Tag: Estadão

Negócio

Histórias da pandemia: Contigo En La distancia só é bom no bolero

No Estadão de um domingo de meses atrás, e assinada pela jornalista Luciana Dyniewicz uma história simplesmente macabra. De um CEO prestes a completar um ano de empresa e até aquele momento permanecia distante fisicamente das pessoas que o contrataram, assim como da maior parte da equipe que comanda. É o pior melhor exemplo da situação patética que vivemos nos meses de pandemia. Então alguns poderão perguntar aos consultores da Madia, qual seria a outra solução? Não existe, é essa mesma, mas isso não impede de preservarmos nosso senso crítico e sensibilidade. A contratação de um novo líder é, seguramente, um dos três maiores desafios por que passa qualquer empresa ou organização. Quais são os outros dois? As opiniões divergem, mas sobre a contratação do líder é uma unanimidade. É um processo que leva meses, passa por duas dúzias de entrevistas, convivências profissionais, pessoais e sociais. Está se escolhendo a pessoa a quem se entregará a chave, o presente e o futuro, tudo. Tudo o que a empresa construiu, realizou e é, no correr de sua trajetória. E fazer-se isso exclusivamente através do vídeo, no tal do “Contigo En La Distancia” … só é bonito na música e no bolero… “Amada Mia, Estoy…” uma aberração. Mas, repetimos, em determinadas circunstâncias e condições da história e da humanidade, em muitos momentos só nos restam aberrações. Pedro Zannoni, conta a matéria, assumiu o comando da Lacoste no Brasil no mês de maio do ano retrasado, 2020. Diz ele, “Fazia parte do processo de integração uma viagem à sede da empresa, Paris, e na sequência, aos principais países da América Latina. Essa era a cartilha ou o combinado. Todas as apresentações foram feitas de forma online com os executivos da França e de países vizinhos, além dos funcionários do Brasil…”. Ainda Pedro, com educação e descomunal vontade, tentando encontrar alguma vantagem no processo. Diz, “O lado bom é que nesse período trabalhando de casa consegui dedicar mais tempo do que o usual para conhecer bem a forma de trabalho e a cultura da empresa…”. Tudo bem, mais que entendemos e valorizamos a tentativa do Pedro de encontrar algum sentido nesse processo. Mas cultura empresarial só se começa a ter um primeiro sentimento, ainda muito distante da compreensão, mergulhando de cabeça, corpo a corpo, num processo de meses, talvez anos… Presencialmente, corpo a corpo, olhos nos olhos, mãos dadas… Lembra, que nem no bolero. Em síntese. Perfeito. Se não tem zé vai com zé, ou, o ótimo é inimigo do bom, mas, acreditar-se minimamente que isso é bom é demais. É uma aberração, um lixo. Repito, não existia e ainda não existe outra alternativa. Mas, quando os tempos voltarem a um mínimo de realidade, determinadas coisas, quase todas, só tem uma única forma de serem realizadas garantindo todas as perspectivas de sucesso: presencialmente. Ao vivo e em cores. Pessoa a pessoa, lembram, como cantavam Tim Maia e Gal Costa. Juntos, presencialmente, “Eu preciso respirar / O mesmo ar que te rodeia / E na pele quero ter / O mesmo sol que te bronzeia / Eu preciso te tocar… / Eu preciso descobrir / A emoção de estar contigo… /E deixar falar a voz do coração… A propósito, e mesmo no bolero Contigo En La Distancia, se denunciava a impossibilidade absoluta de qualquer amor verdadeiro namorando por binóculos, lembram… “Es que te has convertido / En parte de mi alma, / Ya nada me consuela, / Si no estás tú también… Repetindo, “en la distancia”, nem mesmo na canção…
Negócio

A volta das marmitas

Quando o Madia chegou à cidade de São Paulo, sozinho, com 13 anos de idade, em fevereiro de 1956, vindo de Bauru, pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro, e desembarcando na Estação da Luz, foi morar durante meses, e enquanto aguardava pela chegada do restante da família, na pensão da tia Maria. Mais que querida tia, guerreira de muitos filhos e afazeres, que o acolheu na chegada a cidade. A pensão da tia Maria era na Avenida Angélica, onde dormia-se ao som dos bondes 14, 35 e 36; e três meses depois, Madia foi morar com o pais e irmãos, na rua São Vicente de Paula. Mesmo assim, e durante meses, e enquanto dona Julieta, mãe dele, ia se organizando, a família comia de marmita. Marmita que a adorada tia Maria preparava todos os dias, e ele ia buscar no almoço e no jantar. Agora, mais de 60 anos depois, as marmitas estão de volta. Com novas denominações claro, mas como produto compulsório que se impôs e valorizou, em decorrência da pandemia. Hoje, e também, e mais conhecidas como quentinhas. E os grandes restaurantes, sem outra alternativa, aderiram às quentinhas, e permaneciam no aguardo dos pedidos. Usando seus motoboys próprios, ou os serviços dos aplicativos. Agora, alguns restaurantes decidiram dar um passo adiante, e oferecer seus best-sellers não mais “quentinhos”, e sim, “congeladinhos”. E como via de regra têm em seu comando pessoas de extremo bom gosto, e conscientes do quanto custou construírem suas marcas, esmeram-se nos caprichos. O exemplo, o de Carla Pernambuco, jornalista que virou Chef consagrada, e que agora passa a oferecer a sua grande clientela, os principais pratos de seu consagrado cardápio devidamente congelados para serem estocados e servidos de acordo com a conveniência de seus clientes. Mais que óbvio, tudo no maior capricho. Embalagens encomendadas a designer que tem consciência e maturidade das diferentes missões das embalagens, claro, além de terem de encantar num primeiro bater de olhos. E como é de sua personalidade, característica e competência, Carla criou toda uma narrativa. Tipo, conforme declarou à coluna Direto da Fonte do Estadão, “Entregamos minhas receitas congeladas até o Polo Norte”, ou, “Agora também estou no negócio de comfort foods”. As velhas e queridas quentinhas ou marmitas agora na versão ou releitura comfort foods… E o positioning statement da Carla comfort foods, é, “Quebre o gelo, alimente seu urso interior…”. A pandemia, mais cedo ou mais tarde passa, algumas de suas decorrências, institucionalizam-se. Fornecer marmita, a partir de agora, também faz parte das competências de muitos dos consagrados restaurantes. Quem diria. Mas jamais, nem o mais fantástico dos restaurantes, chegará aos pés da marmita da pensão da mais que saudosa e querida tia do Madia, a tia Maria.
Negócio

