10 anos de laranjinhas
Em muitos momentos os mais céticos acreditavam que o projeto de mobilidade urbana e sustentável patrocinado pelo Itaú Unibanco fosse pipocar e as instituições desistiriam, diante das primeiras e grandes dificuldades iniciais.
Não existia o hábito das pessoas alugarem bicicletas por curtos períodos de tempo. Sem falar nas características inóspitas das ruas da cidade de São Paulo. Mas, os patrocinadores não desistiram, como aconteceu com as empresas de patinetes, e o projeto está completando 10 anos, com números extraordinários, e uma nova iniciativa.
Sem dúvida, uma ação promocional complexa, que dá muita mão de obra, mas que hoje, e superadas as dificuldades iniciais, apresenta números exuberantes.
Hoje, as tais das laranjinhas integraram-se à paisagem urbana das cidades onde se fazem presentes. São Paulo, Rio, Salvador, Porto Alegre, Recife/Olinda, e ainda nas capitais da Argentina e do Chile.
Segundo os patrocinadores, são 14 mil laranjinhas disponíveis, que realizam 50 mil viagens a cada novo dia, evitando a emissão de 4 mil toneladas de CO2 a cada ano.
Como é do conhecimento dos usuários das laranjinhas, o custo da operação é rateado entre os patrocinadores e eles, usuários, na proporção de 70/30. E, mais recentemente, e a partir de toda a experiência adquirida nesses 10 anos, Itaú Unibanco lançam o VEC Itaú – assinaturas de carros elétricos por hora*.
O novo projeto já se encontra em “soft opening” e, uma vez aprovado, deverá ser lançado oficialmente até o final deste ano. No piloto inicial estão sendo utilizados 4 modelos de automóveis, e todo o acionamento dos carros é realizado pelos celulares.
De qualquer maneira, permanece a dúvida, sobrevive a pergunta: Vale a pena assumir riscos elevados – menos financeiros e mais de segurança, mesmo – considerando-se as características do negócio, e a topografia, conservação, e a falta de segurança de cidades e ruas das principais cidades…?
No entendimento dos consultores da Madia, e por mais meritória e institucional que seja a iniciativa, os riscos são desproporcionais, os benefícios pouco tangíveis, e, por decorrência, quase uma temeridade.
Por mais romântico e bonito que possa parecer.
*PS – semanas atrás, e em comunicado para a imprensa, o ITAÚ informou ter desistido do projeto.