Categoria: Negócio

Negócio

O que dá para rir, dá para chorar

Um dia, um inventor húngaro e naturalizado argentino, László Biró, 1899/1985, conseguiu patentear uma caneta esferográfica. Tempos depois, Marcel Bich, comprava com seu sócio Édouard Buffard no ano de 1945, na França, uma fábrica de tinta. Rapidamente comprou os direitos autorais de Biró e, em 27 de dezembro de 1950, lançou sua caneta esferográfica, mudando a história da escrita em todo o mundo, a Bic Cristal. As primeiras Bics chegam ao Brasil importadas, em 1956, e em 1960 uma primeira fábrica é instalada em nosso país. De lá para cá a Bic foi diversificando, mas e para sempre, Bic seguirá sendo a velha e boa caneta descartável, que milhões de brasileiros orgulhosamente usavam no bolso da camisa, e como a se declararem, finalmente, alfabetizados; que sabiam escrever. E aí chegou a pandemia, e a Bic vendendo canetas, isqueiros e lâminas de barbear, e que respondem pela quase totalidade de seu faturamento. Durante a pandemia, com a suspenção das aulas, o faturamento no território específico da escrita despencou 40%. Esse território é responsável por 33% das vendas da empresa no Brasil. Em compensação, os outros 66%, lâminas e isqueiros compensaram. Pessoas trancadas em casa fumaram e cozinharam mais, e assim, e no total, e segundo declarações do belga Olivier de Bruyn, que há quatro anos comanda a Bic no Brasil, registrou um crescimento de 15% em 2021. Em alguns momentos, em poucos momentos, a tal da diversificação com consistência faz sentido, e atenua crises. No caso da Bic, a consistência da diversificação levou em consideração duas componentes essenciais. Primeira, colocar ao lado das canetas, de compra recorrente e intensa, outros itens com características semelhantes, isqueiros e lâminas; e, segunda, com afinidades de distribuição e pontos de venda. Essa é e assim é a Bic décadas depois de sua chegada ao Brasil. Um ótimo exemplo de diversificação com sensibilidade e competência.
Negócio

