Categoria: Negócio

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Vendendo o que jamais será entregue

Na medida em que faltam terrenos, na medida em que supostamente as pessoas querem – claro, as que têm dinheiro – morar nos melhores lugares da cidade, ou, aquela região que vai da Santos, desce a Pamplona, pega a Estados Unidos, e sobe o chamado Jardins, Consolação, passa pelo último pente fino das incorporadoras, e em menos de cinco anos estará completamente desfigurada. É isso, e é isso. E assim, aquilo que é realidade hoje, o cenário maravilhoso onde corretores levam compradores desatentos e que gostam de ser enganados, mostrando as maravilhas de morar, finalmente, num lugar tanto encantador e descolado, não passa de um estelionato. Jamais entregarão os sonhos. No lugar do sonho, torres de concreto onde esses incautos e delirantes morarão… Depois de venderem o sonho irrealizável, levam pra tomar um café no acolhedor e legendário Cristallo… Corta para o Estadão, 9 de janeiro, caderno Metrópole, matéria quase crônica assinada por Ítalo Lo Re. “Despedida da Cristallo da Oscar Freire reune clientes…”. “Era por volta de 17 horas quando a aposentada Leni Colaferri, de 71 anos, se acomodou em uma mesa de calçada da confeitaria Cristallo, quase esquina da Rua Oscar Freire com a Bela Cintra… A unidade da Cristallo da Oscar Freire, aberta por ali há 46 anos, viveu seu dia de despedida do número 914, em tarde marcada por comoção entre funcionários e frequentadores assíduos… e conclui Ítalo, “A confeitaria, assim como outros estabelecimentos vizinhos, será demolida para a construção de um residencial de alto padrão…”. É isso, amigos. Corretores mais que necessitados – só ganham se venderem e precisam comer – vendem um paraíso onde passará a existir um inferno ainda que presumivelmente chique. Ou, no mínimo, um purgatório. Vendem o que jamais será entregue porque as encantadoras ilhas de alegria, prazer e felicidade, todas, serão despejadas e depois demolidas para a construção das tais torres… Pessoas que compraram, como descreve Alberto Dines em seu clássico Morte no Paraíso. A Tragédia de Stefan Zweig, terminar seus dias rodeado de prazeres, alegrias e felicidade, e descobrirá, tardiamente, que comprou gato por lebre, com todo respeito aos gatos que não têm nada a ver com essa história, com esse estelionato emocional…
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É Proibido Proibir

Em sua música, e que concorreu ao Festival Internacional da Canção de 1968, sob vaias, Caetano Veloso dizia “É Proibido Proibir”, e, concluía, “ao não eu digo não”. Já naqueles tempos, como e até hoje, o esporte ainda preferido de parcela expressiva de pessoas em todo o mundo, e certamente dos brasileiros, o Futebol, conta com uma regra ridícula que limita de uma forma estúpida a utilização do campo de jogo, o absurdo impedimento. O campo é grande, mas só pode ser usado em sua totalidade se existir um jogador do time adversário que dê condição de jogo aos jogadores do time que ataca. Da virada do milênio para cá a tecnologia passou a ser utilizada para valorizar, vitalizar, e garantir maior emoção no esporte, ajudando na decisão de lances que, pela rapidez, superam a sensibilidade do ser humano. E assim, a contribuição da tecnologia vem agregando expressivo e notável valor a todos os demais esportes como o Tênis, o Vôlei, e, inclusive ao Futebol, revelando se a bola entrou ou não entrou, pingou na linha, ou fora da linha, e até aí perfeito. Mas em nenhum desses esportes é proibido utilizar a totalidade do campo. No futebol, pelo absurdo impedimento, é proibido usar-se o campo todo. E como o futebol é um esporte coletivo envolvendo muitas pessoas, o tal do VAR leva minutos, muitas vezes, para decidir se a posição do atacante era ou não regular. Assim, a primeira providência que se deveria tomar no futebol, e como cantava Caetano, É proibido proibir, é garantir aos 11 jogadores utilizar o tempo todo a dimensão total do campo, e os dois times que se organizem para conviver com a liberdade. E parar de privilegiar a mediocridade que é são os times treinarem para deixarem seus adversários em