BUT – BUSINESS TRENDS 08/2021 – NOV/DEZ 2021

Síntese mensal das principais movimentações, acontecimentos, registros no ambiente de negócios do Brasil e do mundo. Um trabalho de pesquisa, coleta de dados, análises e reflexões da equipe de consultores do MadiaMundoMarketing, a única empresa de consultoria em todo o mundo que tem em seu DNA a ideologia da Administração Moderna, o Marketing.

Sempre sob a orientação e mentoria do maior dos mestres da gestão e dos negócios, PETER FERDINAND DRUCKER.

1 – NO MEIO DA CONVERSA, A AFIRMAÇÃO, “MAIOR CLUBE DE VINHOS DO MUNDO”.

Aconteceu, e foi em nosso país.

O WINE, Clube de Vinho, que nasceu a partir do sonho de dois amigos de venderem vinho, direito e criando clientela, no país das cervejas, no ano de 2008, 11 anos depois já contabilizava 140 mil assinantes, e assim, tinha muitas razões para comemorar.

O WINE, como temos comentado com vocês, foi uma das startups que formou mercado, que construiu mercado, e de quem se pode dizer, existia um negócio de vinhos no Brasil antes da WINE, e outro, depois.

A WINE, e traduzindo numa pequena frase, “pegou o brasileiro pela mão e ensinou a tomar vinho”.

No meio de sua trajetória, ganhou investidores, e muito rapidamente foi se aproximando da liderança total do mercado.

E agora, e de forma espontânea e natural, em entrevista para ISTOÉ DINHEIRO, seu CEO, MARCELO D´ARIENZO, faz importantes revelações. Assim, vamos atualizar:

 – Hoje, a WINE é o maior clube de vinhos do mundo, com 250 mil associados.

– Nos últimos anos, abriu 13 lojas físicas em 10 cidades brasileiras.

– O faturamento da WINE no ano passado foi de R$ 450 milhões, 66% maior que o de 2019.

– A WINE acredita que ainda tem muito a crescer.

– Dentre as razões de ter comprado a CANTU no ano passado, a principal é de estar com seus vinhos presentes e disponíveis em todos os momentos e situações: ter o cliente como assinante, colocar os vinhos da WINE à disposição dos sócios quando vão a um restaurante que se abastece com a CANTU, ou e, da mesma forma, quando em emergência compra um vinho no supermercado. Ou seja, o WINE, originalmente um CLUBE DE VINHOS, e hoje praticamente presente em toda a cadeia de valor – etapas de distribuição e venda  – quer se colocar presente e disponível em todos os momentos e situações que seus clientes decidam abrir e tomar um bom vinho.

Não existe sensibilidade, inteligência e necessidade maior. De novo, o WINE dando lições espetaculares de marketing.

2 – TECBAN, ESPECIALIZADA NAS PONTAS

O mercado faz ZIGUE, a TECBAN faz ZAGUE.

É essa a missão que a empresa se propôs.

Durante décadas, o único local para a retirada de dinheiro eram as agências bancárias. Até que os bancos se somaram e nasceu a TECBAN, uma espécie de caixa automático de todos os bancos que aderissem à empresa. E os bancos que tinham

horário restrito de funcionamento passaram a funcionar 24x24x7.

E, assim, seguia a vida e o mundo não fosse à disrupção, a tecnologia, a reforma radical do sistema financeiro global e, de forma especial do Brasil, a chegada das fintechs, mais openbanking, mais pix, e os grandes bancos saíram em disparada fechando agências que dia após dia iam ficando vazias.

Ou seja, os bancos fazendo ZIGUE, e a TECBAN, de novo, e agora, fazendo ZAGUE.

Está anunciando e cria, em dimensões maiores, e para cidades desassistidas, as AGÊNCIAS DE POUCA OU NENHUMA BANCARIZAÇÃO.

