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Caoa falou

Para muitas pessoas, Carlos Alberto de Oliveira Andrade, o Dr. Caoa, é uma espécie de Nova Velhinha de Taubaté, lembram, personagem criada por Luiz Fernando Veríssimo, e que era, “a última pessoa no Brasil que ainda acreditava no governo”. Pela energia que revela, pelos investimentos em publicidade que faz, parece ser a última pessoa no Brasil de hoje a acreditar no automóvel, na indústria automobilística, e em sua capacidade de convencer os últimos compradores de automóveis que os carros chineses são de excepcional qualidade. Hoje, nas principais plataformas impressas e sobreviventes, muito especialmente nos quatro grandes jornais do País, quase agonizantes: Estadão, O Globo, Folha e Valor é, de longe, o principal anunciante. Quase todos os dias duas ou três páginas duplas. Assim como é o grande anunciante das revistas sobreviventes, muito especialmente, a Veja. Imagino que as áreas comerciais dessas publicações rezem pelo Carlos Alberto Oliveira várias vezes, todos os dias da semana/mês/ano. É raro o Dr. Caoa conceder entrevistas, mas, semanas atrás, falou ao Valor e à jornalista Marli Olmos. De sua entrevista, separamos algumas de suas declarações. 1 – Planos de Exportação “Começamos a exportar um pequeno lote de automóveis para o Paraguai. E isso é apenas o início. Já recebemos autorização de nosso parceiro Chery para vender também para a Argentina e outros países. Incluindo toda a América Latina e, em especial, o México…”. 2 – Pandemia “Esse sistema de reuniões virtuais tem sido muito bacana. A gente fala com tranquilidade porque não se distrai. Temos tomado importantes decisões nessas reuniões virtuais…”. 3 – Otimista ou Pessimista? “Muito otimista. Por uma simples razão. Tenho percebido que os carros da China têm muita tecnologia. Quando estive na China em 2017, me levaram ao centro de pesquisa e desenvolvimento da Chery e me impressionei muito. Eles têm uma estrutura violenta. Um negócio gigantesco. 4 – Tecnologia Chinesa “A tecnologia chinesa sem dúvida vai superar a todas as demais. A Chery, por exemplo, tem uma marca de luxo, a Exeed, para brigar com Mercedes e BMW. Vou lançar essa marca no Brasil em janeiro… E, vamos fabricar aqui!”. 5 – Sobre Bolsonaro “O presidente tem um jeitão que muitas vezes penso que é tática dele. Mas não existe corrupção. Os escândalos em compras de materiais hospitalares foram debelados rapidamente. Antigamente isso não existia…”. Esse, o Dr. Caoa. O médico que se converteu num dos maiores vendedores de automóveis do mundo. Um empresário absolutamente fora da curva. Em seu comportamento, movimentos, decisões, e raras entrevistas. E que, e por enquanto, e não necessariamente seguindo os fundamentos, permanece alcançando grande sucesso. Uma espécie de principal e/ou último cliente das plataformas analógicas impressas sobreviventes.