Milagres, às vezes, excepcionalmente, acontecem

E assim, e praticamente contrariando todas as previsões, a Embraer conseguiu “levantar, sacodir a poeira, e dar a volta por cima”. O chamado turnaround. Ainda não concluído, mas com enormes probabilidades de sucesso. Amargou a tempestade perfeita. Depois de vender parte substancial da empresa à Boeing, onde era uma protagonista exuberante e tendo um único concorrente, a Bombardier, viu sua nova sócia e controladora mergulhar numa crise infinita, na medida em que a aposta de maior sucesso da Boeing, onde concentrava 80% de suas esperanças em relação ao futuro, revelou-se o maior fracasso da indústria da aviação. O malfadado e sabe-se lá por quem amaldiçoado, Boeing 737 Max que não fez outra coisa que, e ao invés de voar, decolar e despencar, matando centenas de passageiros, e colocando sobre severas restrições a competência da gigante americana. Diante desse fato, a Embraer que já se organizava como uma nova empresa, sem parte expressiva do que vendeu a quase totalidade para a Boeing, teve que receber de volta, brigar na justiça na tentativa de uma mais que justa compensação, e se reconstruir e reposicionar radicalmente. E aí, como se costuma dizer, e numa tempestade mais que perfeita, veio a pandemia que terminou de derrubar, metaforicamente, todos os aviões que estavam no ar, impedindo os demais que tentaram decolar, e cancelando durante meses a atividade da aviação comercial. Em verdade, e quando eclode a pandemia, e diante da desistência da Boeing, a Embraer já mergulhara em sua maior crise. E como acontece em circunstâncias como essas, e diante de terra literalmente arrasada, não existe outra alternativa que parar, refletir, enfrentar os desafios, e se repensar por completo. E foi o que fez, com competência e sensibilidade, a Embraer. Conclusão, iniciou 2022 com a sensação de ter contido sua pavorosa destruição, e respira, e volta a merecer a atenção, simpatia e confiança dos investidores, assim como e principalmente dos gestores de investimentos. Conclusão, o supostamente impossível, agora demonstra-se possível e com boas, quase ótimas, perspectivas pela frente. Dentre as iniciativas tomadas para superar o vendaval, a Embraer se reestruturou, repensou seu futuro, onde verdadeiramente poderia ser e seguir competitiva, sem jamais perder de vista a componente inovação. Assim e hoje vê suas ações que chegaram a bater no fundo do poço em abril de 2020, cotadas a R$7,86, fechou o ano de 2022 com uma valorização de quase 200%, ao redor dos R$23. Portanto, e além de se reorganizar em termos de negócios e gestão, a Embraer recebeu de volta o que vendeu, e que de certa forma era sua joia da coroa. Os modelos E175 em diferentes configurações que fabrica para a aviação regional, onde segue sendo a empresa líder mundial. E por ser a empresa líder, e ter que prestar serviços, tem uma receita cativa que corresponde a quase 30% de todas as suas receitas, e onde trabalha com uma ótima margem. Seu projeto C-390, com alguns tropeços iniciais – cargueiro militar e maior aeronave já desenvolvida pela empresa – ultrapassou a etapa de investimentos pesados e mais correções necessárias, e agora deverá se converter em boa fonte de novas receitas. E de olho no futuro próximo, é uma das grandes atrações em todo o mundo no novíssimo território dos eVTOLs, veículo elétrico de pouso e decolagem vertical. O reconhecimento da sua competência levou a Embraer, e sua empresa aérea Eve, que produz seu modelo de VTOL, a fazer uma fusão com a americana Zanite, e abrindo o capital, mas Bolsa de Nova York.. Em síntese, amigos, foi mais ou menos o que aconteceu com uma empresa que chegou literalmente à beira do precipício, mas, e diante da competência e sensibilidade de seus líderes, conseguiu tornar-se de um dos melhores exemplos da canção espetacular do genial e saudoso Paulo Vanzolini, e que diz: “Ali onde eu chorei Qualquer um chorava. Dar a volta por cima que eu dei Quero ver quem dava…”. É raro, quase impossível, mas, às vezes acontece. Uma quase condenada à morte escapou. Embraer.
Negócio

25 de setembro de 2008. O dia em que a Sadia mergulhou em crise irreversível

Nas colunas mais bem informadas do País, no final de janeiro de 2023… a informação de que a Marfrig se encontrava a um passo de assumir o controle da BRF – Sadia + Perdigão. E, pelo jeito, aconteceu… No fatídico ano de 2008, algumas empresas, ou por desespero, incompetência, ganância, imprudência, decidiram apostar alto. Apostaram no Real contra o Dólar. “Hedgiaram”, fizeram um hedge, como se diz, e se deram mal. Apostaram na ponta errada. Assim, no dia 25 de setembro de 2008, e reconhecendo a tragédia, a Sadia anunciou ter decidido liquidar operações no mercado financeiro, e realizar um prejuízo de R$ 760 milhões. Como acontece nessas situações, e para livrar a cara de todos que foram coniventes de uma decisão temerária ao realizar o hedge, culpou-se o gestor financeiro que, e assim, foi despedido com humilhação. Foi a tal da gota d’água. A empresa que já vinha padecendo de uma gestão débil, nunca mais conseguiu sair da crise com as próprias pernas, teve que se submeter a uma compra por sua principal concorrente, mas sempre segunda colocada, a Perdigão, dando origem a BRF, que nasceu da pior forma possível. Como curativo para duas empresas com problemas de gestão, e a partir de uma decisão irresponsável. Anunciada em 2009, a BRF, soma das duas empresas foi aprovada pelo CADE em 12 de junho de 2013. Nesse período algumas tentativas foram realizadas, muito especialmente por Abilio Diniz que chegou a comprar um bloco representativo de ações da BRF através de sua holding Península, conseguiu o comando executivo da empresa, mas, sem perspectivas de melhores resultados, preferiu assumir o erro da decisão e do investimento, e assim, vendeu sua posição de ações constituída entre 2012/2013, pagando por ação um valor médio de R$40, e vendendo para a Marfrig, poucos anos depois, por R$28,75, contabilizando um forte prejuízo. Abilio foi, durante 2013 e 2018, presidente do conselho da BRF. E em janeiro, com os 3,8% que comprou de Abilio, somada a posição que já detinha totalizando 31,66% do controle, mais o que comprou no meio do caminho, a Marfrig tornou-se sócia majoritária da BRF. Poucos anos antes do injustificável escorregão de um patético hedge, Sadia e Perdigão jamais imaginavam que entregariam seu controle a Marcos Molina dos Santos, um “sem-faculdade”, empreendedor intuitivo, que trabalha 21 horas por dia, casado com Marcia Santos. Em depoimento à Época Negócios, Marcia descreve seu sócio e marido Marcos Molina: “As coisas acontecem muito rapidamente na cabeça dele. Pensa sempre antes, e na frente. A Marfrig era focada quase que exclusivamente em carne bovina. E aí o Marcos decidiu comprar o Patagônia, frigorífico especializado em cordeiros, na Terra do Fogo, extremo sul do Chile. Orgulhoso, me convidou para conhecer o local. Chegamos lá num dia gelado, abaixo de zero. Marcos, eu disse, o que tem neste fim de mundo? E ouvi como resposta, 250 mil cordeiros por ano… cordeiros especiais, considerados orgânicos porque pastam. Tem mercado garantido”… Enquanto a Sadia especulava com moedas, um pequeno e ousado distribuidor de carnes comprava um frigorífico na Terra do Fogo. O resto é história, e aula magna do que se deve, e do que jamais se deve fazer. Conseguirá, Marcos Molina, resgatar a Sadia + Perdigão + BRF?
Negócio