As agências da TECBAN, além dos caixas e dinheiro, são uma espécie de último socorro de clientes de 150 instituições financeiras.

Assim, e neste ano, a TECBAN inaugura seis dessas novas velhas agências, nas cidades de PARNAÍBA (PI), PARAUPEBAS (PA), BELFORT ROXO (RJ), CARAPICUÍBA (SP), CARUARU (PE), e, CAMPINA GRANDE (PB).

Não existe atendimento humano nessas agências, onde as pessoas, além de depositar e sacar dinheiro, ainda podem recarregar celulares, e TVs por assinaturas pré-pagas.

Assim, e às vezes, poucas vezes, dar um passo para frente é dar um ou dois para trás.

Dependendo de qual seja o negócio da empresa.

3 – NÃO SE FALA NOUTRA COISA: VTOL

– Vertical Take-Off and Landing – aparelhos de cargas e passageiros que decolam e pousam na vertical. E claro, entre um e outro, voam…

No início, cinco anos atrás, e numa espécie de segunda geração dos DRONES – maiores e mais potentes – ainda causavam perplexidade, e, na maioria das pessoas, medo de despencarem.

Mas aí os drones foram se multiplicando, e a quantidade de desastres registrados na mídia é insignificante, e as pessoas começaram a olhar com maior atenção.

Agora, e em questão de meses, talvez até mesmo no embalo da falta de assuntos na pandemia, o tema decolou de vez.

Semanas atrás era a AZUL anunciando que vai mergulhar de cabeça, coração e alma nesse território.

Mais ainda, que já fechara uma primeira compra de 220 VTOLs, por R$ 1 bilhão, da fabricante alemã, LILIUM.

Falando sobre a compra, o presidente da AZUL, JOHN RODGERSON, disse que sua empresa optou pelo VTOL da LILIUM pela autonomia de voo. 240 km, contra 100 km do VTOL da EMBRAER, grande parceira da AZUL.

Como os VTOLs são movidos à energia elétrica, e a recarga é demorada, diferente dos helicópteros, e que, por decorrência, a autonomia do VTOL é de 25 minutos, enquanto a de um helicóptero, até 3 horas de voo, por esse quesito específico, e no início, em que dependendo das utilizações são eficazes as duas alternativas.

O assunto ferve mais, e até semanas atrás, nenhum pedido de autorização tinha ingressado na ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil.

Além das empresas de aviação, em especial as de táxis aéreos, algumas grandes transportadoras em todo o mundo começam a estudar a adoção dos VTOLs para determinados tipos de entregas de mercadorias.

Ou seja, amigos, e dentro dos assuntos mais discutidos e comentados a partir de agora e em todos os próximos anos, eles, os VTOLs, finalmente chegando para valer, além das histórias em quadrinhos.

4 – SE OS JOVENS SÃO O FUTURO – E SÃO – A INDÚSTRIA DE AUTOMÓVEIS SÓ TEM DESAFIOS PELA FRENTE

Anos atrás, o DETRAN fez uma surpreendente revelação. Muitos jovens decidiram despedir-se, como propriedade – dos automóveis –, a partir da virada do milênio e muito especialmente de 2001 em diante. E traduziu em números.

Por exemplo, no ano de 2014, três milhões de jovens tiraram carta, a tal da carteira de habilitação. Em 2018 esse número despencou para próximo de 2 milhões, ou seja, em quatro anos, caiu, perdeu, despencou, 33%!

Traduzindo isso em idade média em que as pessoas passaram a tirar carta, dos 17 anos, 11 meses e 30 dias de décadas atrás, quando ter e dirigir um automóvel era o grande sonho e objeto de desejo dos jovens brasileiros, subiu para acima de 25 anos aproximando-se dos 28 anos! 10 anos a mais!

Alguns depoimentos dos jovens de hoje sobre suas relações com o automóvel.

