BUT PRESS 015
AGOSTO2022
Síntese
mensal das principais movimentações, acontecimentos, registros no ambiente de
negócios do Brasil e do mundo. Um trabalho de pesquisa, coleta de dados,
análises e reflexões da equipe de consultores do MadiaMundoMarketing — a única empresa de consultoria em
todo o mundo que tem em seu DNA a ideologia da Administração Moderna, o
Marketing. Sempre sob a orientação e mentoria do maior dos mestres da gestão e
dos negócios, PETER FERDINAND DRUCKER.
1 – DAY USE
No mundo da SaaS – Society As a Service – manifestações que eram pontuais e esporádicas, passam a integrar o cardápio de todas as demais pessoas, e não mais daquelas a quem o serviço originalmente se dirigia.
Durante décadas, hotéis das principais
cidades do mundo eram de uso exclusivo dos hóspedes.
E assim, salões, espaços, campos de
esporte, piscinas, passavam dias, semanas, meses e até mesmo anos sem receber a
presença de um único frequentador.
A partir dos anos 1980 começou a
flexibilização, e alguns hotéis em todo o mundo, e nas principais cidades
brasileiras decidiram flexibilizar e tornar acessíveis seus serviços, às demais
pessoas e não mais e exclusivamente aos hóspedes.
Os hotéis em torno do novo centro
empresarial de São Paulo, ali nas proximidades do MORUMBI SHOPPING, do D&D,
abriram suas piscinas e academias aos executivos vizinhos, por exemplo.
E agora, praticamente todos os hotéis
que dispõem desses serviços, e na necessidade de fazerem receita, estão
adotando o DAY USE, como um item regular de seus cardápios.
Semanas atrás a FOLHA fez uma grande e
completa matéria sobre alguns dos hotéis que aderiram, institucionalmente, ao
DAY USE.
E na matéria figuram, como exemplos, o
BLUE TREE TOWERS, o MORUMBI HILTON, o GRAND HYATT SP, o MELIÁ IGUATEMI, o
INTERCITY PAULISTA, o MERCURE PINHEIROS, NOVOTEL MORUMBI, RENAISSANCE, PALÁCIO
TANGARÁ, TIVOLI MOFARREJ, dentre outros, mergulhando de cabeça no DAY USE.
Os preços pelo DAY USE oscilam entre
R$100,00 e R$500,00, e cada hotel, de acordo com sua PRODUCT POLICE, oferece
alguns mimos e vantagens.
NADA, ABSOLUTAMENTE NADA, pode ficar
estático aguardando por eventuais clientes que algum dia virão.
Tudo, absolutamente tudo, precisa ser
monetizado.
Ou…
2 – DANIEL PINK
Daniel Pink é um dos mais criativos e
sensíveis pensadores da administração moderna.
Do estado de OHIO, ESTADOS UNIDOS, da
pequena cidade suburbana de BEXLEY, nasceu no ano de 1964 e concluiu sua carreira
acadêmica com o curso de Administração de Empresas da NORTHWESTERN UNIVERSITY.
Autor de duas dezenas de livros de sucesso, muitos deles com reconhecimento e premiação de importantes instituições.
Dentre esses livros, os que mais gostamos
aqui na MADIA são, FREE AGENT NATION, onde anuncia o FIM DOS EMPREGOS, e o
início da SHARING ECONOMY, habitada quase que na totalidade pelos FREE AGENTS,
PROFISSIONAIS EMPREENDEDORES.
Gostamos muito também de DRIVE, onde
decifra o que verdadeiramente motiva os profissionais, muito mais que dinheiro.
E agora lança seu novo livro, “THE
POWER OF REGRET (O PODER DO ARREPENDIMENTO), como subtítulo, HOW LOOKING
BACKWARD MOVES THE FORWARD (Como, muitas vezes, recuando, podemos impulsionar nossas carreiras e negócios).
Em entrevista a STELA CAMPOS, de EXAME,
conta mais detalhes de seu novo livro que, muito provavelmente se converterá em
merecido sucesso.
“A ideia do livro – diz PINK – nasceu
de meus próprios arrependimentos. A pandemia, talvez tenha sido o tempero que
faltava… As pessoas revelaram-se profundamente reflexivas e se revelaram
abertas para compartilhar…”.