Previsões e previsões

Durante anos, dezenas de supostos videntes viviam da previsão sobre eventos futuros que faziam para seus clientes. Até hoje, um número grande de pessoas tem por hábito consultar seus videntes nos finais de ano. E dentre essas pessoas, alguns empresários e profissionais. Em diferentes lugares do planeta. A galera da tecnologia é adepta de consultar videntes, e um dos mais demandados pelos habitantes do Vale do Silício, é o palestrante, autor, empreendedor e professor da Escola de Negócios Stern da Universidade de Nova York, Scott Galloway, 57 anos. De suas previsões para o ano de 2021, acertou em cheio ao prever que o bitcoin em algum momento superaria o valor de US$50 mil – no momento em que fez a previsão o valor era de US$25 mil. Mas errou ao afirmar com convicção que em algum momento do ano retrasado a Apple compraria uma das empresas que decolaram com a pandemia, a Peloton, uma das novidades em fitness que virou mania nos Estados Unidos. Já em suas previsões para o ano de 2022, talvez a de maior impacto foi a que prognosticava para a Meta, do Metaverso, Facebook, Mark Zuckerberg, um fracasso igual ou maior do que aconteceu com o Second Life. Aparentemente, e até agora, segue a Meta sem perspectivas de naufrágios a curto prazo. Em contrapartida, e num raciocínio que faz todo o sentido, tal a adesão dos “Applemaníacos”, acredita que, se existe uma empresa no mundo capaz de construir um universo paralelo, essa empresa é a Apple, com o que também concordo. Em verdade, e cá entre nós, e no entendimento dos consultores da Madia, já existe. Só falta “cercar”… No Brasil, e dos últimos videntes, o mais famoso foi a Mãe Dinah. Benedicta Finazza, nascida em São Paulo, no bairro do Paraíso, em 1930, onde também morreu no ano de 2014. Antes de morrer passou a vender suas previsões em massa, por um valor mais que acessível, mas que de verdade eram produzidas pelo computador. E ainda no tempo onde não existia a Inteligência Artificial. De cada 1000 previsões que fez garantindo que os consulentes teriam longa vida, sempre dois ou três morriam antes mesmo de receberem a previsão. É isso e sempre, previsões, e, previsões…
Negócio Sem categoria

