Nem o Newseum sobreviveu
Claro, ainda muitas manifestações da chamada mídia analógica permanecem em pé. Vivas, mas envelhecidas. Resistentes, mas debilitadas. Firmes, mas pouco a pouco, desfiguradas. E o museu, síntese de um século de prosperidade, muito especialmente dos jornais, fechou suas portas. Resistirão os poucos jornais sobreviventes?
Depois de 22 anos de portas abertas, o Newseum, Museu da Notícia da cidade de Washington, USA, fechou suas portas no dia 31 de dezembro de 2019. Em verdade, e se tivessem um pouco mais de sensibilidade, seus criadores jamais deveriam ter levado adiante a ideia.
Al Neuharth, fundador do US Today, foi seu idealizador. Jornalista que Converteu a Gannett Company na maior rede de jornais nos Estados Unidos – 75 publicações – e que criou o Freedom Forum, o grande patrocinador do Newseum, e pilotado pela sua filha Jan Neuharth. Ele, Allen Harold “Al” Neuharth, 22 de março de 1924, 19 de abril de 2013, nascido em Eureka, South Dakota.
O Newseum, em verdade, começa no ano de 1997, em Arlington, Virginia, e no fatídico ano de 2008, inaugura sua sede própria em Washington, num prédio que custou US$ 450 milhões, entre o Capitólio e a Casa Branca. Na cidade dos museus, Washington, até que e diante da concorrência, o Newseum recebia ótimo público. Mais ou menos 10 milhões de visitantes a cada ano, e realizando centenas de eventos e conferências. Mas quase nunca conseguia cobrar o ingresso em seu preço cheio, diante da concorrência de duas dezenas de outros museus gratuitos.
Falando sobre o fechamento, Michael Hiltzik, escreveu em editorial do Los Angeles Times, que: “O Newseum teve o papel louvável de lembrar a milhões de visitantes que a história do jornalismo é repleta de glórias, mas também de malfeitos; de informação que liberta, mas de muita desinformação, também. E que a liberdade de imprensa sempre está, embora não pareça, por um fio”.
No memorial do extinto Newseum dos jornalistas tombados em combate – trabalhando, figuravam 3 brasileiros. Tim Lopes, Vladimir Herzog e Alexandre Von Baumgarten.
Falando sobre o fechamento do Newseum, o correspondente do jornal Valor em Washington lembrou que, “Em seu melhor ano, 2017, o Newseum atraiu 855 mil visitantes. E os sucessivos déficits foram determinando 5 sucessivos cortes de pessoal. Em 10 anos recebeu injeções de capital do Freedom Forum da ordem de US$ 272 milhões sem jamais sair do vermelho. Em janeiro de 2019, e com a decisão tomada de fechar suas portas, o prédio de menos de 20 anos foi vendido para a Universidade John Hopkins por US$ 375 milhões.
É isso, amigos, a instituição que nasceu para celebrar e imortalizar os jornais, morreu antes da pandemia. Assim, a pergunta que muitos se fazem, é, se até o Newseum não suportou a crise estrutural que mudou para sempre a forma como as pessoas acessam a informação, alguns dos velhos e resilientes jornais resistirão?
Nós, consultores da Madia acreditamos que sim. No máximo meia dúzia de grandes jornais, devidamente reinventados e complementados, e milhares de pequenos jornais de periodicidade semanal ou mensal, cobrindo e informando regiões específicas dos países, ou comunidades que se somam e reúnem em torno de determinados temas e assuntos.
Os jornais como conhecemos nos últimos 100 anos despediram-se como fez o museu de todos eles, o Newseum. Os que definham e sobrevivem, de forma constrangedora, se não se reinventarem diante da nova realidade, adeus.