A TESE DO LIVROPINK decidiu pesquisar a força do arrependimento. Foi à luta e realizou uma pesquisa com 16 mil pessoas de 105 países na busca de qual teria sido o maior arrependimento de cada uma delas. Na vida pessoal e profissional. E conseguiu identificar alguns padrões. A CONSTATAÇÃOO maior dentre todos os arrependimentos das pessoas é o de não terem começado um negócio próprio. Pessoas que se conformaram ou acomodaram em empregos convencionais, sem o menor brilho. Na sequência, pessoas que acreditam terem escolhido a carreira errada, e, finalmente, não terem aproveitado o convívio na empresa para desenvolverem mais e melhores relacionamentos.
O COMPORTAMENTO DOS LÍDERES PARA PREVENIR E ATENUAR ARREPENDIMENTOSDiz, Pink: “Equivocadamente pensamos que quando revelamos nossos arrependimentos as pessoas terão menor apreço pelas nossas pessoas. É exatamente o contrário, para elas passamos a valer mais. Assim, compartilhar arrependimentos é uma das melhores maneiras dos líderes criarem afinidade. Por outro lado, escrever sobre arrependimentos também é positivo porque o ato de escrever nos leva a uma reflexão mais profunda e a uma compreensão maior.
RAZÕES DAS PESSOAS TEREM DIFICULDADE DE LIDAREM COM O ARREPENDIMENTODiz Pink: “Duas são as principais razões. Primeiro, fomos ensinados que devemos ter apenas emoções positivas – o que é irreal e perigoso – e que ter emoções negativas é um sinal de que existe algo errado conosco. E, segundo, não fomos treinados a responder às emoções negativas, e assim, e quase sempre que se manifestam, nos derrubam…”.
HOMENS E MULHERESO arrependimento bate diferente em homens e mulheres, segundo PINK. “Homens têm mais arrependimentos relacionados à carreira, e mulheres, à família. Mas, as diferenças foram pequenas…”.
E, SEGUNDO PINK, quatro são os
arrependimentos centrais e mais comuns às pessoas:
– Não terem sido responsáveis ou prudentes;- Não terem se arriscado;- Terem se comportado mal e procedido de forma contrária a seus valores; – E, relacionamentos rompidos sem chegarem a uma conclusão…No fundo, e a partir desses quatro arrependimentos mais comuns, como se a dizer, “Gostaria de ter mais habilidades, uma nova chance de aprender; de crescer e levar uma vida psicologicamente rica, e de mais bondade e amor…”.
PINK terminou sua conversa com STELA
confessando seu maior arrependimento, “o de não saber da importância de ter
um mentor – por ignorância e burrice minhas – e jamais ter admitido que
precisava de um”.
Arrependimento, em italiano
PENTIMENTO, é o primeiro parágrafo de um livro que virou um filme maravilhoso,
escrito por LILIAN HELMAN. Era a forma como os pintores se comportavam, diante
de uma obra que não gostavam, se arrependiam, e pintavam outra por cima.
Décadas depois, em processos de restauração, acabava se descobrindo o
arrependimento escondido pela nova obra…
De certa forma, e em nossas vidas,
procedemos da mesma maneira.
3 – “NÃO DÁ MAIS PARA SEGURAR, EXPLODE CORAÇÃO”
Era o que cantava GONZAGUINHA em sua
canção…
Milhões de profissionais em todo
mundo, por timidez, desconhecimento, tirania dos chamados sindicatos e
organizações profissionais que proibiam, nasciam e morriam calados, não
comunicando suas competências e serviços, e assim, estavam condenados, e se
condenavam, ao eterno esquecimento.
Os mais expertos, minoria absoluta,
sempre encontravam uma maneira de realizarem algum tipo de comunicação, e
assim, com relativa facilidade, dominavam pequenos, médios e grandes
territórios da prestação de serviços.
E aí o milênio chega ao fim, eclode a
DIGISFERA, multiplicam-se as redes sociais e plataformas de comunicação, tudo
absolutamente acessível, e com o potencial pleno da autossuficiência.
Os prestadores de serviços de
comunicação correm para se reinventar, e enquanto não se revelam prontos e
acessíveis, milhões de profissionais vão se virando.
