planejar o futuro é criá-lo”. E só faltou concluir, não me encham o saco e tratem de correr atrás. O novo Plano Diretor da Cidade parte de uma realidade que existia até às vésperas da pandemia. E que traduzia o que nosso adorado mestre e mentor Peter Drucker disse há 50 anos: “Me parece uma insanidade trazer todos os dias para o Centro das Cidades pessoas pesando 80, 90 quilos, gastando duas horas pra ir e duas pra voltar, quando tudo o que precisamos são de seus cérebros que pesam menos de dois quilos…” Mas, não havia outra solução. Era isso ou era isso. Hoje a realidade, no pós-pandemia, como fator acelerador de uma nova realidade que aconteceria mais dia menos dia, mais de 30% dos trabalhadores que dependiam de condução para transportar seus corpos de 40 a 100 quilos, hoje trabalham de suas casas. E assim, não só não precisam mais passar 4 horas por dia no indo e vindo infinito, como muito menos precisam morar perto do trabalho. Questão essa principal, que o Novo Plano Diretor pretende resolver, garantindo maior possibilidade e flexibilidade na ocupação dos terrenos, liberando mais terrenos, e possibilitando que as construtoras e incorporadoras delirem, e lancem infinitas torres de Babel na cidade, e como seus novos empreendimentos. Ou seja, e ao invés de considerar as verdadeiras, atuais e novíssima realidade no pós-pandemia das pessoas, dos potenciais compradores e locadores dos novos imóveis, o Plano Diretor contemplou, exclusivamente, a necessidade econômica das construtoras e incorporadoras, dos agentes do mercado imobiliário da cidade. Theodore Levitt, em seu artigo monumental de 1960, batizou essa espécie de síndrome de Marketing Myopia, Miopia em Marketing. De edificações que fazem com que brote e nasça num mesmo terreno, edifícios árvores que produzam de cereja e gabiroba, a melancia, carambola, uva e maracujá. Semanas atrás, em matéria no Estadão sobre o assunto, e na manifestação de uma consultoria imobiliária, lemos, “O novo Plano Diretor melhora a situação para os empreendedores devido à maior oferta de terrenos. Já para a população, esperamos abrir o leque de opções de apartamentos para a compra”. Esqueceram-se, como um dia disse Garrincha, de perguntar para os Russos. Brasileiros que, ainda empregados, trabalham de suas casas, e não mais precisam morar ao lado dos empregos ou de estações do Metrô. Que mesmo morando de forma precária e pobre, entendem ser esse o verdadeiro lugar de suas vidas, onde parentes e amigos moram próximos, e onde construíram vínculos e amizades. Compram na venda da esquina e jogam a pelada de sábado num campinho próximo… Em meio ao caos que hoje habita parcela expressiva da cabeça das incorporadoras e construtoras, nos ignorando por completo, nós, os Russos, e se é de nossa vontade, desejo, sonho, resolver tudo num mesmo lugar e todos morando juntos. Numa torre, como era a de Babel, que supostamente levaria todos ao céu… Sem se dar conta, e colocando num mesmo empreendimento, escritórios e apartamentos, mínimos, grandes, pequenos e penthouses, e duplex, e elevadores exclusivos para os ricos e mínimos para os pobres, mais piscinas para os de baixo e outra para os de cima… e ainda algum comércio no térreo, ao invés de novas Torres de Babel, estão mesmo é se inspirando em Inferno na Torre, e condenando seus novíssimos e supostamente modernos empreendimentos, a um fracasso monumental.
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O Mercado Livre comprou o quê por supostos R$ 1 bi?