Uma vez mais, a mesma bobagem de sempre: “teste às cegas”

Uma vez mais, e repetindo o que fez em anos anteriores, o Estadão, caderno Na Quarentena, foi atrás do melhor ovo de Páscoa 2022. E adotou como método a mesma bobagem que qualquer profissional minimamente competente, lúcido e esclarecido teria vergonha de utilizar. O tal do teste às cegas. Ou teste cego de ovos de Páscoa. Onde as pessoas, no caso, os jurados, sem saberem qual a marca, apenas comendo, ou “degustando” como gostam de dizer, escolhem aquele que, se ovo de páscoa não fosse ovo, se não tivesse embalagem, se não fosse exposto no ponto de venda, se não tivesse propaganda, se não tivesse o comentário das pessoas, ou seja, se não fosse nada, apenas um pedaço qualquer de chocolate, qual seria o melhor ovo de Páscoa… Socorro. Durante anos a revista Playboy fez essa bobagem elegendo o melhor uísque, vinho, champagne, vodca e outras bebidas mais, partindo do pressuposto que as pessoas adoram tomar vinho, por exemplo, escondidas, sem mais ninguém próximo, ou trancadas num quarto escuro, ou, com vendas nos olhos, sem segurar a garrafa nas mãos, sem ler o rótulo, sem esmerar-se na extração de uma rolha de cortiça de verdade, produzindo um mais que aguardado e familiar som… Socorro, novamente! A bobagem chamada de teste cego serve exclusivamente como um controle de qualidade dentro da fábrica, por degustadores especializados, e apenas para avaliar a textura, sabor e consistência da bebida, ou do ovo de Páscoa, e, ou de outros produtos. Mas, a bobagem, ou inutilidade, vai se sofisticando em decorrência dos limites impostos pela pandemia. E, assim, o Estadão teve que recorrer aos préstimos da Scuadra, empresa especializada no desenvolvimento de embalagens para os deliveries dos restaurantes, para criar uma embalagem que comportasse pedaços de ovos, que chegasse à casa dos jurados em perfeitas condições, garantindo consistência a bobagem… Ou seja, quebram os ovos e querem que cheguem com qualidade na casa dos jurados… Chamem a polícia, avaliaram um ovo sem formato de ovo e em pedaços… Teste cego do que quer que seja é uma bobagem infinita. Jamais tome decisões em sua empresa partindo do pressuposto que seu produto dirige-se exclusivamente as pessoas que por diferentes razões perderam a visão. A menos que você seja fabricante de bengalas, ou treinador de cães guia.
butnews

