Categoria: Negócio

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Síndrome de Rip Van Winkle

Rip Van Winkle é um personagem criado por Washington Irving, e baseado na literatura germânica. Trata-se de um fazendeiro que decidiu, cansado de ouvir as reclamações de sua esposa que era vagabundo e não gostava de trabalhar, dar um passeio com seu cão a uma montanha próxima para esfriar a cabeça. Cruzou com um anão subindo a montanha carregando um barril pesado, ajudou o anão no transporte que lhe deu um gole da bebida. Rip acordou, procurou por sua arma e assustado constatou que estava enferrujada. Seu cão tinha desaparecido. Vai até sua casa e está toda destruída e abandonada. No bar encontra dois ou três amigos que sobreviveram. Aos poucos descobre que ficou na montanha dormindo por 20 anos. Essa é a sensação que muitas pessoas têm hoje diante das transformações radicais decorrentes do tsunami tecnológico. Em todos os setores de atividades, mas, com ênfase maior em alguns, como no da saúde. Semanas atrás o jornal Valor publicou mais um de seus estudos especiais, e referente ao território da saúde em nosso país. E a sensação que os leitores têm é que são uma espécie de Rip Van Winkle, que dormiram durante mais de 10 anos, e quando acordam, agora, descobrem as mudanças monumentais que aconteceram nesse território. Praticamente não existe um único negócio no território da saúde que não tenha se reinventado. Os que não passaram por esse processo não existem mais e foram comprados. Assim, e se há menos de uma década falássemos de grandes hospitais no Brasil, Sírio e Einstein eram as grandes referências. Hoje, o grande destaque é a Rede D´Or São Luiz. Laboratórios agregaram mais e muitos serviços, como o Dasa. Os hospitais tradicionais vão se convertendo em faculdades de medicina. A medicina a distância é uma baita e auspiciosa realidade. Apenas para citar algumas das quase que infinitas mudanças. Isso posto, existe um novo ranking em termos de maiores grupos do negócio da saúde no Brasil, tomando-se como medida o Número de Leitos. A liderança relativamente tranquila é da Rede D´Or São Luiz com 10.214. Vindo na sequência Hospital Vida, 7.134; Dasa, 3.707; Américas Serviços Médicos, 2.702, e, Mater Dei com 2.525. O número de fusões e aquisições que começou de forma tímida no início da nova década, 2010, com um total de 7, 8 anos depois foram 13, 9 anos 22, 10 anos, 25, e no ano de 2021, 32 fusões e aquisições. Em decorrência da Covid, todas as resistências que ainda haviam em termos de digitalização da saúde, e telemedicina, literalmente, desapareceram quase que do dia para a noite, Ou seja, amigos. Aconteceu! Se não foi da melhor maneira, com planejamento sensível e acurado, foi meio que aos trambolhões, e agora não tem mais retorno. Isso aconteceu em maiores ou menores proporções com quase todos os setores de atividade, mas, seguramente, o da saúde, se não foi o que passou por maiores reinvenções, foi um dos três deles. Difícil eleger os outros dois.
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Dark kitchens, regular ou não regular

O novo elo da cadeia de serviços de alimentação no Brasil, e em muitos outros países, chama-se dark kitchens. Cozinhas fechadas ao público, e pontas de lança estratégicas para a produção e entrega eficaz de comida pronta. Nas primeiras movimentações, trabalhando exclusivamente para uma marca, muito especialmente, empresas do território do fast-food. E ainda pegando embalo, ou, no vácuo da pandemia, onde o consumo de comida pronta nos lares e empresas exponenciou. Assim, e dentre as novidades deste início de década, e se existe alguma certeza, é que as dark kitchens chegaram pra valer e ficar. E como são fechadas não sendo possível o acesso direto pelo público, não estão sensíveis as normas convencionais de comércio e restaurantes. Diante das primeiras reclamações dos vizinhos dada a movimentação de motos e bikeboys de entregas, diante do barulho, lixo, sujeira e movimentação, começam as primeiras discussões se, deveriam ou não ser regulamentadas. E é o que vai acabar acontecendo. Não necessariamente agora, mas lá pela metade da década, certamente, teremos as primeiras regulações. De qualquer maneira, o que é importante neste comentário é que as dark kitchens mudam para valer e para sempre o negócio da alimentação. Um ponto fechado, de pequeno e médio porte, exclusivamente para a preparação, e que pode abrigar uma ou mais marcas de restaurantes e fast-foods. Uma nova personagem presente na paisagem urbana de muitas cidades brasileiras, através da movimentação, barulho, cheiro e fumaça que, exalam e transpiram… Não é que vieram e podem ficar; já são. Fazem parte da nova realidade do negócio de alimentação…
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E o cinema mergulhou na cauda longa