E assim, e hoje, anos 2020, todos se
comunicando, intensamente, ainda que com pouca ou nenhuma qualidade, para
todos.
De advogados, que morrem de rir das
supostas “proibições da OAB”, passando por médicos, arquitetos, engenheiros,
cozinheiras, costureiras, psicólogos, escafandristas, numerólogos, cartomantes,
cuidadores, sexólogos, prostitutas e prostitutos, religiosos, videntes,
bandidos e golpistas, doceiras, verdureiros, massagistas…
Nos últimos dois anos milhares de matérias e reportagens sobre as novas formas de se revelarem e fazerem vivos, de infinitos e diferentes profissionais liberais, e ou, autônomos.
Semanas atrás, no ESTADÃO, matéria
assinada por BIANCA ZANNATA, trazia exemplos e depoimentos.
Dentre outros, de uma jovem psiquiatra
que defendia a prática mais denunciava os exageros. Dizia: “Temos que aceitar
que as mídias sociais dão visibilidade e atingem públicos que não eram
atingidos antes. Mas, vejo médicos fazendo tudo da mesma forma e de um jeito
muito marqueteiro como vídeos no TIK TOK”.
Com a natural dificuldade das pessoas,
e em seu depoimento, essa psiquiatra incidiu em algumas barbaridades, trocando
“ACESSAR PÚBLICOS”, por “ATINGIR PÚBLICOS”, seguramente não tendo consciência
das barbaridades e atropelos que ela mesma protagoniza. E, entusiasmada, aponta
o dedo, “O marketing médico é permitido, mas há vários profissionais que
extrapolam esse limite. Sorteio de produtos, informações sem evidências
científicas. É um show de horrores…”.
Já outras duas advogadas dão
depoimentos na mesma direção. Uma diz que criou as páginas de seu escritório no
“FEICE” e LINKEDIN com a intenção de facilitar o acesso de pessoas a seus
serviços, e a outra que as redes sociais permitem a divulgação de serviços
pouco conhecidos como alguns que presta: mediadora privada de conflitos,
aplicativo para o gerenciamento da guarda compartilhada de filhos…”.
Ou seja, amigos, cada profissional
independente, cada prestador de serviços, tem agora, à sua disposição,
infinitos microfones e podem falar com o mundo.
E enquanto todos não fizerem suas
tentativas, seguiremos no caos que hoje vivemos.
Todos, sem exceção, e até os tímidos e
comedidos, como repetia GONZAGUINHA em sua canção, “eu quero mais é me abrir,
não dá mais para segurar, explode coração…”.
Quando todos, milhões, se comunicam,
urram, gritam, ao mesmo tempo, ninguém ouve nada.
A menos, que alguns distingam-se da
turba enfurecida, da manada barulhenta, e façam se diferenciar, e, por
decorrência, ouvir.
Esse o desafio que neste momento vivem
milhões de profissionais e prestadores de serviços em todo o mundo.
4 – TUTELA, CONVERSA MOLE, ESPERTEZAS, ENGANAÇÕES…
E aí, numa quinta-feira, 15 de abril
de 2021, em plena pandemia, a Prefeitura Municipal de São Paulo transferiu a
posse e gestão de um dos ícones da cidade e por 25 anos, o MERCADO MUNICIPAL,
mais conhecido como MERCADÃO, para um consórcio batizado de CONSÓRCIO NOVO
MERCADO MUNICIPAL.
O consórcio vencedor, integrado por
várias empresas, concordou em pagar R$112 milhões, um ágio de 266% em relação
ao valor mínimo exigido e que era de R$30,5 milhões, além de se comprometer a
investir mais R$83 milhões em restaurações e reformas.
No momento a aposta era no final da
pandemia, e que as milhares de pessoas que tinham por hábito frequentar,
consumir e comprar no Mercadão retomassem esse hábito.
Inaugurado no ano de 1933 foi tombado
pelo patrimônio histórico.
Até então, e durante quase 90 anos, jamais
houve qualquer reclamação sobre a prática mais que institucionalizada por lá e
em outros estabelecimentos de varejo, de oferecer amostras, degustação, aos
visitantes e prováveis clientes.
