Categoria: Negócio

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Day Use

No mundo da SAAS – Society As A Service – sociedade como serviços – manifestações que eram pontuais e esporádicas, passam a integrar o cardápio de todas as demais pessoas, e não mais daquelas a quem o serviço originalmente se dirigia. Durante décadas hotéis das principais cidades do mundo eram de uso exclusivo dos hóspedes. E assim, e durante essas décadas, alguns salões, espaços, campos de esporte, piscinas, passavam dias, semanas, meses e até mesmo anos sem receber a presença de um único frequentador. A partir dos anos 1980 começou a flexibilização, e alguns hotéis em todo o mundo, e nas principais cidades brasileiras passaram a oferecer e tornar acessíveis seus serviços, às demais pessoas e não mais e exclusivamente aos hóspedes. Os hotéis em torno do novo centro empresarial de São Paulo, nas proximidades do Morumbi Shopping, do D&D, abriram suas piscinas e academias aos executivos vizinhos, por exemplo. E agora, praticamente todos os hotéis que dispõem desses serviços, e na necessidade de fazerem receita, estão adotando o Day Use, como um item regular de seus cardápios. Em final de semana recente a Folha fez uma grande e completa matéria sobre alguns dos hotéis que aderiram, institucionalmente, o Day Use. E na matéria figuram, como exemplos, Blue Tree Towers, Morumbi Hilton, Grand Hyatt SP, Meliá Iguatemi, Intercity Paulista, Mercure Pinheiros, Novotel Morumbi, Renaissance, Palácio Tangará, Tivoli Mofarrej, dentre outros, mergulhando de cabeça no Day Use. Os preços pelo Day Use oscilam entre R$100 e R$500, e cada hotel, de acordo com sua Product Police, oferece alguns mimos e vantagens em anexo. Nada, Absolutamente Nada, pode ficar estático aguardando por eventuais clientes que algum dia virão. Tudo, absolutamente tudo, precisa ser monetizado. Ou…
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Rodízio de bolo

Lemos na revista Exame, ano retrasado, hoje a revista é uma publicação que pertence ao Banco BTG Pactual, comprada que foi em dezembro de 2019 por R$72,3 milhões, a última novidade de uma empresa de sucesso. A Sodiê, cuja história já comentamos com vocês, uma história de garra, suor, sangue, lágrimas, e competência, de uma empreendedora que criou seu nome depois de perder na justiça uma causa movida pela Nestlé, e ter em sua advogada a inspiração para a criação da marca – Sofia e Diego, Sodiê, filhos da empresária Cleusa Maria da Silva, e converteu-se na maior franquia de bolos do país. Pois bem, a última novidade da Sodiê é uma bobagem, que jamais deveria ser divulgada, ainda que faça sucesso nas 341 lojas da rede – Rodízio de bolo. Um horror, sugestão de um cliente, e que segundo a empresa é um sucesso. Repito, por maior que seja o sucesso, a Sodiê deveria não promover, deixar que o consumo aconteça naturalmente nas lojas. Rodízio de bolo, no tocante a Branding, é um suicídio. Se a empresa tem uma percepção de qualidade, muito rapidamente vai se converter em mais uma empresa de rodízios de pizzas e churrasco, tipo Grupo Sergio, lembram-se. Pior é a revista Exame colocar em sua seção Primeiro Lugar essa iniciativa como exemplo de Inovação de Qualidade. Não é. É um horror.