O velho e bom cinema a caminho de sua redução máxima. E o nome do filme, seria, Querida, reduzi o número e o tamanho das Salas de Cinema ao máximo suportável. Em 1971 Peter Bogdanovich fez um filme maravilhoso e premonitório, A Última Sessão de Cinema – The Last Picture Show. Em verdade o filme fala das emoções, sentimentos, paixões, dúvidas, descobertas, encantamentos, dores, da juventude. Um filme maravilhoso que todos deveríamos rever. Mas que, em seu título, e nas entrelinhas, anuncia o fim das salas escuras que marcaram nossas vidas. Em muitos momentos, e nas décadas seguintes, essa ameaça se fez presente no formato de sintomas. Agora é pra valer. Restarão poucas salas, inserindo-se na chamada cauda longa, e exclusivamente para os nostálgicos. Além de todas as mudanças no comportamento das pessoas decorrentes das conquistas e do tsunami tecnológico, ainda a pandemia e outros eventos aceleram a proximidade com a retirada dos cinemas das ruas principais e shopping centers, e mergulho irreversível na cauda longa. Os números e constatações são mais que eloquentes e definitivos. A começar pela fonte, pelas produtoras, que diante do avanço do streaming reduziram substancialmente as produções e assim, o número de lançamentos literalmente despencou. Espaços descomunais às moscas, e os shopping centers consideram os cinemas um problema e não mais uma solução. Enquanto as empresas exibidoras, e diante do vazamento incontível de públicos recorrem a locação dos espaços para eventos, festas, solenidades. Assim, e por mais emoções e felicidades que as salas escuras nos trouxeram, muito especialmente para a geração dos boomers e pós boomers, o fim aproxima-se. E o golpe final será desferido no correr desta década, com o Metaverso, ou, com a Realidade Imersiva. Restarão poucas salas, onde um dia bisa ou trisavôs levarão seus Bis ou Trinetos para conhecerem e contarem algumas e últimas histórias… E depois, nunca mais voltarão. Nada é para sempre.
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Anúncios de oportunidade

Durante anos existia uma briga mais que saudável entre as melhores agências de publicidade do país, sempre de olho nos assuntos e acontecimentos de cada dia, em busca de uma bola pingando para marcar um gol de placa para um de seus clientes. Normalmente a galera de criação chegava um pouco mais tarde, entre 10 e 11 horas, mas saia via de regra depois das nove e alguns pedaços de pizza. E a primeira coisa que fazia era correr os jornais em busca de uma bola pingando, de uma oportunidade. Lembro-me bem quando um presidente dos Estados Unidos se referiu ao Brasil fazendo uma troca patética. Chamou nosso país de Bolívia. No dia seguinte os jornais estampavam um anúncio, assinado pela própria agência, a NovaAgência, e de autoria dos profissionais Carlos Chiesa e Hector Tortolano e em que e apenas com palavras, dizia, “O povo da Bolívia agradece o presidente do Canadá”. Passaram-se décadas, e meses atrás o Brasil recebeu a visita do maior criativo da atualidade, Elon Musk. Lembrando que, e a maioria assim procede, Inovar é juntar duas ou mais coisas que já existem e produzir uma absolutamente nova. Já Criar é partir do zero, sem somas, produto exclusivo da imaginação. E nesse entendimento e sentido temos poucas pessoas com essa competência e virtude no mundo. E dentre essas, meu destaque disparado é para ele, Elon Musk. Assim, e aproveitando a sua visita ao Brasil, uma construtora marcou um gol de letra, lembrando um dos diferenciais de seus empreendimentos. Em anúncio all type nos principais jornais, com uma pequena ilustração na parte de baixo mostrando um automóvel sendo reabastecido com uma bomba que tem na sua ponta uma tomada elétrica, dizendo, A Patriani é a primeira construtora do Brasil a oferecer vaga para carro elétrico para todos os apartamentos. Elon Musk, aproveite a sua visita ao Brasil e conheça os prédios da Patriani. “Todos prontos para receber um Tesla…”. 10, com louvor. Saudades dos tempos dos anúncios de oportunidade.
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Identidade!