condição de impedimento… Assim, o VAR só entraria em ação num número infinitamente menor de lances e o jogo recuperaria parcela expressiva de sua fluidez, e dos tempos em que o VAR não existia. Agora começa uma outra discussão. Se a cabeçada deverá, ou ser regulada, ou proibida. Semanas atrás, na Inglaterra foi realizada uma primeira experiência, onde só eram permitidas cabeçadas dentro da pequena área. Nas demais partes do campo, quem usasse a cabeça, falta. E a razão, estudos consistentes revelando o que aconteceu com o cérebro de muitos jogadores depois de aposentados, e após centenas ou milhares de cabeçadas… Dentre outros estudos, um que revela que cinco integrantes da seleção inglesa que venceu a copa de 1966 foram diagnosticados com demência, e quatro já morreram. Por esse raciocínio, que certamente faz todo o sentido, o que dizer-se, então, do boxe, onde boa parte dos pugilistas aos 40 anos enlouquecem… As razões de estarmos compartilhando e comentando esse assunto com vocês, amigos? Pelas componentes econômicas, pelo Business que são os esportes e que movimentam bilhões de bilhões todos os anos. De pessoas em todo o mundo, e de dinheiro. E, em segundo lugar, porque está mais que na hora de se realizar estudos profundos e providenciar todos os aperfeiçoamentos no que o tsunami tecnológico muda por completo – vida e negócios, inclusive esportes, – e repensar todas as modalidades considerando as decorrências desse tsunami. É isso, todos, e em tudo, reinventando-se para sobreviver. Especificamente no tocante ao impedimento, é uma regra absurda, em nosso entendimento, que até hoje não conseguimos engolir, e para o qual cantamos desde sempre a música do Caetano, É Proibido Proibir…
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Síntese das sínteses

Em todos os últimos anos muito se tem discutido sobre a possibilidade do excesso de tecnologia estar fazendo mal para as pessoas. Tornado todos mais acomodados, e, de quebra, alterando a maneira como raciocinamos. Por esse pensamento, todas as inovações dos últimos séculos e milênios, precisariam ser reconsideradas porque determinaram mudanças profundas no comportamento dos seres humanos. Em decorrência das inovações, no correr os séculos, passamos a produzir dezenas de vezes mais, e, na outra ponta, comer sentados em cadeiras e em volta de uma mesa, com pratos de louça, faca e garfo, mais guardanapos. Caso contrário, continuaríamos nos alimentando com as mãos… Porém, as fantásticas facas, que nos possibilitaram um salto civilizatório monumental, nas mãos de desequilibrados provocam as maiores barbaridades. É exatamente isso que testemunhamos acontecer com a tecnologia e seu uso. Daniel Schacter, psicólogo americano e professor da Universidade de Harvard, autor do clássico The Seven Sins Of Memory: How The Mind Forgets And Remembers, do ano de 2001, relançado agora em versão atualizada e mais completa, em entrevista à Giovanna Wolf do Estadão, explica, “A tecnologia pode ser útil para nossa memória, como as agendas digitais que nos notificam sobre compromissos… o perigo reside na desinformação que povoa a internet que, e sem que as pessoas se deem conta, vai se incorporando às suas memórias…”. Ainda em sua entrevista Schacter falou sobre uma espécie de Síndrome do Fotógrafo. E que é mais ou menos a seguinte, a pessoa que numa viagem de família cuida dos registros fotográficos, não guarda nem uma melhor recordação, e nem uma maior lembrança da foto que tirou. Pela simples razão que sua atenção se concentra na luminosidade, no foco, no ângulo, de todas as fotos que tira no correr da viagem. E ainda Schacter reflete sobre uma espécie de Síndrome de GPS. Com o GPS tudo ficou mais fácil, e raramente erramos a direção. Em compensação, nos tornamos dependentes, e se no passado guardávamos e sabíamos os caminhos, hoje se precisarmos refazê-los sem GPS será praticamente impossível. De verdade, Schacter apenas nos recorda do sentido da evolução. Diante de uma alternativa melhor em todos os sentidos, teríamos imensa dificuldade em retroceder, em recorrer a uma solução antiga, substituída magnificamente por uma solução melhor.
