O que virá depois, e como seremos, é o que muitos se perguntam. Nas últimas duas semanas lemos mais de 100 depoimentos de pessoas esboçando seus primeiros traços sobre um suposto e Novo Normal. Separamos três para este comentário. Dois depoimentos que procuram alertar as pessoas enternecidas com a pandemia de bondade que inundou os corações, e fazem seus alertas, e um carregado de esperanças. Vamos começar com o pianista e maestro argentino, Daniel Barenboim.
Que diz: “Acho muito difícil imaginar como será a vida depois deste maldito vírus. As pessoas otimistas pensam que agora vimos como somos todos iguais, que não há pessoas privilegiadas, que este é um vírus que nos iguala e, então, vamos mudar para sempre, cuidar dos outros e ajudaremos quem mais precisa… Eu, francamente não acredito nisso, diz Barenboim… “O instinto de fazer as coisas para o bem é um instituto maravilhoso, mas que não dura”. O ódio, e tudo que é negativo, é muito mais excitante do que o bem. O bom e positivo transmitem calma. Quando você encontra uma pessoa de bom caráter e bem disposto, é um grande prazer, mas não é excitante… Assim, não tenho a menor esperança de que as pessoas mudem por causa do coronavírus…”. Esse é o sentimento do excepcional músico e maestro Daniel Barenboim.
O segundo depoimento é do escritor e doutor em filosofia pela USP, Luiz Felipe Pondé … Vai direto ao ponto. “A epidemia das utopias fala coisas do tipo, iremos respeitar mais os humildes, seremos mais solidários… ok, diz Pondé, durante a epidemia, sim, mas, passada a peste a maioria voltará a ser e se comportar como sempre foi. Os humanistas da quarentena voltarão a fazer lives dos hotéis caros que frequentam… O mundo estará mais pobre. Os pobres mais pobres e menos dinheiro circulando. A economia será uma ciência ainda mais triste… o mundo será mais competitivo porque estará mais inseguro… a segurança dará de sete a um na liberdade. O mundo será mais remoto e dos solitários… Encaremos os fatos. No Brasil só classes média e alta podem fazer quarentena. Só eles têm reserva financeira. A maioria esmagadora da população vai pedir esmola, seja do Estado, seja nas ruas… Perguntar porque pobre não faz quarentena é o mesmo que perguntar porque eles não comem bolo, já que não têm pão…”.
E o terceiro do escritor mais lido dos últimos 10 anos, Yuval Harari. “Será um mundo diferente. Se melhor ou pior, isso dependerá de nossas decisões de agora. O mais importante é perceber que não há apenas um único resultado determinístico para esta crise. Temos escolhas a fazer. E, se fizermos as escolhas certas, poderemos não apenas superar o vírus, mas emergir da pandemia tendo construído um mundo melhor”.
E vocês o que acham? Passada a Pandemia o novo normal será rigorosamente o velho normal? Piorado, talvez para os sinceros, ou melhorado, talvez para os cínicos… Quem sabe, otimistas…
E você, já pensou como você amanhecerá no Day After? Algumas pessoas decidiram escrever agora, como acham que serão no Day After Coronacrise. Escrever e guardar, e só abrir dois ou três anos depois para ver se verdadeiramente se conhecem…