O 4º elo da cadeia de negócios
Pergunta que não quer calar: comporta, existe margem para?
Com o crescimento e multiplicação dos marketplaces, praticamente todas as empresas ‒ das indústrias ao comércio – reconsiderando suas políticas.
Talvez o exemplo mais emblemático, ou, chocante, ou maluco, é o do Grupo Pão de Açúcar. Que já possui uma operação madura de comércio eletrônico há quase duas décadas, e que, no desespero e temendo perder mercado, celebrou parceria com o … Mercado Livre!
Assim, está criado o quarto elo da cadeia. A indústria, o atacado, o marketplace, e agora, o autosserviço ou varejo dentro do marketplace…
De novo volta a pergunta. Com um mercado absurdamente competitivo, existe margem para tanto?
Só o tempo dirá, mas, muito provavelmente, e antes da metade desta década, todas essas políticas e decisões passarão obrigatoriamente por, em nosso entendimento, consultores da Madia, severas e, muitas vezes, radicais revisões.
Mas vamos à parceria. Agora Pão de Açúcar e Mercado Livre de mãos dadas. O acordo entre os dois players envolve aproximadamente 2000 produtos. Meses antes, o Pão de Açúcar já fechara um acordo com Americanas, e agora, com o Mercado Livre. Em todas as compras a partir de R$79,90 não existirá cobrança de frete. A ideia é que ¾ de todas as entregas aconteçam em no máximo 24 horas em 1,8 mil cidades.
Absurdamente, o Pão de Açúcar segue cobrando o frete de seus leais clientes de mais de uma década nas compras realizadas em seu comércio eletrônico… Segundo o jornal Valor, pela prestação dos serviços, o Mercado Livre cobrará do Pão de Açúcar uma taxa entre 10% a 15% do valor das compras. Volta a pergunta, existe margem para tanto?
Mas o acordo é mais ambicioso. Até o final deste ano os cinco centros de distribuição do Mercado Livre vão armazenar os produtos do Pão de Açúcar, e ainda neste ano o Extra também passa a fazer parte da parceria. Lembrando que a partir do mês de maio de 2021, o Extra já vem vendendo através da Americanas. Nesse primeiro estágio das parcerias, estão excluídos congelados, legumes, frutas, verduras. Mais adiante, e se as condições forem criadas e se for viável, quem sabe.
Qual o sentimento de nossos consultores dentro dessa bagunça generalizada, de que se sintetiza numa palavrinha de quatro letras: caos.
Na dúvida, quase todos os players preferem arriscar pelo excesso do que lamentar-se mais adiante pelo medo ou timidez. Claro, mais que devidamente pressionados pelos acionistas. No entendimento dos consultores da Madia, poucos serão os vencedores e muitos os derrotados e arrependidos.
E, se consultados fôssemos, recomendaríamos um compromisso ainda maior com foco e especialização, e preservar-se forte e preparado por todas as possibilidades que naturalmente decorrerão de um festival de decisões precárias, açodadas, e sob forte pressão dos investidores.
Nos próximos três anos, maiores e mais fortes emoções, é a única certeza que temos.
Nós e a torcida do Corinthians, Flamengo, Palmeiras, Grêmio, Inter, Atlético e todas as demais, não necessariamente pela ordem…