Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come

De certa forma, o que vem acontecendo hoje com a IA – Inteligência Artificial – faz parte da história da humanidade.

À medida que novas leituras, compreensões, entendimentos, converteram-se em formas e métodos mais eficazes, usando menos para produzir mais, organizando-se de forma mais racional o processo, em algum momento isso acabou por repercutir nos postos de trabalho, determinando uma redução significativa no correr das décadas, e mais adiante, anos.

E assim, e em ritmo moderato cantabile, a humanidade foi se movimentando. Deixando a terra, ocupando os galpões industriais, mais recentemente, os escritórios, e hoje, em decorrência da pandemia, trabalhando de suas casas.

Em cada uma dessas evoluções, o tempo foi diminuindo, mas e ainda assim, demandava, décadas para ter expressão econômica e humana. Agora, o papo é outro. É tudo para ontem.

Fala-se de forma mais consistente, com demonstrações acessíveis, sendo otimista ou benevolente, do início desta década para cá. E a cada novo dia, uma novidade.

Assim, e como não poderia deixar de ser, um dos assuntos dominantes no Retail’s Big Show 2025, o maior evento em todo o mundo sobre varejo, e tendo o Brasil com a maior delegação, com mais de 2000 profissionais, foi a IA – Inteligência Artificial.

E num dos momentos mais importantes do evento, conforme relato de Adriana Martins, do jornal Valor, a fala da VP da Nvidia, Azita Martin, em que, e relembrando uma declaração de Jensen Huang, CEO da empresa, que respondendo a questão, “O ChatGPT vai tirar nosso emprego”, disse, “O ChatGPT não vai tirar, mas alguém usando IA generativa pode roubar seu emprego”.

E é esse o dilema que hoje prevalece não apenas no varejo, mas em todas as empresas, em todo o mundo, e pode se converter na maior crise social dos tempos modernos.

Repetindo, de certa forma essas rupturas e evoluções vem acontecendo em toda a história da humanidade. E, como se diz, faz parte.

O que não fazia parte é que uma inovação ganhe graus absolutos de eficácia em questão de anos, meses. E é esse o desafio que o mundo enfrenta hoje.

Como amortizar ou atenuar os impactos devastadores, no curto prazo, de um monstro devorador de empregos chamado de IA, Inteligência Artificial.

Nada contra a IA, seguramente e até agora, uma das mais importantes conquistas da humanidade de todos os tempos. Que, no final do dia e dos anos, prolongará em muitos anos nossa expectativa de vida com saúde. Mas, que no curtíssimo espaço, provocará, repito, uma devastação.

Jensen Huang respondeu certo. De forma direta a IA não tira o emprego de quem quer que seja, mas, alguém usando IA, o concorrente de sua empresa, por exemplo, pode ser mortal para a sobrevivência da empresa onde você trabalha, num segundo momento.

Mas, o que Jensen HUANG não disse, é que antes de acabar com seu emprego, ou simultaneamente, reduzirá e em muito os postos de trabalho das empresas que se antecipam e adotam a IA. Depois, sim, e como decorrência, acaba com os empregos nas empresas concorrentes, até mesmo acaba com as empresas. Mas antes, e pela adoção e domínio, acaba com os empregos nas empresas que mais rapidamente aderirem à conquista.

Lembram, “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. É mais ou menos por aí.

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