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Uma entrevista instigante e devastadora

Meses atrás, Fernando Zancan, presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral, concedeu entrevista a Lana Pinheiro, da revista Dinheiro, e entortou a cabeça de muitos… De quase todos. Manifestou-se de forma definitiva e taxativa, “A solução para as questões climáticas não é acabar com os combustíveis fósseis, e sim, descarbonizar sua produção…”. Segundo Fernando, “Estamos sofrendo um escrutínio global por uma confusão de conceitos. Dentro do necessário processo de descarbonização da economia, há um entendimento errado de que é preciso acabar com o combustível fóssil. Pregam o fim da fonte, e não a solução do problema decorrente da emissão dos gases estufa. Os fósseis representam 80% da matriz energética mundial e, pela representatividade, viraram alvo. Assim, repito, a solução para as questões climáticas não é descarbonizar a cadeia. Temos de capturar CO2, armazená-lo ou dar outra destinação, planejando uma transição energética de um modelo de alto para o de baixo carbono sem destruir valor econômico nem social…”. Pouco provável, diante da altura e intensidade que alcançou a discussão, que agora a outra parte consiga ouvir as ponderações da Associação Brasileira do Carvão Mineral.
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Façam o que eu digo, não façam o que eu faço

Está lá, na Bíblia Sagrada, Mateus 23, Jesus, diz: “Os mestres da lei e os fariseus se assentam na cadeira de Moisés. Obedeçam-lhes e façam tudo o que eles lhes dizem. Mas não façam o que eles fazem, pois não praticam o que pregam”. Essa a melhor tradução e retrato dos dias em que vivemos, e em especial da patética COP 26. Enfiam o dedo na cara do Brasil, cobram-nos pela devastação da floresta, e pela emissão de carbono. São ótimos, cínicos, canalhas para cobrar. Mas fazer, não só não fazem como ignoram e tripudiam. A emissão de gás carbônico não para de crescer. E o culpado, definitivamente, não é o Brasil. O maior poluidor do mundo é a China, com 28% do total das emissões globais. Em segundo lugar, os Estados Unidos, que ocuparam a primeira posição durante 160 anos, e hoje perdem para a China. Os Estados Unidos respondem por 15% das emissões. E depois e na sequência vem Índia, Rússia, Japão, Irã, Alemanha, Indonésia, Coreia do Sul, Arábia Saudita, Canadá, África do Sul, e o Brasil aparece na 13ª posição. Mas, pelo destaque que a maior parte da imprensa nacional garante e dá, de uma forma burra e patética, ficamos com a sensação de sermos os maiores poluidores do mundo. Até quando vamos conviver com essa injúria, calúnia, difamação? Para que se tenha uma ideia do absurdo que é vendido pela imprensa brasileira aos brasileiros, os três maiores poluidores do mundo, Estados Unidos, China e Índia, recusam-se a conversar sobre qualquer tentativa de reduzir-se a emissão de carbono. Mas, para os idiotas do Brasil, somos os culpados. Brasil, um dos poucos países que preservou mais, ou destruiu menos, suas florestas. Como lembrou outro dia, com incomum propriedade, o jornalista José Roberto Guzzo, que escreveu, “A conferência mundial do clima não é apenas um fracasso, mas uma exibição incomparável de hipocrisia, vigarice e arrogância de país rico. A realidade é que os grandes geradores de poluição se recusam a poluir menos, não abrindo mão de seus hábitos de consumo e bem-estar. Só o Brasil precisa ser parado. Porque produz carne demais, soja demais, comida demais, e isso vai acabar com o planeta…”. Lembrando, a China emite 10 bilhões de toneladas de gás carbônico/ano. Os Estados Unidos, 5,2 bilhões. A Índia 2,6 bilhões. A Rússia, 1,6 bilhão. O Japão 1,1 bi. E o Brasil, na 13ª posição, menos de 500 milhões. Mas, o Brasil é o culpado. E, pior, a imprensa brasileira sabe-se lá por quais razões enfia a carapuça e nos asfixia de culpa. Inacreditável! Chega de patifaria.
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10 anos de laranjinhas

Em muitos momentos os mais céticos acreditavam que o projeto de mobilidade urbana e sustentável patrocinado pelo Itaú Unibanco fosse pipocar e as instituições desistiriam, diante das primeiras e grandes dificuldades iniciais. Não existia o hábito das pessoas alugarem bicicletas por curtos períodos de tempo. Sem falar nas características inóspitas das ruas da cidade de São Paulo. Mas, os patrocinadores não desistiram, como aconteceu com as empresas de patinetes, e o projeto está completando 10 anos, com números extraordinários, e uma nova iniciativa. Sem dúvida, uma ação promocional complexa, que dá muita mão de obra, mas que hoje, e superadas as dificuldades iniciais, apresenta números exuberantes. Hoje, as tais das laranjinhas integraram-se à paisagem urbana das cidades onde se fazem presentes. São Paulo, Rio, Salvador, Porto Alegre, Recife/Olinda, e ainda nas capitais da Argentina e do Chile. Segundo os patrocinadores, são 14 mil laranjinhas disponíveis, que realizam 50 mil viagens a cada novo dia, evitando a emissão de 4 mil toneladas de CO2 a cada ano. Como é do conhecimento dos usuários das laranjinhas, o custo da operação é rateado entre os patrocinadores e eles, usuários, na proporção de 70/30. E, mais recentemente, e a partir de toda a experiência adquirida nesses 10 anos, Itaú Unibanco lançam o VEC Itaú – assinaturas de carros elétricos por hora*. O novo projeto já se encontra em “soft opening” e, uma vez aprovado, deverá ser lançado oficialmente até o final deste ano. No piloto inicial estão sendo utilizados 4 modelos de automóveis, e todo o acionamento dos carros é realizado pelos celulares. De qualquer maneira, permanece a dúvida, sobrevive a pergunta: Vale a pena assumir riscos elevados – menos financeiros e mais de segurança, mesmo – considerando-se as características do negócio, e a topografia, conservação, e a falta de segurança de cidades e ruas das principais cidades…? No entendimento dos consultores da Madia, e por mais meritória e institucional que seja a iniciativa, os riscos são desproporcionais, os benefícios pouco tangíveis, e, por decorrência, quase uma temeridade. Por mais romântico e bonito que possa parecer. *PS – semanas atrás, e em comunicado para a imprensa, o ITAÚ informou ter desistido do projeto.
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