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A maior migração de toda a história da humanidade

Hoje, dois assuntos em um mesmo comentário. O mundo vive hoje o maior processo de migração da história da humanidade. Se as pessoas tinham medo e vacilavam, antes, hoje com o digital, internet, smartphones tudo passou a ser mais perto do que vizinho do lado. Claro, com a falta do corpo a corpo, abraço apertado, e doses substanciais e generosas de “humanity”. Isso posto, e da virada do milênio para cá, as pessoas passaram a reconsiderar o lugar que escolhem para viver, e que não mais, e necessariamente, é o que nasceram. Na virada do milênio o imaginário país dos nômades digitais não tinha um único habitante. Hoje, já se encontra entre os 100 maiores do mundo com 50 milhões e cresce 1000 habitantes todos os dias… E se faltava um empurranzão, ou zinho, a pandemia se encarregou. De certa forma, e até aqui este comentário refere-se a todos os países, que em maiores ou menores proporções se veem impactados pela imigração, migração e vice-versa. Alguns muito mais vices, do que versas. Dentre as cidades emblemáticas do mundo moderno, uma, em especial, paga o preço da mobilidade e da não necessidade de seus trabalhadores ─ todos em tecnologia ─ morarem na casa ao lado. Até 2020 a cidade de San Francisco brilhava e reluzia, e era o grande polo e foco de atração do mundo moderno. Era, de longe, a pior cidade para ser viver e morar, mas, com a mina de ouro das conquistas tecnológicas, da disrupção, e das novas empresas, pagava-se o preço. Com tudo isso perdeu sentido e razão de ser, a cidade onde todos deixavam seus corações ‒ I left my heart in San Francisco ─ vai se convertendo numa cidade fantasma. De 2020 para cá 250 mil pessoas ─ mais de 80 mil profissionais altamente qualificados e suas famílias desistiram de San Francisco. Simplesmente, insuportável, e, em função da debandada, gradativamente deprimente… Em três anos, a prefeitura local perdeu US$7 bilhões em arrecadação. E os mendigos, ex-profissionais das empresas, mudaram-se para a rua. Como dizia o maravilhoso filme de 1992, “Nada é Para Sempre”, protagonizado e dirigido por Robert Redford, no original A River Runs Through It,… Nada é para sempre. Da primeira novela às lutas de Box Nos anos 1960, a chamada turma da Rosa e Silva, da qual fazia parte o Madia, ia todos os domingos à noite assistir luta de box na falecida TV Excelsior. Também batiam ponto, todos os domingos, Tarcísio Meira e Glória Menezes. Viviam um momento de grande sucesso por integrarem o casting da primeira novela em nosso país. Obra de um conterrâneo do Madia, e que nasceu em Bauru em 4 de julho de 1926, ele, Edson Leite. Em viagem para a transmissão de jogos, descobriu na Argentina e no México o gênero novela, de grande sucesso, e comprou os direitos daquilo que se chamava de folhetim, e de autoria de Dulce Santucci. Assim, nascia no dia 22 de julho de 1963, primeiro capítulo de Ocupado, o gênero novela na televisão ‒ no rádio era um sucesso ‒ protagonizado por Glória e Tarcísio, e passando na Excelsior três vezes por semana – segunda-feira, quarta-feira e sexta-feira. E nunca mais o Brasil foi o mesmo, e com a ida de Clark e Boni para a Globo nasce a Vênus Platinada, e que até hoje, mais de 60 anos depois, lidera o território. Essa primeira novela teve 42 capítulos… Anos depois, a Madia na tentativa de superar uma barreira cultural insuperável, e que era o Shopping Eldorado, conseguiu, com a amizade e sensibilidade do Boni, fazer do Eldorado um shopping mundialmente conhecido, conseguindo levar a novela Guerra dos Sexos para dentro do shopping. O Eldorado permaneceu no ar em dezenas de países, na novela, por mais de 20 anos… Hoje, ao completar 60 anos, já passando por adaptações para resistir ao streaming, a novela é parte integrante do Brasil, e ferramental monumental da melhoria dos padrões de estética e referência da cultura brasileira. E tudo isso tem uma assinatura e um autor, José Bonifácio de Oliveira, o Boni, um dos fundadores e membros da Abramark, Academia Brasileira de Marketing.
