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Ovo tem marca?

Aparentemente, o pior que pode acontecer, caso o negócio não dê certo, é o Ovo ganhar uma marca. A marca da Granja Faria. Vou desde logo dizendo que eu, Madia, e que escrevi este comentário, detesto ovo. Não como ovo. Ainda na juventude, e para matar a fome, quando ia às aulas do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, no centrão velho da cidade, comia um bolinho de ovo, hoje mais conhecido como Bolovo, ou, numa versão mais sincera verdadeira, uma espécie de ovo empanado. Era o que cabia no dinheiro curto. Mas, vamos ao comentário e análise de uma decisão. Uma das maiores Granjas do país, a Granja Faria, que fechou 2022 com um faturamento de R$1,2 bi na venda de ovos, decidiu apropriar-se da proteína. Está lançando a primeira unidade de um restaurante cujo tema é o ovo, o Eggy, primeira unidade já funcionando e localizada no bairro do Itaim, em São Paulo, pretende abrir mais 30 lojas nos próximos cinco anos, e muito rapidamente colocar-se em campo para enfrentar as hamburguerias de todos os gêneros e marcas. Pelas declarações de amor que ouço de muitas pessoas minha primeira sensação ou tentação é dizer, tem tudo para dar certo. Mas, minha experiência de consultor, fala mais alto e corrige, claro, desde que planejado e realizado com qualidade. Em entrevista ao Estadão, a André Jankavski, Denilson Derigoni, declarou, “Queremos colocar o ovo como protagonista e também pretendemos entender os hábitos de consumo para criar novas receitas…” É essa a novidade. Uma novidade obvia, que até agora ninguém ousou, e que a Granja Faria toma a frente. Mas sempre lembrando que nem tudo são flores – claro, apenas ovos – na produção de ovos. No último ano, enquanto os produtores de ovos conseguiram aumentar os preços em 30%, os custos de produção, em decorrência de uma série de motivos e em especial a pandemia, subiram, 200%. Conseguirá, finalmente, a Granja Faria, colocar o negócio de Eggs Restaurants em pé, como um dia conseguiu Colombo? Difícil, mas não improvável e jamais impossível. Mas, um baita desafio…
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Aziz Jabur Maluf

Chegou ao Brasil no início do século passado. Libanês, de origem humilde, Aziz decidiu abrir uma pequena loja no mês de outubro de 1917, na cidade de São Paulo, no chamado hoje centro velho: esquina da rua Direita com Líbero Badaró. Vendia gravatas italianas, camisas finas, e ternos feitos de tecido importado da Inglaterra. A chamada elite da cidade vestia-se na Colombo. Durante décadas a Colombo permaneceu nesse mesmo ponto. Os homens mais elegantes da cidade vestiam-se na Colombo, e políticos famosos só compravam seus ternos, camisas e gravatas por lá. Dentre outros, Jânio da Silva Quadros. Nos anos 1990, os netos e herdeiros de Aziz decidiram multiplicar o negócio. Aproveitaram-se da abertura do Shopping Ibirapuera, em 1976, e nos anos 1990, abriram uma segunda loja. E de lá mais lojas pelo interior do Estado, pelo Brasil, e converteu-se numa rede nacional. Deixou de ser uma loja de artigos importados e preços caros, e passou a ser uma loja de preços populares e artigos básicos com qualidade. Mergulhou da classe A para a classe C. Pouco depois da virada do século, e ao completar 90 anos, em 2007, já era uma rede de 198 lojas em 23 estados brasileiros. Passou a trabalhar com roupas, calçados e acessórios para crianças e mulheres, também. A partir do início dos anos 2010, mergulha em forte crise recorre a recuperação extrajudicial e começa a fechar lojas. E chega a nova década, vem a pandemia, e a Colombo mergulha mais fundo na crise. Meses antes, os irmãos tentaram mais uma vez vender a Colombo, mas não foram bem-sucedidos. Meses atrás e com a perda de renda dos principais clientes da Colombo – classe C – as perspectivas sobre o futuro da tradicional e centenária organização são mais que difíceis. Em matéria no Estadão, e assinada por André Jankavski uma fotografia irretocável do momento que vive a Colombo. Diz André, “Os últimos anos da Colombo voltada para a venda de ternos e roupas para a classe C têm sido bastante difíceis. Mesmo antes da pandemia, a empresa já vinha sofrendo com quedas nas vendas e redução no número de lojas. Mas aí veio a crise do covid-19, e piorou tudo. Com os shoppings fechados, a empresa viu seu faturamento despencar 50% no ano passado. Das 434 lojas que a companhia tinha, sobraram 117 franquias. Diante do problema a empresa ingressou com pedido de recuperação judicial no ano passado…” É isso, amigos. Todos os negócios que tinham forte dependência das classes C e D vivem momentos de imensa dificuldade. Alguns de recuperação impossível. Foram as classes mais devastadas ou pela perda de emprego, ou pela redução dos salários, ou pelo fechamento dos pequenos estabelecimentos comerciais que tinham.
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