A vida tem sons

Faltava um exemplo. Faltava um exemplo definitivo e arrebatador de um grande salto só possível através da inteligência artificial. Agora não falta mais. De alguma forma, a canção imortalizada pelo Roupa Nova, de autoria de Luiz Otavio de Mello Carvalho, Ney Antonio D´Azambuja Ramos, e Paulo Sergio Valle, nos alertava sobre isso, Lembram… “A vida tem sons que pra gente ouvir precisa aprender a começar de novo é como tocar o mesmo violão e nele compor uma nova canção…ou, a vida tem sons que pra gente ouvir precisa entender que um amor de verdade é feito canção…”. Mas, faltava o exemplo, a documentação, e isso aconteceu no terrível ano da pandemia, no dia 25 de novembro de 2021, com o espetacular documentário, marco definitivo do antes e do depois, The Beatles: Get Back. Obra monumental de Peter Jackson, que decidiu enfrentar e superar o desafio, resgatando um momento único da vida dos Beatles, mediante utilização de doses substanciais e generosas de Inteligência Artificial. E, em meio a tanto sofrimento e tristeza, um bálsamo aos nossos olhos, ouvidos, coração. Poderíamos seguir neste comentário detalhando que tudo começa quando um maluco chamado Michael Lindsay-Hogg decidiu guardar e preservar todo o material de quase 10 horas captado no ano de 1969, para um suposto documentário Let It Be, que seria protagonizado pelos Beatles. Estava tudo lá, guardado, intacto, mas faltava submeter todo esse material, vídeo e sons, a tecnologia e suas conquistas, a inteligência artificial. A mesma que possibilitou no início deste século o decifrar-se de um dos maiores mistérios da humanidade. O Genoma Humano, e de todas as demais espécies, de como somos feitos! E daí nasceu a mais revolucionária de todas as medicinas, ainda engatinhando, a medicina corretiva… O material era, ao mesmo tempo, irretocável e caótico. Não querendo perder nada, pela premonição que teve que talvez fosse aquele encontro o último de Paul, John, George, e Ringo, espalhou microfones e captou todos os sons possíveis e imagináveis. E aí, e para não nos alongarmos muito mesmo porque é difícil de explicar e quase impossível de compreender, recorrendo a TI e a LM – Learn Machine, resgataram, descobriram e revelaram um conteúdo inédito e absolutamente desconhecido pelos seres humanos, incluindo todos os milhões de admiradores dos Beatles. Curto e grosso. As sensações que Get Back nos transmitem até hoje, quase dois anos depois, são únicas e absolutamente impossíveis de serem sentidas pelos recursos até então existentes. Para as pessoas que nos perguntam qual a mágica do Get Back, que fascina e ensandece tanto as pessoas. E que, sem terem consciência, sem saberem, passam a sentir. Sensações absolutamente novas, mais de 50 anos depois. E todas, sem exceção, em maiores ou menores graus, e sem conseguirem explicar, terminam a série de episódios num estado de contentamento, de emoção, de euforia, inimagináveis. Talvez, e tentando explicar o inexplicável, como se todos nós, e aproveitando o título que Beatriz Vaccari, do Canaltech, deu a sua crítica do documentário, como se todos nós, de repente, encontrássemos circunstancialmente uma carta de amor de oito horas de duração, que se encontrava guardada em um cofre, esperando pela chegada da inteligência artificial para que pudéssemos abri-la e lê-la, por completo. Tudo bem, esqueçam quererem entender como é e funciona a inteligência artificial, assim como não sabemos como funcionam infinitos objetos, produtos, sistemas. Vamos apenas e tão somente desfrutarmos de seus espetaculares serviços e conquistas. Como, por exemplo, Get Back. E nos deixar levar nos sons, que a vida tem, ouvindo ao fundo, “She loves you, ye, ye, ye”, ou, “Imagine all the people, living life in peace… And the world will be as one…”. Em meio à tempestade, resgatamos nossos sonhos… Nos devolveram a um mundo de onde viemos. Já era tempo.
Negócio