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Aplicativos têm vida própria…

Assim como os filhos, depois que crescem, decolam, e revelam-se, os novos aplicativos vão ganhando forma e dimensão quase sempre nada a ver com suas razões e motivos iniciais. Adaptando o que dizia Joelmir Beting, na prática, e pela prática, outros desígnios se revelam… Tudo o que Jeff Bezos queria com sua Amazon era vender livros pela internet. Passou uma semana viajando de carro com sua esposa na época, Mackenzie, planejando. Ela na direção, ele no note. O que aconteceu com o passar dos anos todos sabemos. E hoje é uma megacorporação que, além dos livros, converteu-se num dos maiores marketplaces do mundo, e desfruta de uma posição e participação de mercado invejável nas chamadas “nuvens”. Quando Mark Zuckberg e seus amigos de universidade decolaram com o “Feice” tudo o que queriam era merecer a adesão de universitários. Jamais imaginou alcançar, como tem hoje, quase 3 bilhões de contas ativas, incluindo as 109 milhões só no Brasil. E já acelerado para integrar o “Feice”, Insta, Zap, mais outras novidades, na Meta. Lembram então do LinkedIn? Que chegou para arrumar emprego para as pessoas, e para as empresas lançarem profissionais? E do TikTok que era só para as tais dancinhas…? Ou seja, mais que demonstrado que no admirável mundo novo, onde pontificam verdadeiras e novas empresas, sempre se sabe por onde começa, mas, jamais quando e como termina, e se ainda prossegue mais adiante. Portanto, tudo o que se disser e prever sobre o Threads é precário, ou válido por meses. Assim como sempre aconteceu com nossas vidas, temos a obrigação, dever e necessidade de rabiscar um plano minimamente consistente, mas, o que vai acontecer mesmo, a resposta encontra-se na música cantada por Doris Day no filme “O Homem que sabia demais”, vencedor do Oscar de 1957, e de autoria de Jay Livingston e Ray Evans; lembra? “Que sera, sera / Whatever will be, will be / The future’s not ours to see / Que sera, sera / What will be, will be…! Sempre foi assim, muitos podem estar querendo perguntar. Não, definitivamente não. Nos últimos 500 anos dos negócios, depois do Renascimento, com um mundo definido e amadurecendo, a previsibilidade era total. Muito especialmente quando vivíamos 40 anos, estudávamos até os 20, gastávamos tudo nos 20 anos seguintes, e, partíamos… Hoje não mais e tão cedo não será. Enquanto a disrupção não concluir seu curso ─ sabe-se lá quando isso vai acontecer ─, tudo o que se pode fazer é definir um planejamento pelos próximos três a cinco anos no máximo. E, depois, bem depois e depois, e aí prevalece o ensinamento de Gasset adaptado às empresas, “cada negócio é cada negócio, mais todas as circunstâncias de cada um deles…”.
