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Negócio

Tempo perdido, ou, remédio e gasolina não andam juntos

Vivemos um momento da história dos negócios onde se perpetram as maiores barbaridades, que quem pode mais ou menos pode mais ou menos, que todos acreditam poder fazer tudo, que quem vende bem um determinado produto também vende bem qualquer produto, e, assim, barbaridades vão sendo cometidas. No último ano da década que começou em 2011, com muitos players do varejo acreditando que vender remédios era um ótimo negócio, e que assim, era só fazer um puxadinho, já que tinham o fluxo de pessoas por outras razões e motivos, e tudo estaria resolvido. Como se Aspirina e Melhoral fossem abacate e couve. Acreditando que pau que bate em Chico bate em Francisco. E assim, e no final da década passada, tudo o que se viu foram fracassos monumentais e empresas tendo que rever suas decisões, enfiando o rabo entre as pernas, e saindo de fininho… Os supermercados literalmente naufragaram com seus puxadinhos e farmácias em anexo. Os bancos de investimentos que decidiram especular quando se deram conta da dimensão do pepino saltaram fora, e realizaram prejuízo. Foi o que aconteceu com o BTG, por exemplo, e que depois de apostar altíssimo, amargou prejuízo bilionário tendo que se desfazer de sua BR Pharma na bacia das almas. E mais pro final da década, e também, confessando o erro, o Grupo Ultra, dono dos Postos Ipiranga, e que comprou a rede de farmácias Extrafarma há sete anos por R$ 1 BI, reconsiderou, recuperou o juízo, e decidiu desfazer-se da suposta ótima e oportuna compra. Não era! É isso, amigos. Os fundamentos e princípios de todos os negócios, muito especialmente neste momento de disrupção, continuam mais válidos do que nunca. Claro, a disrupção é uma megaoportunidade, mas os princípios basilares dos negócios, que foram coletados, organizados e aperfeiçoados por nosso adorado mestre e mentor, Peter Drucker, permanecem vivos, válidos, e verdadeiros. Apenas lembrando e trazendo um exemplo mais que referencial. Dentre as loucuras que aconteceram no Brasil, no território das farmácias e durante a década passada, é sempre oportuno recordar que uma das maiores organizações do mundo, a CVS, decidiu colocar o pé em nosso país e fazer uma degustação, comprando uma pequena rede. A Onofre, com pouco mais de 40 farmácias. Isso foi em 2013. Aprendeu, e em julho de 2019, vendeu a Onofre para a maior das redes brasileiras, a RaiaDrogasil. Para muitos, a sensação é que não se tratou de uma venda, e sim de uma espécie de sinal, de adiantamento, de uma compra futura da RaiaDrogasil pela CVS. E assim, esperava-se a qualquer momento dos próximos anos que a CVS voltasse para valer, e comprasse a RD. E provavelmente assim seria, não fosse a Amazon no ano passado decidir invadir a venda de remédios nos Estados Unidos. Conclusão, todos os planos das grandes redes americanas de drugstores e farmácias encontram-se suspensos, enquanto não se conseguir dimensionar os estragos em decorrência da achegada da Amazon Pharmacy. Lembram, rigorosamente o mesmo que aconteceu com a maior rede varejista do mundo do comércio analógico, Walmart.  Demorou para descobrir o Brasil, ficou por aqui mais de duas décadas, jamais conseguiu sair de uma medíocre terceira posição, e no ano retrasado vendeu tudo e correu para defender seu território em seu país de origem, USA, totalmente invadido pela Amazon… Tempos de Murici, cada um cuidando de si, e cantando a canção de Caetano, “Meu amor, tudo em volta está deserto, tudo certo, tudo certo como dois e dois são cinco…”.
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As novas farmácias

Esbarrando em regulações, costumes, impedimentos, finalmente as farmácias cansadas de esperar pelo verde dos sinais das autoridades da saúde, e aproveitando-se das brechas e imprevisibilidades da legislação, vão avançando o sinal. Assim, muito rapidamente, a realidade das tradicionais farmácias em nosso país será completamente diferente do que foi até hoje. E parcela expressiva do atendimento médico genérico das chamadas doenças prosaicas ou do cotidiano, resolva-se com o médico de farmácia. Todos nós teremos um Dr. Antônio, Terezinha, Martha, Edson, que será o nosso médico de farmácia preferido. Ou, de confiança. O que a pandemia, de certa forma ajudou a entender e por decorrência acelerar, é que se as farmácias permanecerem na expectativa da autorização, num país onde legisladores sentam-se sob projetos e tribunais quando acionados vão colocando no final da fila, é que muitas vezes é melhor arriscar e correr os riscos inerentes do que permanecer esperando. Assim, e a chamada telemedicina, que patinava no mesmo lugar há duas décadas, com poucos meses de pandemia decolou de vez, e de forma irreversível. O mesmo vai acontecer com as farmácias e quem deverá sair na frente é a líder dentre as redes, a RD – RaiaDrogasil – com estudos e movimentos superavançados nessa direção. Com a ajuda da pandemia que, de certa forma disse a todas as pessoas: na maioria das situações os riscos seriam significativamente menores se as pessoas fossem atendidas nas farmácias do que nos hospitais. Ou seja, e de alguma forma, a farmácia vai migrando para se constituir num dos mais importantes braços da medicina preventiva. Outra tendência que vai prevalecendo, assim como acontece no território da alimentação com as Dark Kitchens, cozinhas fechadas ao público que só cozinham para o delivery, algumas redes estão optando pelas dark pharms em seus planos de expansão. Farmácias que só existem no digital e para entrega domiciliar. Uma das maiores redes, a 3ª e que só perde para a RD – RaiaDrogasil, e para a DPSP – Drogaria São Paulo e Pacheco – desistiu de expandir seus tentáculos em regiões onde não está presente através da abertura de novas farmácias, e preferiu migrar para as dark pharms. Assim, pretende fortalecer sua liderança no Norte e Nordeste do País com mais farmácias nas ruas e avenidas, e atacar com as dark pharms no Centro, Sudeste e Sul. Depois de todas as movimentações, e com as redes consolidadas, existe mais que a expectativa, a certeza que as grandes redes americanas voltarão ao Brasil com apetite redobrado. Muito especialmente a CVS que equivocadamente comprou uma pequena farmácia, arrependeu-se e deu marcha à ré. Esse erro, segundo seus dirigentes, não cometerá mais. Por outro lado, e com a chegada da Amazon no território das farmácias, talvez a CVS deixe seus planos para depois, na tentativa desesperada de defender seus territórios, e em seu país de origem, Estados Unidos da América.