Numa das últimas edições do ano retrasado do Financial Times, um artigo assinado por seu editor financeiro, Robert Armstrong, onde comenta sobre a importância dos homens terem uma certa disciplina ao se vestir. Essa especialização de Armstrong aconteceu acidentalmente. Morre o cantor Prince, e faltava na redação algum americano que pudesse comentar sobre a vida e a obra do cantor. Na falta de outra pessoa o desafio coube a Armstrong que preferiu registrar suas observações sobre a maneira de se vestir do cantor. No conjunto, disse Armstrong, no conjunto de cabelo, roupas, gestual, Prince tem uma identidade única. De alguma maneira remete muito em termos de estilo e personalidade a um David Bowie. O editor de moda do jornal adorou a crônica de Armstrong que de pronto converteu-se em escritor de estilo. Voltando ao artigo sobre estilo de dias atrás Armstrong refere-se a algumas personalidades, como o bilionário da moda e de produtos da classe A, Bernard Arnault, o todo poderoso da LVMH que sempre se veste igual. Terno escuro, via de regra azul marinho, camisa branca, gravata escura. De certa forma semelhante forma de se vestir foi adotada por outros empresários, profissionais, artistas, esportistas de sucesso. Segundo Armstrong, “O fato desses homens que poderiam vestir-se de uma forma diferente a cada dia seguirem um mesmo estilo e disciplina é revelador. De um lado, alocar toda a energia no que interessa e não ficar dispendendo minutos horas todas as manhãs decidindo a roupa a usar. Preservar a cabeça, tempo e energia para as decisões que verdadeiramente contam. De certa forma, eu Madia, há quarenta anos tomei uma decisão nesse sentido, mas e por outras razões, também. Na medida em que sentia que as pessoas confiavam nos meus conhecimentos e competência profissional, de um lado conclui que na minha forma de me vestir jamais deveria deixar que, por estranhezas no visual, as pessoas sentissem-se tentadas a reconsiderar minha reputação e imagem. E, claro, também, e na medida em que a moeda tempo dia após dia foi ganhando uma importância maior, quanto menos tempo perde-se em pensar no que vestir, a cada manhã, melhor. Assim, decidi, repito 40 anos atrás, e depois de uma primeira viagem a New York City, agregar um pouco do espírito e sinalizações que a capital do mundo passa, e decidi só me vestir com camisetas pretas, que sempre se referissem àquela cidade. E para não ficar discutindo ou brigando com outras cores, adotei para a parte de baixo do corpo calças casual pretas, assim como, e também, tênis preto. E dependendo do lugar onde vou, jogo uma camisa de uma única cor por cima da camiseta, e, pronto. Hoje, 40 anos depois, estou mais que convencido que se algum dia decidir me vestir de forma diferente desse uniforme ou padrão que adotei, as pessoas que me conhecem se sentirão confusas ou inseguras, e assim, e considerando-se sempre todas as demais coisas a discutir e resolver, que sempre é melhor e mais prudentes ter, adotar, e respeitar um Dress Code, uma política para e no se vestir. Sem causar ou provocar dúvidas ou estranhezas, repito… Um provérbio clássico americano diz que “Não existem segundas chances de se causar primeiras e boas impressões”. Se você conseguir causar, não vale a pena correr riscos e especular. Apenas dar sustentação ao que já conquistou com uma disciplina rígida no se vestir. Na “embalagem” da identidade que você construiu. Uma das lições básicas do Personal Branding.
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R$500 bi que jamais voltarão

Existem prejuízos definitivos e irreversíveis, além da morte? Sim existem, e é o que estamos constatando no final da pandemia. De alguns prejuízos, decorrentes da pandemia – apenas poucos – com o passar dos anos, recuperam parcela ou alguma parte do que foi perdido. Já prejuízos decorrentes de consumo recorrente, esse dinheiro está definitivamente perdido. Não há como recuperar e muito menos repor. Dentre as diferentes atividades, uma das que mais se enquadra nessa situação são os negócios relacionados a viagens e turismo. Do início da pandemia, março de 2020, a março de 2022, e segundo a Confederação Nacional de Bens de Serviços, Comércio e Turismo (CNC), o negócio de turismo em nosso país deixou de ter uma receita da ordem de R$508 bilhões. Esse dinheiro ficou na história. Totalmente perdido. Não volta, jamais. Milhões de empregos diretos e indiretos, e milhares de negócios foram, literalmente, triturados. Tombaram pelo caminho. Todos os sobreviventes, e que ainda encontram força e motivação ainda que mínimas, submetem-se a recomeçar praticamente do zero. Muitas vezes é o que acontece. Muitas vezes, e em alguns setores de atividade, a única alternativa é um doloroso e difícil recomeçar… O faturamento que se perdeu no tempo, que se deixou de realizar, jamais voltará.
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Jamais diga impossível; não subestime a força das circunstâncias