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Transição religiosa

O mesmo fenômeno que aconteceu na Europa, e demandou pouco mais de dois séculos, no Brasil vem acontecendo de forma acelerada, a partir dos anos 1960. É tão acelerada que o censo a cada dez anos do IBGE perde sentido diante da velocidade da transição. Em busca de uma melhor compreensão, o cientista político Victor Araújo decidiu buscar outra fonte de informação que melhor traduzisse a velocidade desse acontecimento, e encontrou nos dados da Receita Federal. E a evangelização do país é impressionante, acelerada e irreversível. Em poucos anos, o maior país de católicos do mundo deixará de ser. Toda igreja ou templo, obrigatoriamente, precisa registra-se e declarar-se a Receita Federal. Até mesmo para abrir contas bancárias e contratar funcionários. E assim, Victor Araújo constatou a existência de 152 mil estabelecimentos religiosos no Brasil, fazendo um mapeamento entre os anos de 1920 e 2019. Diferentes fatores, segundo Victor Araújo, e consultores do MadiaMundoMarketing, são os responsáveis pela TRELA – Transição Religiosa Acelerada. Segundo Victor, e após a década de 1960, com a urbanização e industrialização do país. Em matéria na revista Pesquisa da FAPESP Victor diz, “Quando as pessoas – devido a industrialização ‒ mudavam-se para as novas periferias das cidades, ali não existiam paróquias católicas. Quem chegou primeiro nessas localidades foram os evangélicos porque podiam abrir templos sem recorrer ao Vaticano, como era a condição dos católicos”. Assim, os evangélicos foram ocupando espaço, por um lado, e segundo os consultores da Madia, não viraram as costas para a televisão – ao contrário da igreja Católica que ignorou a mídia de massa temendo perder dízimos pela diminuição da frequência nos templos. Conclusão e somando, os evangélicos ocuparam os novos territórios, e tomaram conta da mídia de massas, só duas décadas depois descoberta pela Igreja Católica. De praticamente zero templos, salvo algumas manifestações pontuais e anteriores, até o final dos anos 1960; para, e no final de 2019 e segundo os estudos de Victor Araújo e da Receita Federal, o número de templos evangélicos alcançava a casa dos 152 mil, e em crescimento… Em alguns estados do Brasil, a chamada transição religiosa está quase consumada. Dentre esses, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, e, Rondônia. Isso posto, todos os números sinalizam que exagerando, e no máximo, no Censo de 2040, os Evangélicos ocuparão a posição de maior grupo religioso do Brasil. Que um dia foi o maior país católico do mundo.
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A Johnson & Johnson pariu um bebê de duas toneladas…

Chega um dia, em que o melhor caminho, é a separação; amigável e necessária. Talvez na vida, e seguramente, nos negócios. Empresas que crescem de forma consistente e espetacular, e em benefício a sequência e prosperidade do negócio, realização máxima de seu potencial, de forma saudável e planejada, impõe-se a separação. E que, e no ambiente corporativo, denominamos de spin-off, ou desmembramento. Foi o que a Johnson decidiu meses atrás, parindo um bebê gigantesco, batizado de Kenvue, com 2,4 mil funcionários, e faturamento, na decolagem da ordem de R$15 bilhões, num terreno tradicional da empresa, na cidade de São José dos Campos. Para colocar a nova empresa no ar com segurança, precisou acionar todos os motores. Quem digitar Kenvue no Google vai conhecer marcas e produtos que mudaram de casa. Listerine, Neutrogena, Tylenol, Benadryl, Reactine, Motrin, Calpol, Johnson’s Baby, Sundown, Rogaine, Band-Aid, Carefree, OB, dentre outras duas dezenas… Como se toma uma decisão e se faz uma ruptura – sem romper e perder a essência – de tamanha dimensão? Com, mais que um Programa, um Projeto de RH monumental. E foi o que fez a J&J. Segundo Gisele Jakociuk, diretora de RH da Kenvue, o bebê gigante da J&J, o foco foi totalmente concentrado em todas as medidas e providências capazes de preservar a cultura, e preparar o terreno para que a nova empresa nascesse e crescesse de forma consistente. Em entrevista a Você RH, concedida a Caroline Marino, Gisele disse: “Para lidar com a gestão de tantas pessoas em tão pouco tempo, a ênfase foi