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Tempos modernos

Durante os séculos de aventuras… exploradores, navegadores, hábeis e experientes homens do mar mudavam de lado e dedicavam-se a arte e a ciência da pilhagem, roubo, atacando os demais navegadores de toda a ordem. Mais conhecidos com a designação genérica de piratas. Os piratas mais famosos prevaleceram do final do século XV até o início do XVIII. E seus navios costumavam hastear uma bandeira mais conhecida como Jolly Roger, com o desenho de uma caveira e dois ossos cruzados no formato de espadas. Hoje a situação é rigorosamente a mesma. O número de bandidos na chamada digisfera nunca dantes navegada, mesmo porque não existia, cresce dia após dia. E a cada novo dia, nas plataformas de comunicação, o relato de alguma organização que viu sua base de dados e negócios ser atacada pelos piratas da digisfera, mais conhecidos como Hackers. Meses atrás a vítima foi o maior marketplace da região, o Mercado Livre. Dados de mais de 300 mil clientes foram vazados. Nas semanas anteriores as vítimas foram os clientes da Renner e Americanas. Aparentemente a invasão é de menor gravidade. Segundo o Mercado Livre o vazamento ocorreu com 300 mil de seus clientes, de um banco de clientes onde conta com mais de 140 milhões ativos e únicos. Muitas pessoas consideram os criminosos do digital, de baixa periculosidade, e que não causam mal. Nós, consultores da Madia, discordamos radicalmente. Trata-se de um bandido competente e sofisticado, que é expert em tecnologia e construção e gestão de plataformas, que não usa nem objeto cortante – faca, punhal –, nem arma de fogo – revolver –, mas leva à loucura milhões de pessoas, que se sentem absolutamente desamparadas e perdidas diante do desconhecimento praticamente total dos novos gadgets e ferramentas. Se nas ruas, até mesmo os ladrões de smartphones assumem e correm riscos, e embora bandidos também, os hackers do mal trabalham num nível de segurança absurdo, o que, no entendimento dos consultores da Madia agrava substancialmente os crimes que cometem. Aguarda-se, para os próximos anos, uma legislação global que retire esses hackers do convívio social por décadas – se possível para sempre – e os mantenha trancafiados em ilhas e demais lugares distantes, totalmente apartados da civilização, e sem possiblidade de acessar o que quer que seja. Em nosso entendimento, não obstante não cometerem assassinatos de forma direta, constituem-se na pior manifestação de bandidagem da atualidade.
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Bendita telemedicina, caminho sem volta

Testemunhamos, meses atrás com certo grau de perplexidade, eventual possibilidade de não mais ser permitido a prática da telemedicina, da medicina a distância, recorrendo a diferentes canais de comunicação. Em verdade, a telemedicina já vinha sendo praticada não de forma oficial desde o início da década passada, e ganhou um impulso extraordinário com a pandemia, e, onde e em muitas situações, era a única forma de prestação de serviços médicos possíveis. Desde o início da pandemia e assim que foi autorizado o teleatendimento médico, abril de 2020 e até novembro de 2021, o número de atendimentos contabilizados ultrapassou a casa dos 5 milhões de pessoas. Agora que a pandemia segue, mas, controlada, começa a se discutir uma regulação para a telemedicina, claro, mais que necessária. Mas, voltar atrás, proibir, uma impossibilidade absoluta, mesmo porque a prática revelou-se salvadora em todos os sentidos. Na qualidade dos serviços médicos prestados, e na redução significativa dos custos da medicina, e ainda facilitando e garantindo o atendimento das pessoas. A grande descoberta e comprovação da década passada, dando origem a uma revolução dos serviços médicos e planos de saúde, é que existia uma cultura de atendimento médico na cabeça das pessoas que tudo precisava ser resolvido presencialmente. Ainda que em milhões de situações nas últimas décadas, e na falta de outra possibilidade, o atendimento a distância, e com sucesso, tenha acontecido. Anos atrás uma primeira providência, tentando atenuar o costume das pessoas a tudo o que sentiam correrem para um Pronto-Socorro, foi mudar a denominação para Pronto Atendimento. Mas, não se revelou suficiente. Até que dois dos principais hospitais de São Paulo, Einstein e Sírio constataram a utilização excessiva por seus funcionários do Plano de Saúde das duas instituições. Decidiram então, criar um Médico interno, que chamaram de Médico de Família, para fazer a triagem. E constataram que de cada 10 de seus colaboradores que recorriam aos Prontos Atendimentos, 9 o faziam sem a menor necessidade. A experiência deu tão certo que instituíram o Médico de Família e passaram a oferecer esse serviço às empresas. E os resultados foram espetaculares. E assim de 5 anos para cá o preço relativo dos planos de saúde sofreu significava redução, possibilitando o aparecimento de duas dúzias de novos planos de saúde, dentro desse novo entendimento da medicina. Somando o Médico de Família com a telemedicina, e a tudo isso agregando-se práticas preventivas. Conclusão, vivemos, uma nova etapa da história de medicina no mundo, em especial no Brasil, e assim, com a regulação da telemedicina, com as novas conquistas da novíssima Medicina Corretiva, os serviços médicos e de saúde estão se tornando cada vez mais acessíveis, e em todos os sentidos. Portanto, a telemedicina é uma conquista que mais que vir para ficar, e ainda carecendo de uma regulação, está institucionalizada.