O retorno à vida

Finalmente aconteceu. E nos emocionamos! Foi numa sexta-feira, 4 de fevereiro, 2022, página C6, Caderno Cultura e Comportamento, Estadão: e uma lufada de alegria, felicidade e esperança invadiu o MadiaMundoMarketing. Sintomas consistentes do retorno à vida. Uma espécie, segundo cantava Caetano, das “tais fotografias”. Com todas as letras estava lá escrito, Sextou Música! E uma sucessão de mais que desejadas e esperadas notícias. A primeira delas, falava sobre a volta da cantora e compositora Marisa Monte aos palcos. Marisa declara, “Nunca fiquei tanto tempo sem cantar ao vivo”. Na sexta, 4 de fevereiro, Marisa começava uma nova tournée depois de muito tempo, com canções de seu novo álbum, e ainda antigos sucessos. Talvez a palavra antigos seja inadequada. Sucessos podem ser antigos na data, mas sempre desejados e adorados de se ouvir. Ainda e na mesma página, mais e boas e aguardadas notícias. Ayrton Montarroyos com seu show no Sesc Pinheiros. Toquinho e MPB4 no Tom Brasil. Rico Dalasam na Casa Natura Musical. Paulo Miklos no Sesc Campo Limpo. Tiê no Sesc Pinheiros. João Suplicy no Blue Note. E muitos e mais shows pelas noites de São Paulo. Emocionamo-nos e, desejamos: tomara que este seja e definitivamente o retorno à Vida. Vida Ao Vivo, Live! Como e naturalmente é. E era! Hoje, um ano e muitos meses depois temos muito a celebrar. Sobrevivemos, com dores, machucaduras, sequelas, mas, resistimos. E a música, finalmente, voltou. “Mais que nunca é preciso cantar, é preciso cantar e alegrar a cidade…”, as pessoas, o mundo… Como cantava Elis, na composição de Carlos Lyra e Vinicius de Moraes, na Marcha da Quarta-Feira de Cinzas. De muitas e muitas cinzas de todos que partiram para sempre na pandemia.
Negócio

A nova cultura no trabalho

Ainda estamos muito distantes de um entendimento e compreensão sobre uma nova cultura no formato e no ambiente de trabalho. Mas, algumas considerações podem ser feitas com total e absoluta consistência. A primeira, mais óbvia, e já presente na cabeça da maioria dos dirigentes de empresas, que nunca mais o trabalho presencial será mandatório, exclusivo, único. E, por decorrência, conclusão, daqui para frente cada setor de atividade, cada ramo de negócio, e no limite, cada empresa, considerando as especificidades do território em que atua, modulará, com sensibilidade e inteligência mesmo porque essa determinante será poderosa na apuração da performance e resultado, o novo modelo de trabalho – na forma, e na dosagem. Em algumas situações, nas duas pontas, claro, e dependendo de cada atividade, conviveremos com algumas exceções. Empresas trabalhando exclusivamente no formato presencial, e empresas trabalhando exclusivamente no a distância. E a partir daí, e repetindo, em função das especificidades e características de cada negócio, a modulação para mais ou menos presencial, e mais ou menos a distância. Mas, o a distância é, a nova realidade. Em matéria recente no Estadão, assinada por Luciana Dyniewicz, onde a jornalista procurava investigar as preocupações dos profissionais responsáveis pelo comando das empresas, o tema do presencial e/ou a distância foi tratado. E, uma vez mais, e dependendo da especificidade de cada negócio, as opiniões revelam-se diferentes. Por exemplo, Fernando Modé, que hoje é o presidente do Grupo Boticário, que adiou por mais alguns dias a volta do presencial, disse, “Não temos nenhuma grande emergência que precise hoje do presencial… As coisas estão funcionando com regularidade satisfatória. Porém, não queremos ter nenhum problema por ter mantido assim por muito tempo”. Ou seja, a distância sim, mas com sensibilidade e cuidado, e reconsiderando sempre. Já Lídia Abdalla, presidente do Sabin, não esconde e é enfática: “Temos resultados mais rápidos e melhores com os times presencialmente”. Roberto Jatahy, do Grupo Soma (Hering, Dzarm, Farm, Animale, Maria Filó e Fábula), levanta uma conquista, em seu entendimento, decorrente da pandemia e trabalho a distância: “O home office implantou, exponenciou a cultura da autonomia”. E complementa, “Havia uma falsa percepção que a pessoa a seu lado fisicamente estava trabalhando. A gente hoje trabalha por indicador. A pessoa tem que entregar independente se vai trabalhar dia de semana ou no fim de semana”. Ou seja, Roberto Jatahy inclui um dado novo na discussão. Todos têm direito a uma maior flexibilidade, desde que o negócio permita, em sua forma de trabalhar. Mas, isso vale para os dois lados, para a empresa e para seu capital humano. Portanto, amigos, mudamos. Existe uma nova forma de trabalhar daqui para frente e para todas as empresas. Em maiores ou menores dosagens. Muito especialmente neste momento da história que vai nascendo e ganhando tração e consistência Sociedade do Conhecimento, e com o prevalecimento irreversível da Sharing Economy – economia por compartilhamento, onde empresas e profissionais vão ganhando a consistência que o chamado trabalho exclusivo, o prestar-se serviço ou trabalhar para ou numa única empresa chegou ao fim.
Negócio