No dia 31 de janeiro de 2024 os principais jornais, revistas, sites e portais do Brasil anunciaram que a empresa Allegra, concessionária do legendário Pacaembu, vendera o naming rights do histórico estádio para o Mercado Livre. Num valor monumental: R$ 1 bi… Como assim? Dentre outras plataformas que deram a notícia, o portal da revista Exame, Juliana Pio, “O Mercado Livre, gigante do comércio eletrônico e serviços financeiros, anunciou nesta quarta-feira 31, a compra do naming rights do estádio do Pacaembu, em São Paulo, em um contrato de 30 anos. Com isso, todo o complexo passará a se chamar Mercado Livre Arena Pacaembu… A novidade prevê exposição de marcas, amplo espaço de mídia e benefícios que envolvem o ecossistema Mercado Livre, como Mercado Play, plataforma de streaming do grupo, e o Mercado Pago, banco digital que passa também a ser o meio de pagamento oficial do estádio…”. Em princípio, não deveria e, em tese, nem poderia. Mas, e como no Brasil tudo pode e até o passado é incerto, vendeu o que já fora concedido, em merecida homenagem, a Paulo Machado de Carvalho. E aí, e supostamente começaram as obras para trazer o Pacaembu de um passado de glórias para, supostamente, um futuro promissor. Em tese, tudo seguia nos conformes, mas, o primeiro susto foi vender o que não lhe pertencia, a denominação. Depois, não ficou pronto como combinado e prometido para a final da Copinha, Taça São Paulo. E dias atrás o grande e esperado show de Roberto Carlos foi cancelado porque as obras não ficaram prontas e foi interditado… Ou seja, tudo errado! Num país onde e desgraçadamente pode tudo. Nos jornais do dia seguinte ao cancelamento, pessoas que não sabiam, que tinham comprado ingresso, e foram dar um passeio na praça em frente ao estádio… Em síntese, amigos, e repetindo, tudo errado. Uma concessionária, Allegra, que, e por enquanto, é um show de incompetência e desrespeito, um “potencial estelionato” de vender o que já havia sido dado, dois cancelamentos apoteóticos, e, não obstante tudo isso, o Mercado Livre, meses atrás, comprometeu-se a pagar R$1 bi por um naming rights, no mínimo, e legal, ou, eticamente, discutível e polêmico. E no meio desse caos, uma luz. E na hipótese que a compra do naming rights se confirme, na prática, mesmo porque neste momento o maior marketplace da América Latina considera rever sua decisão. A descoberta que o naming Mercado Livre é absurdamente genérico, e que, em algum momento, precisará ser trocado, ou, “apelidado”… podem escrever… Assim como o Centro De Convenções onde Roberto Carlos faria seu show e que foi batizado como Mercado Pago Hall – “socorro” … A empresa Mercado Livre é simplesmente sensacional. O que foi concebido, idealizado e planejado pelo argentino Marcos Galperin com outros parceiros em seu MBA na Universidade de Stanford, em 1999, insere-se na frase “como não sabia que era impossível foi lá e fez… atribuída a Jean Cocteau, e/ou, Mark Twain”. Mas, nem tudo é perfeito. Por enquanto, e se o contrato permanecer em pé, Mercado Livre, Um mega e espetacular sucesso que não tem um naming, tem uma designação… E até agora, e salvo prova cabal e consistente em contrário, a Allegra é uma tristeza só. Segue devendo…
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Timeless society; agora, na plenitude!

