BUT
– BUSINESS TRENDS 02/2022 – MAR/2022
Síntese mensal das principais movimentações, acontecimentos,
registros no ambiente de negócios no Brasil e no mundo. Um trabalho de
pesquisa, coleta de dados, análises e reflexões da equipe de consultores do MadiaMundoMarketing,
a única empresa de consultoria em todo o mundo que tem em seu DNA a ideologia
da Administração Moderna, o Marketing. Sempre sob a orientação e mentoria do
maior dos mestres da gestão e dos negócios, PETER FERDINAND DRUCKER.
1
– QUASE TUDO, NO LIMITE DO RISCO DE VIDA, FICOU PARA DEPOIS
Os tais dos chamados procedimentos eletivos, aqueles que em tese
aguentam um pouco mais, que podem esperar mais uns dias, semanas ou meses,
quase todos, foram postergados em função da pandemia que ocupou a quase
totalidade dos leitos hospitalares do país.
Assim, e muito especialmente depois das festas de final de ano,
filas e filas de pessoas que decidiram esperar, até mesmo porque não existia
outra alternativa, nos hospitais tentando recuperar o tal do tempo perdido.
As chamadas medidas de prevenção, os tais exames regulares,
literalmente caíram quase que a zero.
Segundo as últimas pesquisas, 90% dos exames que se realiza para
detectar tumores precocemente deixaram de ser realizados.
– Assim como 62% dos transplantes de rins;
– 33% de exames oftalmológicos;
– 32,8% dos exames de acompanhamento do HIV;
– 23,4% dos exames para detectar complicações vasculares, e;
– 23% dos transplantes de coração.
No total do País, os cálculos referem-se ao adiamento de 2,8
milhões de cirurgias eletivas. Que terão que ser realizadas no correr dos
próximos meses, fazendo com que os hospitais voltem a ficar lotados.
Ou seja, amigos, atenuada, e mais alguns meses, espera-se, encerrada
a pandemia, todos tentando colocar em dia os procedimentos adiados no correr
dos últimos dois anos.
2
– A CRISE DO PETRÓLEO CHEGA ÀS RELIGIÕES
Não todas, apenas as que têm por hábito recomendarem a seus
seguidores e devotos que acendam vela.
Com a disparada do petróleo, o preço da parafina, derivada do
petróleo foi junto. E assim, e nos últimos 12 meses, o aumento no preço da
parafina – matéria-prima principal das velas – bate em 100%.
As famosas e tradicionais velas de 7 dias, saltaram de pouco mais
de R$ 3,00 e agora já estão batendo nos R$ 8,00. Em alguns supermercados de São
Paulo, já são vendidas por mais de R$ 10,00.
Conclusão: absolutamente distante da realidade, mas, e por falta
de velas que caibam no bolso, muitos fiéis fazem suas preces e pagam suas
promessas acendendo velas no digital.
Em seus computadores, notebooks, e especialmente smartphones.
Existem duas dezenas de aplicativos para APPLE, e ANDROID
oferecendo velas virtuais de diferentes tamanhos, formatos e luminosidades.
Um dos mais populares, o VELA para ANDROID, e VELA VIRTUAL HD para iOS, promete: “você pode interagir com o fogo virtual de forma realista. A chama
é viva e se movimenta o tempo todo, passível de ser controlada pelo movimento
do celular e ainda, sua chama pode ser apagada se você soprar de forma sensível
e respeitosa no microfone de seu aparelho…”.
Já para os aniversários, a recomendação é usar velas antigas, já
usadas, e guardadas de recordação nas gavetas. Muito especialmente a com
números. Comemora-se o aniversário e não se envelhece…
3
– 10 anos em 2
Na expectativa dos especialistas, o comércio eletrônico
responderia por 20% das vendas de todo o comércio, apenas e a partir de 2030.
Porém, veio a pandemia. Por questões emergenciais e de
sobrevivência grandes empresas pisaram com os dois pés no acelerador, na medida
em que a venda a distância e pelo digital passou a ser a única alternativa.
As grandes organizações de varejo, as maiores, do dia para noite
tiveram que fechar a totalidade das lojas.