focar na cultura organizacional, definindo missão e valores. Procurando garantir aos que migraram da J&J que estivessem alinhados com a missão da nova empresa, e que os novos contratados fossem compatíveis com essa cultura, na busca pela total eficácia desde os primeiros momentos. Assim, essa estratégia nos permitiu começar com uma equipe experiente e, ao mesmo tempo, e graças aos novos colaboradores, impulsionar a agilidade, a inovação, mantendo a todos e informados por igual sobre a visão da empresa, objetivos de curto, médio e longo prazo… Nossa cultura é trabalhada diariamente nos canais internos de comunicação e nas ações integradas…”. É isso, missão mais que cumprida, referência para todas as empresas gigantescas, que nasceram antes do tsunami tecnológico e disruptivo, e que obrigatoriamente levará a muitas delas a decisão semelhante. Parando com a perda de tempo, dinheiro, e idiotice monumental, que é a de tentar abrigar num mesmo teto, negócios e pessoas originárias de momentos e situações nada a ver… E com especificidades únicas, próprias e exclusivas. Abafar e constranger virtudes, potenciais, competências e talentos. O Bebê Johnson de 2023 é a Kenvue…
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A última grande festa, a despedida

Por uma série de circunstâncias, o velho e decadente mercado de automóveis despede-se em meio a foguetórios e comemorações. Em uma das poucas vezes de toda a sua história, e com falta total de carros zero-quilômetro por uma debacle no sistema de fornecimentos e produção, o preço dos carros usados alcançou, meses atrás, a cotação relativa máxima de toda a história: uma alta de 20%. Uma espécie de “Baile da Ilha Fiscal”, também conhecido como o último baile do império, realizado no dia 9 de novembro de 1889, um sábado. Seis dias depois, na sexta-feira seguinte, 15 de novembro, caia a monarquia. O negócio de automóveis, como temos comentado à exaustão, está, neste momento, sendo reinventado. Desde as características dos automóveis, que vão se despedindo dos combustíveis tradicionais e migrando para a energia elétrica, até a forma de organização de toda a cadeia, e culminando com pessoas que não mais compram e sim assinam, fazem assinaturas de automóveis. E é nesse exato momento, às vésperas do fim de um grande ciclo de quase 100 anos, que o negócio de automóveis em nosso país, vive seu último momento de glória. Uma merecida despedida. E os números do sucesso dos automóveis usados falam por si. O recorde até então na venda de usados no período janeiro/agosto de cada ano pertencia a 2019, com 7,12 milhões de vendas. No mesmo período de 2021, o volume superou os 7,59 milhões. Enquanto isso, e em paralelo e gradativamente, os principais modelos de carros elétricos, disponíveis no Brasil mediante assinatura. Uma das principais empresas do território dos chamados carrões, os carros top e de luxo, a Osten, oferece alguns modelos da Tesla de Elon Musk, para entrega imediata mediante assinatura. O modelo mais acessível em termos de preço é o Model 3 Standard, disponível mediante assinatura por R$12.942/mês. Se, por dois anos o contrato de assinatura, cai para um valor mensal de R$12.112. Já o Model Y sai por R$13.593/mês, 1 ano, ou, R$12.721, dois anos. É assim, amigos, um ciclo de mais de 100 anos chegou ao fim. A cadeia de valor toda em processo de reinvenção. E você, já decidiu como será sua relação com automóveis daqui para frente. Vai continuar tendo? E, se sim, comprando, alugando, ou, assinando? Eu, Madia, tomei essa decisão há 10 anos. Enterrei minha carta definitivamente no fundo de uma gaveta e hoje só uso o velho e bom táxi. Sinto-me mais seguro em táxi do que em qualquer dos chamados novos e modernos aplicativos. E dirigir, muito especialmente em São Paulo, ou irrita, ou entedia e corre-se o risco de dormir na direção. E minha maior felicidade hoje é descobrir-me dentro de um táxi nas grandes avenidas, com uma fluidez absoluta, nas faixas exclusivas de táxis e ônibus, enquanto os que insistem com os automóveis ou aplicativos levam, mais de 20 minutos para subir, apenas, uma Rebouças, por exemplo. Mas, defendo acima de qualquer outra consideração, o sagrado direito das pessoas decidirem como querem consumir seus minutos, dias, horas, vida.