No livro do Madia, O Grande Livro do Marketing, já em sua primeira edição de 1994, ele anunciava, dentre outras novidades, a 9ª Geração do Marketing. A Geração da Timeless Society. Onde o tempo e, gradativamente, ia assumindo a liderança como principal fator de decisão em uma série de situações. Dizia que a velha e boa moeda que tinha cara, numa face, e coroa, na outra, passava a ter Dinheiro numa face, e Tempo na outra. E que dia após dia a face Tempo era a mais importante e crescendo. E aí todas as decorrências do tsunami tecnológico, e o Tempo é, de longe, o mais importante fator de decisão de nossas vidas. Muito especialmente, as decisões de compra. No livro citava uma pesquisa realizada pelo instituto Hilton Time Value Surveys, décadas atrás, e em que 77% dos entrevistados manifestavam o desejo de ter mais tempo para passar com a família, 76% desejavam ter algum tempo livre, 38% consideravam diminuir as horas de sono para ganhar algum tempo, 33% afirmavam que o dia sempre terminava antes do necessário, 29% declaravam-se permanentemente cansados, e 21% não se lembravam da última vez que divertiram-se e se sentiram felizes… Enquanto isso o hit de Paulinho da Viola do V Festival da MPB de 1969, Sinal Fechado voltava às paradas de sucesso, e Santo Expedito, o das causas urgentes, alcançava o topo das paradas das preces e devoções. Mal sabíamos o que vinha pela frente. Muito especialmente agora que o tsunami tecnológico varre para um tapete que vai ficando pelo caminho, o pouco que nos restava de tempo, maximizado e antecipado pela pandemia. Milhares de lojas de rua fecham suas portas, restaurantes e lanchonetes ou aderem ao delivery ou desistem do negócio, e os Prontos Atendimentos dos hospitais quase às moscas… Em muitas horas do dia, nenhum paciente… E agora, e como comentamos com vocês semanas atrás, a ex-RaiaDrogasil de ontem, converte-se em RD SAÚDE, passa a resolver ao lado ou próximo da casa das pessoas todos os serviços médicos da chamada assistência primária, e um deslocamento a menos em nossas vidas cada vez mais sedentárias. Só que, e antes da iniciativa da RD, e de outras empresas do território das farmácias, e por outras razões, também, e no ano de 2022 foi regulado por lei o Atendimento Médico a Distância, e que vai se popularizando como Telemedicina. Antes mesmo da regulação os números eram mais que eloquentes. De 2020 a 2022 foram 11 milhões de consultas remotas. Apenas no ano passado esse número escalou para 33 milhões. E não deverá parar de crescer em todos os próximos anos, mesmo com iniciativas como as da RD SAÚDE. Ou seja, amigos, a chamada 9ª Geração do Marketing, a da Timeless Society, que eclode pra valer na virada do milênio, é hoje o pano de fundo e referência para mais de 80% das decisões. E o que premonitoriamente o Madia dizia em seu livro O Grande Livro do Marketing, desde a primeira edição, “no futuro, ou cabe no bolso do tempo ou jamais caberá no bolso do dinheiro, por menor que seja o valor”, vai prevalecendo. Vivemos, na plenitude, neste pós-pandemia, a Timeless Society. Nossas decisões, quase todas, e antes de considerar se temos dinheiro para pagar, considera-se, ou enquadra-se no tempo disponível, ou, excepcionalmente, se teremos tempo e paciência para esperar. Hoje, mais que nunca, “quem espera nunca alcança…”.
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Irrigação por Assinatura

Gradativamente, quase todos os setores de atividade, em maior ou menor intensidade, vão adotando a prestação de serviços na modalidade assinatura. A possibilidade agora chega à agricultura com as empresas desse território não mais precisando imobilizar na compra de equipamentos de irrigação, mais manutenção, e recorrerem direto aos serviços de IAS – Irrigação As A Service, ou Irrigação por Assinaturas. A Netafim, empresa israelense, a partir de agora passa a oferecer essa possibilidade, onde, e mediante contratação, faz todo o planejamento e fornece os equipamentos e serviços, mediante o pagamento de uma mensalidade. Pelas características do equipamento, pela complexidade da instalação, no final do contrato o equipamento passa a pertencer ao contratante. Gradativamente, parcela expressiva dos produtos, passam a oferecer os serviços que seus produtos prestam, mediante a modalidade de assinaturas. O chamado IAAS – Irrigation As A Service… Conforme um dia, há mais de 60 anos, Theodore Levitt anunciou ao mundo, em seu monumental artigo da Harvard Business Review, “Marketing Myopia”. Assim, estamos em festa e celebrando.