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Os mistérios da Azul

Depois de tentar e ameaçar, mediante sucessivas entrevistas e declarações a imprensa de que iria comprar a unidade brasileira da Latam, em processo de recuperação judicial, agora a Azul colocando muitas de suas fichas num novo business – em relação ao que caracterizou sua atuação até agora –, e que é a Azul Cargo. Uma empresa especializada no transporte de carga, originalmente no porão e espaços ociosos de seus aviões de passageiros, e agora, convertendo, também, aviões de passageiros em aviões exclusivamente de carga, e indo ao mercado na tentativa de comprar uma empresa de transporte rodoviário. Quer dominar e cobrir toda a cadeia? Definitivamente, um outro business, de uma empresa que desde a chegada da pandemia ameaça e atira em diferentes direções. A Azul pretende provar, o improvável, que transporte aéreo não é caro. Genericamente é, mas, para determinados tipos de produtos e mercadorias, independente de caro ou barato, talvez seja o mais adequado. Mas caminhões e ônibus seguem imbatíveis. E até por isso, tenta comprar uma empresa de transporte rodoviário. Em declarações ao Estadão, Izabel Reis, diretora da Azul Cargo, declarou, “Temos agilidade, menos manuseio e propensão reduzida de sinistro”. Tudo bem, mas, insuficiente. A Azul vai se meter no território mais disputado da atualidade, com centenas de novos players, com empresas de outros setores de atividade investindo pesado, e ainda comprando uma briga com marketplaces. E segue dependendo de um negócio absurdamente complicado que é a aviação comercial, hoje, Azul, absolutamente debilitada, ou, melhor ainda, devastada pela pandemia que manteve seus aviões vazios na terra e no ar durante meses, e agora declara-se preparada, depois de anunciar que compraria a operação Latam Brasil, a concorrer com o Correios, Amazon, Mercado Livre, Luiza, Americanas, e mais duas dúzias de empresas gigantescas e poderosas, competentes e especializadas… Definitivamente, uma temeridade. Mais que certo que não vai dar certo. Ou o novo estilo da Azul é apenas anunciar novidades que jamais colocará em pé?
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Barbie, a história verdadeira

Um dos filmes do ano passado, criticado por muitos e elogiado por poucos, é Barbie. De qualquer maneira, e em termos de bilheteria, um dos maiores sucessos de 2023. Mas, sabe-se lá por quais razões, traz uma história que passa a quilômetros de distância da verdade. Ao contrário do que afirma o filme, e por mais simpático que seja o casal Handler – Ruth e Elliot, o pai da Barbie chama-se Ernest Dichter. História essa que já contei duas vezes, e em benefício da história e da verdade volto a contar. Em verdade, e também como já contei em artigo, Dichter, gênio, que com Ernest Lazarsfeld, seu mestre, mudou para muito melhor a história das pesquisas, do marketing e dos negócios em todo o mundo, foi vítima de outra grande injustiça. O Prêmio Nobel conferido a Richard Thaler em 2017, professor da Universidade de Chicago, por seus estudos sobre Economia Comportamental, de verdade, deveria ter sido conferido a Dichter, por ter contribuído com o mundo, sociedade, negócios, marketing, de forma muito mais relevante, consistente, superior, cinco décadas antes de Thaler. No filme Barbie, de alguma forma a criação da boneca é atribuída ao casal, muito especialmente a mais que querida Ruth. O que definitivamente não corresponde a verdade. A Barbie pensada pelo casal dono da Mattel era uma boneca das clássicas, à semelhança de todas as demais bonecas que a antecederam. A Barbie já estava pronta e acabada, preparada para ingressar em linha de produção, quando souberam do milagre que Ernest Dichter tinha protagonizado com o sabonete Ivory da Procter. Decidiram consultá-lo, apenas por uma questão de maior segurança. No papo Dichter fez duas perguntas ao casal. 