Março 2022

BUT – BUSINESS TRENDS 02/2022 – MAR/2022 Síntese mensal das principais movimentações, acontecimentos, registros no ambiente de negócios no Brasil e no mundo. Um trabalho de pesquisa, coleta de dados, análises e reflexões da equipe de consultores do MadiaMundoMarketing, a única empresa de consultoria em todo o mundo que tem em seu DNA a ideologia da Administração Moderna, o Marketing. Sempre sob a orientação e mentoria do maior dos mestres da gestão e dos negócios, PETER FERDINAND DRUCKER. 1 – QUASE TUDO, NO LIMITE DO RISCO DE VIDA, FICOU PARA DEPOIS Os tais dos chamados procedimentos eletivos, aqueles que em tese aguentam um pouco mais, que podem esperar mais uns dias, semanas ou meses, quase todos, foram postergados em função da pandemia que ocupou a quase totalidade dos leitos hospitalares do país. Assim, e muito especialmente depois das festas de final de ano, filas e filas de pessoas que decidiram esperar, até mesmo porque não existia outra alternativa, nos hospitais tentando recuperar o tal do tempo perdido. As chamadas medidas de prevenção, os tais exames regulares, literalmente caíram quase que a zero. Segundo as últimas pesquisas, 90% dos exames que se realiza para detectar tumores precocemente deixaram de ser realizados. – Assim como 62% dos transplantes de rins; – 33% de exames oftalmológicos; – 32,8% dos exames de acompanhamento do HIV; – 23,4% dos exames para detectar complicações vasculares, e; – 23% dos transplantes de coração. No total do País, os cálculos referem-se ao adiamento de 2,8 milhões de cirurgias eletivas. Que terão que ser realizadas no correr dos próximos meses, fazendo com que os hospitais voltem a ficar lotados. Ou seja, amigos, atenuada, e mais alguns meses, espera-se, encerrada a pandemia, todos tentando colocar em dia os procedimentos adiados no correr dos últimos dois anos. 2 – A CRISE DO PETRÓLEO CHEGA ÀS RELIGIÕES Não todas, apenas as que têm por hábito recomendarem a seus seguidores e devotos que acendam vela. Com a disparada do petróleo, o preço da parafina, derivada do petróleo foi junto. E assim, e nos últimos 12 meses, o aumento no preço da parafina – matéria-prima principal das velas – bate em 100%. As famosas e tradicionais velas de 7 dias, saltaram de pouco mais de R$ 3,00 e agora já estão batendo nos R$ 8,00. Em alguns supermercados de São Paulo, já são vendidas por mais de R$ 10,00. Conclusão: absolutamente distante da realidade, mas, e por falta de velas que caibam no bolso, muitos fiéis fazem suas preces e pagam suas promessas acendendo velas no digital. Em seus computadores, notebooks, e especialmente smartphones. Existem duas dezenas de aplicativos para APPLE, e ANDROID oferecendo velas virtuais de diferentes tamanhos, formatos e luminosidades. Um dos mais populares, o VELA para ANDROID, e VELA VIRTUAL HD para iOS, promete: “você pode interagir com o fogo virtual de forma realista. A chama é viva e se movimenta o tempo todo, passível de ser controlada pelo movimento do celular e ainda, sua chama pode ser apagada se você soprar de forma sensível e respeitosa no microfone de seu aparelho…”. Já para os aniversários, a recomendação é usar velas antigas, já usadas, e guardadas de recordação nas gavetas. Muito especialmente a com números. Comemora-se o aniversário e não se envelhece… 3 – 10 anos em 2 Na expectativa dos especialistas, o comércio eletrônico responderia por 20% das vendas de todo o comércio, apenas e a partir de 2030. Porém, veio a pandemia. Por questões emergenciais e de sobrevivência grandes empresas pisaram com os dois pés no acelerador, na medida em que a venda a distância e pelo digital passou a ser a única alternativa. As grandes organizações de varejo, as maiores, do dia para noite tiveram que fechar a totalidade das lojas. Ou, no mínimo, 80%. E assim, e diante dessa nova realidade, empresas como VIA, LUIZA, MARISA, C&A, RENNER, PERNAMBUCANAS, AMERICANAS, e todas as demais, viram-se diante de duas alternativas. Ou improvisavam e aprendiam a vender a distância correndo todos os riscos, ou, segunda alternativa, não vendiam. Agora, os números mais recentes traduzem de forma precisa e objetiva, essa espécie de crescimento improvável e a fórceps, ou, maturação, ainda que de afogadilho, mais que precoce. Até fevereiro de 2020, o comércio eletrônico não conseguira ultrapassar, em termos de participação, a casa dos 10%. Segundo medida tomada pela FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, e para sermos mais precisos, o recorde era de 9,2%. Em quatro meses, esse percentual saltou para 19,8%, e hoje, pode se dizer consolidou-se acima de 20%. Ou seja, de cada cinco vendas, uma acontece no digital e a distância. O número preciso aferido pela FGV no mês de junho era de 21,1%. Olhando-se por um outro viés, e também sobre as medidas tomadas pela FGV, o que se observa é que antes da pandemia, 49,7% das empresas pesquisadas jamais fizera uma única venda pela internet. O índice específico é de 49,2% vendas zero pelo digital. 4 meses depois, julho de 2020, esse percentual despencou para 29,4%. E, na última medida, junho de 2021, 20,2%. Em síntese, amigos, e como era mais que previsível na medida em que o comércio analógico, em quase a sua totalidade, fechou suas portas, e tendo que consumir, comer, beber, manter seus hábitos de higiene, e caprichar na beleza, não restou outra alternativa às empresas do que aprender a vender a distância, assim com as pessoas de aprenderem a comprar a distância. E segue a vida, agora, e já com uma nova realidade e que só tende a encorpar em todos os próximos anos. 4 – O FIM DA SÉTIMA ARTE Em artigo carregado de emoção e fortes sentimentos, MARTIN SCORSESE, apontado em pesquisa como o nono maior diretor de cinema de todos os tempos, de certa forma, faz uma espécie de necrológio da chamada SÉTIMA ARTE. O CINEMA, como arte, deixa de existir, dando lugar à, e, exclusivamente, diversão. SCORSESE nasceu no QUEENS, NOVA IORQUE, no dia 17 de novembro de 1942. Já fez de tudo no cinema – produtor, roteirista, ator, e consagrou-se como diretor. Em 2011, e em pesquisa realizada pelo THE GUARDIAN, foi considerado o segundo maior diretor de cinema vivo, atrás apenas de DAVID LYNCH. Descendente de sicilianos, acompanhou, como rato de cinema que era, todo o eclodir da NOUVELLE VAGUE, do REALISMO ITALIANO, e agora, em artigo no LE MONDE DIPLOMATIQUE, coberto de razões, declara terminada a SÉTIMA ARTE, o cinema como manifestação de arte, que acabou sucumbindo e naufragando diante de todos os novos