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Estadão na liderança…

A grosso modo, de mais de três dúzias de importantes jornais impresso, do Brasil, sobraram quatro. Estadão, Folha, e O Globo. E no território específico dos negócios e do dinheiro, Valor. Há 40 anos, quando nasceu o MadiaMundoMarketing, todos os dias de manhã sobre a mesa de nossos consultores uns 10 jornais dos estados mais do Centro e Sul do Brasil. E no início da tarde, chegavam os do Norte e Nordeste, que nosso motoboy na época, o Vanir, ia retirar numa banca na Praça da República. Tínhamos na Madia, naquele momento, uma área de clipping com três pessoas lendo e recortando jornais o tempo todo. E no Brasil, 1980, e seguramente, mais de 30 jornais de peso e qualidade. Todos os do Diários  Associados. Mais o Estadão, Folha e O Globo. O Estadão tinha um irmão mais novo e moderno, o Jornal da Tarde, a Folha dois ou três, idem O Globo, mais Zero Hora, Correio do Povo, Diário Catarinense, A Tarde, Diário de Pernambuco, O Povo, Gazeta do Povo, Estado de Minas…  Os maiores estados e suas capitais tinham, no mínimo, três jornais. E minha cidade, Bauru, três! A grosso modo sobraram, de verdade, entre seis e 10. E, dentre os 10, a briga para ver quem derrete mais lentamente dentre os três principais: O Globo, Folha ou Estadão. Longe dos consultores da Madia torcer pelo desaparecimento dos três. Se acontecer, quando acontecer, para nós, uma perda irreparável. Continuamos assinando os três mais Valor, e todas as principais revistas que sobreviveram. No meio do ano passado, o Estadão, comemorou ter assumido a liderança entre os três principais jornais do país: Estadão, Folha e O Globo. Segundo dados divulgados pelo IVC, Instituto Verificador de Circulação, o Estadão apresentou uma circulação média de 89,2 mil exemplares em maio, contra 88,2 mil de O Globo, e 70,1 mil da Folha. Assim, tinha fundadas razões para comemorar. Mesmo tendo naquele momento uma circulação 30% do que teve um dia, reconquistara a liderança. Claro no impresso, onde são, os jornais e em papel, de verdade. Mas, e mesmo assim, a plataforma de informação e comunicação, jornais impressos, a situação é, simplesmente, desesperadora. Todos os dias perdem milhares de reais a cada nova edição que mandam para a casa dos assinantes, e para as bancas… Onde permanecem, aos montes, encalhados, e não compensando nem mesmo serem recolhidos de volta. Hoje são vendidos para uma triste utilização para uso de alguns dos melhores amigos dos homens e das famílias, pequenos animais domésticos, muito especialmente, os cães. Apenas lembrando, o Estadão comemorava naquele momento seus quase 90 mil exemplares de circulação. Vamos apenas recordar os números de dezembro de 2014. Estadão: 163.314 exemplares; O Globo: 204.780 exemplares; Folha: 211.933 exemplares. O Globo e a Folha viram suas circulações caírem em mais de 60% em seis anos. O Estadão, em quase 50%. Mas, e de qualquer maneira, o Estadão saiu da terceira para a primeira posição. Merecidos parabéns, mais que pela recuperação da liderança, pela resiliência. O Estadão, pela tradição, marca e relação consistente com seus assinantes e leitores, é, sem a menor dúvida, quem resiste mais à derrocada, dentre os impressos. De qualquer maneira, a situação de todos, é, simplesmente, desesperadora… A velocidade da queda vem sendo a seguinte: O Globo, de dezembro 2014 para maio 2020: 284 mil, 220 mil, 201 mil, 156 mil, 138 mil, 140 mil, e agora, 88 mil. Folha, 211 mil, 175 mil, 145 mil, 121 mil, 103 mil, 86 mil, e agora, 70 mil. E, Estadão, 163 mil, 149 mil, 126 mil, 114 mil, 107 mil, 97 mil, e agora, 89 mil. Os leitores do Estadão, pela velocidade da queda, de longe, são os mais leais ao jornal. E a grande derrocada é a da Folha. Viu sua circulação reduzir-se a 1/3 do que era seis anos atrás. Assim, e a partir de agora a Folha só revela sua circulação no digital.  E todos sabem o que é a tal de circulação no digital… É isso amigos. Infelizmente, estamos nos despedindo dos jornais impressos. Assim como um dia começamos a nos despedir das revistas. De uma editora Abril que nos tempos de esplendor e sucesso chegou a ter 300 revistas, e foi vendida por dinheiro de pinga – considerando-se o que um dia chegou a valer – com meia dúzia de revistas agonizantes… Nada é para sempre.