1 – Pra quem é essa boneca? E a resposta foi, “para as meninas”. E 2 – Vocês foram conversar e pesquisar as meninas? E a resposta, “não, conversamos com seus pais e que é quem compram…”. “Atrasem o lançamento por duas semanas, deixem eu conversar com as meninas… elas é que decidem a compra, portanto são elas o cliente. Os pais as levam às lojas e dão o dinheiro, mas, quem decide, quem toma a decisão e faz a escolha, são as meninas…”. Duas semanas depois, volta ao casal Handler, e diz, “os pais podem comprar essa Barbie convencional e cheia de roupas e composturas que vocês vão lançar. Mas as meninas me disseram que a boneca que querem é ”Blond, Long Legs, Big Breasts, Glamorous…”. O grande e extraordinário mérito do casal foi respeitar a orientação do mestre Dichter. E em se tratando de bonecas, o cliente eram as meninas. E assim nasceu Barbie, obra monumental da inteligência, sensibilidade e competência de um dos pais da pesquisa motivacional, Ernest Dichter. Durante os anos 1940 e 1950 Dichter passou parte de seu tempo tentando convencer as empresas que utilizavam metrologia de pesquisa ultrapassada, as pesquisas quantitativas para tudo. Até que um dia a Procter decidiu dar uma oportunidade a Dichter. E a partir daí os negócios e o marketing jamais foram os mesmos. As pesquisas de Dichter produziram sucessos monumentais. Para a Procter mudou para melhor, muito melhor, a vida da Ivory e Ariel. Para a Chrysler mudou a forma e a eficácia da empresa em se relacionar com os compradores de seus carros e recomendou a criação de uma plataforma de comunicação única: 10! Para a Esso desvendou a expectativa que os motoristas tinham, e redefiniu seu positioning statement: “Put a tiger in your tank…” Para Betty Crocker, com uma pequena mudança no texto das instruções, – “como preparar o bolo” – eliminou o sentimento de culpa das mulheres que acreditavam não estar cumprindo com suas obrigações por fazerem um bolo de forma tão prática, rápida e simples. E assim mudou, repito, para melhor, para muito melhor com graus de eficácia inimaginável, a vida de dezenas de produtos e empresas. Apenas isso. Assistam Barbie, claro, se quiserem. Mas procedam, com respeito e carinho a correção, mesmo porque o casal não tem nada a ver com isso. Obra dos roteiristas. Quem criou Barbie, definitivamente, não foi o casal Handler. Foi um dos pais da pesquisa motivacional, conterrâneo e contemporâneo de Peter Drucker, Ernest Dichter. Os dois nasceram em Viena, Dichter em 1907, Drucker 2 anos depois, 1909, e até hoje somos recompensados por suas sensibilidades, inteligências, competências, conhecimentos, e capacidades de entender o verdadeiro sentido dos fatos e da vida. Gênios. Barbie e a Pesquisa Motivacional são filhas de Dichter. Os gêmeos monozigóticos Administração Moderna, e, Marketing, são filhos de Drucker.
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Branding mistakes. Itaú e Mondelẽz

Itaú Na falta do que fazer, com uma marca mais que irretocável e consagrada, o Itaú, como se diz na gíria, decidiu dar um tapa em sua marca na tentativa de um pretenso e desnecessário rejuvenescimento. Mais que um tapa, deu-se uma bofetada, uma espécie de Branding Slap. Simplesmente, por mais sútil e quase imperceptível que seja o face lifting, descaracterizou a marca. Talvez muitas pessoas nem mesmo se deem conta, mas, o cérebro registra. E a dissonância cognitiva gera incômodo, desconforto, e pior ainda, insegurança. E para completar a tragédia, num design que está mais para o retrô, revê seu positioning statement, e se diz, “Feito de Futuro”. Por que? Quem, dentro do banco cobrou essa plástica absolutamente desnecessária, perfunctória, deletéria? Início dos anos 1970, circunstancialmente eu, Madia, me encontrava à frente da primeira área de marketing de um banco em nosso país. Isso mesmo, do, na época, Itaú América. Que tinha uma marca desenhada pelo artista e designer Aloísio Magalhães. Fria, reta, nos estertores do Art Déco. Em parceria com o Alfredo Rosa Borges, gerente de comunicação do banco, com a cumplicidade de nosso chefe Alex Cerqueira Leite Thiele, e o talento e sensibilidade de Francesc Petit concluímos que era necessária uma revisão radical na marca. Eliminar o América, e fortalecer o Itaú. E, depois de uma série de movimentos, chegamos lá, contando com o apoio de dona Tide Setubal, esposa do Olavo Setubal. E mais que deu certo. O sonho do Dr. Olavo ao decidir pela criação de uma área de marketing que possibilitasse ao banco um dia alcançar a liderança do mercado concretizou-se. Com a construção de uma marca, simplesmente espetacular, irretocável. Marca essa que agora, sabe-se lá por quais razões, decidiu aplicar-se botox… não deveria… Mondelẽz, Morumbis Duas decisões recentes da Mondelẽz no território do Branding, e pra dizer o mínimo, temerárias. A primeira delas, a decisão de patrocinar o influenciador Felipe Neto, com seu mais que consagrado e legendário BIS. Felipe Neto, influenciador de