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O próspero negócio da traição?! Ou, publicações sérias deveriam ser mais responsáveis

Tudo o que lemos e ouvimos sobre o digital nos deixa com os dois pés atrás. Por exemplo, recorre-se a números no digital, com a maior tranquilidade, irresponsabilidade e falta de pudor descomunais. Tudo é na casa dos milhões. Milhões de seguidores, milhões de acessos, milhões e mais milhões. E tudo o que as principais plataformas, as principais redes sociais, revelam, sobre os números, é um acesso durante os primeiros e poucos segundos. Claro que vocês sabem disso. Mas vale a pena sempre lembrar. Aquele número de pessoas que supostamente viram o conteúdo na totalidade, o que as plataformas informam é que garantem terem visto por poucos segundos… Ou seja, de cada 100, 1.000, 10.000, meia dúzia se tanto viu o conteúdo em sua totalidade, exagerando! Repetindo, mais de 98% desses acessos restringem-se a esses segundos. Mas, como ninguém pergunta e contesta, estelionatários da manada absurda dos tais de influenciadores vendem aos desinformados de toda a ordem frações de menos de cinco segundos, a preço de muitas horas dos supostamente milhões de seguidores ou usuários de plataformas… Repetimos, 98% dos acessos restringem-se a menos de cinco segundos… Alguém, em passado recente, disse que “papel aceita tudo”. Mais adiante alguém complementou, “aceita tudo e não fica vermelho…”. Assim, e sem maiores preocupações porque o tema mexe com as pessoas, Veja foi entrevistar um senhor chamado Paul Keable, diretor de uma plataforma canadense de encontros extraconjugais. Segundo ele, “hoje 12 milhões de brasileiros são usuários da plataforma…”. E Veja ouviu, fingiu que acreditou, e publicou esse estelionato em suas páginas. Lamentável não pelo conteúdo publicado. Mas por fingir que acreditou numa mentira monumental, e repassar sem o menor constrangimento, decoro e ética, essa mentira a seus leitores e assinantes. Segundo o tal do Paul, o objetivo do aplicativo é garantir aos casais o direito da traição preservando o relacionamento e a família… E que na pandemia, e com o stress de um contato mais intenso de casais passando muitas mais horas em suas casas, a traição com consentimento institucionalizou-se… Vamos parar por aqui. As supostas publicações sérias de um país deveriam ter vergonha de darem espaço para histórias tão escrotas e mentirosas. Mas, como papel aceita tudo… Só que o tal do “papel aceita tudo” não deveria valer para publicações que supostamente têm credibilidade.
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