Ou, no mínimo, 80%. E assim, e diante dessa nova realidade,
empresas como VIA,
LUIZA, MARISA, C&A, RENNER, PERNAMBUCANAS, AMERICANAS, e todas
as demais, viram-se diante de duas alternativas.
Ou improvisavam e aprendiam a vender a distância correndo todos os
riscos, ou, segunda alternativa, não vendiam.
Agora, os números mais recentes traduzem de forma precisa e
objetiva, essa espécie de crescimento improvável e a fórceps, ou, maturação,
ainda que de afogadilho, mais que precoce.
Até fevereiro de 2020, o comércio eletrônico não conseguira
ultrapassar, em termos de participação, a casa dos 10%.
Segundo medida tomada pela FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, e para sermos
mais precisos, o recorde era de 9,2%.
Em quatro meses, esse percentual saltou para 19,8%, e hoje, pode
se dizer consolidou-se acima de 20%. Ou seja, de cada cinco vendas, uma
acontece no digital e a distância.
O número preciso aferido pela FGV no mês de junho era de 21,1%.
Olhando-se por um outro viés, e também sobre as medidas tomadas
pela FGV, o que se observa é que antes da pandemia, 49,7% das empresas
pesquisadas jamais fizera uma única venda pela internet. O índice específico é
de 49,2% vendas zero pelo digital.
4 meses depois, julho de 2020, esse percentual despencou para
29,4%. E, na última medida, junho de 2021, 20,2%.
Em síntese, amigos, e como era mais que previsível na medida em
que o comércio analógico, em quase a sua totalidade, fechou suas portas, e
tendo que consumir, comer, beber, manter seus hábitos de higiene, e caprichar
na beleza, não restou outra alternativa às empresas do que aprender a vender a
distância, assim com as pessoas de aprenderem a comprar a distância.
E segue a vida, agora, e já com uma nova realidade e que só tende
a encorpar em todos os próximos anos.
4
– O FIM DA SÉTIMA ARTE
Em artigo carregado de emoção e fortes sentimentos, MARTIN
SCORSESE, apontado em pesquisa como o nono maior diretor de cinema de todos os
tempos, de certa forma, faz uma espécie de necrológio da chamada SÉTIMA ARTE. O CINEMA, como arte, deixa de existir, dando lugar à, e, exclusivamente, diversão.
SCORSESE nasceu no QUEENS, NOVA IORQUE, no dia 17 de novembro de
1942. Já fez de tudo no cinema – produtor, roteirista, ator, e
consagrou-se como diretor. Em 2011, e em pesquisa realizada pelo THE GUARDIAN,
foi considerado o segundo maior diretor de cinema vivo, atrás apenas de DAVID
LYNCH.
Descendente de sicilianos, acompanhou, como rato de cinema que
era, todo o eclodir da NOUVELLE VAGUE, do REALISMO ITALIANO, e agora, em artigo
no LE MONDE DIPLOMATIQUE, coberto de razões, declara terminada a SÉTIMA ARTE, o
cinema como manifestação de arte, que acabou sucumbindo e naufragando diante de
todos os novos formatos em que se inserem mensagens e narrativas, através de
som e imagem.
No final de seu artigo, onde finaliza seu diagnóstico, talvez autópsia, SCORSESE diz: “Tudo mudou – tanto o cinema quanto a importância que lhe é dada
em nossa cultura.
Assim, não é de espantar que artistas como GODARD, BERGMAN,
KUBRICK e FELLINI, que outrora reinaram como deuses da sétima arte, com o tempo
acabaram nas sombras da memória.
No ponto em que chegamos não há como garantir o que quer que seja.
Não há como confiar à indústria do cinema a guarda do cinema. Hoje deixa de
existir o cinema e prevalece o divertimento visual. O verdadeiro cinema, obra
de arte, é esmagada e desaparece nas plataformas de streaming. Assim, só nos
resta reprocessar e redefinir nossas emoções.
O que é cinema, e o que não é cinema. E rever a obra de FEDERICO
FELLINI pode ser um ótimo exercício. Pode se dizer muitas coisas sobre seus
filmes, mas uma coisa é certa: são cinema.
Federico Fellini percorreu um longo caminho para alcançar a
posição de obra de arte.
