No início dos anos 1960, Francisco Madia, morava na rua São Vicente de Paulo, cidade de São Paulo, e compartilhava um quarto com seu querido e saudoso irmão que partiu meses atrás. E a quem homenageamos e agradecemos neste momento pelo infinito amor com que sempre o acolheu no correr de nossas vidas. Ele, José Carlos Madia de Souza. Saudades.

Chegavam da rua, colocavam o pijama, e num pequeno rádio de cabeceira ouviam todos os dias um programa de fim de noite na Rádio Excelsior, com entrevistas.

Numa das noites, uma moça que chegou do Rio Grande do Sul, em companhia de sua mãe, e iniciando sua carreira artística. Por coincidência, tinha o mesmo nome de uma querida amiga de Francisco Madia, Elis Regina, e assim e imediatamente guardou seu nome.

No dia seguinte, e como fazia todas as noites, antes de ir para casa, Francisco Madia batia o ponto no João Sebastião Bar, da rua Major Sertório, propriedade do Paulo Cotrim. Era amigo dos porteiros e garçons, e como era menor não deixavam ele sentar nas mesas, mas sempre guardavam um lugar para ele no balcão do bar. E só concordavam em deixá-lo beber uma única dose de absinto com gelo picado por noite.

Abre a porta e entra a Elis Regina da Rádio Excelsior do dia anterior, acompanhada pela mãe. Como as mesas estavam cheias veio sentar-se ao lado dele no bar e começaram a conversar. E por alguma razão, o assunto convergiu para Nat King Cole, e sua interpretação monumental de Fascination. Anos antes, Nat King Cole mudara-se para Beverly Hills, numa linda casa, e passou a ser hostilizado pelos seus vizinhos envergonhados de morarem ao lado de um negro. Num determinado momento da conversa foram interrompidos pelo Paulo Cotrim que pede para Elis Regina dar uma canja. E ela vai e canta Fascinação.

Corta para 1980, Roberto Medina convida Francisco Madia para trabalhar na Artplan. E manda passagens para ele e sua esposa Katinha, o amor de vida dele, passarem um fim de semana no Rio. Combinaram um almoço, levaram um presentinho para Roberta, filha do Roberto que nascera naqueles dias, mas o Roberto teve um problema de última hora e pediu para o VP da Artplan representá-lo no almoço. A conversa não evolui e meses depois Madia montava a Madia e Associados.

Aproveitando que estavam no Rio, foram assistir ao espetáculo Falso Brilhante, e lá no palco, ela, aquela menina do João Sebastião Bar de anos atrás, Elis, e cantando… Fascinação.

Outro salto e no final dos anos 2010, Katinha e Madia estavam em Nova York. Consultaram o Time Out, e descobriram um show da Maria Rita no sul da ilha, Greenwich Village. E lá foram eles. Abrem as cortinas, entra Maria Rita, e começa seu show com… Fascinação….

É isso, amigos. Estamos nós aqui, uma vez mais, diante de um país governado por pessoas que já não deram certo, por notória incompetência e comportamento ético tóxico e deletério. Mas, e mesmo assim, e acreditamos, nenhum de nós abre mão de seus sonhos de um dia e finalmente, construirmos um país de verdade. E a hora é agora, diante da oportunidade única e espetacular decorrente do tsunami tecnológico.

Não é possível que sejamos protagonistas de termos recebido o melhor espaço de todo o planeta Terra, e por preguiça e incompetência, não consigamos transformá-lo num paraíso. Para todos os brasileiros e para os que queiram prosperar conosco.

“Os sonhos mais lindos, sonhei…”. Chegou a hora de colocá-los em pé. Vamos?

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