“Eu não preciso de carro e, quando tenho de sair, meu pai me leva ou uso transporte público ou os aplicativos…”, Milton Moreira, universitário, Santo André (SP).

“Quando eu era mais jovem, e meu pai instrutor de autoescola, tudo o que ele queria é que eu tirasse carta. Ele morreu quando eu tinha 18 anos, hoje tenho 27, e jamais senti vontade de ir atrás da tal da carta… Para voltar das baladas, usava táxi antes, e agora Uber, ou venho de carona com amigos. Claro, desde que não estejam alcoolizados…”, Carolina Nogueira, professora.

“Até para viajar uso aplicativos de carona. Vou para o Guarujá (SP) por R$ 20,00… Para que comprar carro e ainda arcar com despesas de manutenção? E, quando vou às compras, recorro ao UBER e demais aplicativos, e assim e se tiver trânsito vou falando com meus amigos no celular, e ainda não tenho que me preocupar com estacionamento e gastar com licenças e zona azul…”, Antonio Pedreira, corretor.

Ou seja, amigos, mudou.

Mudou radicalmente, e para sempre.

O business de automóvel precisa urgente entender o que se passou com as pessoas, muito especialmente a partir do ambiente digital e todas as suas possibilidades.

Curto e grosso, no shopping list dos jovens de hoje, o automóvel não figura em nenhuma das 10 primeiras posições.

Até a virada do milênio ocupava a primeira posição e de forma destacada.

5 – A DESPEDIDA DE UM GIGANTE

Depois de dois shows em Nova York em companhia de LADY GAGA, um novo disco em outubro com canções de COLE PORTER, TONY BENNETT, em progressão crescente de ALZHEIMER, anunciou sua aposentadoria na semana passada.

ANTHONY DOMINICK BENEDETTO, que nasceu em NEW YORK CITY, no dia 3 de agosto de 1926, integrou o exército americano na 2ª Grande Guerra, e alcançou seu primeiro grande sucesso no ano de 1951, “Because of you”.

Durante o prevalecimento do ROCK, sua carreira perdeu um pouco do brilho, e que voltou com tudo e mais um pouco a partir dos anos 1980.

Sua presença ao lado de MARTIN LUTHER KING, em apoio e adesão irrestrita ao movimento pela não violência, é um dos episódios mais marcantes de toda a sua trajetória, tendo participado com LUTHER KING e HARRY BELAFONTE na jornada histórica de SELMA a MONTGOMERY no mês de março de 1965.

Com a aposentadoria de TONY BENNETT encerra-se um ciclo de 110 anos onde a música americana, muito especialmente os standards, alavancados pela indústria do cinema, por Hollywood, mais os musicais da Broadway, ocuparam parcela expressiva da preferências das pessoas na maior parte dos países e do mundo.

6 – UBER JOGANDO A TOALHA?

Um dos cinco maiores ÍCONES do universo de empresa da nova economia, o UBER, que disruptou o negócio de transportes urbanos de passageiros, que sangrou para sempre taxistas em todo o mundo, que até hoje não fez outra coisa que perder dinheiro de seus investidores, choca a todos com a declaração de seu CEO, DARA KHOSROWSHAHI, quatro anos depois de tentar dar uma ordem na casa.

Se algum investidor ainda tinha esperança de lucro em algum momento, no modelo original do UBER, desistiu. A propósito, e desde o primeiro dia, o UBER não faz outra coisa que não seja perder dinheiro, muito dinheiro.

Mesmo sob nova direção, há quatro anos, a de DARA, os prejuízos seguem. Perdeu US$ 8,5 bilhões em 2019, e US$ 6,7 bilhões em 2020.

Em entrevista recente ao THE NEW YORK TIMES, e para a perplexidade de todos, DARA afirmou, e MAUREEN DOWD, do New York Times escreveu que: “A pandemia foi uma virada. DARA percebeu que todos os demais negócios do UBER eram distrações. Que o negócio do UBER é “receber toda e qualquer coisa em casa se tornando algo maior do que jamais poderíamos imaginar…”.