E aí fica a pergunta, como qualificaremos ou definiremos OBRA DE
ARTE daqui para frente?
Recorremos à sabedoria universal contemporânea, mais conhecida
como WIKIPEDIA. E que diz: “Obra de arte é toda a obra criada ou avaliada por sua função
artística ao invés de prática. E por função artística, se entende a
representação de um símbolo, do belo.
Apesar de não ser esse seu principal objetivo, uma obra de arte
pode ter utilidade prática. Pode consistir num objeto, composição musical,
arquitetura, pintura, texto, apresentação, filme. No entanto, o que é
considerado uma obra de arte depende do contexto histórico e cultural, e do
próprio significado de arte…”.
Nesse sentido, e considerando-se o novo contexto, o cinema como
arte morreu. Ou no mínimo, e sabe-se lá por quanto tempo, permanecerá
hibernado.
SCORSESE tem razão.
5
– A AGIOTAGEM, NOVA FORMA DE INVESTIMENTO
Todos nós investidores, ou rentistas como gosta de falar PAULO
GUEDES, depositávamos nosso dinheiro em confiança nos bancos, que assumiam o
risco de administrar, emprestar, cobrar juros, e dividir conosco, uma parte do
resultado.
Não tínhamos a mais pálida ideia de onde ia parar nosso dinheiro.
Sabíamos apenas que tínhamos confiado ao BRADESCO, ITAÚ, CAIXA,
BANCO DO BRASIL, SANTANDER, e outros.
Agora, com as fintechs, com a queda dos rendimentos, com juros
negativos, passam a ser oferecidos investimentos, ou aplicações,
“peer-to-peer”.
Podemos, usando as plataformas das FINTECHS, nos convertermos numa
espécie de NOVOS AGIOTAS, ou, se preferirem, e dada a conotação negativa que
tem a palavra agiota, em AGIOTAS DO BEM.
E os novos AGIOTAS DO BEM, além de alcançarem melhores
rendimentos, ainda têm um ganho emocional, na medida em que investem suas
economias em empresas que têm enorme dificuldade em conseguir dinheiro nos
bancos.
Numa matéria sobre o tema, em O GLOBO, o depoimento de um AGIOTA
DO BEM, “Claro que o retorno financeiro foi importante, mas, tão ou mais
importante, o propósito. O fato de saber que estou ajudando um pequeno
empresário a melhorar seu negócio, fazer a economia girar, e que não consegue
empréstimos no sistema bancário convencional…”.
De qualquer maneira, e mesmo sendo através da plataforma de uma
FINTECH, esse tipo de empréstimo não está coberto pelo FGC – Fundo Garantidor
de Crédito, que em caso de quebras garante investimentos de até R$250 mil, por
CPF e instituição financeira, em aplicações na poupança, LCIs, LCAs, CDBs, e
outros títulos.
Se o tomador dos recursos não conseguir pagar, e mesmo sendo um
AGIOTA DO BEM, quem emprestou, o tal do AGIOTA DO BEM, vai ter que assimilar o
prejuízo.
6
– E AGORA, PRA ONDE VENTA O VENTO?
Para a surpresa de muitas pessoas, e em coletiva de imprensa, no
dia 21 de setembro de 2021, o GOOGLE, talvez a estrela maior do DIGITAL,
anunciou ao mundo ter comprado o edifício empresarial ST JOHN´S TERMINAL, na
ilha de MANHATTAN, região central, Rua Washington 550, com 120 mil metros
quadrados de construção, pela bagatela de US$2,1 bilhões, em frente ao Rio
Hudson. Onde a empresa já se encontrava, mas, como locatária. E onde trabalham,
próximos, num prédio também alugado, no CHELSEA, 12 mil profissionais.
Uma lufada de esperança numa ilha, MANHATTAN, que viu seus prédios
de escritórios, onde trabalhavam todos os dias mais de 1 milhão de
profissionais, esvaziarem-se e permanecerem trancados, pela pandemia.
Assim, e o ano entre maio de 2020 e abril de 2021 caracterizou-se
como o de maior desocupação de espaços de escritório da capital do mundo, New
York City.