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Brennands, Farias, Cardosos… Ou, quando morrer será opcional

A longevidade, a maior conquista dos últimos 100 anos, segue em sua marcha em direção aos 120 anos… Mais adiante 150, 200, a caminho de uma endless life… E finalmente teremos o endless love, como na canção… Na madrugada do dia 25 de abril de 2020, um sábado, Ricardo Brennand morreu aos 92 anos de idade. Além de uma obra heroica e monumental no território das artes e que se constitui em importante legado para o Brasil, Ricardo foi um dos primeiros brasileiros a conhecer um tataraneto, ou seja, era um tataravô. A mais importante condecoração e graça que um ser humano pode receber em vida, tataravô! Por enquanto, claro… Oito filhos, 23 netos, 48 bisnetos, e uma tataraneta. O que era absolutamente impossível até quase o final do século passado agora vai se revelando uma realidade. No dia 16 de novembro de 2016, aos 102 anos de idade, Fernando Penteado Cardoso foi homenageado pela escola onde se formou 80 anos atrás, a Esalq – a Consagrada Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, tendo feito parte da turma de 1936. Fernando, que criou uma das maiores e mais importantes empresas do território, a Manah, e vem dando uma contribuição inestimável para o fortalecimento e valorização das atividades ligadas à terra em nosso país. E ainda, em outubro do ano passado, Fernando foi uma vez mais homenageado pela Esalq, por ocasião do aniversário de 118 anos da instituição. Naquele momento, Fernando, caminhando e sorrindo, em seus 105 anos… Meses depois, quem voltou a cena e aos 99 anos foi Aloysio de Andrade Faria, uma das lendas empresariais de nosso país dos últimos 100 anos. Não conseguia parar. Porém, no mês de setembro, partiu. Apenas isso, ou, tão simples quanto… Mas, e antes de partir concedeu uma derradeira entrevista a Monica Scaramuzzo do Estadão. Quem melhor descreve Aloysio é outro longevo, Delfim Neto, “Aloysio é um dos mais sofisticados operadores financeiros do Brasil. É um banqueiro invisível que sempre fez questão de ficar longe de Brasília e das rodas do governo… Jamais alguém pegou Aloysio fumando charuto cubano ou bebendo Romanée-Conti. Sempre foi um banqueiro submerso…”. Aloysio talvez tenha sido um dos mais profícuos e efervescentes empresários de nosso país. Além do Banco Alfa ainda tinha em seu portfólio de empresas e realizações os Hotéis Transamérica, Emissoras de Rádio, Águas da Prata, C&C, Agropalma, La Basque. Um dia perguntaram a Aloysio porque ele fez uma fábrica de sorvetes finos, a La Basque… Sorrindo, respondeu: “Porque eu gosto de sorvete”. E nada mais disse e nem lhe foi perguntado. Filosofia de trabalho presente em sucessivas placas em suas empresas, “Ordem sem progresso é inútil”. “Progresso sem ordem é falso”. Brennands, Farias, Cardosos… Não temos mais a menor dúvida. Em 50, ou, no máximo, 100 anos, morrer será opcional.