Há cinco anos, quando ainda era o todo poderoso da EXPEDIA, e onde durante sua gestão de 12 anos quintuplicou as receitas, e recebeu o convite para comandar o UBER, disse que foi conversar com o pai dele. E que o pai teria dito a ele, “Se é uma companhia que é sinônimo de um verbo que lhe oferece um emprego, aceite…”.

É verdade, UBER converteu-se num verbo, mas, de transporte de pessoas, jamais de sistema ou serviços de entrega.

Impactado com a demanda pelo derivativo UBER EATS durante a pandemia, na cabeça de DARA, o negócio que deu origem ao UBER, transporte de pessoas está com os dias contados, face às regulações de toda ordem em todos os países e cidades do mundo onde existe o UBER.

Esquecendo-se a gênese do UBER, do negócio que criou, e mergulhando de cabeça num território com milhares de concorrentes de todos os portes e dimensões.

Curto e grosso, se a expectativa do UBER era ser uma empresa rentável, algum dia, ainda que a perder de vistas, hoje a única certeza é que o UBER, por total indefinição e inconsistência de seu eventual posicionamento, é um caos…

Depois dessa entrevista, começamos a acreditar que o UBER terá que contratar um novo CEO. DARA não acredita na gênese da empresa que comanda.

E como a vida nos ensina, há séculos, quem renega os seus degenera.

7 – BRASIL NA RUA

De uma forma mais elegante, decidiu-se chamar as pessoas que moram e vivem na rua de PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA.

Legal, já não é fácil e assim nada como um pequeno gesto de respeito. As pessoas de verdade, com raras exceções, não moram na rua porque querem. Moram porque não têm onde morar e assim não se trata de uma decisão, mas de uma decorrência.

Portanto, melhor e mais verdadeiro, dizer-se dessas pessoas que se encontram em SITUAÇÃO DE RUA, e alimentando a esperança que em algum momento voltarão a ter um teto para elas e suas famílias.

Agora acaba de ser divulgado um novo dado sobre os BRASILEIROS EM SITUAÇÃO DE RUA. BRASILEIROS e alguns estrangeiros que fugiram ou refugiaram-se no Brasil.

Os dados são de responsabilidade do MINISTÉRIO DA CIDADANIA.

Em janeiro de 2020, 60 dias antes da eclosão da pandemia, 140.199 famílias encontravam-se em SITUAÇÃO DE RUA.

A partir de março, os números foram crescendo. 144 mil em maio, 151 mil em outubro. Aí um respiro, algumas famílias encontraram abrigos, e em novembro, o número caiu para 145 mil. Mas voltou a subir. E alcançou o pico em meados de abril deste ano – 154.794 famílias. E, mais recentemente, com a vacinação e algumas reaberturas, retornou ao patamar dos 140 mil.

Ou seja, existia uma base de 140 mil pessoas em SITUAÇÃO DE RUA, antes da pandemia, e com o provável fim da pandemia nos próximos meses, os que se viram obrigados a ir para a rua estão conseguindo algum tipo de melhor alternativa, e retorna-se para o patamar original.

Objetivamente, e por alguns meses, a pandemia intensificou as dores das pessoas em SITUAÇÃO DE RUA, mas, as razões da permanência desse tipo de comportamento e alternativa de vida, são de outra ordem e mais profundas que a pandemia, e demandariam um conjunto de medidas de médio e longo prazo.

E o desafio não é exclusivamente nosso, Brasil. Em todas as grandes cidades do mundo PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA, em maior ou menor intensidade são uma realidade.

E a principal razão é de ordem econômica, embora outras razões persistam.