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Síndrome de Conceição, ou, ética é default

Ou, se preferirem, a ética é inerente ao comportamento das pessoas num mundo supostamente civilizado. Se não é, deveria! Lembram da música Conceição, talvez o maior hit de Cauby Peixoto? Conceição, composição legendária de Jair Amorim e Dunga, talvez seja o que melhor explique as perplexidades do mundo novo em que vivemos. Ninguém é culpado de nada, ou, como dizia a música, “se subiu, ninguém sabe, ninguém, viu…”. E todos recorrendo ao brocardo jurídico, “Nulla Crimen, Nula Poena, Sine Lege”. E que significa: Se Não Existe Lei, Não Existe Crime, E Muito Menos Qualquer Possibilidade De Alguém Ser Apenado… Esqueceram-se da velha, maltratada e cinicamente ignorada Ética. Não se faz ou deixa de fazer o que quer que seja pela inexistência de leis. Apenas, primeiramente, e acima de tudo, por uma questão de Ética. E que nos dicionários segue sendo definida como “O ramo da filosofia que tem o objetivo de refletir sobre a essência dos princípios, valores e problemas fundamentais da moral, tais como a finalidade e o sentido da vida humana, a natureza do bem e do mal, os fundamentos da obrigação e do dever, tendo como base as normas consideradas universalmente válidas e que norteiam o comportamento humano…”. Alegando inexistência da lei, e tentando fugir das monumentais multas e ressarcimentos que inexoravelmente serão condenadas, as Big Techs que deitaram e rolaram com nossos dados, e com os direitos autorais de produtores de conteúdo, dentre outros crimes, defendem-se hoje em centenas de processos e tribunais. Da mesma forma com que eventos pontuais e específicos, organizações procuram tirar seus orifícios fecais de desconfortáveis seringas, alegando que “não se julgam e muito menos consideram-se responsáveis”. Na semana passada, um casal de turistas da cidade de São Paulo e em férias, surpreendeu-se com uma microcâmera numa falsa tomada de um quarto alugado no condomínio Oka Beach Residence, na cidade de Porto de Galinhas, Pernambuco. Realizada através do site líder global em reservas, Booking, que imediatamente suspendeu a propriedade da plataforma. Por sua vez, o condomínio disse não ser responsável, uma vez que as transações e reservas são realizadas diretamente entre inquilinos e proprietários. E outros eventuais suspeitos ou envolvidos silenciaram… É esse o mundo em que vivemos hoje. Onde, e em decorrência do Tsunami Tecnológico, faz com que milhões de negócios considerem-se irresponsáveis no que fazem, mesmo porque, e como ainda não existe lei, não podem ser cobrados… Em tempo, e segundo nos ensinou Oscar Wilde, a Ética tem uma espécie de 2ª Instância, exclusividade de pessoas dignas, e que se chama Caráter. Segundo Wilde, “Chamamos de ética o conjunto de atos que as pessoas adotam quando todos estão olhando. O conjunto de atos que as pessoas fazem quando ninguém está olhando chamamos de caráter…”. Ou ainda, e como nos ensinou Blaise Pascal, “A consciência continua sendo o melhor livro sobre moral, e o que menos é consultado…”. É isso, amigos, em tempos de disrupção monumental e compulsiva, a última manifestação formal decorrente, sempre serão leis e regulamentos. E aí, enquanto leis e regulamentos não existem, o que conta mesmo é nossa consciência individual. E que segundo Scott Fitzgerald, e referindo-se a seu personagem antológico, The Great Gatsby, “Um senso de dignidade fundamental é concedido desigualmente às pessoas ao nascer…”. Se você tem, e mais que acredito que você tenha, siga sua consciência, sempre, independentemente da existência ou não de leis e regulamentos. Se assim continuar, “caosaremos”. Morreremos todos, no caos…
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Os limites do amor