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Adeus, queridos Shopping Centers…

A ABRASCE – Associação Brasileira de Shopping Centers – acaba de divulgar uma nova e grande pesquisa com os frequentadores de shoppings. Em conjunto com a Fronte, Pesquisa e Análise de Mercado, o estudo cobriu 248 cidades, os 628 shoppings em operação no Brasil, e chegou à mesma conclusão que nós, consultores da Madia, começamos a anunciar desde a virada do milênio. Que os shoppings estão sendo cada vez mais menos Shoppings, e cada vez mais Living Centers. Lugares onde as pessoas vão para viver – passar, divertir-se, comer, e se sobrar algum tempo e já que estão por lá, fazem algumas comprinhas. Essa tendência já se caracterizava irreversível desde a virada do milênio, e com a pandemia, decolou de vez. A conclusão do estudo, segundo Glauco Humai, presidente da ABRASCE: “A pesquisa nos trouxe sinais importantes, que confirmam que o setor entendeu as mudanças de comportamento do consumidor… Os players já enxergam o shopping cada vez mais atrelado ao entretenimento e à oferta de uma experiência completa ao visitante, daí incrementarem seus equipamentos como novas opções de lazer e serviços…”. Conclusões: A – Um número significativo de shoppings tem um problema estrutural insuperável, acelerado pela pandemia. Eram shopping centers totalmente dependentes das muitas empresas na proximidade. Pequena parte dessas empresas fechou suas portas pela crise econômica decorrente da pandemia, e grande parte fechou suas portas também acelerada pela pandemia porque seus profissionais passaram a trabalhar de casa. Esses shoppings, padecendo de crise estrutural insuperável, estão condenados. Nada a fazer. B – Todos os demais precisam passar por um reposicionamento radical, e que implica obrigatoriamente numa redefinição de suas políticas referentes ao mix de serviços a serem prestados. Mais que reposicionarem, revolucionarem-se. Objetivamente, os shoppings com os quais convivemos e compramos e nos divertimos durante 50 anos perderam a razão de ser. C – Conviveremos daqui para frente mais e melhor com os shoppings que nos garantam diversão e lazer, primeiro, e depois, e eventualmente, compras. Assim, e repetindo o que os consultores da Madia vêm orientando nossos clientes há mais de 10 anos: saem os Shoppings, e entram, no lugar, os Living Centers. Hoje existem, segundo a ABRASCE, 628 shoppings em operação no país, com 115.817 lojas, R$ 191,8 bilhões de faturamento em 2022, um crescimento de 14,7% em relação a 2021, e saltando de 397 milhões de visitantes mensais de 2021 para 443 milhões de 2022. Ou seja, a frequência não caiu, mas sem as mudanças urgentes e inadiáveis no modelo, mais adiante, e cansados de procurar pelo que os atuais shoppings não oferecem, às pessoas, naturalmente, reduzirão suas idas… Até, caso não ocorram as mudanças, não voltarem nunca mais. Assim, e dos atuais 628 shoppings, entre 40 e 60 são irrecuperáveis. Serão abandonados, demolidos, e seus terrenos revocacionados. Dos restantes e sobreviventes, dependendo do tamanho, inicia-se agora todo um processo de reposicionamento e readequação, e que tomará todos os próximos 10 anos, no mínimo. Portanto, e como acontece com todas as demais espécies da natureza, e no ambiente dos negócios, também… Fim! Os shoppings, tal como os conhecemos, crescemos, convivemos, compramos, partem. Em seus lugares, os novíssimos Living Centers. Claro, para todos os que não estiverem condenados inexoravelmente ao desaparecimento, e que tenham a sensibilidade, inteligência e competência de se revolucionarem. Reinventar-se, reposicionar-se, repetimos, é insuficiente.