Foi suficiente privatizar e os mesmos
vendedores de antes passaram a ser tratados como bandidos por seguirem com as
mesmas práticas de sempre, de partir e oferecer frutas para a degustação.
E não se fala em outra coisa. O tal do
GOLPE DAS FRUTAS…
Na VEJA SP, a VEJINHA, entrevista do
profissional contratado pelo consórcio para cuidar da gestão do MERCADÃO,
ALEXANDRE GERMANO.
Dentre outras declarações ALEXANDRE
disse: “Começamos a operar a concessão no mês de setembro. Orientamos os
lojistas. Até que no dia 12 uma página no INSTAGRAM ganhou milhares de
seguidores – @golpe…do…mercadão…sp – mais cobertura de imprensa e desde
então temos procurado orientar os lojistas, antes de punir.
Posso afirmar que o golpe acabou, os
próprios lojistas descobriram que seriam as maiores vítimas, na medida em que o
movimento caiu vertiginosamente nos últimos dias…”.
E aí o MERCADÃO virou a bola da vez…
E muitas pessoas revelando-se indignadas com o tal do GOLPE DA FRUTA.
O TAL DO GOLPE DA FRUTA – oferecer-se
uma amostra – é uma pratica secular, milenar, de todos os mercados, vendas, e
comércio do mundo.
Se existe uma prática que os
consumidores estão mais que treinados e acostumados é essa e jamais ouvimos
qualquer manifestação que isso significasse criar uma situação constrangedora,
insuportável, que obrigasse pessoas a pagarem preços absurdos pelo que não
querem comprar.
E aí não se fala em outra coisa.
Alguns dos supostos principais
psicólogos e pesquisadores sociais foram convocados a manifestarem sobre o
tema, e as explicações são incríveis, tipo, “O ambiente criado pelos vendedores
dificulta que a pessoa negue a oferta e siga em frente…”.
“Tudo começa quando o vendedor já
oferece a fruta para que o cliente prove, de graça. Essa questão de oferecer a
fruta é uma técnica – óbvio que pode ser que eles não saibam, mas isso tem um
efeito psicológico muito forte.
É uma técnica de persuasão… O nome
disso na psicologia social é PÉ NA PORTA… Porque é exatamente começar
introduzindo um comportamento no cliente…”.
SOCORRO!
Agora todo o comerciante em todas as
barracas de todas feiras do mundo está se valendo da ingenuidade dos
compradores e metendo o PÉ NA PORTA?
Chega!
Chega de tentarmos proteger as pessoas
de supostos golpes – ou técnicas promocionais primárias – como se ainda fossem
suficientemente ignorantes para não saber que ao oferecer uma amostra grátis,
uma degustação, o comerciante quer mesmo motivar mais a realização da compra.
Ou seja, o TAL DO GOLPE DA FRUTA, que
muito provavelmente provocará uma convocação de uma reuniãoespecial da ONU para
tratar do assunto, é uma bobagem monumental, e que, curiosamente, só
começa a acontecer, embora secularmente exista e seguirá existindo, depois que
o mercado municipal, o MERCADÃO, passou para a gestão privada.
5 – O LONGO CAMINHO NA BUSCA DE UMA POSSÍVEL IGUALDADE
Não obstante todas as movimentações
dos últimos anos, a redução da distância entre o que ganham os homens e o que
ganham as mulheres, caminha a passos de tartaruga.
A FGV acaba de divulgar os resultados
de um novo estudo onde pesquisou a remuneração de homens e mulheres em posições
semelhantes nas empresas.
Na média dos ganhos, e procedidas
todas as compensações que dão consistência a comparação, as mulheres ganham
36,4% menos do que ganham os homens.
No ano de 2021, as mulheres tiveram um
rendimento médio de R$2.255,00 comparados com os R$2.815,00 dos homens.
No extrato específico de trabalhadores
com ensino superior, a distância aumenta: R$6.647,00 homens, e, R$ 4.228,00
mulheres.
Olhando a mesma amostra sob ótica
diferente, a conclusão é que na ponta superior, dos mais bem remunerados, 65%
eram homens, e na de baixo, os piores remunerados, 55% eram mulheres.