Quais os limites das manifestações de amor e carinho pelos colegas de trabalho de uma empresa? Segundo decisão da 3ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região, (AM/RR), e seguindo o parecer do relator, José Dantas de Góes, o limite são manifestações e comportamentos que caracterizem Ultraje ao Pudor Público… Isso posto, beijos e abraços entre colegas de uma mesma empresa, durante o expediente, pode e não é passível de caracterizar Justa Causa. Uma auxiliar de farmácia de um hospital foi filmada beijando um colega de trabalho durante o horário do expediente. E, em decorrência, foi demitida por justa causa. No julgamento o hospital não teve sua defesa acolhida na ação que a funcionária ingressou na Justiça. O hospital recorreu, e voltou a perder. Segundo a 3ª Turma, a decisão foi absolutamente desproporcional. Era suficiente uma advertência. No máximo, uma suspensão… Ou seja, amigos, vivemos tempos de transição, de nervos à flor da pele, onde pessoas se manifestam de forma excessiva e exacerbada, criando um clima mais que trágico para decisões equivocadas, desnecessárias e inconsistentes. Tempos de transição, como o que vivemos, leva a isso. Como se costumava dizer tempos atrás, muita calma nessa hora…
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Mercadão Livre e seus milhões de sellers

Hoje comentamos sobre marketplaces, e mais especificamente, sobre o maior dentre todos, o Mercado Livre. A quantidade de sellers, de vendedores, no Mercado Livre, é absolutamente desproporcional em relação a todos os demais marketplaces, e em decorrência de sua gênese. No início, qualquer pessoa que pretendesse vender o que quer que fosse poderia ser um seller no Mercado Livre, e, assim, para lá embarcaram todos os tipos de vendedores, em qualidade, falta de qualidade, e um número expressivo de bandidos, que, com o tempo, e processos rigorosos de saneamento, foram sendo excluídos. Para se ter uma ideia da desproporção, enquanto os demais marketplaces falam em centenas de milhares de sellers, o Mercado Livre fala de dezena de milhões. E assim, e dando sequência a seus processos de limpeza ampla, geral e irrestrita, periodicamente, e seguindo sua Compliance Police, o Mercado Livre divulga resultados regulares da faxina. Meses atrás divulgou seu Segundo Relatório de Transparência na América Latina, e onde escancara seus números, e de certa forma dizendo a seus concorrentes, “vocês ainda não passam de pixotes diante de minha dimensão”. No primeiro semestre de 2021 o Mercado Livre, em sua exuberância, registrou cerca de 270 milhões de anúncios ativos, exclusivamente no Brasil. E desses 270 milhões, pouco mais de 3%, 9 milhões foram moderados – excluídos ou corrigidos – por infringirem as regras. Principais ocorrências, ou, onde os pequenos bandidos do digital e do comércio eletrônico atuavam com maior frequência, Cursos e livros digitais piratas; Conteúdos adultos classificados de forma incorreta;Venda de remédios que necessitavam de receitas;outros tipos de falsificações. Desse 9 milhões moderados, 8,5 milhões foram detectados automaticamente pelos mecanismos de proteção da plataforma, por seus algoritmos. E 500 mil decorrentes de denúncias. Segundo o Mercado Livre, seu sistema de proteção e a qualidade e consistência de seus algoritmos, garantem o rastreamento e detecção em menos de um segundo de cinco mil variáveis removendo no devido tempo toda e qualquer violação aos seus “Termos e Condições de Uso…” Pelos últimos dados disponíveis, o Mercado Livre possuía, meses atrás, e último dado divulgado, um total de mais de 300 milhões de anúncios ativos, sendo, mais da metade, no Brasil. Quando os demais concorrentes conseguirão ultrapassar o Mercado Livre? Se isso acontecer, salvo a fusão de dois ou três marketplaces, só mais próximo do final desta década. Quase todas as iniciativas que seus concorrentes tomam, o Mercado Livre já tomou, aperfeiçoou e institucionalizou a, no mínimo, dois anos. Assim, e no mundo, segue a luta Alibaba, Amazon, com ampla vantagem do marketplace chinês. E na América Latina o Mercado Livre segue forte e consistente na frente, não vendo ainda nenhum concorrente no retrovisor. Por maior que seja a capacidade do espelho retrovisor de ver a quilômetros de distância…
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Boticário e Natura, ou, a tartaruga, e o coelho