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Afasia invade e prevalece no ambiente corporativo

E aí veio a notícia do afastamento do ator Bruce Willis das filmagens e por tempo indeterminado. Em coletiva de imprensa a família do ator, hoje com 68 anos de idade, informou ter Bruce optado por uma pausa em sua carreira, em decorrência de Afasia – transtorno de linguagem decorrente de uma lesão cerebral que pode acometer adultos e idosos. Imediatamente, as pessoas começaram a associar o que acontece neste momento com o ator, com o que vem acontecendo com parcela expressiva de empresas, da virada do milênio para cá. Uma espécie de Afasia Corporativa. Em termos gerais, existem dois grandes grupos de manifestações de Afasia. A de Recepção, e a de Expressão. Na primeira, Recepção – também conhecida como sensorial, fluente ou de Wernicke –, os pacientes – pessoas e empresas – são incapazes de reconhecer símbolos auditivos, visuais ou táteis. No segundo grupo, expressão, manifestam-se dificuldades de expressar o que supostamente se está sentindo ou pretendo dizer. Sob um outro ângulo, e no correr dos anos, uma nova classificação da Afasia foi se estabelecendo, e por tipos. Grosso modo, 3. Afasia de Wernicke – a tal da fala desembestada, fluente, também conhecida como Logorréia, onde quem ouve não entende nada, nada faz sentido, ainda que o emissor da mensagem acredite estar falando exatamente o que pretende dizer e preservando a entonação adequada. Muitas vezes junta duas palavras verdadeiras, mas que, conjuntamente, não querem dizer absolutamente nada. Afasia de Broca – as vítimas deste tipo preservam a capacidade de compreender, mas têm dificuldades ou perdem a capacidade de falar por total falta de palavras. Muitas vezes recorrem a um aforisma, provérbio, citação, utilizados totalmente fora do contexto. Afasia Global – quando tudo bate no zero – perda total da capacidade de fala, compreensão, leitura e escrita. Nos últimos 20 anos, é o que mais se observa no ambiente corporativo. Por uma espécie de AVC Corporativo, decorrente ou causado pelo Tsunami Tecnológico, as empresas perderam, por completo ou parcialmente, a capacidade de compreensão e entendimento. E à medida que o tempo passa, e não conseguem reconectar-se com a realidade, vão perdendo, também, a capacidade de expressão… A diferença entre a Afasia de pessoas, e a Corporativa, de empresas, é que o tratamento de pessoas passa por terapia, e no formato individual. Já nas empresas, o tratamento passa por Consultoria, envolve todo o corpo dirigente e as pessoas sob comando, e implica na capacidade da empresa de consultoria responsável, duas conquistas simultâneas. Conseguir que a empresa recupere sua capacidade de compreensão, resgatando seu capital de conhecimento, de um lado, e, simultaneamente, e mediante processo de mentoria permanente, e através de seus principais executivos, consiga-se induzir uma nova cultura na empresa, compatível com as novas realidades de mercado, e olhando em direção ao futuro, desprendendo-se de um passado que perdeu a razão de ser. É isso, amigos. Nunca se testemunhou, em toda a história do mundo corporativo, da administração e dos negócios, um momento de tantos desafios e dificuldades, de empresas tão perdidas, como o que hoje vivemos. No último filme protagonizado por Bruce Willis, The White Elephant, atores que contracenaram com ele, testemunharam que era recorrente a confusão mental que revelava de rotina dizendo coisas como, “Eu sei porque você está aqui, mas não tenho a menor ideia o que Eu estou fazendo aqui…”. Rigorosamente o mesmo que parcela expressiva de empresas hoje, em todo mundo, não dizem, mas comportam-se dessa maneira. Sem ter a menor ideia do que e por que estão fazendo…
