O primeiro é aquele que as pessoas reconhecem como primeiro. Ainda que, não tenha sido… E o melhor e sempre, o que as pessoas elegem como melhor… tudo o mais é decorrência.
Tanto quanto as árvores de natal, bolas, luzes, renas, Papai Noel, o panetone é o sinal, código, referência que remete, imediatamente ao Natal. De forma especial, em nosso país. Por culpa, mérito e obra de uma mesma empresa, a Bauducco.
Muitas são as histórias a respeito da origem do Panetone. Dentre todas, e pela graça da narrativa, a que ano após ano vai prevalecendo é a de que um dia, um padeiro, o Toni, funcionário da padaria Della Grazia na cidade de Milão, governada por Ludovico, O Mouro, entre 1452 e 1508, apaixonado pela filha de seu patrão, criou um doce para cair nas graças dele e inventou a iguaria. Que era pedida por todos os fregueses da padaria, como, o Pani de Toni.
Se essa dúvida resiste e persiste em termos globais, no Brasil não existe qualquer dúvida. Mesmo muitos alegando que anos antes algumas padarias já produziam uma iguaria semelhante, o fato é que o marco inicial da história do panetone em nosso país é o desembarque, no ano de 1948, do imigrante italiano Carlos Bauducco, trazendo em sua bagagem, cabeça e coração uma receita em que colocaria a responsabilidade do sustento de sua família. E sem o saber nem imaginar, das gerações seguintes.
Porém, essa preciosidade, também se encontrava adormecida dentro de Carlos, mesmo porque, sua missão em nosso país era outra… Carlos ao desembarcar era um representante comercial, originário da cidade de Turim. Veio cobrar uma dívida de um cafeicultor que importara uma máquina de torrefação de café. Conseguiu receber parte da dívida, apaixonou-se pela cidade de São Paulo, e nas comemorações de seu primeiro Natal por aqui reparou no pouco ou nenhum apreço que os brasileiros tinham pelo tal do “Pão do Toni…”.
E aí a receita dormente despertou, decidiu ficar, e assim começa a história do mais forte, obrigatório e essencial produto do natal brasileiro. O Panetone. Não, não qualquer Panetone. O Panetone Bauducco. Todos os demais, na cabeça e no coração da maioria dos brasileiros, mesmos os mais metidos, são contrafacções grosseiras…
Terminou o Natal do fatídico ano da pandemia. E o aroma do Panetone Bauducco segue nos supermercados, lojas, e, casas brasileiras. É o perfume do Natal. Ou, se preferirem, o Aroma do Natal e que ainda resiste até o final de janeiro.
Hoje, a Bauducco do representante comercial e imigrante Carlos, que nasceu em Turim em 1906, e partiu para sempre, imortalizado por sua obra monumental na cidade de São Paulo, em 1972, é uma empresa de R$ 3 bi de faturamento. Setenta anos depois é comandada por seu neto Massimo, tem 6 mil funcionários, e é, disparado, a maior fábrica de panetones de todo o mundo.
No correr dos próximos meses, e de suas três fábricas em Extrema (MG), Guarulhos (SP), e Maceió (AL), saem 75 milhões de panetones. A grosso modo, 1 para cada 2,5 brasileiros. E hoje, além da marca Bauducco, comercializa também com as marcas Visconti e Tommy.
Anos atrás, 2012, numa das reuniões da Academia Brasileira de Marketing, criação do MMM, e presidida pelo Madia, o acadêmico Marcelo Cherto, comentou sobre um projeto que sua empresa vinha fazendo para a Bauducco. E que em poucos meses nasceria com uma primeira unidade na esquina da Haddock Lobo com a Lorena.
No primeiro dia os consultores da Madia foram conferir a novidade. Nascia a franquia CASAS BAUDUCCO. Hoje, quase 9 anos depois, são 80 lojas franqueadas, e segundo Massimo Bauducco, em entrevista ao Estadão, serão 400 nos próximos 5 anos.
Assim, e para sempre, Bauducco confirma o que dissemos ao começarmos este comentário. O primeiro é aquele que as pessoas reconhecem como primeiro. ainda que, não tenha sido… E o melhor e sempre, o que as pessoas elegem como melhor… Tudo o mais é decorrência.
Em todos os infinitos concursos que se fazia no Brasil para saber qual era o melhor panetone, e onde participam panetones de docerias gourmets, com ingredientes mais que sofisticados, determinando que um panetone de 1 quilo chegue a custar de 3 a 5 vezes mais do que custa o Bauducco, o Bauducco ganhava de goleada.
Decisão, o Bauducco não concorre mais. É Hor Concours. Converteu-se na referência, no paradigma, na fita métrica, na cabeça e no coração dos brasileiros. E quando um produto converte-se em paradigma, em designação genérica de produto, torna-se imbatível, ascende a condição de Perennials, reina.
Isso posto, salvo acidentes de percurso ou imprevistos de última hora, Panetone, para a maioria dos brasileiros, em seus corações e mentes, na plenitude de suas capacidades olfativas, Panetone é Bauducco, todos os outros são simpáticas, inocentes e irrelevantes contrafacções.