formatos em que se inserem mensagens e narrativas, através de som e imagem. No final de seu artigo, onde finaliza seu diagnóstico, talvez autópsia, SCORSESE diz: “Tudo mudou – tanto o cinema quanto a importância que lhe é dada em nossa cultura. Assim, não é de espantar que artistas como GODARD, BERGMAN, KUBRICK e FELLINI, que outrora reinaram como deuses da sétima arte, com o tempo acabaram nas sombras da memória. No ponto em que chegamos não há como garantir o que quer que seja. Não há como confiar à indústria do cinema a guarda do cinema. Hoje deixa de existir o cinema e prevalece o divertimento visual. O verdadeiro cinema, obra de arte, é esmagada e desaparece nas plataformas de streaming. Assim, só nos resta reprocessar e redefinir nossas emoções. O que é cinema, e o que não é cinema. E rever a obra de FEDERICO FELLINI pode ser um ótimo exercício. Pode se dizer muitas coisas sobre seus filmes, mas uma coisa é certa: são cinema. Federico Fellini percorreu um longo caminho para alcançar a posição de obra de arte. E aí fica a pergunta, como qualificaremos ou definiremos OBRA DE ARTE daqui para frente? Recorremos à sabedoria universal contemporânea, mais conhecida como WIKIPEDIA. E que diz: “Obra de arte é toda a obra criada ou avaliada por sua função artística ao invés de prática. E por função artística, se entende a representação de um símbolo, do belo. Apesar de não ser esse seu principal objetivo, uma obra de arte pode ter utilidade prática. Pode consistir num objeto, composição musical, arquitetura, pintura, texto, apresentação, filme. No entanto, o que é considerado uma obra de arte depende do contexto histórico e cultural, e do próprio significado de arte…”. Nesse sentido, e considerando-se o novo contexto, o cinema como arte morreu. Ou no mínimo, e sabe-se lá por quanto tempo, permanecerá hibernado. SCORSESE tem razão. 5 – A AGIOTAGEM, NOVA FORMA DE INVESTIMENTO Todos nós investidores, ou rentistas como gosta de falar PAULO GUEDES, depositávamos nosso dinheiro em confiança nos bancos, que assumiam o risco de administrar, emprestar, cobrar juros, e dividir conosco, uma parte do resultado. Não tínhamos a mais pálida ideia de onde ia parar nosso dinheiro. Sabíamos apenas que tínhamos confiado ao BRADESCO, ITAÚ, CAIXA, BANCO DO BRASIL, SANTANDER, e outros. Agora, com as fintechs, com a queda dos rendimentos, com juros negativos, passam a ser oferecidos investimentos, ou aplicações, “peer-to-peer”. Podemos, usando as plataformas das FINTECHS, nos convertermos numa espécie de NOVOS AGIOTAS, ou, se preferirem, e dada a conotação negativa que tem a palavra agiota, em AGIOTAS DO BEM. E os novos AGIOTAS DO BEM, além de alcançarem melhores rendimentos, ainda têm um ganho emocional, na medida em que investem suas economias em empresas que têm enorme dificuldade em conseguir dinheiro nos bancos. Numa matéria sobre o tema, em O GLOBO, o depoimento de um AGIOTA DO BEM, “Claro que o retorno financeiro foi importante, mas, tão ou mais importante, o propósito. O fato de saber que estou ajudando um pequeno empresário a melhorar seu negócio, fazer a economia girar, e que não consegue empréstimos no sistema bancário convencional…”. De qualquer maneira, e mesmo sendo através da plataforma de uma FINTECH, esse tipo de empréstimo não está coberto pelo FGC – Fundo Garantidor de Crédito, que em caso de quebras garante investimentos de até R$250 mil, por CPF e instituição financeira, em aplicações na poupança, LCIs, LCAs, CDBs, e outros títulos. Se o tomador dos recursos não conseguir pagar, e mesmo sendo um AGIOTA DO BEM, quem emprestou, o tal do AGIOTA DO BEM, vai ter que assimilar o prejuízo. 6 – E AGORA, PRA ONDE VENTA O VENTO? Para a surpresa de muitas pessoas, e em coletiva de imprensa, no dia 21 de setembro de 2021, o GOOGLE, talvez a estrela maior do DIGITAL, anunciou ao mundo ter comprado o edifício empresarial ST JOHN´S TERMINAL, na ilha de MANHATTAN, região central, Rua Washington 550, com 120 mil metros quadrados de construção, pela bagatela de US$2,1 bilhões, em frente ao Rio Hudson. Onde a empresa já se encontrava, mas, como locatária. E onde trabalham, próximos, num prédio também alugado, no CHELSEA, 12 mil profissionais. Uma lufada de esperança numa ilha, MANHATTAN, que viu seus prédios de escritórios, onde trabalhavam todos os dias mais de 1 milhão de profissionais, esvaziarem-se e permanecerem trancados, pela pandemia. Assim, e o ano entre maio de 2020 e abril de 2021 caracterizou-se como o de maior desocupação de espaços de escritório da capital do mundo, New York City. Nos planos do GOOGLE, e ao retrofitar o St. John’s Terminal, a criação de espaços híbridos de trabalho com novos espaços integrando as pessoas à natureza. Assim, o medo que muitos tinham, e ao comprar o que alugava e confirmando sua intenção de permanecer no analógico, o GOOGLE dá forte e consistente sinalização que continua apostando no trabalho presencial, não obstantes todo o arsenal tecnológico que é possuidor. 7 – PERDA DE TRAÇÃO Todos se acostumando. Essa a expressão que será mais ouvida neste ano em todos os setores de atividade. Por uma convergência de sucessivas circunstâncias e fatores negativos, a suposta forte tração que constataríamos na economia do País vai ficando para trás, enfraquecendo. Todos os dias, nas principais plataformas de comunicação, esse o assunto mais comentado. Semanas atrás, por exemplo, uma empresa que em todos os últimos anos só prosperou e se revelava infensa a crises, a MRV, campeã absoluta nos chamados IMÓVEIS DE ACESSO, acusa sintomas mais que evidentes de perda de tração em seu funcionamento, e joga para o próximo ano algumas das esperanças e expectativas e decorrentes metas para este ano. Falando ao VALOR, seu presidente, RAFAEL MENIN, disse, “Com a alta da inflação e o PIB – Produto Interno Bruto – ainda em processo de recuperação, o mercado imobiliário perde um pouquinho da tração no curto prazo. Mas, a expectativa é de seguirmos com o crescimento nos próximos anos…”. No terceiro trimestre encerrado em setembro a MRV lançou R$1,65 bi, 10% abaixo do mesmo trimestre do ano passado. Todas as demais construtoras e incorporadoras, com duas ou três exceções, acusam e alegam a mesma perda de tração a partir da metade deste ano. 8 – ESTADÃO, ESTADINHO O centenário ESTADÃO, segue ESTADÃO na cabeça e no coração de todos os seus leitores e assinantes que se habituaram com o jornal, de bisavô, para avô, para pai, para filho, só que a partir do domingo, 17 de outubro de 2021, o ESTADÃO virou