Quando se analisa o contingente de
desempregados com ensino superior completo, a situação é péssima para as
mulheres. Do total – 1,5 milhão – 956 mil mulheres e 576 mil homens.
Ou seja, no mínimo mais uma ou duas
décadas para que a desigualdade se reduza a níveis toleráveis.
Aceitáveis, jamais.
6 – CAMICADIZAÇÃO DA TOK&STOK
Era uma vez a TOK&STOK, fundada na cidade de São Paulo, no ano de 1978, pelo casal RÉGIS e GHISLAINE DUBRULE. Durante 35 anos, mudou a história do negócio de decoração em nosso país. Com design, leveza, acessibilidade, embalagem, montagem, exposição.
No meio do caminho ganhou uma
concorrente – ETNA –, mas sem o brilho, a inovação, e o sucesso da TOK&STOK.
No ano de 2012, o GRUPO CARLYLE
comprou e assumiu o controle da TOK&STOK, e, em paralelo, a RENNER, um ano
antes, concluiu a compra da CAMICADO, procedeu a uma releitura radical na rede
de lojas de utensílios domésticos, multiplicou as lojas, e aparentemente
conseguiu um formato, modelo e tamanho mais contemporâneo que o da
TOK&STOK.
Enquanto isso, outros e novos
concorrentes chegavam ao mercado, muito especialmente os originários do
ambiente digital.
Diante de toda essa nova realidade,
agora, 44 anos depois de sua abertura, a TOK&STOK se reposiciona, passa a
privilegiar espaços menores de até 700 metros, e decide voltar a investir em
novas lojas, muito na pegada do que a RENNER fez e faz com a CAMICADO.
A partir deste ano, começa a
multiplicar suas novas lojas no formato STUDIO, mais concentrada em utilidades
domésticas, presentes e objetos de decoração.
Em entrevista à EXAME, e falando sobre
o reposicionamento, ou, segunda vida da TOK&STOK, seu diretor de expansão
LUCIANO ESCOBAR disse: “O novo conceito tem como principal objetivo trazer
velocidade ao programa de expansão para todos os próximos anos.
Estamos agora também voltados às
pessoas que saem de casa para fazer compras em shoppings e outros locais,
diferente de como procedíamos anteriormente, privilegiando as pessoas que
planejavam compras e vinham às nossas lojas. Tinham como destino a TOK&STOK.
Agora queremos ser acessíveis aos
compradores eventuais e de passagem…”.
Objetivamente, e como comentamos no
início, assistimos ao processo de CAMICADIZAÇÃO da TOK&STOK.
E assim, prevalecem dúvidas e
questionamentos sobre o eventual sucesso.
7 – ETNA: NASCIMENTO, VIDA E… DE UMA EMPRESA QUE JAMAIS REVELOU CONSISTÊNCIA
A ETNA abriu as portas de sua primeira
mega loja no dia 11 de agosto de 2004. Hoje, 18 anos depois, onde supostamente
alcançaria a maioridade, é um organismo em decomposição…
Sob a liderança de NELSON KAUFMAN,
GRUPO VIVARA, que visitou sete países em busca de inspiração, durante poucos
anos a ETNA deu algum sinal de vida. Depois estacionou e hoje ingressa em
aparente e irreversível mergulho a caminho do fechamento.
Talvez, as tais das megalojas, com a
aceleração monumental do e-commerce, tenham perdido ainda mais a razão de ser.
As grandes livrarias, todas, naufragaram – CULTURA, SARAIVA, LASELVA – e a
TOK&STOK procede revisão radical em seu modelo e parte para lojas de porte
médio, com menos de 1.000 metros quadrados.
NO ESTADÃO, matéria da COLUNA BROADCAST, uma interrogação atrás da outra.
Textos do tipo, “Fechando lojas desde
o ano passado, a ETNA vive um momento melancólico de sua operação física. Em
seu site uma relação desatualizada de suas lojas, sem canais de comunicação
oficial…”, e por aí vai. Ou seja, o sintoma, ou, os sinais são, de abandono
total. Aparentemente, a família KAUFMAN jogou a toalha e espera por alguém
interessado em arrematar o que sobrou.
A ETNA, se tivesse analisado o mercado
a fundo, teria descoberto e constatado que o momento em que decidiu decolar,
era o momento que os demais players consideram a retirada e revisão radical do
modelo.