adolescentes que divide opiniões e volta e meia se envolve em polêmicas, simplesmente, patéticas. E agora, em decisão tão ou mais temerária, escala seu legendário BIS para juntar-se e comprar o naming rights do estádio do São Paulo Futebol Clube, produzindo uma soma, no mínimo, tosca. MORUMBIS! Repetindo, e no mínino duas decisões precárias e controvertidas. Associar um produto mais que querido e adorado pela quase totalidade da população brasileira, que cresceu e segue – ou seguia – pedindo BIS, e que agora vê seu produto legendário e de coração tomando duplo partido. O de Felipe Neto, e suas preferências e manifestações temerárias, e o do São Paulo, contrapondo-se aos demais torcedores. A compra de Naming Rights, além de invariavelmente implicar num investimento elevado, e por um longo tempo de duração, jamais, deveria ser suportada por um único produto. E assim, e se quisesse seguir em frente com sua decisão, deveria ter comprado o naming rights para a Mondelẽz, tipo Arena Mondelẽz, ou Morumbi Mondelẽz, e, jamais para um único produto. Mas, deixou-se fascinar por uma espécie de trocadilho pífio, MORUMBIS… Muito especialmente um produto que é adorado e campeão de todas as torcidas. E jamais, deveria assumir as cores de um único time, e as preferências débeis de um apresentador inconsequente. Agora Inês é Morta, e a Mondelẽz verá, inexoravelmente, seu BIS perder parcela expressiva de seus milhões de clientes, Parcela expressiva deles, sente-se traída, por um produto que era mais que querido por todas as torcidas… R$ 90 milhões de “investimento” que resultarão em perda de participação de mercado, e, por decorrência, de dinheiro, de muito dinheiro.
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Eu tentei. Mas, eram outros tempos

Lemos no jornal semanal Propmark, e onde o Madia escreve há exatos 53 anos, a coluna mais longeva do marketing e da comunicação no Brasil, a matéria assinada pela editora Kelly Dores, com a Larissa Andrade. A Larissa é CEO de uma agência de propaganda de cabeça, corpo e alma feminina, uma agência de mulheres, com, e excepcionalmente, alguns homens no time. Uma agência batizada de Maria SP. Nascida no mês de novembro de 2015, e que se posiciona, em seu site, como, “Uma agência com nome de gente, alma de consultoria e inquietação criativa”. “Por que Maria? Pergunta-se. Porque é o nome mais popular que existe, cheio de brasilidade, afeto e histórias. E também porque um dos significados é ‘rebelde’ e nós gostamos muito dessa atitude…”. A Madia e Associados nasceu no dia 1 de setembro de 1980, na rua Maranhão, em frente à Igreja de Santa Terezinha. Nosso sonho, nosso modelo, projeto, não era exatamente de um harém, claro, brincadeira, mas de verdade tinha esgotado minha dose de paciência por trabalhar dos 7 aos 37 anos em empresas predominantemente masculinas. Assim, recusava-me a contratar homens, só contratava mulheres para trabalhar comigo. Mas não proibia essas mulheres de contratar homens. Em toda nossa história de hoje quase 44 anos sempre fomos uma empresa predominantemente feminina, mas jamais consegui o que a Maria, como proposta e realização, e aparentemente, vem conseguindo. Mais que isso. Admiro a coragem da Larissa Andrade que não faz rodeios, não alimenta absurdos, e escancara sua crença, de suas companheiras, e práticas. Na entrevista com a Kelly, e dentre outras declarações Larissa diz, O Fator Gente “O maior desafio é ampliar o awareness da Maria e ser reconhecida pelo mercado para trazer contas novas. Tem um desafio enorme de business pelo fato de eu ser mulher, de a agência ser independente. Quero que o negócio cresça, mas mantendo o nosso lado humano…”.Remuneração “A Maria não cobra comissão de mídia dos clientes. Diz Larissa, “O meu cliente sabe para onde está indo o meu lucro, quais são os custos indiretos e o investimento em pessoas. Abrimos mão de cobrar comissão de mídia porque acredito ser a comissão de mídia uma forma de prostituir o mercado. Acredito que as agências têm que ser remuneradas pelos serviços de inteligência prestados, e não pela quantidade de mídia que compram. Na Maria cobramos exclusivamente um “fee mensal”. 50% do que cobramos vai para as pessoas, 30% para os custos indiretos, e 20% é o lucro…”. Por último, mas não em último lugar, a Maria SP declara-se uma agência apaixonada pelo Brasil. Perfeito. Acreditamos que agora temos mais uma novidade consistente no negócio do Marketing & Branding.