Pessoas preferem “morar” próximas do lugar onde conseguem fazer algum dinheiro, como ambulantes, conseguir alguma comida, encontram uma forma de tomar banho e resolver outras necessidades, do que ir e vir todos os dias passando parte do tempo espremidas em conduções…

8 – A PANDEMIA DE GOLPES

O título deste comentário tanto poderia ser, como escrevemos, A PANDEMIA DE GOLPES – pois foi o que aconteceu, aumento absurdo de tentativas de golpes no mercado financeiro durante a pandemia –, como A PANDEMIA DOS GOLPES, uma pandemia que se caracterizou não apenas por perda de respiração, intubação, internações, mortes, como pela avalanche de golpes.

Em evento anual sob a responsabilidade da FEBRABAN, o presidente da instituição, ISAAC SIDNEY, afirmou que durante a pandemia cresceu exponencialmente a ação dos criminosos, seja através de fraudes bancárias, seja através de esquemas para desvio de verbas públicas na aquisição de insumos e equipamentos médicos destinados ao combate à covid-19.

Traduzindo em números, no ano de 2020 foram realizadas 248.989 comunicações de operações suspeitas ao COAF, 110% a mais que em 2019.

Só nos primeiros sete meses de 2021, já foi comunicada quase a totalidade de tudo o que foi informado em 2020…

Mas, a metralhadora giratória da FEBRABRAN estava voltada mesmo para as centenas de FINTECHS.

Segundo SIDNEY, “Para que os esforços da PLD – PREVENÇÃO A LAVAGEM DE DINHEIRO – sejam eficazes, todos os segmentos da indústria financeira, sem exceção, precisam estar aparelhados com ferramentas que possam prevenir, identificar e denunciar os atos de lavagem, e, neste particular, é imperioso um olhar enérgico dos reguladores para a adoção de regras do PLD pelos entrantes, evitando assimetrias que acabam por ampliar riscos…”.

Traduzindo, as centenas de fintechs que estão chegando ao mercado têm fiscalização próxima de zero, e os grandes bancos fiscalização radical…

Ou seja, e diante de tantas novidades e disrupções do mercado financeiro, é bem possível que nos próximos meses e anos assistamos uma sucessão de denúncias, quebras, e golpes, dentre as chamadas fintechs. Que hoje trabalham com uma fiscalização muito próxima de zero, e onde os golpistas estão deitando e rolando…

9 – A PENÚLTIMA LINHA

Muitas pessoas volta e meia nos perguntam sobre a entrega de compras através de DRONES.

Quase todas, e como é natural, imaginam-se saindo na janela de suas casas, e recebendo a chegada das compras no bagageiro de um drone… Claro que essa situação poderá ocorrer, mas, e sempre, e durante anos, em caráter excepcional.

Hoje, a grande expectativa pela chegada dos drones é para ocuparem uma nova e eficaz penúltima linha. Por exemplo, ao invés de um restaurante, ou uma rede de fast food precisar atender todos os pedidos de delivery em cada uma de suas lojas, todo esse processo poderá ficar centralizado em pontos estratégicos, e de onde partem os drones para colocarem em motos, bicicletas, e outros veículos, as entregas na etapa final.

Essa penúltima linha resultará, depois de institucionalizada, ganhos expressivos econômicos, e ainda vantagens significativas em termos de trânsito e, ambientais.

Neste momento, diferentes empresas realizam treinamentos para entregas por drones.

Dentre as experiências, e em matéria do jornal VALOR, MANOEL COELHO, sócio da SPEEDBIRD, uma empresa de drones, detalhou uma das primeiras operações na cidade de Campinas:

“No total, e neste período de experiências, já foram realizadas mais de 700 entregas e correspondentes a 1400 aterrissagens e decolagens”.

Os voos acontecem no SHOPPING IGUATEMI de CAMPINAS, e onde o iFOOD tem um hub de operação. O drone retira o pedido numa área de decolagem e deixa no hub para que os entregadores terminem a entrega.