Nem lições como as da FNAC que já
agonizava quando a ETNA decolou, foram suficientes para chamar a atenção dos
investidores para o desatino.
Pela dimensão da loja, e o foguetório
no lançamento, a ETNA em sua loja de 12 mil metros quadrados – equivalente a
dois campos de futebol – era o grande comentário da cidade de São Paulo. De tão
grande, muitas famílias deixavam para conhecer a nova loja no final de semana.
Terminada a fatídica SÍNDROME DA EXPERIMENTAÇÃO, o esvaziamento aconteceu no
mesmo ritmo e velocidade.
No portal o MUNDO DAS MARCAS, a última
atualização sobre a ETNA é de fevereiro de 2020, vésperas da pandemia. Naquele
momento ainda mantinha 13 lojas e comércio eletrônico. Hoje, nem mesmo os
funcionários remanescentes da ETNA sabem responder quantas são as lojas. Mas, e
no máximo, restam cinco, com produtos faltando nas prateleiras…
Dentre os grandes equívocos da
história do varejo no Brasil, a ETNA merece um capítulo especial. E, triste.
O otimismo dos fundadores era de tal
ordem que decidiram escolher como denominação do novo negócio, a mesma do maior
vulcão da EUROPA. ETNA. Originário do grego, da palavra AITNA seu significado é
“EU QUEIMO”. Exatamente o que acontece com a ETNA neste momento.
PS – No final do mês de março a ETNA
anunciou, oficialmente, o encerramento de atividades.
8 – REFURBISHING MARKET
Muitos acreditam. Nossa sensação,
consultores da MADIA, é tratar-se de um dos mais de milhares de eventos da
chamada CAUDA LONGA.
Negócios econômicos de pouca expressão
e significado, mas que fazem muito barulho e entusiasmam os ingênuos de toda a
ordem.
A IKEA, a empresa que reposicionou
globalmente o business dos móveis, apostando no design e acessibilidade,
anuncia ter aderido de coração e alma, de armas e bagagens o business dos
reciclados, dos reformados, ou, como muitos chamam, do refurbishing business.
Desde a virada do milênio vem
avançando na recompra dos móveis que vendeu a seus clientes. Recupera, e põe
para circular, ou seja, vende de novo.
E aí, quando a conversa começa, muitos
e outros exemplos de importantes empresas que estão apostando na recuperação e
revenda dos usados como business.
Repito, a MADIA, consultoria, acha
tudo muito bonito, simpático, socialmente responsável, mas negócio de nicho, de
cauda longa, e que não deveria tirar a atenção das empresas de verdade.
Mas… as tentações, as luzes, e,
assim, SAMSUNG e APPLE reformando e revendendo smartphones, GUCCI E BOTTEGA
VENETTA, grupo KERING, apostando na VESTIAIRE COLLETIVE, um megabrechó
instalado e flutuando na digisfera.
Tudo muito bonito, tudo muito
elogiável, mas, como business…
9 – A ESTRATÉGIA DE UMA EMPRESA VENCEDORA
Está tudo publicado. No balanço anual
de uma das empresas referencias de nosso país. A NATURA&CO.
Vamos conferir:
A – “O plano da NATURA&CO de
estabelecer uma fortaleza regional na América Latina continua nos trilhos”.
Segundo os gestores da empresa,
“aprendemos com a NATURA importantes lições que nos ajudaram a construir um novo
modelo comercial adaptado para a AVON no Brasil. E que também e agora está
sendo implantado no EQUADOR, COLÔMBIA e na América Central…”.
Segundo os gestores: “as vendas
habilitadas digitalmente agora respondem por 50% das receitas totais da
NATURA&CO, graças ao enorme foco que demos à digitalização, ao longo de
2020 e 2021…”.
E, aqui, uma revelação: “A NATURA está
liderando o caminho do SOCIAL SELLING no grupo, reinventando o tradicional
modelo de venda direta para o mundo de hoje e para as novas gerações… Assim,
o ano foi marcado pelo lançamento do aplicativo AVON ON em 51 mercados,
permitindo que as revendedoras acessem conteúdo atualizado da marca, além de
ajudá-las a gerenciar e promover seus negócios com eficiência…”.