Nos planos do GOOGLE, e ao retrofitar o St. John’s Terminal, a
criação de espaços híbridos de trabalho com novos espaços integrando as pessoas
à natureza.
Assim, o medo que muitos tinham, e ao comprar o que alugava e
confirmando sua intenção de permanecer no analógico, o GOOGLE dá forte e
consistente sinalização que continua apostando no trabalho presencial, não
obstantes todo o arsenal tecnológico que é possuidor.
7
– PERDA DE TRAÇÃO
Todos se acostumando. Essa a expressão que será mais ouvida neste
ano em todos os setores de atividade.
Por uma convergência de sucessivas circunstâncias e fatores
negativos, a suposta forte tração que constataríamos na economia do País vai
ficando para trás, enfraquecendo. Todos os dias, nas principais plataformas de
comunicação, esse o assunto mais comentado.
Semanas atrás, por exemplo, uma empresa que em todos os últimos
anos só prosperou e se revelava infensa a crises, a MRV, campeã absoluta nos
chamados IMÓVEIS DE ACESSO, acusa sintomas mais que evidentes de perda de
tração em seu funcionamento, e joga para o próximo ano algumas das esperanças e
expectativas e decorrentes metas para este ano.
Falando ao VALOR, seu presidente, RAFAEL MENIN, disse, “Com a alta
da inflação e o PIB – Produto Interno Bruto – ainda em processo de recuperação,
o mercado imobiliário perde um pouquinho da tração no curto prazo. Mas, a
expectativa é de seguirmos com o crescimento nos próximos anos…”.
No terceiro trimestre encerrado em setembro a MRV lançou R$1,65
bi, 10% abaixo do mesmo trimestre do ano passado.
Todas as demais construtoras e incorporadoras, com duas ou três
exceções, acusam e alegam a mesma perda de tração a partir da metade deste ano.
8
– ESTADÃO, ESTADINHO
O centenário ESTADÃO, segue ESTADÃO na cabeça e no coração de
todos os seus leitores e assinantes que se habituaram com o jornal, de bisavô,
para avô, para pai, para filho, só que a partir do domingo, 17 de outubro de
2021, o ESTADÃO virou ESTADINHO. No tamanho/formato.
Do ponto de vista do leitor, só vantagens, em termos de facilidade
e praticidade de transporte e leitura. No entanto, e na medida em que seus
principais concorrentes, FOLHA, O GLOBO, VALOR seguem no formato STANDARD, o
formato menor,
BERLINER, não deixa de causar, no mínimo, um estranhamento.
Muito especialmente para os que compram ou assinam dois ou três
dos quatro jornais.
Não deixa de intrigar na cabeça das pessoas, uma instituição que
durante décadas acostumou-se a chamar ESTADÃO, agora apresentar-se numa versão
ESTADINHO.
Sim, e definitivamente, design e forma continuam valendo e muito
no processo de BRANDING. Mas, muito provavelmente, mais cedo ou mais tarde,
seus principais concorrentes, repetimos, provavelmente, seguirão o mesmo
caminho.
FRANCISCO MESQUITA, presidente executivo e membro do Conselho de
Administração do Estadão, em entrevista à BÁRBARA SACCHITIELLO, do MEIO E
MENSAGEM, posiciona este novo movimento do mais tradicional jornal brasileiro:
“Parte de um processo de um conjunto de ações que visam transformar
a empresa em uma NEWSTECH…”.
Vamos conferir e refletir sobre algumas das declarações daquele
que é carinhosamente chamado pelo mercado de CHICO MESQUITA.
– SOBRE A ESSÊNCIA
“Somos uma empresa jornalística, não abrimos mão de nosso core, de
tentar impactar positivamente o País, mas utilizando as tecnologias que hoje
estão à disposição. Depois de analisarmos todas as plataformas, concluímos que
não é suficiente estar presentes nesses ambientes, mas, sim, disponibilizando
um conteúdo de acordo com cada plataforma. Da mesma forma como procedemos com
os produtos digitais fizemos cinco pesquisas para conhecer como os assinantes
consomem o conteúdo no formato impresso e tradicional. E isso resultou numa
mudança de formato, menor, onde a visão do produto segue vertical, porém mais
adequado e moderno em relação à vida das pessoas.”
