Dentre as expressões que ganharam vida e se institucionalizaram na coronacrise, uma das que mais vem sendo utilizadas, é, e por donos de restaurantes, boa para viagem.
No início da crise, os supostamente melhores restaurantes da cidade, recusavam-se a oferecer seus melhores pratos a distância, e em embalagens de papel cartão ou alumínio.
Pensavam, em poucas semanas a crise passa e voltaremos ao normal. Não passou e tiveram que recorrer ao delivery, ao menos na tentativa de manter a equipe da cozinha. E assim, passaram a oferecer seus melhores pratos entregues nas casas de seus clientes.
No final das primeiras semanas descobriram, com a reclamação de alguns desses clientes, que aquele mesmo prato que já conheciam e adoravam e comiam nas mesas desses restaurantes, quando embalados e entregues e consumidos em casa, não era a mesma coisa.
Conclusão, descobriram que alguns desses pratos eram bons para viagem, ou comida boa para viagem; e outros, nem tanto.
E assim, deixaram de oferecer, ou tiraram dos cardápios do delivery, os pratos não bons para viagem.
Portanto, e enquanto durar a coronacrise, e talvez para sempre, e em todos os cardápios, existirá a anotação ao lado do prato, “bom para viagem”, ou, “não recomendado para viagem”.
Conclusão, e na necessidade de continuarem escrevendo suas colunas sobre restaurantes, os críticos dos principais jornais também decidiram avaliar os pratos bons para viagem.
E assim, meses atrás, no Estadão, no caderno “A Quarentena”, a avaliação das feijoadas que se saíram bem na marmitinha, as tais das “boas para viagem”.
Como era de se esperar, o grande vencedor foi o restaurante que há décadas vive de fazer e vender feijoadas, em suas instalações todos os dias, e também, craque na feijoada a distância, o Bolinha!
Daquelas marcas que quando você ouve pronunciar seu nome já vem o gostinho do feijão preto, paio, linguiça, pururuca, couve e até mesmo da caipirinha na boca.
E nós nos perguntamos, somos bons para viagem?
Acho que somos.
Não conheço uma única pessoa que não seja boa para viagem.
E quando tudo passar, todos, claro, que puderem, correndo arrumar as malas…