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A mudança da forma de se alimentar do ser humano. No mundo, e muito especialmente, no Brasil

Dentre todos os hábitos, comportamentos, expectativas, desejos e necessidades do ser humano, comer figura no topo de todas as tabelas. E no correr dos últimos séculos, a forma de preparar, fazer e consumir a comida foi passando por sucessivas mudanças e evoluções na cadeia específica. Da matéria-prima, passando pela limpeza e preparação, pela cocção, pela apresentação, pelo consumo. Mas, e na quase totalidade das situações, ou comia-se em casa, ou nos restaurantes, bares e padarias. E nada mais evoluiria que dentro desse roteiro, não fosse o tsunami tecnológico, a comunicação a distância, a integração pessoas/motos e bikes, e, em menos de 20 anos, tudo passando por reinvenção e mudanças no conjunto da cadeia de valor da alimentação. E, de quebra, uma pandemia pelo caminho… Os números das mudanças – mais o que ainda vem pela frente – são, de um lado devastadores em relação ao que era –, e instigantes e revolucionários, em relação ao como será, ou, para onde se encaminha. E pra agregar mais pimenta na revolução, e energia na velocidade da mudança, repetimos, a pandemia. Isso posto, os números são superlativos e não pararão de crescer tão cedo. Há 20 anos o business da comida a distância era específico das grandes cidades – no máximo 400 em todo o Brasil, e mais restrito às capitais. No total, falávamos de um mercado na ordem de R$10 bilhões. Em 2019, e antes da pandemia, esse número tinha se multiplicado por 10. Totalizava R$107 bi. e a previsão para 2023 era de R$154 bi. E que foi superada! Segundo as empresas que medem esse business da alimentação, hoje o número de brasileiros que recorre regularmente ao delivery é da ordem de 12 milhões. Com a previsão de crescer mais de 6 vezes nos próximos dois anos, e fechando 2024 acima de 80 milhões. E no início do processo tudo era adaptado. Com o adensamento do business tudo passou por mudanças radicais. Em matéria na revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, o registro de 6 dentre as principais tendências para os próximos anos: ‒ Embalagens mais que aperfeiçoadas – Que suportam, dignamente, produtos quentes e frios, e impedem a passagem ou vazamento de líquidos; ‒ Adeus ao plástico – Todos aplicativos de entregas correndo para eliminar as embalagens de plástico. O principal aplicativo, iFOOD deu-se um prazo até 2025 para dar fim, definitivamente, às embalagens com plástico. ‒ Entregas sustentáveis – migração gradativa das frotas de entrega eliminando por completo os veículos que funcionam a base de combustão, e, poluem. ‒ Tudo para viagem – Além dos mais que tradicionais pratos para viagem, da pré-história das plataformas de delivery – pizza/hamburguer e comida japonesa – tudo é passível de ser pedido, e, entregue: churrasco, menus-degustação, aperitivos, bebidas. ‒ Dark Store – Mini centrais de produção estrategicamente localizadas, melhorando a performance do delivery em 100%. ‒ Mergers & Acquisitions – nos próximos três anos sucessivos negócios de fusão e aquisição possibilitando maior integração e eficácia dos diferentes anéis de toda a cadeia da alimentação. Há 50 anos, nada disso existia, além das pizzas do lanche do domingo à noite… lembra?…
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Marketing Best, ganha o Marketing Best