ESTADINHO. No tamanho/formato. Do ponto de vista do leitor, só vantagens, em termos de facilidade e praticidade de transporte e leitura. No entanto, e na medida em que seus principais concorrentes, FOLHA, O GLOBO, VALOR seguem no formato STANDARD, o formato menor, BERLINER, não deixa de causar, no mínimo, um estranhamento. Muito especialmente para os que compram ou assinam dois ou três dos quatro jornais. Não deixa de intrigar na cabeça das pessoas, uma instituição que durante décadas acostumou-se a chamar ESTADÃO, agora apresentar-se numa versão ESTADINHO. Sim, e definitivamente, design e forma continuam valendo e muito no processo de BRANDING. Mas, muito provavelmente, mais cedo ou mais tarde, seus principais concorrentes, repetimos, provavelmente, seguirão o mesmo caminho. FRANCISCO MESQUITA, presidente executivo e membro do Conselho de Administração do Estadão, em entrevista à BÁRBARA SACCHITIELLO, do MEIO E MENSAGEM, posiciona este novo movimento do mais tradicional jornal brasileiro: “Parte de um processo de um conjunto de ações que visam transformar a empresa em uma NEWSTECH…”. Vamos conferir e refletir sobre algumas das declarações daquele que é carinhosamente chamado pelo mercado de CHICO MESQUITA. – SOBRE A ESSÊNCIA “Somos uma empresa jornalística, não abrimos mão de nosso core, de tentar impactar positivamente o País, mas utilizando as tecnologias que hoje estão à disposição. Depois de analisarmos todas as plataformas, concluímos que não é suficiente estar presentes nesses ambientes, mas, sim, disponibilizando um conteúdo de acordo com cada plataforma. Da mesma forma como procedemos com os produtos digitais fizemos cinco pesquisas para conhecer como os assinantes consomem o conteúdo no formato impresso e tradicional. E isso resultou numa mudança de formato, menor, onde a visão do produto segue vertical, porém mais adequado e moderno em relação à vida das pessoas.” – O FIM DAS FRONTEIRAS “Ao longo de nossa história, sempre nos defrontamos com novas maneiras de as pessoas terem acesso à informação. Com o rádio, televisão, cinema, TV por assinatura, e nós tivemos poucas oportunidades de entrar em cada uma dessas possibilidades.  Já o digital nos permite participar de forma mais competitiva. Estamos nos transformando numa empresa jornalística multiplataforma, de uma maneira mais próxima da sociedade, com a capacidade de atuarmos mais nacionalmente e sem as barreiras dos elevados custos de logística. Hoje é possível escalar sem fronteiras…”. – PRINCIPAL OPORTUNIDADE “A grande diferença entre o analógico e o digital é a possibilidade de escalar. Em nosso caso, somando conteúdo de qualidade, tecnologia, e pessoas adequadas, podemos ambicionar um volume de assinantes muito maior. Se hoje o ESTADÃO, entre impresso e digital, tem 200 mil assinantes, pensar em 500 mil não é impossível…”. – OS DESAFIOS DO IMPRESSO “Não é mais viável entregar jornal em qualquer lugar do País, ou até mesmo e somente no Estado de São Paulo. Os custos de logística são muito altos. No entanto, na cidade de São Paulo, temos uma população muito grande, com alto poder executivo e elevado nível de educação. Se tivermos um produto adequado com preço certo existem chances de crescimento. Mas ainda esbarramos num teto que é a idade das pessoas. As novas gerações não foram criadas consumindo produtos impressos; e sim, digitais…”. – A BUSCA PELOS ANUNCIANTES “Estamos conseguindo capturar resultados mais rápidos no mercado publicitário. Deixamos de vender uma página ou um banner no site e estamos nos aproximando cada vez mais da marca e dos negócios de nossos clientes. Criamos uma estrutura chamada BLUE STUDIO para trabalhar junto com as agências e com os anunciantes. Para apoiá-los na exposição de conteúdo através de nossas plataformas. Estamos muito felizes com os resultados dessa área. Trata-se de um trabalho mais consultivo, de parceria, e mais transacional – veículo, agência, anunciante, e onde atuamos como parceiros desde a concepção da ideia…”. – TRANSFORMAÇÃO E MUDANÇA “As histórias de sucesso em todo mundo são casos de transformação e não de mudança. Na mudança tento deixar de ser A para ser B. Na transformação sou A e vou me transformando em B, procurando preservar ao máximo tudo o que já foi conquistado, e, simultaneamente atraindo novos mercados. Esse é, ao mesmo tempo, o segredo ou receita, e o desafio…”. É isso, amigos. De novo, o ESTADÃO, agora no formato “Estadinho”, talvez em sua mais corajosa mudança, dentre todas que realizou em sua história. Votos de sucesso, toda a torcida dado sua importância à historia da democracia  em nosso país, mas, essa credencial é uma ótima credencial, mas não garante nada. Estadão, Globo, Folha, e outras empresas jornalísticas, ainda e por muitos anos, na tentativa de um atalho, de uma forma digna, consistente e sustentável, em busca de um lugar no Admirável Mundo Novo. 9 – VIDA DE ENTREGADOR, NO MUNDO DO DELIVERY O mundo do delivery já existia. Apenas, era menor e mais tranquilo. Com a pandemia, como acontece nos tempos de hoje, escalou. Agora temos um exército de milhares de brasileiros que vivem de seus desempenhos em motos, bicicletas, patinetes e celulares nas mãos, como ferramentas de trabalho. De certa forma, e mesmo sendo o que temos para hoje e para atenuar o desemprego, não deixa de ser uma espécie de VIDA DE GADO, da música do Zé Ramalho: “Vocês que fazem parte dessa massa, que passa nos projetos do futuro. É duro tanto ter que caminhar e dar muito mais, do que receber. E ter que demonstrar sua coragem, à margem do que possa parecer…”. Numa matéria espetacular de duas páginas no novo ESTADÃO, agora compacto e carinhosamente chamado de ESTADINHO, BRUNO ROMANI, no texto, e TIAGO QUEIROZ, nas fotos, revelam a realidade. Nem triste, nem trágica, nem lamentável, e glamour zero; apenas a realidade. Tudo o que a dupla queria era mostrar a realidade dos celulares dos entregadores dos serviços de delivery. Mas, por querer, ou sem querer, e além daquilo que levam nas mãos, revelaram os braços, os corpos, a vida. Em termos de números, e na média, um entregador fatura por mês em torno de R$ 2 mil. Claro, dependendo do quanto aguenta trabalhar. Das empresas de delivery, tipo iFOOD recebe R$5,00. E o grosso, ou maior parte, vem das gorjetas, e excepcionalmente, de promoções realizadas pelos aplicativos. E quase todos trabalham com um celular médio, na casa dos R$ 1 mil e poucos. Até a matéria do BRUNO e do TIAGO olhávamos para esses entregadores de bicicleta e moto não