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O Hino da Travessia

Nossa mensagem de Feliz Ano Novo a todos nossos queridos amigos e leitores, que nos acompanham neste landmarketing há décadas, trata sobre o TCT – o The Crossing Time – a longa travessia que começamos a realizar desde a virada do milênio para cá, e em direção ao Admirável Mundo Novo. E essa travessia tem um hino que apresentamos a vocês mais adiante. Tudo começa no dia em que um fabricante de máquina calculadora – a Busicom – bate às portas da Intel e pergunta se eles poderiam fabricar uma pequena memória para suas máquinas. A Intel aceita a encomenda, e entrega, dois anos depois, o microchip 4004. Quem faz a entrega é Gordon Moore e que naquele momento, diz, “Este microchip vai dobrar de capacidade e velocidade a cada 18 meses, e ter seu preço reduzido pela metade”. De uma ingenuidade monumental. Dobra de capacidade em frações de segundo… E com o microchip, nasce o 4º Ambiente da Biosfera, além da Atmo, Lito e Hidro, passamos a ter e ser impactados pela Digisfera. E é exatamente nesse momento que ingressamos no TCT – The Crossing Time, e passamos, todos, sem exceção, a fazer a travessia. Do mundo velho, para um mundo radicalmente novo. O fim do 1º tempo ou ato da história da humanidade. Início do segundo… É onde nos encontramos neste momento, e assim seguiremos por mais algumas décadas. Estranhezas, solavancos, incômodos, desconfortos, incompreensão, quase tudo perdendo o sentido do dia para a noite. Provisoriamente, o piso desapareceu sob nossos pés e todos, sem exceção, hoje e por mais anos, convertemo-nos em navegadores. O mundo, definitivamente, é líquido. Feliz 2024, querido amigo navegador. Calma, sensibilidade, resiliência, compaixão, empatia. Já dissemos em artigos anteriores e repetimos agora, o melhor sinônimo para Marketing é Empatia. Colocar-se permanentemente no lugar das demais pessoas; e respeitá-las. Aqui, no MMM, MadiaMundoMarketing, onde cultuamos e veneramos Marketing & Branding 24 horas por dia de todos os dias da vida, recorremos a dois provérbios americanos para definir Marketing e Branding. Marketing, “Put yourself in someone`s shoes”. E Branding, “Walk the talk”. Pressupostos iniciais e mínimos para a prática de um Marketing & Branding de excepcional qualidade. Feita a introdução, o Hino da Travessia foi composto no início dos anos 1970 por Gavin Sutherland, com uma primeira gravação de 1972, pelo Sutherland Brothers Band. Mas, não aconteceu nada. Em 1975 Rod Stewart muda-se para os Estados Unidos, e, em seu primeiro álbum inclui o Hino da Travessia, deste TCT – The Crossing Time: “Sailing”. E aí nascia, premonitória e circunstancialmente, o Hino Universal da Travessia, que todos temos que aprender e cantar todos os dias de todos os próximos anos… “I am sailing, I am sailing Home again `cross the sea I am sailing stormy Waters, To be near you to be free”. Mas se você preferir fazer a travessia pelos ares é possível, “I na flying, I am Flying Like a Bird `cross the sky I am flying passing high clouds To be with you, to be free… É isso, amigos. Sem desesperos. Somos testemunhas e protagonistas da maior disrupção da história da humanidade. Poucas manifestações do mundo antigo sobreviverão. E todos, nós, em paralelo e simultaneamente, precisamos providenciar nossa travessia. Até aqui fomos fazendo sem nos darmos muita conta. Daqui para frente precisamos ser mais sensíveis e cuidadosos, e construímos um plano, o nosso plano. TCTP – O The Crossing Time Plan. Feliz 2024, Feliz Mundo Novo, e não se esqueça de construir seu plano em direção ao, finalmente, Admirável Mundo Novo. Com algum sofrimento e dores pelo caminho, mas, e como se diz hoje, faz parte. God Bless You! De todos os seus amigos do MadiaMundoMarketing.