Conheci Armando Ferrentini através de outro querido e saudoso amigo, Oswaldo Assef. Armando cuidava da área comercial do Diário Popular, publicava toda semana o Asterisco, com todas as novidades e acontecimentos da publicidade brasileira, e queria começar uma coluna sobre Marketing. Num almoço no Baiuca da Pça Roosevelt. Topei o convite, e em agosto de 1971 publicava meu primeiro artigo. Passaram-se 53 anos, mais de 2.500 artigos, no processo de construir e disseminar o MEQ – Marketing de Excepcional Qualidade. E assim seguiremos até quando a vida nos permitir. Corta para os anos 1980. Armando presidia a ADVB e a seu convite eu era o comandante do Top de Marketing. O primeiro prêmio de Marketing do Brasil. Um prêmio da melhor qualidade, mas comportado demais pelos tempos que vinham pela frente, e pela celebração e vida que é o Marketing. Cerimônia de gala, jantar no Monte Líbano, homens de smoking e mulheres de longo, discursos, e sem a apresentação dos “cases” vencedores. Armando deixa a presidência da ADVB e fomos conversar. Para o fortalecimento do Top de Marketing nada melhor que ganhar um concorrente. Mais informal, mais festeiro, mais inclusivo, com todo o respeito e homenagens ao pioneiro, ao Top de Marketing. E assim aconteceu. Mais que cerimônias, festas de entrega dos prêmios, celebrações! Inicialmente no Maksoud, com organização do Pedro Natal, e nas primeiras, show com o Sargentelli e suas mulatas. O Marketing Best, desde o primeiro dia, revelava uma força que jamais imaginávamos quando de sua concepção. E assim, decolou com tudo, e passou a protagonizar a Grande Festa dos meses de dezembro da cidade de São Paulo. Uma celebração ao desempenho de empresas que adotaram e praticavam o marketing segundo os ensinamentos de seu criador, Peter Ferdinand Drucker. Como uma ideologia. “A ideologia da Administração Moderna”. Empresas nascidas e administradas de fora para dentro. Sob a ótica do cliente, sob a ótica do mercado. Agora o Marketing Best acaba de completar 36 anos, tendo contribuído de forma espetacular e única para a formação e qualificação de dezenas de milhares de jovens brasileiros. Terminadas as solenidades de entrega dos prêmios aos “cases” vencedores, era imediatamente colocado à disposição de todas as faculdades e demais instituições de ensino de nosso país. Em algumas instituições passou a existir a cadeira Marketing Best. Depois de uma pausa pela pandemia, o Marketing Best retornou em 2023, e acaba de divulgar seus resultados. E na emoção do retorno e da energia que revela ter, seus criadores e organizadores, Armando e Tiago Ferrentini, e Francisco e Fabio Madia, constataram ser, o Marketing Best, muito maior do que e apenas uma premiação de “cases”, por mais vitorioso e bem-sucedido que tenha avançado até aqui. E assim, e a partir de agora, e parte integrante da ABRAMARK – Academia Brasileira de Marketing, contando com a participação nas indicações e escolhas, e até 2028, de 50 Acadêmicos, 500 integrantes do Hall da Fama, e 5000 Abramembers – apoiadores do Marketing e da ABRAMARK –, passa a coletar, analisar, premiar e distinguir as melhores manifestações e desempenhos de um MBEQ – Marketing Brasileiro de Excepcional Qualidade – “cases”, empresários, profissionais, prestadores de serviços, e, marcas -, e um pouco mais adiante, com um grande evento anual celebrando, repito, a Ideologia da Administração Moderna, o Marketing, segundo seu criador, Peter Ferdinand Drucker. Assim, estamos em festa e celebrando. Finalmente, o Marketing Best faz-se merecedor do Marketing Best.