Boticário era a denominação dos farmacêuticos de antigamente. Denominação escolhida por seu fundador, Miguel Krigsner, para uma pequena farmácia de manipulação. Nasceu em 1977, 8 anos depois da Natura, e para dar vazão aos milhares de frascos que Miguel comprou de Silvio Santos… Uma pequena farmácia na região central de Curitiba para colocar em pé os sonhos de Miguel, marca 100% brasileira com produtos de ótima qualidade tendo como tema o amor e o cuidado com as pessoas. Natura nasce dos sonhos e competências de Antônio Luiz da Cunha Seabra, apaixonado pelas virtudes e potenciais da cosmetologia, numa pequena loja na Oscar Freire, na cidade de São Paulo. E assim caminharam e prosperaram durante 3 décadas, ainda que por caminhos diferentes. O Boticário, a tartaruga, construindo passo a passo e dia após dia sua estratégia de crescimento e multiplicação via lojas próprias e franchising. Natura, o coelho, acelerando pelo marketing monolevel, e disparando na frente. Traço comum das duas empresas brasileiras: produtos de excepcional qualidade. E assim passaram-se os anos. Ingressando no novo milênio o Boticário fortalece sua estratégia agregando mais marcas e produtos, respeitando a espinha dorsal de sua comercialização, e absolutamente inflexível em sua cultura. Enquanto a Natura ia às compras e ganhava manchetes em todo o mundo, e elogios açodados por parte dos críticos, envenenando-se num mix de 3 novas culturas parecidas, mas, diferentes – Aesop, The Body Shop e Avon. Hoje, Boticário, a tartaruga, é a grande referência, e Natura, o coelho, e como na fábula, luta bravamente para superar sua crise de arrogância, prepotência e vaidade. Até o ano de 2018 as duas empresas seguiam lado a lado, com o prevalecimento por pouca distância da Natura. Mesmo assim, e naquele ano, o Boticário já revelava uma gestão mais madura e consistente, trabalhando com melhores margens. 21,1% no Ebitda, contra 13,8% da Natura, e uma margem líquida de 11,6% contra apenas 4,1% da Natura. Mas, e ainda assim, por razões e motivos diferentes, a Natura brilhava mais no sentimento da crítica e plataformas especializadas. Hoje, e como tenho comentado com vocês, a Natura luta para superar sua crise de açodamento, vaidade e apetite desmesurado, e o Boticário segue concentrado no foco, no ritmo e em sua natureza. Semanas atrás, sem jamais tripudiar sobre seu concorrente em gênero, Natura, o Boticário, nas palavras de Artur Grynbaum comemorava e celebrava o mote principal de sua empresa, de anos para cá, “A ecoeficiência virou o nosso modelo de gestão”, em entrevista a Sônia Racy, no Estadão. “Começamos em 1977, com uma farmácia de manipulação. Sempre tivemos um olhar atento para o negócio, mas, e também, para a sociedade… Daí, nasce a Fundação O Boticário de Proteção a Natureza, e, mais adiante, 2010, a Fundação Grupo Boticário… Hoje temos o principal programa de logística reversa do país são mais de 4 mil pontos de coleta, nas nossas lojas para recuperar as embalagens vazias, que vão receber tratamento, a separação adequada, e gerando renda para os que trabalham na coleta…”. O Boticário e Natura, crenças semelhantes. Caminhos e escolhas, diferentes. Natura, marketing monolevel, O Boticário, franquia e lojas próprias. O Boticário consistência entre missão, propósitos e ação. Natura, inconsistência. E deu no que deu… Duas empresas brasileiras de excepcional qualidade, que durante décadas converteram-se em referência, e inspiraram dezenas de novos empreendedores no Brasil e no mesmo território de atuação. Miguel resistiu às tentações e preservou o Phocus e o Positioning de O Boticário. Seabra e seus sócios caíram em tentação e resolveram atalhar… O coelho e a tartaruga. Escolha o ditado, você, leitor: “Quem tudo quer tudo perde”, “Devagar se vai mais longe e chega antes”, “Jamais subestime seus concorrentes”, ou, e contrariando Al Ries e Jack Trout, que diziam, “mais vale ser o primeiro do que ser o melhor”, uma vez mais comprova-se que “é bom ser o primeiro, mas é melhor ser o melhor”. Sempre!