respeitando os sinais e acelerando, com um certo sentimento de revolta, até mesmo raiva pela forma irresponsável como se comportavam no movimento. Não chegamos, com raríssimas exceções, a xingar nenhum deles. Hoje, depois da matéria, respiramos fundo e, total respeito. Continuam atropelando a vida, os sinais, as regras, mas, não gostaríamos nem por mil dinheiros de estar no lugar deles. Lembram, “vida de gado, povo marcado, é povo feliz”. É? Terminamos trazendo três depoimentos da matéria. – “Quando encontrou a reportagem, KAWANE BIANCA, 24, não tinha ainda pagado a primeira das 12 parcelas de R$100,00 de seu MOTO E7. Pouco tempo antes caiu na ciclofaixa da FARIA LIMA ao passar num desnível de pista com o patinete que aluga do iFOOD. Diz, “fiquei três dias com dor, mas não fui ao hospital. No tombo a tela do meu J5 trincou, e o celular começou a ficar lento. Minha amiga falou que podiam me bloquear, então, parcelei um celular novo…”. – “Romarinho, ERICK NOGUEIRA, 21 anos. Também com um MOTO E7, recém-comprado, e o terceiro na sequência. Diz ROMARINHO, “O primeiro caiu e parou de funcionar e fiquei uma semana parado. No segundo entrou água de chuva e estragou. Fiquei um mês parado até comprar este terceiro…”. – O terceiro depoimento é de GUILHERME, que não aparece na matéria, apenas a foto de seu celular com a tela queimada por infiltração de água. GUILHERME HENRIQUE, 20 anos, diz, “começo a trabalhar às 11h. Meu SAMSUNG J7 está com a carga total. Quatro horas depois faço uma pausa para o almoço e a carga está em 45%. Para voltar a trabalhar preciso recarregar… Uma vez estava na rua do cliente e fiquei sem bateria. Lembrava apenas que seu nome começava com M. Fiquei chutando para o porteiro até acertar…”. E aí vem e fica a pergunta martelando em nossas cabeças, É ISSO MESMO? 10 – NOME E SOBRENOME DE RESPEITO A marca WALITA foi construída no correr de décadas, em caravanas mais que aguardadas que todos os anos visitava as principais cidades do País com a sua ESCOLINHA WALITA. A WALITA, na cabeça de muitas avós de hoje, não apenas inventou o liquidificador, assumiu a responsabilidade de ensinar a todas como usá-lo, régua e compasso, receitas e treinamentos. E, um dia, ganhou um sobrenome global, PHILIPS, outra marca construída durante décadas no coração da família brasileira, e onde, durante muitos anos, o único canal de contato com a vida e com o mundo era através dos rádios Philips, que ocupavam um lugar de destaque nas salas de visita, e onde as famílias se juntavam para ouvir o REPÓRTER ESSO, pela Rádio Nacional, todos os dias, às 18h. 2021, uma nova realidade. Todos os serviços que ficavam concentrados em meia dúzia de aparelhos da PHILIPS e concorrentes pulverizados, milhares de novos concorrentes, e as duas marcas lutando bravamente para preservarem uma parte do mundo que construíram e conquistaram e a caminho de 100 anos. SILVIA TOSHIE TAMAI é a head of marketing para a América Latina da divisão de produtos para casa da PHILIPS e foi entrevistada pela KELLY DORES, do PROPMARK. Na entrevista, algumas revelações. – DEMANDA DOS CLIENTES “Em nossos produtos para os lares e para as famílias temos uma linha muito forte. Através de pesquisas, descobrimos, por exemplo, a necessidade de um liquidificador com uma jarra inquebrável. E que ainda possibilitasse uma melhor limpeza com a remoção das lâminas. E foi o que fizemos. Uma nova jarra, inquebrável, com outros benefícios adicionais. E comunicamos as novidades de forma irreverente com a presença e testemunhal de AMANDA RIBAS, uma das principais lutadoras globais do UFC. Mulher, que passa a certeza da robustez, agregando ainda a componente diversidade, e alcançando um público mais jovem… Ou seja, um casamento ideal…”. – O DESAFIO DOS MAIS JOVENS “A PHILIPS WALITA é, indiscutivelmente, a marca líder, quando se fala em imagem de marca, em todas as faixas etárias. Mas, nas faixas mais jovens, 25 a 35 anos, não tem a mesma performance que alcança junto ao público mais velho. Assim, nossa comunicação tem procurado aproximar-se de maneira mais forte e consistente com os principais valores dos mais jovens: saúde, bem-estar, e esporte…”. – COMPROMISSO COM A INOVAÇÃO “O liquidificador segue sendo um ótimo exemplo. A PHILIPS WALITA é a única que oferece um liquidificador com jarra que não quebra. Antes, o consumidor, quando a jarra quebrava acabava conformando-se em comprar um novo liquidificador. Era mais interessante. Isso é ruim para o consumidor e péssimo para a natureza que vê um lixo plástico avolumando-se. Fomos atrás da empresa que produz o polímero para as janelas dos aviões. Encomendamos uma jarra que não quebra… Outro exemplo é o AIR FRYER, mais uma inovação da PHILIPS WALITA. Depois a concorrência veio atrás, mas a tecnologia AIR FRYER está patenteada. Os concorrentes podem copiar nome e formato, mas o que está por trás, a tecnologia, não, tem proprietário, e somos nós. E a próxima inovação é a de um novo processador que as pessoas personalizam com os acessórios que mais precisarem…”. – OS DESAFIOS DE SILVIA TAMAI No final da entrevista, KELLY DORES perguntou à SILVIA quais os principais desafios que a ela foram colocados quando assumiu a posição de head do marketing da América Latina. Diz, SILVIA: “Meu maior desafio, ou, principal missão, é a de preservar e fortalecer tudo de bom e forte que a marca construiu em 82 anos. Um portfólio completo, entregando sempre inovação e qualidade, tendo o consumidor no centro de todas as decisões, e, gradativamente, aproximar a marca dos mais jovens…”. DRUCKER´S MONTHLY Chegamos ao final desta edição com a oração e aprendizado de hoje, segundo nosso adorado mestre e mentor PETER DRUCKER.         Diferente dos trabalhadores da terra, das indústrias, e até mesmo os dos escritórios e serviços, o fator motivador dos TRABALHADORES DO CONHECIMENTO é outro e bem distinto. Conforme nos alertou nosso adorado mestre, antes da virada do milênio, quando escreveu: “Sabemos, há no mínimo 50 anos, que o dinheiro por si só não é motivação para um melhor desempenho. Mas, sua insuficiência, desmotiva. O que verdadeiramente motiva os trabalhadores do conhecimento é o mesmo que motiva os voluntários. Alcançar maior satisfação com seu trabalho que os trabalhadores remunerados. Precisam de desafios, de conhecer a missão da organização e nela acreditar, de treinamento contínuo, e de ver e alcançar resultados.” E, dia após dia, o único tipo de trabalhador que resiste e sobrevive é o trabalhador do conhecimento…
Blog do Madia