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Santander leva “a lambança da década”

No primeiro sábado de maio, dia 2, 2020, nossos consultores acordam com um anúncio do Santander encapando os três principais jornais do País. Já na primeira leitura mais que suficiente tratar-se de uma mega pataquada. Fruto de descuidos inaceitáveis dos que propuseram e dos que aprovaram a iniciativa. Indesculpável! Ato contínuo, o Madia escreveu seus comentários que envia para todos os empresários e profissionais que assinam a plataforma de Mentoria de Negócios, sob a responsabilidade do MadiaMundoMarketing: Perennials. Assim como, fez um post no Facebook. O Madia perguntou, “Santander, boa notícia pra quem?”. E continuou em seus comentários… “Não pergunte porque alguns bancos são assim, são assim mesmo. Mesmo nas maiores crises encontrando um jeito de ganhar mais dinheiro ainda, jeito esse camuflado das melhores intenções. Encapando os três principais jornais do País, hoje – Estadão, Folha, Globo – o Santander diz que banca o projeto que vai dar novas fontes de renda para mais de 400 mil bancas do Brasil. Fui conferir. E, não é bem assim. Financia, desde que… E aí uma sucessão de “desde quês”… De boas intenções o inferno, que também é vermelho, está abarrotado. Daquelas ideias “geniais” que alguém tem, aprova-se no açodamento e irresponsabilidade, e depois, e se der problema, corrige-se… Nada contra as resilientes, bancas de jornais do Brasil. Que por sinal, nem na época áurea dos jornais onde o Brasil tinha milhares deles – quase toda a cidade tinha seu jornal –, chegou a 10% das chamadas 400 mil que o Santander diz em seu anúncio… Em 1986, eram 23 mil; Em 2019, 12 mil; e, de verdade mesmo, não mais que 8 mil, hoje. Onde será que o Santander arrumou 400 mil…”. “Eu passei muitas horas de todas as semanas de toda a minha vida – continua o Madia – vasculhando bancas de jornais. Não vivo, não respiro, não acordo sem uma revista – muitas – um jornal – muitos, na minha frente, como acontece agora”, dizia eu no post, naquele sábado de manhã, 2 de maio de 2020, 9 horas… E além de todas as publicações que assino. Mas as razões da crise das bancas, dos jornais e das revistas são infinitamente mais profundas. Dentre outras, é que existe um novo mundo em processo de construção, provisoriamente interrompido pela coronacrise, onde outras e novas alternativas de acesso à informação prevalecem… “Lembram, Al Ries e Jack Trout com a famosa e 1ª das “22 Leis Consagradas do Marketing”. Onde a 1ª de todas, dizia, “Mais vale ser o primeiro do que ser o melhor” e que foi literalmente defenestrada pelo tsunami tecnológico. Agora essa 1ª lei precisou ser revista e passou a ter a seguinte redação, “é importante ser o primeiro, mas, mais importante, ser o melhor sempre”. E na cabeça dos jovens de 18 ou 88 anos, existem outras alternativas e soluções que prestam o mesmo serviço de informações melhor, na cabeça deles, repito, do que jornais e revistas. “Eu, Madia, vou até o fim. Diria que minha paixão pelas publicações não tem cura. Enquanto estiver vivo, quero ser o último assinante e leitor de jornais e revistas. Dos livros, também! Não resisto ao prazer e a componente de sensualidade de tocar nas páginas de jornais e revistas e livros de onde brotam as informações mais relevantes para saciar o apetite de meu capital de conhecimento. Assim, mega decepção! Pensei que o Santander ia bancar, de verdade, e não financiar, como é de seu hábito, prática e business. Mais ainda, não imaginaria que o Santander ia colocar os 5.500 municípios do país contra a parede, estimulando os sobreviventes e heroicos donos das bancas, a brigarem com as prefeituras desses municípios. E depois ficar rindo escondido… “Pior ainda, não imaginei que o Santander fosse defender um privilégio para as bancas sobreviventes, em detrimento aos “chaveiros, manicures, ateliês de costura, floriculturas e até assistências técnicas de celular”, que imagino alguns deles, talvez milhares, sejam clientes do Santander. E me pergunto, será que o Sergio Rial aprovou essa nova modalidade de financiamento do banco que dirige, modalidade cosplay tosca de ação de benemerência? Assinado, Francisco Madia, o último assinante de jornais e revistas, o último frequentador das bancas de jornais. Ou, um dos últimos… Tempos de coronavírus! Acho que o covid-19 bagunçou a cabeça dos profissionais do Santander…” – terminava o Madia. Dias depois, o Santander foi enquadrado pelo Conar por sua monumental lambança. Acatou a acusação da ANJ – Associação Nacional de Jornais – que a campanha do Santander deprecia a relevância dos jornais. Nos vídeos da campanha o Santander dizia, “nos últimos anos, mais gente comprava jornal para catar sujeira de bicho de estimação do que para ler…”, e, emendava… “ninguém mais compra jornal em bancas, todo mundo lê notícia pelo celular…”. No mês de maio de 2020, mas em tempo, o Santander arrebatou a taça da lambança da década.