– O FIM DAS FRONTEIRAS
“Ao longo de nossa história, sempre nos defrontamos com novas
maneiras de as pessoas terem acesso à informação. Com o rádio, televisão,
cinema, TV por assinatura, e nós tivemos poucas oportunidades de entrar em cada
uma dessas possibilidades. Já o digital
nos permite participar de forma mais competitiva. Estamos nos transformando
numa empresa jornalística multiplataforma, de uma maneira mais próxima da
sociedade, com a capacidade de atuarmos mais nacionalmente e sem as barreiras
dos elevados custos de logística. Hoje é possível escalar sem fronteiras…”.
– PRINCIPAL OPORTUNIDADE
“A grande diferença entre o analógico e o digital é a
possibilidade de escalar. Em nosso caso, somando conteúdo de qualidade,
tecnologia, e pessoas adequadas, podemos ambicionar um volume de assinantes
muito maior. Se hoje o ESTADÃO, entre impresso e digital, tem 200 mil
assinantes, pensar em 500 mil não é impossível…”.
– OS DESAFIOS DO IMPRESSO
“Não é mais viável entregar jornal em qualquer lugar do País, ou até mesmo e somente no Estado de São Paulo. Os custos de logística são muito altos. No entanto, na cidade de São Paulo, temos uma população muito grande, com alto poder executivo e elevado nível de educação. Se tivermos um produto adequado com preço certo existem chances de crescimento. Mas ainda esbarramos num teto que é a idade das pessoas. As novas gerações não foram criadas consumindo produtos impressos; e sim, digitais…”.
– A BUSCA PELOS ANUNCIANTES
“Estamos conseguindo capturar resultados mais rápidos no mercado
publicitário.
Deixamos de vender uma página ou um banner no site e estamos nos
aproximando cada vez mais da marca e dos negócios de nossos clientes. Criamos
uma estrutura chamada BLUE STUDIO para trabalhar junto com as agências e com os
anunciantes.
Para apoiá-los na exposição de conteúdo através de nossas
plataformas. Estamos muito felizes com os resultados dessa área. Trata-se de um
trabalho mais consultivo, de parceria, e mais transacional – veículo, agência,
anunciante, e onde atuamos como parceiros desde a concepção da ideia…”.
– TRANSFORMAÇÃO E MUDANÇA
“As histórias de sucesso em todo mundo são casos de transformação
e não de mudança. Na mudança tento deixar de ser A para ser B. Na transformação
sou A e vou me transformando em B, procurando preservar ao máximo tudo o que já
foi conquistado, e, simultaneamente atraindo novos mercados. Esse é, ao mesmo
tempo, o segredo ou receita, e o desafio…”.
É isso, amigos. De novo, o ESTADÃO, agora no formato “Estadinho”,
talvez em sua mais corajosa mudança, dentre todas que realizou em sua história.
Votos de sucesso, toda a torcida dado sua importância à historia
da democracia em nosso país, mas, essa
credencial é uma ótima credencial, mas não garante nada.
Estadão, Globo, Folha, e outras empresas jornalísticas, ainda e
por muitos anos, na tentativa de um atalho, de uma forma digna, consistente e
sustentável, em busca de um lugar no Admirável Mundo Novo.
9
– VIDA DE ENTREGADOR, NO MUNDO DO DELIVERY
O mundo do delivery já existia. Apenas, era menor e mais
tranquilo. Com a pandemia, como acontece nos tempos de hoje, escalou.
Agora temos um exército de milhares de brasileiros que vivem de
seus desempenhos em motos, bicicletas, patinetes e celulares nas mãos, como
ferramentas de trabalho.
De certa forma, e mesmo sendo o que temos para hoje e para atenuar
o desemprego, não deixa de ser uma espécie de VIDA DE GADO, da música do Zé
Ramalho:
“Vocês que fazem parte dessa massa, que passa nos projetos do
futuro. É duro tanto ter que caminhar e dar muito mais, do que receber. E ter
que demonstrar sua coragem, à margem do que possa parecer…”.