No relatório, e parte importante da
estratégia, diz, “fizemos progressos cruciais em nosso planejamento de entrada
na CHINA, com planos de lançamento da AESOP para o segundo semestre de 2022,
vindo na sequência a THE BODY SHOP…”.
E por aí vai.
Houve um tempo em que os relatórios e
balanços eram peças geladas, de pouco ou nenhum interesse, e através dos quais
as empresas cumpriam uma obrigação legal.
Hoje, as empresas modernas,
conscientes e responsáveis sabem tratar-se de peça de comunicação da maior
importância, analisada em profundidade e nos limites por todos os seus
stakeholders, claro, e além dos concorrentes.
10 – A GUERRA DAS EMPRESAS AÉREAS
Todas as demais empresas passam seus
dias tentando corresponder às expectativas de seus clientes, conquistar novos,
e defender-se de eventuais ataques dos concorrentes.
As empresas aéreas fazem isso, e muito
mais. Muito especialmente as que voam no Brasil. Passam parcela expressiva das
horas, dias, semanas, meses e anos, defendendo-se da avalanche de processos na
Justiça. Não existe nenhum outro país do mundo onde os serviços aéreos sejam
monumentalmente levados à Justiça como no Brasil. E com a pandemia, com os
cancelamentos recorrentes de voos, as estatísticas, enquanto os aviões
permaneciam estacionados em terra, foram, literalmente, para o espaço.
Além da queda desproporcional na
demanda, e em decorrência da pandemia nos últimos dois anos, as três empresas
aéreas brasileiras defendem-se nos tribunais do país de 216 mil processos,
decorrentes das ações ingressas exclusivamente em 2020 e 2021.
Anos atrás o Brasil tinha advogados de
plantão nas imediações das carceragens. Os mais que conhecidos e famosos
ADVOGADOS DE PORTA DE CADEIA.
Hoje tem mais advogados nos saguões e
terminais dos aeroportos do que na porta das cadeias e da Justiça.
Em declarações ao jornal VALOR,
EDUARDO SANOVICZ, presidente da ABEAR – Associação Brasileira das Empresas
Aéreas, disse: “o desafio que temos não está ligado à pandemia, mas ao ambiente
legal brasileiro…. De acordo com EDUARDO, hoje existem no Brasil mais de 30
sites de escritórios de advocacia que compram o direito dos passageiros em
processos, oferecendo os serviços de defesa em troca de um percentual…
E assim, às milhares de espadas com
que acordam, todos os dias, as três empresas aéreas brasileiras, segundo o
EDUARDO, “dados do Instituto Brasileiro do Direito Aeronáutico, 98,5% das ações
civis do setor em todo o mundo, tramitam no Brasil”. Em todos os demais países,
1,5%. No Brasil, 98,5%.
Conclusão, os balanços das empresas
aéreas brasileiras têm, como destaque, na rubrica provisão para processos judiciais,
um valor absurdo.
Na média das três empresas, cada uma
vem trabalhando com uma provisão anual de R$200 milhões…
Esse é o Brasil. E esse é o desvario
de se ter uma empresa aérea em nosso país.
Se nos demais países não é fácil, no
Brasil, as chances de sucesso, e ainda assim por um período de tempo, é de no
máximo, exagerando, 5%. Mas, volta e meia tem novos malucos empreendendo no
território…
DRUCKER´S MONTHLY
Hoje nosso mais que querido mestre
lembra a todos nós dos momentos cruciais e decisivos, onde a presença de um
líder de verdade, muitas vezes, é questão de vida ou morte. De vitórias
monumentais, ou de derrotas devastadoras…
Ensina o mestre: “o líder mais
bem-sucedido do século XX foi Winston Churchill. No entanto, durante 15 anos,
de 1925, a Dunquerque, em 1940, estava completamente colocado à parte e
desacreditado – pela simples razão de que as circunstâncias prescindiam de um
Churchill.
Só situações de rotina. Mas quando a
catástrofe chegou, felizmente, Churchill estava próximo e disponível. Mais cedo
ou mais tarde, em todas as organizações, chegará a crise. É nesse exato momento
que você precisa de um líder de qualidade”.
Sua organização tem um líder de
verdade?