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Negócio

Pedro de Godoy Bueno, Empreendedor do Ano, CEO do Grupo Dasa, 32 anos

Um dia, o mais que querido amigo da Madia, Edson de Godoy Bueno, membro eterno da Academia Brasileira de Marketing, e fundador da Amil estava jogando tênis. Fevereiro de 2017, 74 anos. Dono da maior empresa de planos de saúde do Brasil, não dava muita importância a sua saúde. Cardiopata, sofre um infarto fulminante… “Como você pode imaginar, meu pai tinha acesso aos melhores médicos e hospitais… De certa forma foi uma das pessoas que criou um setor da saúde do jeito que é hoje, mas esse setor falhou com ele…”, disse Pedro, a Daniel Salles do jornal Valor. Pouco mais de um ano antes Pedro, 24 anos de idade, assumiu o comando do Dasa. Empresa fundada no ano de 2003, dona de uma soma de laboratórios – Lavoisier, Delboni Auriemo e Salomão Zoppi, mais 10 hospitais, e quinta maior rede diagnóstica de todo o mundo ‒ 247,6 milhões de exames e 973 mil atendimentos médicos em 2020. Em verdade, o negócio do pai do Pedro, Edson, era a Amil. Com a venda da Amil, em 2012, para a UnitedHealth, a família ficou megacapitalizada e, em 2014, arrematou 75% da empresa controladora do Dasa. Ao assumir o comando do Dasa, e com seu pai Edson ainda vivo, Pedro, formado em economia pela PUC-RJ, diz: “Meu pai era contra. Sempre quis que eu tivesse uma experiência executiva, achava que era um desafio muito grande para seu filho… Mas decidi encarar o desafio… Pensei, se tudo der errado, ninguém vai me culpar, porque tenho 24 anos. Vão culpar os loucos do conselho de administração que me colocaram aqui. Não tenho nada a perder… Ah, antes de aceitar a posição pedi carta branca a meu pai. Ele disse que daria, não acreditei, mas deu mesmo e de verdade…”. Hoje, mesmo ainda muito jovem, Pedro valoriza a trajetória que a vida e as circunstâncias determinaram a ele, “Você pode estudar gestão em Harvard, mas, na verdade, só aprende fazendo. É uma mistura de ciência e arte. Aprendi “on the job”. E por ter a clareza que estava em formação, desenvolvi a capacidade de ajustar a rota quando preciso. E deu certo…”. O que aconteceu com Edson, seu pai, e com um outro amigo, que de certa forma morreram podendo ter driblado a morte se fossem mais atentos aos exames, de certa forma definiu muito o reposicionamento do Dasa, e o nascimento da plataforma Nav, lançada em abril de 2021. Segundo Pedro, um dos desafios da medicina era, e ainda é, de certa forma, a fragmentação. Cada uma cumpre uma etapa e dá sua missão por encerrada. Por exemplo, feito um exame, tudo o que o laboratório tem a fazer é entregá-lo para o paciente… E assim muitos casos graves poderão permanecer adormecidos na memória de um computador, ou num exame não acessado… “Em nossa plataforma Nav pretendemos diminuir esse tipo de risco, essas fatalidades. Através da Nav e além de consultas on-line, agendar exames, ainda todos podem e devem consultar exames e compartilhar exames com médicos e parentes…”. “Nossos algoritmos, diz Pedro, conseguem detectar quando um paciente, por exemplo, está com câncer em estágio inicial e nos leva a tomar uma atitude. Podemos ir atrás do paciente ou do médico caso a caso, e oferecer o melhor tratamento a tempo, na hora certa… Hoje já são 450 mil pacientes cadastrados…”. E, Pedro lembra que o sistema de saúde – clínicas, hospitais, médicos – nasceu nas grandes guerras do século passado, e ganhava dinheiro tratando de doenças. Daqui para frente terá que se viabilizar prevenindo doenças – é melhor e mais eficaz em todos os sentidos impedir um pré-diabético de tornar-se diabético, do que lidar, mais adiante, com as consequências da doença… Quando Edson morreu, a Dasa não dispunha de nenhum hospital… “E aí nos deu o clique, diz Pedro. Tudo o que tínhamos vinha funcionando muito bem, mas isso não atendia na plenitude as necessidades e expectativas de nossos clientes, do usuário. Foi nesse momento que concluímos que nosso negócio não é fazer exame, é promover saúde…”. No final de sua entrevista, e olhando para o futuro, Pedro disse, “Daqui a alguns meses, em tese, a vacinação terá sido concluída. Mas o que vamos fazer com nosso país nos próximos 10 ou 20 anos? Falta uma narrativa para unir o país, e compete a todos nós escolhermos um novo líder para desempenhar essa missão…”. E pelo resultado das eleições, ainda não escolhemos o novo líder que nosso país mais que precisa. Quem sabe, na próxima. Depende de nós.
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