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Vale e pode tudo

Hoje, em tempos de disrupção radical, sequelas da pandemia, desgovernos e um país que tem uma Justiça que passa a quase totalidade do tempo concedendo-se benefícios, e um governo que paga viagens para réus condenados para reuniões no Ministério da Justiça, sim… Pode tudo! Portanto, nessa selva em que vivemos nada mais surpreende, e, as big techs todas, em menor ou maior intensidade mesmo porque são incapazes de fiscalizar tudo o que passa por seus escaninhos e corredores, continuam possibilitando que contraventores de toda ordem trafeguem, anunciem e vendam, através de suas plataformas. Contando com a cumplicidade, complacência, preguiça ou omissão dos algoritmos. E aí O Globo, claro, sentindo-se mais que prejudicado, decidiu denunciar. E nem precisou de muito esforço para encontrar um monumental oceano de irregularidades. Vamos lá, denuncia O Globo, “Mesmo depois de ter entrado na mira do Ministério da Justiça, a Meta, dona do “Feice”, Insta e WhatsApp, segue veiculando em suas plataformas anúncios com indícios de que são usados para cometer crimes no Brasil. O Globo identificou peças publicitárias que divulgam de golpes financeiros aplicados a partir de programas do Governo Federal e ofertas da Black Friday ao jogo do bicho. O caso expõe as dificuldades das big techs em moderar conteúdos, inclusive aqueles que são impulsionados e, em tese, estão sujeitos à fiscalização mais rigorosa antes de entrarem no ar…”. E conclui O Globo, “Nos últimos dois dias, mais de 200 impulsionamentos de postagens que divulgam o jogo do bicho foram localizadas pela reportagem na própria Biblioteca de Transparência de anúncios mantida pela Meta. A prática é proibida no país e enquadrada como contravenção penal…”. Segue e intensifica-se a guerra entre as Novas Plataformas, e as Plataformas Clássicas e Convencionais. Curto e grosso. Mesmo as rainhas dos algoritmos, da inteligência artificial, da tecnologia, são incapazes de controlar tudo o que passa sob seus olhos vesgos e ouvidos moucos… Num país onde chefe de quadrilhas são recebidos com honras e homenagens, passagens e estadias pagas, no Ministério da Justiça, tudo, não deveria poder, mas, pode…
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O rompimento das placas tectônicas da economia anunciam a maior das crises…

Tomara que não aconteça, queira Deus e a sensibilidade e lucidez de alguns empresários, que a crise não ecloda nas proporções que parece, mas, o fato é que as placas tectônicas que sustentam a economia seguem movimentando-se e não há nenhuma perspectiva que voltem a tomar assento proximamente. E isso já começa a se refletir no mundo real, na superfície aparente da economia, com um recorde no volume das recuperações judiciais. E ainda, e na listagem, a ausência de mega organizações que, a essas alturas, já estão condenadas a recorrerem, em desespero de causa, a esse recurso derradeiro. É, de longe, a maior crise estrutural em que se encontra mergulhado o mundo, em menores ou maiores dosagens, dependendo das medidas preventivas adotadas pelos diferentes governos. O último dado disponível aqui no Brasil, e referente ao terceiro trimestre do ano de 2023, registra um primeiro grande salto no volume de recuperações judiciais. Desde janeiro de 2023, em verdade, as recuperações vêm acelerando. Só no último mês de setembro, os pedidos foram de quase 100% a mais que setembro de 2022. No último trimestre, jul/set, 3.873 empresas encontravam sob a guarda e a proteção da recuperação judicial. E a tendência segue de crescimento e acelerando. Quem sabe, 2024, bata todos os recordes. Dentre as 3.873 vamos encontrar a 123milhas, com R$2 bi de dívidas e 700 mil credores, a M.Officer, o Grupo PC Shopping, mais Americanas, Light, Oi, Grupo Petrópolis… Curto e grosso. Tão cedo não retornaremos a um período de normalidade, enquanto as placas tectônicas da economia não repousarem, e ganharem um mínimo de estabilidade. O terremoto apenas começou…