Diário de um Consultor de Empresas – 21/01/2022

ESMOLA, TROCO, BACIA DAS ALMAS, CALA BOCA… Simplesmente patético e pífio o valor pago pelo FACEBOOK para aquietar as principais plataformas de comunicação impressa do país. Quase dinheiro de pinga.
Blog do Madia

Diário de um Consultor de Empresas – 15, 16 e 17/01/2022

MANCHETE PATÉTICA E CONCLUSÃO EQUIVOCADA. Para o comando das empresas, o melhor, o único critério, permanece sendo, escolher profissionais, além de competentes, líderes por natureza. E, jamais, por especialização.
Negócio

Ilusão de ótica, ou, erros clássicos e recorrentes das pesquisas

Nos jornais de um final de semana de pandemia veio a informação de uma queda significativa na frequência dos fiéis nas igrejas. Segundo as notícias, em algumas igrejas, a queda era superior a 70%. Em matéria no Estadão, por exemplo, depoimento de um dos fiéis, Alzir Cardoso, 62 anos… “O movimento diminuiu bastante. As pessoas estão assistindo à Missa em casa com medo do contágio e preferem rezar seguindo as transmissões pelas redes sociais”. E aí, e olhando para a Igreja, muitos apontam um fato positivo, concluindo e dizendo, “Agora testemunhamos um comparecimento maior dos jovens, temos mais jovens frequentando a igreja…”. Em toda a nossa vida de consultores cansamos de ver erros monumentais na tomada de decisão, por percepção equivocada e semelhante nas empresas. Em verdade não existem mais jovens frequentando a igreja. Apenas e que, com a ausência e diminuição gigantesca dos idosos, os mesmos jovens de antes agora passaram a ser vistos, dando a sensação que o número deles cresceu… Esse é um erro clássico que muitas empresas e pesquisas cometem. Esquecem-se ou não estabelecem a comparação verdadeira com uma referência consistente. Mais ou menos como olhar dentro de uma pequena geladeira de sorvetes e depara-se com uma grande quantidade de sorvetes de Morango e concluir-se que agora é o sabor preferido. Não é. Apenas que os sorvetes de Coco, Limão e Abacaxi acabaram… Com a ausência dos idosos, agora é possível de se ver mais jovens nas igrejas. Não aumentaram em quantidade. São os mesmos de antes. A igreja segue não atraindo os jovens…
Negócio

Conclusões precipitadas, ou, o futuro a Deus pertence…

Lembram-se dessa frase? “O futuro a Deus pertence”? Valia tanto para os crentes como para os agnósticos. A partir de um determinado ponto, e diante das pessoas, empresas, organizações terem esgotado todas as possibilidades, crentes entregavam a Deus, e os agnósticos à sorte e à fortuna. E aí veio a pandemia. Superado o pior momento, todos os dias em todas as publicações, supostos especialistas que se sentem à vontade para dizer como será o futuro. Sobre alguns comportamentos e manifestações é possível formular-se algumas hipóteses. Sobre todas as demais, especulações precárias, pretenciosas, arrogantes, e acima de tudo, burras. Assim, que ninguém conclua o que quer que seja por enquanto. Todos os novos comportamentos e manifestações decorrentes da crise precisarão de um ou dois anos, para conferirmos se vieram pra ficar, ou são apenas resíduos que o tempo elimina. Só depois de superada definitivamente a crise, para aferirem-se suas eventuais e possíveis consistências. Se vieram para ficar, ou foram apenas brisas de verão, ou, soluços da pandemia. Mas, desocupados de todo o gênero desenvolvem as teorias mais irrelevantes possíveis, e desprovidas de qualquer grau de consistência. Tipo, por decorrência do que afirmam com a convicção dos medíocres, a morte dos carrinhos dos supermercados… Meses atrás muito se comentou sobre as tais das “Novas Certezas” sobre tudo e todos. Coisas do tipo, “Novos produtos sem toque é o must daqui para frente…”. Meu Deus, tudo o que queremos e fazemos naturalmente é tocar, pegar nas coisas, nas pessoas, na vida, e agora teremos que comprar todos os produtos apenas olhando: de perto e de longe? Ou, “Provadores virtuais”. Socorro! Simulação de provadores no digital, um horror, mas, ok. Nas lojas, qual o sentido de se ir a uma loja se não pode tocar o produto, provar o sapato ou o vestido, sentir o cheiro do perfume… Nessa linha patética de raciocínio, muito brevemente, essas mesmas pessoas que preveem e advogam essa estupidez nos recomendarão visitar os restaurantes apenas para olhar as comidas, e irmos aos supermercados só para matar a saudade dos tempos em que víamos, mas podíamos pegar e colocar no carrinho, os produtos das gôndolas. Mais ainda, profetizam o fim dos carrinhos! Ou, e ainda, que lojas vão se converter em minicentros ou terminais de distribuição. Esquece, provisoriamente, diante da fragilidade dos Correios, as lojas aproveitam algum espaço vazio para quebrar esse galho, mas, quem comprar a distância, vai querer receber seus produtos em casa, e quem comprar presencialmente, compra e leva consigo na sacola ou saco, ou recebe em casa dias depois como são nas compras de geladeira, fogão, televisores e assemelhados. Loja é loja, e terminais de entrega são serviços completamente diferentes e antagônicos. Ou, agora as pessoas vão trabalhar nas lojas… Parece que não ouvimos ou lemos direito… Mas, é isso mesmo, está em matéria recente no Estadão, “Além de oferecer a oportunidade para o consumidor experimentar produtos, a loja física também pode ser um local para o cliente ter acesso a serviços, como conserto de bicicleta, ou espaço de trabalho com internet ultrarrápida disponível…”. Talvez fosse melhor trabalhar nas árvores, nos galhos mais altos… Sem comentários. Pior que a pandemia da Covid-19, é a pandemia de estultices e ignorância para a qual nem existe e nada se faz para uma vacina urgente. Para ontem.
Negócio

