De que adiantam salgadinhos no café…

Nos últimos dias, boa parte das pessoas passa metade do tempo querendo saber sobre as últimas do Coronavírus, e a outra metade arrumando alguma coisa para fazer.

Escolas fechando, shoppings às moscas, jogos de futebol sem torcida, no início, sem jogos, agora, restaurantes à mingua e só cozinhando para entrega, e desabituada do hábito da leitura – infelizmente a maioria da população – e cansada de ver TV, Netflix, conversar e palpitar no Whatsapp ou ficar olhando na grande avenida global que é o “Feice”, começam a ter ideias e refletirem sobre o ócio, vazio, nada.

E isso acontece também com a imprensa e formadores de opinião. E as teses mais esdrúxulas e sem sentido vão ganhando corpo. E se as pessoas não tiverem um mínimo de discernimento e capacidade de análise, embarcam em canoas mais que furadas.

No The New York Times, Kevin Roose, colunista de tecnologia do jornal, e criando clima para o lançamento de seu novo livro, entrou no ritmo e produz uma tese. A tese da importância do canto do cafezinho nas empresas, onde executivos de diferentes áreas se encontram, e, como que por milagre, as cabeças fervilham e produzem inovações monumentais. Em território árido e desprovido de qualquer estímulo que seja só brota mediocridade e irrelevâncias. Além de piadas toscas e muito bullying. Não há canto do cafezinho capaz de produzir qualquer milagre que seja.

Segundo Kevin, o home office compulsório, em decorrência do Coronavírus, e que determinou o fechamento de dezenas de milhares de espaços de trabalho nas empresas, jogou as pessoas para suas casas, para o trabalho a distância, para um compulsório Home Office. E assim, e distantes do canto do cafezinho, nos próximos períodos e quando tudo voltar ao normal, as pessoas estarão debilitadas mais que economicamente, por uma ressaca de inovação.

E disse mais, “os que defendem o trabalho a distância alegam serem as pessoas, trabalhando de suas casas, mais produtivas do que os que trabalham em escritório e presencialmente…”. Mas, contrapõe, dizendo, “Pesquisas demonstram que aquilo que os trabalhadores a distância ganham em termos de produtividade perdem em benefícios mais difíceis de mensurar, como a criatividade e o pensamento inovador. Estudos constataram que pessoas que trabalham juntas em uma mesma sala tendem a resolver problemas mais rápido do que os que colaboram remotamente…”.

E aí cita Bill Gates, Steve Jobs, Laszlo Bock, professores de Harvard e muito mais como pessoas adeptas do trabalho presencial. Esqueceu-se de um pequeno e decisivo detalhe. Irrelevante trabalhar juntos ou a distância, se a empresa não induz, de forma permanente, incansável, crescente e decidida, uma Cultura de Inovação independente do lugar onde trabalhem seus colaboradores. Induzir uma Cultura de Inovação é o pressuposto, a condição inicial, básica e definitiva.

Pessoas podem trabalhar juntas ou separadas, presencialmente ou a distância. E o resultado pode ser rigorosamente o mesmo: medíocre. Existindo uma Cultura de Inovação, aí sim, e independente de Coronavírus ou todos os demais acidentes de percursos, todos os dias e em todos os momentos, em tudo que seu capital humano pensa, planeja e faz, sente-se o exalar do Aroma ou Perfume a Inovação. O único que garante perspectivas de sobrevivência, prosperidade, e perenização para todos os tipos de empresa de qualquer porte e inovação.

Assim, antes, depois, e sempre, com o Coronavírus ou sem, presencialmente ou a distância, existindo uma Cultura de Inovação sobrevive e prospera a esperança. Sem cultura de inovação a proximidade só agrava. Apenas multiplica, escala e exponencia a mediocridade.

Como nos ensinou Djavan, em Flor de Lis, e na inexistência de uma cultura de inovação, “Meu jardim da vida ressecou, morreu… do pé que brotou Maria nem margarida nasceu…”.

Nem nasceu nem nascerá, por maior que seja a quantidade e variedade de salgadinhos nos cantos do café das empresas…

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