Por linhas tortas e em decorrência do tsunami tecnológico e seus gadgets, nós, seres humanos, vamos descobrindo e constando as tremendas limitações de nosso cérebro. O quão pouco somos capazes de guardar, lembrar, recordar. Por essas e outras razões, e ao mesmo tempo que nos levam a essa conclusão, os smartphones tornaram-se no melhor recurso e pior testemunho das limitações de nossos cérebros. No dia seguinte, perplexos, vemos em nossos smartphones, fatos e acontecimentos onde estávamos presentes, e mesmo e apenas, horas depois, não nos lembramos de ter visto…

Isso posto, agora mais que se sabe porque infinitas descobertas nos últimos 20 anos, decorrentes da capacidade de armazenamento e processamento de informações, não pararam e não param de eclodir. Nossos cérebros só processavam o que se lembravam, e que, hoje sabemos, era muito pouco. E como não se lembravam, pior ainda, nem mesmo imaginavam fazer determinadas perguntas… Publicações do mundo inteiro foram atrás do aparente fenômeno – em verdade, cruel e decepcionante realidade – e mais que comprovaram as inimagináveis e monumentais limitações de nossos cérebros.

O jornal O Globo escalou sua jornalista Raquel Pereira para investigar, e Raquel voltou afirmando ter constatado o que denominou de “Amnésia Pós-Show”. O relato de fãs que aguardaram anos e décadas para um encontro pessoal com seus ídolos, e no dia seguinte, além de muita emoção, lembravam-se muito pouco… Comparado com o que seus smartphones registravam… O mais celebrado show da atualidade, a turnê Eras Tour, de Taylor Swift, tem demonstrado em diferentes países a tal de “Amnésia Pós-Show”…

Na matéria de Raquel Pereira muitos depoimentos. Com o de Larisa Magar, 25 anos, que veio até São Paulo para ver ao vivo o seu grupo de K-pop favorito, Super Junior e a quem acompanha há 11 anos. Procura ficar próxima do palco e foi às lágrimas muitas vezes de tanta emoção. No dia seguinte, “eu não lembrava de ter visto várias coisas. Até algumas músicas eu não lembrava que eles tinham cantado até ver depois a gravação que fiz no celular…”.

Depoimento semelhante ao de Gabriela de Souza Viera, que veio à capital São Paulo assistir ao show de Harry Styles, depois de uma espera de 12 anos… “Esperei 12 anos, 4480 dias, foi o melhor dia da minha vida, e não me lembro de quase nada do show… Sou grata pelos momentos vividos, mas estou triste por não poder contar com as lembranças do melhor dia de minha vida…”.

É isso, amigos. Talvez quando a expectativa extrapola todos os limites a capacidade de armazenamento de nossos cérebros fique sensivelmente prejudicada. Não importa. Essa é a realidade. Não fosse a velocidade e capacidade de processamento dos gadgets, ainda estaríamos parados no final do século passado. E, sim, a inteligência artificial é uma dádiva, depois das devidas regulações como aconteceu com todas as inovações da história da humanidade, em suporte e apoio ao permanente desenvolvimento de todos nós em direção a uma melhor qualidade de vida.

Se hoje, e finalmente, entendemos que não compramos produtos, e sim os serviços que os produtos prestam, mais um pouco entenderemos que pouparemos nossos limitados cérebros para a última linha, no processo de tomada de decisão, enquanto colocamos a tecnologia e a inteligência artificial para as pesquisas e organizações dos dados, para que, e finalmente, tomemos a decisão. A consciência de nossas limitações é o passo mais importante em direção ao futuro, e a um mundo melhor.

E um alerta da maior importância, para os prestadores de serviços de M&B ‒ Marketing & Branding. Mais que na hora de radical revisão de seus métodos, entendimentos e práticas.

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2 thoughts

  • o que acontece nos shows atualmente não é problema da memória humana. As pessoas não lembram do que aconteceu no show PORQUE FICAM FILMANDO COM SEUS CELULARES. Isso tira o foco do cérebro e aí sim, não lembram porque simplesmente “não viram”. A atenção fica voltada ao enquadramento da imagem, etc. e não ao que está acontecendo no palco. Ou seja, a culpa é do smartphone. nao o contrário.

  • Lembro que, há muitos anos, bem mais de 30, nos pontos turísticos pelo mundo, era fácil identificar aos turistas japoneses . De modo geral, eles pareciam não prestar atenção aos comentários dos guias e nem as atrações em si – já que registravam tudo com suas poderosas câmeras fotográficas reflex de 35mm (que exigiam manter um olho grudado naquele visor pequenino). A impressão era de que apenas conseguiriam viver a experiência da viagem quando chegassem em casa e revelassem seus rolos de fotografias.

    Muitos anos depois é que entendi que só é possível registrar “algo” estando 100% presente. Como comenta Marcos, filmar o fotografar distrai nosso cérebro e nos impede estar totalmente presentes no que acontece nesse “aqui e agora”. Talvez seja essa a limitação do cérebro à que se refere o Madia. Embora talvez não seja uma “limitação”…

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