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O problema é que derrete, ou, o desafiador negócio de sorvetes no Brasil

Nas últimas décadas muitas das grandes corporações já tentaram. E quase todas quebraram a cara. Desde uma campeã em distribuição como uma Philip Morris que foi dona durante anos da Kibon e depois vendeu para a Unilever, até uma Nestlé que vai, volta, gira, e permanece no mesmo lugar. “Brasileiro não gosta de sorvete” … Adora!”, ou, “o clima no Brasil é adverso aos sorvetes” … Muito pelo contrário… E qual o desafio, qual o maior desafio…? Que todos os 5.565 municípios do país têm 1,2,3 ou 19 fabricantes artesanais, mais os industriais e locais, muitos no território da informalidade, e aí chega a grande indústria e vê seu negócio de sorvetes, se não derretendo, deixando de corresponder a uma longa distância a expectativa de resultados. Dentre todas as marcas de sucesso nesse território em nosso país, a grande vencedora foi a Kibon. Marca que chegou ao Brasil em decorrência da ameaça de guerra entre China e Japão, e que fez com que a U.S.Harkson desembarcasse de Xangai no Rio de Janeiro, 1941, e num dos primeiros finais de semana depois de sua chegada alcançou a espetacular cifra de 3 milhões de picolés vendidos. Já em 1942 circulavam no Rio os primeiros carrinhos amarelos, que gradativamente foram invadindo as principais cidades do Brasil. Em 1960 é vendida para a General Foods, em 1985 para a Philip Morris, e em 1997 a Unilever compra a empresa por quase US$1 bi – US$930 milhões. E desde então, teve bons e maus momentos, de verdade jamais conseguiu realizar os ambiciosos planos que tinha, e agora e finalmente, anuncia estar separando seus negócios de sorvetes, decide juntar, reestruturar, reposicionar, e tentar dar um sentido a seu business de sorvetes… E que no meio do caminho incluiu a aquisição global de uma marca com personalidade exclusiva e específica, quase de nicho, a Ben & Jerry’s, e a confusão generalizou-se, incluindo embates na justiça. A declaração oficial da Unilever, revela que a empresa pretende economizar €800 milhões nos próximos 3 anos, dentre outras medidas com a demissão de 7,5 mil empregados em toda a operação, separando a operação de sorvetes de todos os demais negócios da empresa, e, não disseram, mas, mais que evidente, preparando-se para uma eventual e provável venda… Nas justificativas, que não justificam porque a empresa mais que sabia das especificidades do negócio de sorvetes, é que, “O sorvete tem particularidades, como uma logística mais complexa e ação no ponto de venda, dada a necessidade de refrigeração…” Socorro! É patético, décadas depois, uma empresa da dimensão e competência da Unilever apresentar essa justificativa… Ou seja, amigos, mais uma grande corporação fracassa no desafiador negócio de sorvetes. A pergunta que fica, é, quando a Nestlé seguirá o mesmo caminho na totalidade da operação. A propósito e lembrando, em 2019 a Nestlé vendeu sua divisão de sorvetes nos Estados Unidos… E no Brasil, hoje integra uma joint venture com a R&R, realizada desde 2016, criando uma nova empresa, a Froneri, presente em 20 países e especializada em sorvetes. Além das marcas de sorvetes da Nestlé, também cuida das marcas da Mondelez e da Fini. Ou seja, independente dos desafios exclusivos do Brasil, o maior de todas as milhares de fábricas locais, as movimentações de Unilever e Nestlé são mais que conclusivas e definitivas. O negócio de sorvete precisa ser tocado a parte. Caso contrário… como o sorvete… derrete…
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Voltz, exemplo de inovação

Nada melhor que dar exemplos de inovação próximos de todos nós. Como o da Voltz, montadora brasileira de motos elétricas. A primeira manifestação de inovação foi desmembrar a bateria da moto. Os proprietários, ou, assinantes dos serviços, têm acesso a carcaça, ao corpo das motos. E vão retirar a bateria num dos postos conveniados. Quando a carga termina passam pelo posto e realizam a troca. Com isso, o custo cai substancialmente pela socialização ou compartilhamento de baterias, e de quebra todas as facilidades de não ter que esperar para serem recarregadas. Outro grande desafio era o de roubos, e assim a Voltz decidiu criar as Motos Inteligentes. Motos controladas a distância mediante GPS que possibilita o monitoramento dando acesso a localização e dados de funcionamento. Caso o usuário revele-se inadimplente, é possível desativar a moto a distância. Dentre as empresas novas de todos os setores de atividade, a Voltz pontifica como uma inspiradora referência, como um benchmark de excepcional qualidade, no quesito… inovação!