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Um quadro de transformação

O mundo, em decorrência do tsunami tecnológico, já vinha passando por um processo radical de transformação. E aí, e com a pandemia, esse processo escalou, adicionando velocidade e pimenta na transformação. Em entrevista a Carlos Sambrana do NeoFeed, João Appolinário, Polishop, deu um depoimento emocionante sobre a aceleração no processo de mudanças. Segundo Appolinário, há anos vem acompanhando um fenômeno com lupa. Com a maior intensidade de uso das plataformas digitais todo o varejo vive momentos de enorme transformação. E, nessa transformação, a indústria, dia após dia, encontra-se mais próxima dos consumidores. Muitas vendendo direto e diminuindo a importância dos varejistas. Por essa razão, comenta Appolinário, passou a desenvolver marcas e produtos próprios. “Da mesma forma como procedem a Nike e a Apple”, diz João. Hoje, a Polishop reúne um portfólio com cinco marcas próprias. Genis, para equipamentos fitness, iCHEF para produtos gourmet, Viva, produtos de nutrição, Beemotion, beleza, e ainda Polishop para ventiladores e equipamentos de ar-condicionado, dentre outros. Ou seja, o meio do campo e a ponta de contato com o consumidor final completamente embolados. Todos chegando até lá. E tão cedo não existe nenhuma evidência que essa espécie de briga relativamente fraternal entre produtores e revendedores, entre indústria e comércio, venha a ter um fim. Mesmo porque, e com o advento dos marketplaces, a confusão é ainda maior, e, de repente, num mesmo canal, indústria e empresas de venda vendendo a mesma marca e o mesmo produto para um mesmo consumidor. Uma Polishop hoje, por exemplo, vende seus produtos marcas próprias, na Luiza, Via, Mercado Livre, Americanas. Nessa nova revolução porque passa a empresa que se converteu em referência pioneira em todo o mundo de uma nova forma e práticas de comercialização, a Polishop, hoje, e em sua última fotografia revela que 70% de suas vendas acontecem no analógico, e 30% no e-commerce. As lojas, todas localizadas em shopping centers estão se convertendo, também, em terminais de distribuição e entregas para os clientes mais próximos. Assim como toda a cadeia de valor que vai da indústria ao comércio, e que passa pelas diferentes possibilidades, todos, sem exceção, foram fortemente afetados pela pandemia, pela bagunça generalizada que determinou em todo o processo. Essa bagunça traduziu-se em poucas palavras: falta de produtos, preços elevados, e frete marítimo entre 3 a 6 vezes mais caro.
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Uma nova CVC

Em meio a um forte ciberataque, a CVC apresentou, no ano de 2021, seu novo modelo de terminal – pontos de vendas, loja. A nova loja CVC. A empresa que mudou de uma forma radical, definitiva e mais que positiva, a maneira do brasileiro planejar-se e organizar-se para viajar, para aproveitar as belezas naturais do Brasil, conhecer o Brasil, e se aventurar por outros países. A empresa que mudou a história e a dimensão do turismo em nosso país. Uma obra monumental do integrante da ABRAMARK – Academia Brasileira de Marketing, o acadêmico Guilherme Paulus. Desde então vem apresentando o novo formato de suas lojas, as novas lojas CVC, formato que gradativamente serão convertidas todas as mais de 1,2 mil lojas da empresa – as dos franqueados, e as próprias. A primeira das novas lojas CVC foi a do Shopping Cidade de São Paulo. E seu grande diferencial, além dos agregados no design e serviços, é que passou a ser um terminal mais integrado ainda a toda a cadeia de valor CVC. Permitindo, por exemplo, levar uma oferta de oportunidade de um final de tarde, para todos os seus clientes em suas lojas e passando em frente as vitrines e olhando em seus painéis de informação. Ou seja, uma nova CVC, com lojas e vendas em tempo real e de verdade. Ao anunciar a novidade, o presidente da CVC naquele momento, Leonel Andrade Neto – hoje o comando é de Fabio Godinho – disse que com essas novas lojas CVC, a experiência digital de seus clientes seria sensivelmente aprimorada, mediante maior conexão desses terminais com todos os sistemas da empresa, e que se comprovou nas vitrines eletrônicas dessas novas lojas, controladas remotamente, e passando a oferecer promoções em tempo real, e levando em consideração a característica de cada região. Ou seja, e uma vez mais, a CVC saltou na frente de todos os seus demais concorrentes. A propósito, semanas depois a CVC divulgou seus resultados, e referentes ao ano de 2021, que seguiam fortemente impactados pela pandemia. Diminuiu o prejuízo. No primeiro ano de pandemia, 2020, perdeu R$1,1 bi. Em 2021, reduziu as perdas para R$477 milhões. E no ano passado reduziu mais ainda, para R$ 96 milhões. Para este ano a expectativa é de reencontrar-se com o lucro… Assim, e se não fulminou, a Covid deixou milhões de empresas feridas, ou sangrando perigosamente, e em todo o mundo. As do turismo, lazer, diversão, foram as mais afetadas.