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Será que Bezos continua o mesmo…

Há 6 anos, nesta época, e ensandecido, o presidente dos Estados Unidos, Trump, tenta de todas as maneiras e procurava criar dificuldades e inibir a sanha empreendedora de Jeff Bezos. Sem a menor sombra de dúvida, um dos mais emblemáticos, consistente e bem-sucedido empreendedor dos chamados tempos modernos. Assim, e com total merecimento, a revista Exame, numa das suas edições de maio de 2018, colocou Bezos em sua capa. Naquele momento, Bezos, 54 anos, casado, quatro filhos, US$121 bilhões de patrimônio, e formado por Princeton em engenharia eletrônica. Antes de começar sua empresa de vendas de livros, a Amazon, trabalhou em 4 bancos diferentes. Em 2018, além da Amazon, maior marketplace do ocidente, era o dono da empresa de exploração espacial, a Blue Origin, do jornal The Washington Post, e ainda sócio do banco J.P. Morgan, e do fundo Berkshire Hathaway de Warren Buffett, em projeto específico no território da saúde. E insistia em comprar o Whole Foods… Apenas é a título de curiosidade, algumas das manias de Bezos e que hoje continuam. Imaginamos, sendo o behavior code – código de comportamento – de suas empresas: 1 – Proibido power point. Cada novo projeto ou proposta tem que caber no máximo em seis páginas de papel. Todos recebem uma cópia, tem 10 minutos para ler, e depois começa a discussão. 2 – Nenhuma equipe poderá ser maior que duas pizzas não sejam capazes de alimentar. 3 – Só mesa com tampos e em cavaletes. Nada é fixo. 4 – Desconto zero para todos. Quem quiser comprar da e na Amazon pode. Pagará rigorosamente o mesmo preço que os demais clientes. 5 – Cãos são bem-vindos. Todos os funcionários que quiserem podem carregar seu cão para o trabalho. Apenas têm que registrar antes. Na Amazon são 40 mil funcionários e 7 mil cães. 6 – Queixas dos clientes. São encaminhadas para os funcionários com um único comentário. Um ponto de interrogação. 7 – E todos, sempre, com a Carta Magna da Amazon, na cabeça, coração e alma… E que são Os 14 Princípios de Liderança… Os 14 princípios de liderança da Amazon 1 – Obsessão pelo cliente: Comece com o cliente e trabalhe para trás, no sentido de aprimorar processos e atividades para gerar encantamento. Trabalhe vigorosamente para ganhar e manter a confiança do cliente. Preste atenção aos concorrentes, mas continue obsessivamente focado nos clientes. 2 – Propriedade: Pense e aja como se você fosse – e é – proprietário do negócio, focando simultaneamente no longo e curto prazo; não sacrificando o valor de longo prazo por resultados de curto prazo. Aja em nome de todos da empresa, e não apenas em nome de sua equipe; jamais diga “esse trabalho ou tarefa não é meu”. 3 – Invenção e simplificação: Estimule e cobre inovação de sua equipe; sempre encontre maneiras de simplificar as coisas; seja consciente do que acontece a sua volta, sempre procure novas ideias sobre todos ângulos e não se deixe limitar por crenças do tipo “aqui não se inova”. Inova, sim. Muito e o tempo todo. 4 – Os líderes estão certos: Tenha um senso de julgamento embasado e bons instintos; procure observar as situações sob diversas perspectivas e lute exaustivamente para desconfirmar (isto mesmo não confirmar) suas crenças. 5 – Frugalidade: Realize mais com menos. As restrições geram engenhosidade, autossuficiência e invenção. Não existe prêmio pelo cumprimento das obrigações. 6 – Contrate e desenvolva os melhores: aumente o patamar de desempenho com cada contratação e promoção; reconheça talentos excepcionais e mova-os conforme suas vontades por toda a organização; desenvolva novos líderes e leve a sério o seu papel como coaching de outros talentos. 7 – Conquiste confiança: Ouça atentamente, fale com franqueza e trate os outros respeitosamente. Seja autocrítico em voz alta, mesmo quando isso pareça incômodo ou embaraçoso. Compare-se a si próprio e a sua equipe contra o que há de melhor no mercado. 