Isso evita que os entregadores fiquem circulando pelo shopping, possibilitando uma queda média no tempo de entrega de 12 minutos…

10 – DOSSIER PRIÖUX

A morte por violência inaceitável e criminosa de um negro, e a morte de uma cadelinha, derrubaram uma das mais brilhantes carreiras de gestores do varejo em nosso país. NOEL PRIÖUX, CARREFOUR, retorna à FRANÇA.

E não sabe, ainda, qual será seu destino.

Mas é protagonista de uma das mais que emblemáticas lições do ambiente corporativo de todos os tempos.

De nada adianta tomar as melhores decisões, realizar aquisições monumentais e emblemáticas, apresentar crescimento e lucro fabulosos se não conseguir prevenir danos insuportáveis à imagem da MARCA.

E assim, com seu CARREFOUR coberto de glórias e sucessos, mas sangrando, NOEL PRIÖUX, 62, arruma as malas e volta para a FRANÇA, PARIS, a tempo de passar o próximo Réveillon na Cidade Luz.

Muito especialmente e devido às aquisições de peso como as do MAKRO e BIG.

Assim, e hoje, PRIOUX despede-se deixando a CARREFOUR BRASIL como a unidade de maior importância de todo o grupo e em todo o mundo, e apenas atrás da FRANÇA.

PRIÖUX chegou ao CARREFOUR anos atrás e para cuidar dos serviços financeiros do Grupo em Paris, e depois foi cumprir missões de comando na TURQUIA, COLÔMBIA, ESPANHA, SUL DA ÁSIA.  Em 2017, foi nomeado presidente do CARREFOUR BRASIL, e diretor-executivo do grupo para toda a América Latina.  Em seu lugar, STÉPHANE MAQUAIRE, 47, ex-presidente do grupo na ARGENTINA, no varejo alimentar.

Preparando-se para a despedida do Brasil, ou, retorno à França, concedeu entrevista mais que emblemática à FOLHA, a DANIELE MADUREIRA, e que agora destaco os momentos que me impactaram mais e acredito ser da maior importância levar ao conhecimento de todos vocês:

– O QUE ACONTECEU COM A CLIENTELA DO CARREFOUR NO BRASIL DURANTE A PANDEMIA?

“Menos visitas às lojas, e mais compras. As saídas passaram a ser mais planejadas, para comprar o máximo de cada vez. Foi uma responsabilidade e tanto implantar e manter regras de distanciamento, contar o número de clientes dentro da loja, e seguir todos os protocolos de segurança. Também mudamos nossas promoções. Antes concentravam-se nos finais de semana, agora são distribuídas por todos os dias. Não existe mais o dia certo, ou, o melhor dia.

Nos tornamos mais presentes nas redes sociais para anunciar nossas promoções, e na medida em que tínhamos menos público nas lojas para receberem panfletos.

Tivemos que melhorar nosso desempenho no online. Em 15 dias, estávamos mais que preparados para responder às novas demandas dos clientes. Para toda a lista de compras, inclusive e principalmente comida. E fizemos parcerias com os aplicativos de entrega para abreviar o tempo das compras”.

– O FENÔMENO ATACADÃO, CRIADO PARA ABASTECER O PEQUENO VAREJO, E HOJE TOMADO PELAS PESSOAS

“Hoje”, diz PRIOUX, “temos dois movimentos diferentes e orientados a preço. No primeiro, a busca pelo ATACAREJO, as pessoas buscando maior quantidade pelo menor preço. E o outro a valorização da MARCA PRÓPRIA. Sintetizando, os clientes estão mais sensíveis ao preço”.

– HERANÇAS OU MUDANÇAS INSTITUCIONALIZADAS EM DECORRÊNCIA DA PANDEMIA

“Os clientes passarão a ficar em casa duas ou três vezes por semana. Assim, e mesmo num cenário de pandemia sobre controle, as pessoas vão cozinhar mais vezes. Outra e nova componente é a busca crescente por produtos naturais, associando produtos mais baratos e mais saudáveis. Com bares e restaurantes fechados, o consumo de bebida aumentou, muito especialmente o de vinho, 30%, e parte disso deve permanecer.