Brasil inaceitável

No Carnaval de 2020, enquanto a pandemia começava em nosso país, o Governador do Estado de São Paulo na época, João Agripino da Costa Doria Júnior, comandou uma caravana de empresários brasileiros aos Emirados Árabes. Estavam presentes representantes de 50 empresas, ocasião em que o Estado de São Paulo inaugurou um escritório de representação em Dubai. Na volta da caravana, com a pandemia acelerando, o destaque foi a declaração do empresário Sidnei Piva, que comandava a Itapemirim em processo de recuperação judicial, ter anunciado um empréstimo de US$500 milhões para montar uma empresa aérea, a ITA. No dia 29 de junho de 2021, 16 meses depois da volta, a ITA fez seu primeiro voo. Anunciando que iria operar com 35 destinos, e que teria 50 aviões integrados à frota até junho do ano seguinte. Próximo do final do ano, com poucos meses de vida, e num exuberante voo de galinha, a ITA anunciou a suspensão de todos os voos por falta de caixa para pagar combustível aeroportos, e funcionários. Deixando milhares de passageiros com o bilhete na mão. A imprensa foi cobrar da agência reguladora do negócio da aviação em nosso país, a ANAC, porque tinha dado autorização para uma empresa em recuperação judicial, sem nenhuma experiência, e que deixara de cumprir algumas das exigências mínimas para se constituir. E ouviu perplexa, do presidente da ANAC na oportunidade, Juliano Noman, literalmente, a seguinte explicação: “Nós fomos pegos de surpresa. Não esperávamos que a companhia fosse parar…”. Ou seja, a tragédia é completa. A agência reguladora que deveria regular e que é responsável por todas as autorizações declarou-se surpresa… Se faltava um exemplo tétrico de um Brasil que definitivamente não queremos mais, essa aventura que começa no carnaval de 2020, o do início da pandemia, e que termina menos de dois anos depois, é mais que reveladora que essa situação é insuportável e que não pode nunca mais acontecer. Independente da imediata troca de comando e enquadramento de uma agência que não se envergonha de dizer ter sido pega de surpresa de alguma coisa que, em tese, estava debaixo de seu nariz e sob seu suposto comando e controle. Infelizmente, situação semelhante acaba de acontecer com o episódio Americanas, e o comportamento pífio, incompetente e lamentável da CVM – Comissão de Valores Mobiliários. Seis meses depois do primeiro voo, a falecida que jamais deveria ter nascido, a ITA, começou a devolver todos os aviões de sua frota, arrendados, e às empresas proprietárias. Não precisávamos de mais um escândalo dessa dimensão. Muito menos da dimensão do Americanas. Mas já que ocorreram e “Inês é morta”, que sirvam como últimos e derradeiros exemplos de um país que não queremos mais. Nunca mais…
1
Negócio

Where is the beef?