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The long and winding road das montadoras

Uma das mais celebradas canções dos Beatles, The Long And Winding Road, diz, “The long and winding road that leads to your door / Will never disappear / I´ve seen that road before…”. Se no território dos amores e das paixões essa é uma possibilidade, nos negócios, nada a ver. Quando o cenário é outro, a realidade nova, inusitada e radicalmente diferente, todas as estradas e caminhos desaparecem. Mesmo porque, e se permanecessem, não levariam mais a canto algum. Isso é o que acontece hoje com todos os setores de atividades e todas as empresas, mais que precisando de uma ação radical, imediata e definita, já. Revolucionarem-se, reinventarem-se. Mudou o cenário, mudou a realidade, como nos lembra Al Ries, “O que nos trouxe até aqui não nos levará mais a canto algum”. A indústria automobilística que anda por aí, que mudou a história das pessoas, cidades, países, mundo, está mais que ferida de morte. Precisa morrer, e renascer. Não é suficiente renovar-se ou reinventar-se. Precisa colocar um ponto final no que a trouxe até aqui e não a levará mais a canto algum, e começar do zero. Descontaminar-se, blindar-se da cultura antiga, esquecer as glórias e conquistas do passado, e olhar exclusivamente para frente, para não virar estátua de sal como a mulher de Ló. E assim, e cada vez mais nos depararemos com notícias como as desta semana. A General Motors, onde um dia, 1943/1944 nasce o verdadeiro marketing, LAB do gênio Alfred Sloan Jr. e sensibilidade e ourivesaria de Peter Ferdinand Drucker, aquela que durante 70 anos foi líder mundial do mercado de automóveis, propõe mais um programa de demissões voluntárias para seus empregados no Brasil. Programa mais que rejeitado porque esses empregados sabem que o emprego acabou, e precisam, também se reinventarem, serem preparados, para retornarem a campo não mais com a camiseta de EMP – Empregado, e sim com a novíssima camiseta de PEM – Profissional Empreendedor, e de se oferecerem para a celebração de parcerias muitas e simultâneas, com empresas e outros profissionais empreendedores. Um dia a velha indústria automobilística no auge da prosperidade e delírio acreditou que em 2020 bateria nos 7 milhões de automóveis fabricados e vendidos no Brasil. No tal do clímax sonhado e delirado, dezembro de 2020, somados e computados todos os dados, nem mesmo nos 2 milhões de automóveis chegou. Menos de 1/3 das previsões… Repito, novamente. As empresas, setores de atividades completos, continuam tratando a crise monumental que estamos vivendo e tentando superar e atravessar como se fosse conjuntural, tipo, resfriado forte. Não, não é, é estrutural, uma fenda infinita abriu-se diante de nós, e o mundo em que nascemos e prosperamos até ontem chegou ao fim. Al Ries e Jack Trout, recomendavam, “Repositioning Or Die”. Não é suficiente. É Revolutioning Or Die. Isso mesmo, começar de novo, do zero, em todos os sentidos. Nos próximos dois anos todas as montadoras, além da GM, com poucas ou nenhuma exceção, farão rigorosamente o mesmo que a GM faz agora. Tentar empurrar goela abaixo de seus funcionários um Plano de Demissão Voluntária. Que, claro, não será aceito, porque todos não tem a menor ideia do que farão depois. Num mundo onde deixam de existir empregos e todos terão que se converterem em empreendedores individuais, e aprenderem a trabalhar no formato Sharing, mediante a celebração de PARCERIAS com outros profissionais e empresas. Como diz Neymar, todos, “parças…”. Lembram das historinhas que ouvíamos de nossos pais e avós, e poucos repetiam para seus filhos, e onde no final ouvíamos: “Acabou-se a história e morreu a vitória…”. É por aí…