8 – Insista nos mais elevados padrões: Tenha padrões implacavelmente elevados – muitos podem pensar que esses padrões são absurdamente altos, você permanecerá continuamente aumentando a barra e conduzindo seu time para oferecer produtos, serviços e processos de elevada e excepcional qualidade; Defeitos jamais prosperam e todos os problemas são resolvidos internamente. 9 – Foco na ação: – A velocidade importa nos negócios. Muitas decisões e ações são reversíveis e não carecem de estudo extensivo. Valorizamos a tomada de risco calculada. 10 – Aprenda e seja curioso: Você nunca acaba de aprender e sempre procura melhorar; tenha sempre curiosidade sobre novas possibilidades e aja para explorá-las; 11 – Líderes têm espinha dorsal. Discorde e se comprometa. Desafie respeitosamente as decisões quando você discorda, mesmo quando fazer isso seja incômodo ou cansativo; tenha convicção e seja tenaz; não fique comprometido pelo pretexto de coesão grupal; Uma vez que uma decisão é tomada, aí sim, comprometa-se com ela. 12 – Mergulhe fundo: Opere em todos os níveis, mantenha-se conectado aos detalhes, faça auditoria com frequência e seja cético quando métricas e relatos diferem. Nenhuma tarefa é maior e mais importante que você. 13 – Pense grande: Pensar pequeno é uma profecia autorrealizável. Crie e comunique uma direção ousada que inspire resultados. Pense de forma diferente e olhe em volta e em todos os cantos para encontrar novas e melhores formas de servir os clientes. 14 – Entregue resultados: Concentre-se nos inputs chaves para o negócio e entregue com a melhor qualidade e em tempo hábil tudo o que se espera de você; apesar dos contratempos naturais e pelo caminho preserve-se ereto e confiante; por maiores que sejam os desafios e dificuldades, não desista jamais. Jeff Bezos, simplesmente, sensacional!
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Nota de falecimento

Faleceu no último dia 15 de janeiro de 2024, por falência generalizada dos órgãos, um dos campeões de sucesso do mercado financeiro de décadas atrás. Ele, o mais que querido DOC. Queridinho das empresas e das pessoas. Morreu mais ignorado que o Faquir de Kafka, sem nenhuma chance de ressuscitação. Quase chegou aos 40 anos. Mas, desde a virada do milênio vinha revelando debilidades, assim mesmo ganhou alguma sobrevida, mas não resistiu aos ventos da modernidade, e, despediu-se quase que a mingua e no abandono. Mais um dos milhares das vítimas do tsunami tecnológico. Criado no ano de 1985 foi uma revolução. Permitia, finalmente, a realização de transferências entre contas bancárias. Eliminava a necessidade do tal de depósito em cheque. Aliás, e por falar em cheque… Junto com o DOC, e no mesmo caixão por questão de economia, segue a TEC – Transferência Especial de Crédito – utilizada pelas empresas para o pagamento de salários e benefícios. Terminado o necrológio, modesto diante dos serviços prestados, em seu lugar ele, todo modernoso e ao invés de um C no final, um X, transmitindo velocidade e modernidade, o PIX. Ainda em 2023, primeiro semestre, revelava alguns sinais de vida: foram realizados 18,3 milhões de operações de DOC… mas, e no mesmo período, 17,6 bilhões de PIX… Dispensam-se comentários. É isso, amigos. Trata-se da maior crise estrutural da história da economia e dos negócios de todos os tempos. Esqueça as crises conjunturais. São simples resfriados, que podem, no máximo, em poucos casos, virar pneumonia. O mundo velho está em seus estertores. E todas as empresas que não tiverem essa consciência e não tomarem as providências no mais que devido tempo terão o mesmo destino do… DOC. Que parte, e não deixa nenhuma saudades… Somos ingratos, interesseiros, oportunistas, aproveitadores…? Lembram o que um dia nos ensinou, em 1960, o saudoso Theodore Levitt com seu artigo monumental, Marketing Myopia? Que, “não compramos produtos, compramos os serviços que os produtos prestam…”. E no dia seguinte que um novo produto preste melhor o serviço trocamos no ato. Assim somos nós, os Humanos, não desumanos… Queremos sempre, e para sempre, e desde que acessível, e apenas, o melhor…
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