Segue a vida, covid convertendo-se, depois da devastação, numa gripe mais forte que deverá marcar presença de tempos em tempos, e as empresas, sobreviventes, retomando suas atividades. E, dentre essas, os tais de Unicórnios. A quase totalidade deles, com uma ou duas exceções, e até agora, não conseguiu responder à pergunta clássica que se traduz no bordão da rede de lanchonetes Wendys, dos EUA, Where is the beef? Onde está o lucro. Para os que não se lembram, uma campanha consagrada de uma pequena rede de lanchonetes, a Wendy’s, questionando as gigantes McDonald’s e Burger King, a respeito do tamanho dos “bifes”, que colocavam em seus lanches. Repetindo, e por enquanto, duas ou três exceções de Unicórnios que disseram ao que vieram, sobre o velho, consagrado e insubstituível critério do lucro. Caso contrário, convertem-se em instituições de caridade, e, imagino, não é exatamente isso que motiva seus investidores. Investidores que buscam resultados, ainda que a médio e longo prazo, e não se converterem em doadores de instituições de benemerência. Para isso existem causas melhores e mais nobres. Por exemplo, lemos com atenção e expectativa uma grande matéria sobre um dos Unicórnios brasileiros, a Gympass, hoje expandindo-se internacionalmente, na revista Dinheiro, e assinada pela jornalista Beatriz Pacheco. Quem fala pela empresa é Priscila Siqueira, CEO da Gympass no Brasil. Segundo Beatriz, os planos para o ano passado, superada a crise da pandemia, era de um crescimento de 30% apenas no Brasil, de aumentar a presença nos Estados Unidos, aumentar a equipe em 36%, e ultrapassar a casa dos 1,5 mil funcionários até o final daquele ano. Segue a matéria/entrevista com números exuberantes. Gympass contabiliza 3 mil clientes corporativos ‒ recusa-se a informar o número de usuários da plataforma ‒, mas dentre seus clientes figuram Banco do Brasil, Petrobras, Santander, Unilever, que, somados, totalizam quase 200 mil usuários potenciais da Gympass, mas… quantos de verdade o são, segredo de estado, ou, constrangimento em revelar o verdadeiro número? É isso, amigos. Ah? Where is the beef, qual o lucro, ou quando poderá se esperar algum tipo de resultado, ou até mesmo qual o faturamento… zero. Não dizem absolutamente nada. Fundada no ano de 2012 e tendo como missão acabar com o sedentarismo no mundo, a partir das dificuldades de um dos fundadores que viajava muito a trabalho de encontrar academias com um preço razoável. Hoje, e após novo investimento do banco dos sonhos das startups, Softbank, e mesmo sem jamais falar em lucro, já vale, pelos critérios da moda, mais de US$2,2 bilhões. Independente dos mistérios e falta de explicações consistentes de alguns dos Unicórnios sobre seus desempenhos, existem questões mais graves a respeito de seus futuros e viabilidades. No caso da Gympass, será que ser um nômade de academias é o que executivos, profissionais e empresários mais sonharam para suas viagens e vidas? Ou querem mesmo é continuar usando a academia de suas preferências? Como um dia Garrincha disse, perguntando, ao técnico Vicente Feola, e depois de ouvir exaustivas explicações como deveria jogar a seleção brasileira diante do que certamente faria a seleção russa… “Professor, o senhor combinou com os russos?”.
Negócio