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Foi ótimo, mas, pouco me lembro…

Por linhas tortas e em decorrência do tsunami tecnológico e seus gadgets, nós, seres humanos, vamos descobrindo e constando as tremendas limitações de nosso cérebro. O quão pouco somos capazes de guardar, lembrar, recordar. Por essas e outras razões, e ao mesmo tempo que nos levam a essa conclusão, os smartphones tornaram-se no melhor recurso e pior testemunho das limitações de nossos cérebros. No dia seguinte, perplexos, vemos em nossos smartphones, fatos e acontecimentos onde estávamos presentes, e mesmo e apenas, horas depois, não nos lembramos de ter visto… Isso posto, agora mais que se sabe porque infinitas descobertas nos últimos 20 anos, decorrentes da capacidade de armazenamento e processamento de informações, não pararam e não param de eclodir. Nossos cérebros só processavam o que se lembravam, e que, hoje sabemos, era muito pouco. E como não se lembravam, pior ainda, nem mesmo imaginavam fazer determinadas perguntas… Publicações do mundo inteiro foram atrás do aparente fenômeno – em verdade, cruel e decepcionante realidade – e mais que comprovaram as inimagináveis e monumentais limitações de nossos cérebros. O jornal O Globo escalou sua jornalista Raquel Pereira para investigar, e Raquel voltou afirmando ter constatado o que denominou de “Amnésia Pós-Show”. O relato de fãs que aguardaram anos e décadas para um encontro pessoal com seus ídolos, e no dia seguinte, além de muita emoção, lembravam-se muito pouco… Comparado com o que seus smartphones registravam… O mais celebrado show da atualidade, a turnê Eras Tour, de Taylor Swift, tem demonstrado em diferentes países a tal de “Amnésia Pós-Show”… Na matéria de Raquel Pereira muitos depoimentos. Com o de Larisa Magar, 25 anos, que veio até São Paulo para ver ao vivo o seu grupo de K-pop favorito, Super Junior e a quem acompanha há 11 anos. Procura ficar próxima do palco e foi às lágrimas muitas vezes de tanta emoção. No dia seguinte, “eu não lembrava de ter visto várias coisas. Até algumas músicas eu não lembrava que eles tinham cantado até ver depois a gravação que fiz no celular…”. Depoimento semelhante ao de Gabriela de Souza Viera, que veio à capital São Paulo assistir ao show de Harry Styles, depois de uma espera de 12 anos… “Esperei 12 anos, 4480 dias, foi o melhor dia da minha vida, e não me lembro de quase nada do show… Sou grata pelos momentos vividos, mas estou triste por não poder contar com as lembranças do melhor dia de minha vida…”. É isso, amigos. Talvez quando a expectativa extrapola todos os limites a capacidade de armazenamento de nossos cérebros fique sensivelmente prejudicada. Não importa. Essa é a realidade. Não fosse a velocidade e capacidade de processamento dos gadgets, ainda estaríamos parados no final do século passado. E, sim, a inteligência artificial é uma dádiva, depois das devidas regulações como aconteceu com todas as inovações da história da humanidade, em suporte e apoio ao permanente desenvolvimento de todos nós em direção a uma melhor qualidade de vida. Se hoje, e finalmente, entendemos que não compramos produtos, e sim os serviços que os produtos prestam, mais um pouco entenderemos que pouparemos nossos limitados cérebros para a última linha, no processo de tomada de decisão, enquanto colocamos a tecnologia e a inteligência artificial para as pesquisas e organizações dos dados, para que, e finalmente, tomemos a decisão. A consciência de nossas limitações é o passo mais importante em direção ao futuro, e a um mundo melhor. E um alerta da maior importância, para os prestadores de serviços de M&B ‒ Marketing & Branding. Mais que na hora de radical revisão de seus métodos, entendimentos e práticas.
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