Numa matéria espetacular de duas páginas no novo ESTADÃO, agora
compacto e carinhosamente chamado de ESTADINHO, BRUNO ROMANI, no texto, e TIAGO
QUEIROZ, nas fotos, revelam a realidade. Nem triste, nem trágica, nem
lamentável, e glamour zero; apenas a realidade.
Tudo o que a dupla queria era mostrar a realidade dos celulares
dos entregadores dos serviços de delivery. Mas, por querer, ou sem querer, e
além daquilo que levam nas mãos, revelaram os braços, os corpos, a vida.
Em termos de números, e na média, um entregador fatura por mês em
torno de R$ 2 mil. Claro, dependendo do quanto aguenta trabalhar. Das empresas
de delivery, tipo iFOOD recebe R$5,00.
E o grosso, ou maior parte, vem das gorjetas, e excepcionalmente,
de promoções realizadas pelos aplicativos.
E quase todos trabalham com um celular médio, na casa dos R$ 1 mil
e poucos.
Até a matéria do BRUNO e do TIAGO olhávamos para esses
entregadores de bicicleta e moto não respeitando os sinais e acelerando, com um
certo sentimento de revolta, até mesmo raiva pela forma irresponsável como se
comportavam no movimento. Não chegamos, com raríssimas exceções, a xingar
nenhum deles.
Hoje, depois da matéria, respiramos fundo e, total respeito.
Continuam atropelando a vida, os sinais, as regras, mas, não gostaríamos nem
por mil dinheiros de estar no lugar deles. Lembram, “vida de gado, povo
marcado, é povo feliz”. É?
Terminamos trazendo três depoimentos da matéria.
– “Quando encontrou a reportagem, KAWANE BIANCA, 24, não tinha
ainda pagado a primeira das 12 parcelas de R$100,00 de seu MOTO E7. Pouco tempo
antes caiu na ciclofaixa da FARIA LIMA ao passar num desnível de pista com o
patinete que aluga do iFOOD. Diz, “fiquei três dias com dor, mas não fui ao
hospital. No tombo a tela do meu J5 trincou, e o celular começou a ficar lento.
Minha amiga falou que podiam me bloquear, então, parcelei um celular novo…”.
– “Romarinho, ERICK NOGUEIRA, 21 anos. Também com um MOTO E7,
recém-comprado, e o terceiro na sequência. Diz ROMARINHO, “O primeiro caiu e
parou de funcionar e fiquei uma semana parado. No segundo entrou água de chuva
e estragou.
Fiquei um mês parado até comprar este terceiro…”.
– O terceiro depoimento é de GUILHERME, que não aparece na
matéria, apenas a foto de seu celular com a tela queimada por infiltração de
água. GUILHERME HENRIQUE, 20 anos, diz, “começo a trabalhar às 11h. Meu SAMSUNG
J7 está com a carga total.
Quatro horas depois faço uma pausa para o almoço e a carga está em
45%. Para voltar a trabalhar preciso recarregar… Uma vez estava na rua do
cliente e fiquei sem bateria. Lembrava apenas que seu nome começava com M.
Fiquei chutando para o porteiro até acertar…”.
E aí vem e fica a pergunta martelando em nossas cabeças, É ISSO
MESMO?
10
– NOME E SOBRENOME DE RESPEITO
A marca WALITA foi construída no correr de décadas, em caravanas
mais que aguardadas que todos os anos visitava as principais cidades do País
com a sua ESCOLINHA WALITA.
A WALITA, na cabeça de muitas avós de hoje, não apenas inventou o
liquidificador, assumiu a responsabilidade de ensinar a todas como usá-lo,
régua e compasso, receitas e treinamentos.
E, um dia, ganhou um sobrenome global, PHILIPS, outra marca
construída durante décadas no coração da família brasileira, e onde, durante
muitos anos, o único canal de contato com a vida e com o mundo era através dos
rádios Philips, que ocupavam um lugar de destaque nas salas de visita, e onde
as famílias se juntavam para ouvir o REPÓRTER ESSO, pela Rádio Nacional, todos
os dias, às 18h.
2021, uma nova realidade.
Todos os serviços que ficavam concentrados em meia dúzia de
aparelhos da PHILIPS e concorrentes pulverizados, milhares de novos
concorrentes, e as duas marcas lutando bravamente para preservarem uma parte do
mundo que construíram e conquistaram e a caminho de 100 anos.