O Nubank e seu criador, David Vélez

Meses atrás, uma grande entrevista do hoje multibilionário David Vélez, fundador do Nubank, criador do maior banco digital do mundo, o Nubank. A entrevista foi concedida à revista Veja, e aos jornalistas Carlos Eduardo Valim e Felipe Mendes. Mais que vale uma reflexão sobre as principais manifestações de Vélez, no correr da entrevista, para que cada um de nós comece a formar uma ideia mais consistente, a respeito das empresas que habitam o universo dos chamados Unicórnios. Recordando, Vélez, 41 anos, fundador com outros sócios do Nubank, que chegou a Wall Street com quase 50 milhões de clientes, e foi avaliado pelos investidores em mais de US$40 bilhões, muito à frente dos maiores bancos brasileiros, até aquele momento. Na divisão e avaliação das ações que cada um dos principais sócios possuem, a parte de Vélez, pelo preço alcançado no IPO, totaliza uma fortuna ao redor de US$9 bilhões. Casado, três filhos e, no momento da entrevista, um bebê a caminho. De toda a longa entrevista nas páginas amarelas de Veja, separamos para comentar com vocês as seguintes declarações: Cresceu na Adversidade – Vélez recorda e lembra que o Nubank, até hoje, não teve um único momento de economia favorável em toda a sua trajetória. Diz, “Lançamos o Nubank em 2014. Desde então o PIB do Brasil teve uma contração de cerca de 7%. A empresa viveu duas recessões, um impeachment, e a pandemia de covid-19. Assim, o único Brasil que conhecemos é o Brasil da recessão. A gente sonha em ver o Brasil crescer 7% ao ano, mas, e até agora, só pegamos situação complicada”. Rigorosamente verdadeiro. A década passada foi a pior década do Brasil em sua economia, dos últimos 200 anos, e os desafios a que o Nubank foi submetido, é o mesmo de todas as empresas em atuação no país. A diferença é que, as empresas da Nova Economia, não necessariamente adotam e são avaliadas pelos mesmos critérios das demais empresas. E, em sendo assim, não obstante as dificuldades internas da economia brasileira, talvez essa tenha sido uma das principais razões do sucesso e vertiginoso crescimento do Nubank…”.Sobre a opinião de Vélez e do Nubank em relação ao Governo ‒ “Prefiro não comentar. A gente fica 100% do tempo focado no que a gente consegue controlar. Mas há de ser dito que o trabalho do Banco Central tem sido espetacular. É um exemplo global do que um regulador consegue fazer para trazer mais concorrência ao mercado e, no final das contas, ajudar as pessoas no País…”. ‒ A pandemia e o Nubank – De certa forma, a pandemia contribuiu para uma melhoria na constituição da carteira de clientes do Nubank. “Nossas taxas de crescimento antes da pandemia eram realmente absurdas e, na pandemia, aumentaram. Mas mudou também o tipo de cliente. Antes, cliente acima de 40 anos realmente não olhava o Nubank. Achava que era um produto para Millenials, para estudantes. Quando a pandemia chegou e forçou o fechamento das agências bancárias, isso forçou uma mudança de comportamento. Chegamos a ver mais de 1 milhão de clientes acima de 60 anos abrindo conta no Nubank, fazendo cartões de crédito ou pegando empréstimos. E uma vez que esses clientes começam a utilizar o Nubank, não voltam atrás…”. Sem a menor dúvida, e por mais devastadora que tenha sido para pessoas, famílias e economia, a pandemia foi uma bênção para o Nubank e outras empresas da Nova Economia. Numa situação de total anormalidade, muitas pessoas que jamais considerariam o Nubank decidiram experimentar. E tudo começa pela experimentação… ‒ Uma nova visão de vida e de mundo dos empresários da nova economia ‒ Mais que chama a atenção de todos as declarações de Vélez, multibilionário quase que do dia para a noite. Visão muito parecida com os multibilionários da chamada Nova Economia. Diz, “Nunca pensei que criaria em tão pouco tempo uma empresa desse tamanho e que teria essa quantidade de dinheiro. Minha esposa e eu não viemos de família rica. Assim discutimos muito o que fazer com esse dinheiro e decidimos que não iremos deixar para nossos filhos. Deixar para eles, seria o pior que podemos fazer por eles. É preciso um trabalho muito duro para você vencer na vida. E enfrentar esse desafio é uma das grandes satisfações que existem…”. E, conclui, afirmando que a fortuna não será deixada para os filhos, mas totalmente doada a uma instituição em processo de construção que segundo Vélez: “surpreenderá a todos pelas componentes de inovação que trará…”. ‒ Sobre a conselheira Anitta – Como não poderia deixar de ser grande expectativa na entrevista sobre a razão da escolha de Anitta para o Conselho do Nubank. E aí Vélez conta um episódio específico, onde Anitta teria dado uma contribuição relevante com sua manifestação. O episódio é tão pífio e irrelevante, a recomendação tão boba e insignificante, que se traduz no pior momento da entrevista de Vélez. Melhor seria não ter citado esse episódio. E se essa participação de Anitta foi a mais importante… É isso, amigos. Essa a síntese da entrevista do jovem empresário, que, com seus sócios conseguiu, navegando na competência, intuição e circunstâncias, construir uma organização de absoluto e monumental sucesso, em 10 anos. Os próximos anos confirmarão da consistência e sustentabilidade de todas essas conquistas.
1