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Negócio

O fim das linhas divisórias

Durante anos, décadas, o editorial e o comercial das publicações não se falavam. Qualquer encontro entre o Editor ou Redator Chefe, e o Diretor Comercial de uma publicação pegava mal. E assim seguia a vida. Com o passar dos anos e das décadas essa Chinese Wall foi se desfazendo, e, a forma de flexibilizar isso, até a virada do milênio era o chamado Publieditorial. Matérias pagas pelas empresas, submetidas previamente aos editores das publicações, e só depois aprovadas para ganharem vida sendo publicadas, mediante gigantescos avisos e advertências de tratar-se de material publicitário. Da virada do milênio para cá, com o advento das plataformas digitais, com novos usos e costumes, com a decadência da chamada mídia impressa – é suficiente lembrar-se o que aconteceu com a Editora Abril que chegou a ter 300 revistas, quebrou, e hoje mantém mal e precariamente menos de 10 – a flexibilização chegou ao limite máximo, se forçar um pouco mais quebra e as plataformas perdem por completo a credibilidade. Conclusão, as empresas jornalísticas decidiram assumir e passarem a oferecer o antigo publieditorial, agora rebatizado de Brand Content, e produzido por uma equipe de jornalistas, redatores e profissionais de comercialização dos próprios veículos de comunicação. Nos últimos 10 anos as duas equipes, jornalistas do editorial, e redatores e criadores do Brand Content conviveram a razoável distância e total respeito. E agora, as barreiras diminuem ainda mais. Meses atrás, e para começar no final de semana seguinte, e aconteceu, Valor anunciava um Caderno Semanal sobre o Mercado Imobiliário de Alto Padrão. A notícia estava no editorial de Valor, o caderno tem a denominação Imóveis de Valor, e a primeira edição circulou na sexta-feira, 15 de outubro, nas edições impressa e digital. É isso, amigos. Uma espécie de última e derradeira tentativa de estancar uma sangria de 30 anos, que vem minando as plataformas analógicas, muito especialmente aquelas que passam por papel, tinta, e distribuição física. Lembram de Edgar Allan Poe e seu corvo… Isso mesmo, e, infelizmente, nunca mais… Ou será que sobrevivem?