E aí veio a pandemia. E o que muitos afirmavam impossível, jamais, agora mais que possível, e, quem sabe, sempre. Por uma série de razões, em muitos territórios os plásticos eram imbatíveis. O papel sempre, economicamente, revelava-se inviável. E aí veio a pandemia e aconteceram algumas coisas que produziram uma revisão radical nesse entendimento. A primeira, a visual. Com a pandemia, milhões de famílias começaram a ver – isso mesmo – ver, a montanha de lixo plástico que produziam. Em recente matéria para o jornal O Globo, o diretor de negócios de papéis da Klabin, disse, “A pandemia foi uma virada de chave. O e-commerce impulsionou a procura por embalagens recicláveis e os consumidores puderam ver o volume de plástico acumulado em casa com o delivery…”. A consciência de um lado, e o aumento substancial na demanda de descartáveis – a segunda razão – viabilizou economicamente a adesão a novas tecnologias. A Klabin, por exemplo, e desde a chegada da pandemia, já lançou seis tecnologias diferentes em papel que emulam competências e qualidades que levavam a indústria a preferir o plástico. Na matéria, Deganutti explica uma das seis tecnologias, que se traduz na solução Klamulti. Diz, “A Klamulti é uma celulose microfibrilada – espécie de cabelo descabelado – que torna o papel-cartão 10% mais leve e já vem sendo utilizado em embalagens multipack de cerveja. Nos primeiros três meses essa solução em celulose já foi usada na produção de mil toneladas de papel cartão…”. A consciência que gradativamente o papel será o substituto do plástico determinou a decisão da Klabin de realizar o maior investimento de toda a sua história. O projeto Puma II que implica num investimento da ordem de R$12,9 bilhões com a criação de duas novas unidades fabris no Paraná. Não obstante e ainda todas as dificuldades, bom saber que a pandemia, além de toda a devastação e sequelas, acabou se convertendo no empurrão que faltava para seguirmos na substituição em maior velocidade do plástico pelo papel. Lembram do ideograma chinês com dupla leitura: Crise e Oportunidade. É por aí mesmo.
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O negócio dos parques naturais

Tradicional em outros países, só agora os chamados Parques Naturais do Brasil começam a ganhar a atenção de investidores. Dentre os que primeiro se movimentaram em direção a esse novo negócio, um fundo de investimentos, o Parquetur, que hoje já administra o Parque Caminhos do Mar, onde se insere a famosa Estrada Velha de Santos, e ainda faz a gestão da Chapada dos Veadeiros (GO). Nos últimos meses captou mais R$75 milhões para disputar o leilão de mais sete parques. Um dos sócios da empresa investidora, Pedro Cleto Carvalhaes, em entrevista à Cleide Silva do Estadão, disse, “Entendemos que hoje o Brasil não tem estrutura e cuidado com os parques, e assim, muitos encontram-se abandonados. Sem um mínimo de serviços, como receber o turista de forma adequada, ter um centro para visitantes organizados, com guias, e banheiros limpos, por exemplo…”. Pedro lembra que desde a virada do milênio passou a existir uma demanda maior pelos parques naturais. “No ano de 2010 os parques receberam 4 milhões de visitantes. Em 2019, 9 anos depois, quase quatro vezes mais, 15 milhões. Mesmo com esse crescimento, 15 milhões correspondem a apenas 6% da população do Brasil, contra uma procura pelos parques no Chile de 17% da população, e na Costa Rica de 21%. De 1999 a 2017 já foram realizados cinco leilões. E nos próximos quatro anos serão leiloados outros 50. Apenas lembrando, a valorização dos parques vem merecendo maior atenção desde que cientistas japoneses decidiram dar um sentido maior e mais consistente a práticas que vêm desde a idade média. Onde se recorria a propriedades das plantas para o tratamento de determinadas doenças, recorrendo-se aos terpenóides presentes na atmosfera das florestas. No ano de 1982 a Agência Florestal do Japão passou a adotar o chamado Banho de Floresta – Shinrin-Yoku, hoje conhecido nas américas como Forest Therapy. E aí, as pessoas descobriram os parques… Que bom, que ótimo, que redentor, que, e finalmente, nós, brasileiros, abençoados pela natureza, e finalmente, começamos a descobrir os Parques Naturais. Uma de nossas maiores riquezas…
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A Ferrari é uma campeã de corridas, e, de recalls e barbeiragens também