Por outro lado, as pessoas preferem, no caso dos hortifrúti, tudo o que conte com produtores locais ou próximos. Nas lojas onde isso acontece, mais de 30% vem dos produtores locais”.

– DIGITAL x ANALÓGICO

Direto aos números.  Hoje, no CARREFOUR, nos produtos não alimentares as compras pela internet já representam 34% do total. Já os alimentos, e por enquanto e apenas, 6%.

– A TRAGÉDIA DE 2020

Diz PRIOUX, “Realmente foi uma tragédia um homem negro ter sido morto por seguranças contratados em uma das lojas do CARREFOUR de PORTO ALEGRE.

Assumimos nossa responsabilidade. Não podemos mais aceitar situações desse tipo.

A primeira providência foi ajudar as famílias, fazer tudo o que fosse possível. Decidimos mudar por completo nosso sistema de segurança. Não queremos mais segurança, queremos pessoas ajudando e orientando pessoas.  Assim, encerramos com a terceirização, e já a partir de setembro a segurança do CARREFOUR será feita pelo CARREFOUR, com equipe própria, com exceção dos estacionamentos, onde somos proibidos por lei de cuidar da segurança. Na medida em que a função muda, o perfil muda.

Estamos recrutando pessoas para nossa segurança que sejam capazes de dialogar com o cliente, que não se estressem diante de qualquer situação, e que ajam com tranquilidade, agressividade zero, mesmo diante de um furto…”.

– E SOB O BRASIL E OS BRASILEIROS

“A cultura brasileira é espetacular: as pessoas, a música, a comida. É um tesouro nacional, temos que preservar…”.

Assim, fez e foi, em sua permanência vitoriosa como negócio em nosso país, e trágica por dois acidentes de percurso, NOEL PRIÖUX.

DRUCKER´S MONTHLY

Hoje, neste espaço reservado todos os meses a nosso adorado mestre e mentor PETER DRUCKER, o assunto, tema, desafio, é, COMUNICAÇÃO.

Perseguir-se, permanente e exaustivamente, uma comunicação de qualidade, é o propósito comum a todas as empresas de todos os portes e de todos os setores de atividade.

Assim, a pergunta que invariavelmente todos se fazem é, O QUE É, DE VERDADE, A COMUNICAÇÃO? Ou, QUANDO SE PODE DIZER QUE, E DE VERDADE, A COMUNICAÇÃO, ACONTECEU? REALIZOU-SE?

Sempre que esse tema tomava conta das reuniões onde o mestre encontrava-se presente, e lhe eram endereçados os olhares em busca da luz, DRUCKER dizia:

“Um velho enigma referido pelos zen budistas, sufis do islã e rabinos do Talmude, pergunta:

– Há algum barulho na floresta, quando uma árvore cai e ninguém está perto para ouvi-lo?

– Hoje sabemos que a resposta certa é não.

Há ondas sonoras.  Mas não há som, a não ser que alguém o capte. O som é criado pela percepção. Som é comunicação. Embora isso possa parecer banal, as implicações dessa trivialidade são grandes.

A começar pela consciência que quem comunica é o receptor. O emissor da comunicação não comunica, apenas emite sons.  E se não houver alguém para ouvir a comunicação jamais acontecerá. Existem apenas ruídos.”

Mais que óbvio, mas estamos todos condenados, pela pressa, pela arrogância, pelo desrespeito aos que nos cercam, nossos semelhantes, a ignorar essa verdade absoluta. A de que a comunicação acontece no receptor, não no emissor. E, se o receptor não sorrir e demonstrar ter entendido, tudo o que se produziu foram ruídos, barulhos, irrelevâncias…

Tags:

Deixe uma resposta