Victorinha, adorada netinha do Madia, não é exclusivamente dos naturais, nem exclusivamente das carnes. Nem carnívora nem vegetariana. Nem vegana. É flexitariana. Não come todas as carnes, mas um franguinho vez por outra não recusa, e gosta de muita salada, frutas e vegetais.
Assim, e como aconteceu em todos os processos de transição, e num mundo avesso a radicalismos, os flexitarianos, mesmo sem saber que tem essa denominação, vão prevalecendo.
Por uma série de circunstâncias da vida e merecimentos, uma brasileira pilota uma das principais empresas desse aparentemente novo território, mas que já é constituído pela parcela expressiva das pessoas. Preside o segmento de Global Foods, da ADM. Que por sinal, e meses atrás, celebrou parceria com a Marfrig, já aprovada pelo Cade.
Embora seja do conhecimento de poucos, a ADM é uma empresa mais que centenária. Nasceu no ano de 1902, por iniciativa de George A. Archer, e John W. Daniels, e que tinha como objetivo alcançar um dia a liderança global na alimentação humana e animal.
George era tímido e calado, mas dotado de uma visão estratégica fenomenal. Cuidava do planejamento, Daniels nadava de braçada no comércio. Era uma espécie de rei da simpatia. Hoje, e rebatizada apenas de ADM, tem 38 mil empregados, 50 centros de inovação, fornece para 200 países, e seus acionistas recebem dividendos há 88 anos consecutivos. Em 2020 faturou US$ 65 bilhões.
Em entrevista ao O Globo, Leticia Gonçalves, a brasileira que preside o Global Foods da ADM, explicou o que vem acontecendo no mundo, e, por decorrência, o que vem acontecendo com sua empresa:
“A ADM está se convertendo de uma processadora de grãos para uma empresa de nutrição. Seremos, muito brevemente, Farm to Fork – Da fazenda ao garfo. Trabalhamos com soja, milho, trigo, castanhas, quinoa, e desenvolvendo novos produtos e em busca de sabor, textura, aparência, e componentes nutricionais e de saúde…”.
Leticia falou também sobre a visão da ADM sobre o Flexitarianismo no Brasil:
“Em recente pesquisa, a informação que 52% das pessoas que comem carne regularmente consideram novas alternativas como fontes de proteínas. De certa forma, idêntico comportamento encontramos na quase totalidade dos países. E mais agora, ainda, com a pandemia esse sentimento cresceu…”.
Sobre o pioneirismo da ADM
“A ADM foi a empresa a lançar o primeiro hambúrguer vegetal do mundo, na década de 1980. Era horrível! Mas hoje, e depois de muito investimento e tecnologia, e sucessivas pesquisas com sabores naturais, conseguimos atenuar ou mascarar sabores indesejáveis. E ainda agregamos novos nutrientes melhorando a performance nutricional, mais sabor, e ainda, mais textura. Mais adiante incluiremos aditivos de saúde, desobrigando as pessoas de tomarem vitaminas, por exemplo…”
É isso, amigos. Assim, e a partir de agora, carnívoros de um lado, vegetarianos e veganos de outro, e no meio do caminho, e crescendo, os flexitarianos…