Quase 80% dos recalls de automóveis, para não dizer 90% ou 100%, deve-se a falhas de projetos que, e diante dos compromissos assumidos pelas montadoras, são deixadas de lado, ou para corrigir depois, e assume-se o risco – jamais deveriam – de contar com a sorte e a ajuda dos santos. Dentre as montadoras que incidem nessa prática pontifica a rainha das pistas, a Ferrari. Sonho de consumo da quase totalidade de um certo tipo de homem… Em 2010, viu seu esportivo de luxo da linha 458 Itália – 1248 carros – que diante de qualquer acidente se incendiava. Conclusão. Recolheu todos – os 1.248 fabricados, para corrigir a utilização equivocada de cola durante a montagem dos frisos na roda dos carros. Só no estado de São Paulo mais de 10 Ferraris incendiaram-se de repente… Em 2015, a empresa de Maranello chamou os proprietários de seus bólidos para falhas graves nos airbags. De certa forma, confrontando-se com semelhante problema de outras montadoras que usavam os airbags fabricados pela mais que falida fabricante Takata. E no ano de 2022, abril, a Ferrari convocou e procedeu ao recall de 2.222 carros na China em função de uma falha em seus sistemas de freios. Disse a montadora, “O problema é na tampa do fluido do reservatório de freio que pode não ventilar adequadamente, criando potencialmente um vácuo dentro do reservatório de fluido de freio…”. O recall aconteceu também nos demais países. Cada vez mais os recalls dos tempos modernos enquadram-se num ditado originário do mercado publicitário brasileiro, e que diz, A pressa passa, a merda fica. Ferrari, não obstante o vermelho, crie vergonha …
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Chez Regine

O ano era 1981. Tínhamos dentre os clientes de consultoria da Madia um fabricante de Jeans que, grosso modo, trabalhava com duas marcas de Jeans. Uma mais voltada para as mulheres 30 +, e a outra para adolescentes. As duas marcas, eram, de longe, as mais caras em seus territórios. Custando no mínimo o dobro das principais concorrentes, inclusive das marcas internacionais. Mas, as duas, eram literalmente boicotadas pela imprensa. As principais publicações de moda literalmente ignoravam as duas marcas. E aí, em 1981, Régine Choukroun, que morreu no domingo, dia 1 de maio de 2022, decidiu, em parceria com o empresário Naji Nahas, abrir um Regine’s em São Paulo. Durante dois meses lotação total todas as noites, mas nenhuma empresa considerando, com medo dos riscos envolvidos, fechar o Regine’s para lançamento de produtos ou outros eventos, exclusivamente para convidados. Convencemos nosso cliente que essa era uma oportunidade que não poderíamos perder. E assim, poucos meses depois da abertura, e em nome da confecção cliente da Madia, fechamos o Regine’s exclusivamente para convidados. Conseguimos viabilizar o evento porque, e como havia o interesse dos investidores do Regine’s que muitas empresas tivessem a mesma iniciativa, que uma primeira empresa o fizesse. Assim, conseguimos negociar o fechamento exclusivamente pelos custos, mais ou menos 20% do que o orçado. Formou-se um congestionamento monumental na rua Faria Lima. Briga por convites. Produtores de moda aguardaram horas na fila para entrar. E a partir da semana seguinte as marcas de nosso cliente mereceram a capa das principais publicações, e passaram a ter frequência constante nos editoriais. O Regine’s de São Paulo talvez tenha sido uma das últimas manifestações desse tipo de casa noturna. Uma espécie de discoteca mais sofisticada. Durante poucos anos disputou com a Hipopótamo os melhores eventos da noite do Brasil. E depois, decadente, e em todos os demais lugares do mundo, foi encerrando suas atividades. No ano retrassado, e com a morte de Régine Choukroun encerra-se, definitivamente um ciclo de relativamente curta duração, e onde existia ainda um mínimo de glamour e elegância nas noites das principais cidades do mundo. Esse mundo ficou no passado.