SILVIA TOSHIE TAMAI é a head of marketing para a América Latina da
divisão de produtos para casa da PHILIPS e foi entrevistada pela KELLY DORES, do
PROPMARK.
Na entrevista, algumas revelações.
– DEMANDA DOS CLIENTES
“Em nossos produtos para os lares e para as famílias temos uma
linha muito forte.
Através de pesquisas, descobrimos, por exemplo, a necessidade de um liquidificador com uma jarra inquebrável. E que ainda possibilitasse uma melhor limpeza com a remoção das lâminas. E foi o que fizemos. Uma nova jarra, inquebrável, com outros benefícios adicionais. E comunicamos as novidades de forma irreverente com a presença e testemunhal de AMANDA RIBAS, uma das principais lutadoras globais do UFC. Mulher, que passa a certeza da robustez, agregando ainda a componente diversidade, e alcançando um público mais jovem… Ou seja, um casamento ideal…”.
– O DESAFIO DOS MAIS JOVENS
“A PHILIPS WALITA é, indiscutivelmente, a marca líder, quando se
fala em imagem de marca, em todas as faixas etárias.
Mas, nas faixas mais jovens, 25 a 35 anos, não tem a mesma
performance que alcança junto ao público mais velho. Assim, nossa comunicação
tem procurado aproximar-se de maneira mais forte e consistente com os
principais valores dos mais jovens: saúde, bem-estar, e esporte…”.
– COMPROMISSO COM A INOVAÇÃO
“O liquidificador segue sendo um ótimo exemplo. A PHILIPS WALITA é
a única que oferece um liquidificador com jarra que não quebra. Antes, o
consumidor, quando a jarra quebrava acabava conformando-se em comprar um novo
liquidificador. Era mais interessante. Isso é ruim para o consumidor e péssimo
para a natureza que vê um lixo plástico avolumando-se. Fomos atrás da empresa
que produz o polímero para as janelas dos aviões. Encomendamos uma jarra que
não quebra…
Outro exemplo é o AIR FRYER, mais uma inovação da PHILIPS WALITA.
Depois a concorrência veio atrás, mas a tecnologia AIR FRYER está patenteada.
Os concorrentes podem copiar nome e formato, mas o que está por trás, a
tecnologia, não, tem proprietário, e somos nós.
E a próxima inovação é a de um novo processador que as pessoas
personalizam com os acessórios que mais precisarem…”.
– OS DESAFIOS DE SILVIA TAMAI
No final da entrevista, KELLY DORES perguntou à SILVIA quais os
principais desafios que a ela foram colocados quando assumiu a posição de head do
marketing da América Latina. Diz, SILVIA:
“Meu maior desafio, ou, principal missão, é a de preservar e
fortalecer tudo de bom e forte que a marca construiu em 82 anos. Um portfólio
completo, entregando sempre inovação e qualidade, tendo o consumidor no centro
de todas as decisões, e, gradativamente, aproximar a marca dos mais jovens…”.
DRUCKER´S
MONTHLY
Chegamos ao final desta edição com a oração e aprendizado de hoje,
segundo nosso adorado mestre e mentor PETER DRUCKER.
Diferente dos trabalhadores da terra, das indústrias, e até mesmo
os dos escritórios e serviços, o fator motivador dos TRABALHADORES DO
CONHECIMENTO é outro e bem distinto.
Conforme nos alertou nosso adorado mestre, antes da virada do
milênio, quando escreveu:
“Sabemos, há no mínimo 50 anos, que o dinheiro por si só não é
motivação para um melhor desempenho. Mas, sua insuficiência, desmotiva. O que
verdadeiramente motiva os trabalhadores do conhecimento é o mesmo que motiva os
voluntários.
Alcançar maior satisfação com seu trabalho que os trabalhadores
remunerados. Precisam de desafios, de conhecer a missão da organização e nela
acreditar, de treinamento contínuo, e de ver e alcançar resultados.”
E, dia após dia, o único tipo de trabalhador que resiste e
sobrevive é o trabalhador do conhecimento…