O que milhares de pessoas jamais imaginaram um dia acontecer, de terem que voltar as suas bases, origem, raízes, cresce dia após dia nos grandes centros urbanos do país. Muitos de nós hoje, além de trabalhando de nossas casas, estamos resgatando a relação com toda a nossa vizinhança.
Rigorosamente, o mesmo que aconteceu e continua acontecendo com as pessoas que estavam distantes de seus países, e nos últimos 90 dias recorreram a seus países para voltarem.
Lembram, os apelos nos últimos 90 dias que testemunhamos de brasileiros no exterior esperando uma espécie de último avião para resgatá-los e trazê-los de volta. O mesmo vem acontecendo aqui, no Brasil, com brasileiros, moradores das grandes capitais, e que se decidem por retornar as cidades de onde vieram.
A revista Época foi atrás e documentou muitas dessas histórias.
O prefeito de uma das cidades da Bahia, Adustina, Paulo Sergio de Oliveira, do PSL, estima que mais de 500 migrantes retornaram à cidade nos últimos 2 meses. E dentre centenas de histórias, levantadas pela revista Época, a de:
- Francisco Antonio, que morava há 12 anos no bairro de Sapopemba, na cidade de São Paulo, perdeu o emprego no restaurante em que trabalhava e que fechou as portas, e decidiu voltar com a mulher, filho e sobrinho para a Paraíba, de onde veio…
- Ana Rosa da Silva, empregada doméstica, do sertão baiano a 400 quilômetros de Salvador. Há 12 anos em São Paulo, mãe solteira de duas filhas, decidiu retornar. Hoje vive na casa de sua irmã e que tem quatro filhos, numa casa de três cômodos. Disse: “Minhas duas meninas e eu dormimos no mesmo quarto que minha irmã e mais uma de suas filhas… É complicado…”.
- Dispensados do emprego, Silvia Rodrigues, auxiliar de limpeza, e seu marido, Antonio Agripino, auxiliar de pedreiro compraram passagem para o Ceará. O casal e uma filha de 15 anos viviam num apartamento no bairro de Alto Industrial, São Bernardo do Campo, decidiram voltar…
E por aí vai… Ainda não existe um cálculo preciso da dimensão da migração, mas estima-se em milhares de brasileiros que decidiram voltar às cidades onde nasceram. Seguramente, o maior movimento migratório dos últimos anos, talvez, de todos os tempos, e se a coronacrise permanecer por um tempo maior.
Assim como as crianças correm para o colo dos pais, muitos especialmente das mães, em situação de perigo e medo, todos, instintivamente, procuramos, sempre, e em situações de crise, pelas nossas raízes.