Bom de classe, é, também, bom de vídeo? Nem por milagre…

A pandemia, como temos comentado com vocês, escancara o que funciona bem em tempos anormais, em relação ao que funcionava bem nos tempos da chamada normalidade. Lembram, nas comidas por delivery o que alguns chefes de cozinha descobriram e nós comentamos com vocês? Que alguns pratos funcionavam bem para viagem, e outros literalmente eram um desastre e convertiam-se numa gororoba. Os tais pratos bons para viagem… Esse tipo de constatação com o passar das semanas foi revelando-se em todas as demais coisas, e em decorrência das mudanças compulsórias. Ou se passava a fazer de uma forma nova e possível, ou pura e simplesmente não se fazia. E isso impactou fortemente no ensino. Saltamos do ensino presencial direto para o ensino a distância, que apenas e ainda e timidamente engatinhava, em tudo e para tudo como se esse milagre fosse possível. Bons professores em classe revelaram-se e revelam-se lamentáveis e entediantes no a distância. Mas, como não havia tempo, Zé virou José que virou Mané que virou Menelau… No início, e diante da surpresa e necessidade, todos os alunos, dos pequenos aos mais velhos foram engolindo. Poucas vezes com prazer, algumas vezes com água e extrema boa vontade, e na maioria das vezes com raiva e revolta. Como se diz no popular, já que não tem Zé vai com Zezé mesmo, e conscientes que não adiantava reclamar, nem com os pais, nem os mais velhos com as escolhas, nem com o mundo e muito e menos ainda com Deus, os alunos decidiram proceder aos ajustes por conta própria. E assim foram desenvolvendo diferentes formas de tragar o intragável. Conclusão, cada aluno passou a gerenciar o conteúdo que recebia a distância de acordo com sua disposição temporal e emocional. E uma nova prática foi prevalecendo. A de tentar corrigir em casa, as deficiências das aulas e dos professores. E milhares de alunos desenvolveram a técnica de acelerar aulas. Como assim, perguntará você, o que é acelerar as aulas? Enquanto pelas limitações da pandemia a vida desacelerava-se, pelas chatices de muitos professores – heróis não têm culpa, não foram preparados e nem levam jeito – as aulas e o ensino virou uma espécie de bit acelerado, como cantava a música. Nas pesquisas realizadas muito especialmente com os jovens, a justificativa, ou, defesa… “A decisão de assistir as aulas no modo acelerado possibilita em primeiro lugar manter a atenção, e por decorrência, poupar tempo, e evitar, especialmente, o tédio, o sono, e que muitos terminassem as aulas do dia roncando com a cabeça sobre o teclado do computador…”. Dentre as reportagens sobre o tema, uma espécie de metrificação do tempo, e dos supostos ganhos dos alunos. O depoimento de uma estudante de psicologia, Carolina Canellas, à Bruna Atimathea do Estadão. Declarou Carolina: “Fico muito ansiosa para acabar as coisas logo, então adianto as minhas aulas para acabar rápido. Comecei acelerando o vídeo em 1,25x. Agora tem aula que assisto em até 2x. Acelerar em duas vezes significa que faço uma aula de uma hora em trinta minutos. Já quando a velocidade é 1,25x, uma hora dura 48 minutos…”. É isso, amigos. Os novos Inocentes do Leblon, como um dia celebrou Carlos Drummond de Andrade, e que não viram o navio entrar… Os Novos agora acreditavam que era só trocar a roupa de professor por ator que tudo estaria resolvido, e aproveitando os mesmos roteiros e comportamentos do tempo das aulas presenciais. Armava a câmera, e dona Terezinha, querida professora de Taubaté, virava Fernanda Montenegro no ato… Cora Coralina dizia “feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”. Em condições normais e verdadeiras é por aí mesmo. “No atual momento o que constatamos são professores tristes e contrariados porque não conseguem transferir o que sabem e, por decorrência, não aprendem o que ensinam…”. Assim, o ensino presencial vai voltar. E o a distância concentrando-se não mais no aprendizado, mas na especialização e atualização. E já é muito. Ensino a distância, na formação e capacitação, só faz sentido se for absolutamente impossível o presencial. Assim, só em caráter excepcional e de tragédia ou calamidade. Se em termos de qualidade de ensino e no último ranking mundial de educação, o PISA (Programme for International Student Assessment) – o Brasil registrou um dos 10 piores desempenhos do mundo em matemática, e atrás de outros 50 em leitura, o Brasil despencou em ciência… Imaginem se o ensino fosse exclusivamente a distância… Chega de passar vergonha.
Blog do Madia

Diário de um Consultor de Empresas – 21/07/2021

TESTE A CEGA, ou, TESTE CEGO DE PRODUTOS. WHO CARES? Mas, continuam sendo feitos…