Tag: #Abrasel

Negócio

O preço de uma estupidez

A mais que necessária Reforma Tributária, pela adoção de uma metodologia patética e burra, vai se convertendo num monstro disforme que consegue a proeza de desagradar a quase todos e causar o caos. Repetindo o que já disse. O maior objetivo dessa mais que necessária reforma, é trazer para o sistema tributário brasileiro, todos os ganhos decorrentes das conquistas tecnológicas, e alcançar, finalmente, a mais que necessária simplificação. Facilitar a vida de todas as pessoas – físicas e jurídicas – repito, pela simplificação do processo. Nessa primeira etapa nada de mexer-se em alíquotas e tributos. Apenas, simplificar, e fazer com que todos passassem a ver os chamados impostos com mais ou alguma simpatia e familiaridade. Mas não, os gênios da reforma decidiram fazer as duas coisas simultaneamente, misturando forma e processo conteúdo e mérito, e o caos está estabelecido. Ainda dá tempo para corrigir, mas a essas alturas, o monstro revelado é de tal complexidade e dimensão que já mobilizou todos os setores alcançados pelo descalabro. Na semana passada, por exemplo, quem se manifestou em tons mais que jocosos, foi a Abrasel – Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, em anúncio nos jornais. Disse, “O governo em sua busca insaciável por recursos, nos apresenta um paradoxo açucarado. O açúcar, aquele que adoça nossos cafés e bolos, é tratado como um inofensivo alimento da cesta básica, isento de imposto”. Mas espere, quando esse mesmo açúcar se dissolve em uma bebida, magicamente se revela um supervilão: um produto prejudicial à saúde, digno de impostos extras, o tal do imposto do pecado… E conclui o manifesto em forma de anúncio, denunciando e reclamando, “Então, da próxima vez que você adoçar seu café, lembre-se, o açúcar é o mestre da transformação. E o governo? Bem, ele parece estar mais interessado em arrecadar do que em resolver o enigma da obesidade…”. Cá entre nós, o anúncio em si é tosco e grosseiro, mas, todos os que vêm protagonizando essa tentativa tóxica de uma reforma administrativa metodologicamente caótica e equivocada – não apenas o atual mas, alguns governos – são mais que merecedores de todas as críticas e indignação. Mais uma vez, e como parece ser o anátema que paira sobre o Brasil, estamos perdendo uma ótima oportunidade de avançar, progredir e darmos um salto na modernidade. Continuamos ancorados na burrice e na mediocridade… Roberto Campos mais que certo, “O Brasil não perde oportunidades de perder oportunidades…”.
2
Negócio

A pisada de bola do Itaú

Todo o cuidado é pouco. Ao se analisar alguma forma de comunicação considerar não apenas seu phocus – a pessoa ou pessoas a quem a comunicação se destina –, mas também todos os demais stakeholders para não chutar a canela desnecessariamente de quem não tem nada a ver com isso e muito menos merece. O fato é que o Itaú pisou na bola. Com os dois pés! Meses atrás… Colocou no ar uma campanha para valorizar os serviços que presta, e estupidamente desancou todo um setor de atividades – bares, restaurantes e os milhões de pessoas que trabalham nesses negócios. E ainda com a agravante que aquele era o pior momento das últimas décadas desse negócio, e de milhões de pessoas… Conclusão, revolta generalizada. O maior banco do país comportando-se como comportam-se os canceladores de plantão nestes tempos de pandemia. Itaú cancelador: inaceitável! Provocada a revolta, imediatamente, mais que retirar a campanha do ar, o Itaú conseguiu a proeza de sumir com a campanha. Depois de devidamente denunciado e cobrado pela Abrasel, Associação que representa o setor e em comunicado assinado pelo seu presidente Joaquim Saraiva, e onde, dentre outras coisas, diz, “Todos sabem do verdadeiro extermínio que sofre o setor de restaurantes no País devido a pandemia, centenas de milhares de pequenos empresários perderam suas economias, milhões de trabalhadores perderam seus empregos, fornecedores e prestadores de serviços foram atingidos pelas tenebrosas consequências, que ainda persistem, em meio a tormenta, os estabelecimentos, corajosamente, tudo fazem para sobreviver, pagar suas dívidas, trazer seus clientes de volta, tocar a vida e ajudar a reconstruir o País. Foi nesse cenário que todos puderam assistir a uma publicidade do Banco Itaú nas estações de TVs e mídias sociais, mostrando que funcionários dos estabelecimentos tratavam os clientes com negligência, estupidez, desrespeito, desgastando a imagem dos estabelecimentos, o que sabidamente não corresponde à verdade, em especial nos dias que vivemos, quando o atendimento do cliente é cercado de todo tipo de atenção. Ao contrário disso, são comuns nas agências do banco as filas de espera, inclusive de pessoas idosas. A imensa maioria dos estabelecimentos que tentaram obter empréstimos no banco durante a pandemia não o conseguiram e os que conseguiram foi por dar garantias e aceitar juros abusivos, graças aos quais o Itaú faz bilhões de reais de lucro, mesmo durante a pandemia.” Além de tirar a campanha do ar, de recolher todo o material, o Itaú publicou uma nota pífia nos jornais do dia 8 de junho, tentando fazer um anúncio criativo e cheio de graça, com o título, e tripudiando sobre milhares de seus clientes comerciantes que ofendeu: “bares e restaurantes: nosso pedido hoje é de desculpas” … Tudo o que conseguiu foi escalar e multiplicar por 10 a indignação dos donos de bares e restaurantes, assim, como das centenas de milhares de trabalhadores desse território. Tudo o que deveria dizer é, erramos, e estamos pedindo desculpas, encarecidamente, e garantimos que isso jamais voltará a acontecer. Além claro, de despedir os irresponsáveis pelo absurdo. Apenas isso.
1