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Negócio

Sanha empreendedora

Quem nasce com o vírus e a energia empreendedora segue assim até o fim. Não obstante todos os tropeços, eventuais crimes e ilegalidades, acusações e críticas, Mário Bernardo Garnero, 87 anos, e Eike Batista, 68, acabam de assinar protocolo comprometendo-se a uma série de novos e relevantes projetos em conjunto. Tinham todas as razões, para como se costuma dizer, “sossegarem o facho”. Mas, não conseguem. A energia empreendedora é mais forte. A esses dois malucos, e aos milhões de outros mais, micro, macro, mega empreendedoras, todas as minhas homenagens e reconhecimento. Sem eles não teríamos o carro, as vacinas, as pontes, o smartphone, as roupas, as casas, os shoppings, ruas e avenidas, a paçoquinha, o milho cozido, o caldo de cana, o pastel, Frank Sinatra no Maracanã, o Rock in Rio e agora, o Imagine, o novo empreendimento de Roberto Medina, 77 anos. Um empreendimento que segundo cálculos da FGV terá um impacto econômico anual na economia de mais de R$ 9 bi, mais de 274 bi em 30 anos, gerando 143 mil novos empregos. Medina, Garnero e Batista, não obstante os eventuais e naturais tropeços e escorregões inerentes ao ato de empreender, são algumas das melhores referências para todos os jovens brasileiros. Assim como Gorki Starlin Oliveira. Num mercado – o de livros – onde quase todos os movimentos são de retração e quebras, uma exceção. Gorki Starlin da Costa Oliveira, que em 2002 criou a Alta Books, editora de livros de computação e negócios, e segue sendo salvo raríssimas exceções, o último dos empreendedores a acreditar nos livros de papel. Desde então, e em pouco mais de 20 anos, converteu-se no Grupo Alta Books, pós sucessivas aquisições, totalizando 16 selos diferentes, e um catálogo com mais de 4 mil títulos. Uma espécie da Velhinha de Taubaté, personagem emblemática de Luis Fernando Veríssimo, a última a acreditar nos governos militares. Gorki, salvo poucos e raríssimas exceções, é um dos últimos editores do país, a acreditar no livro de papel, mesmo com o debacle da FNAC, Cultura, Saraiva, Laselva, dentre outras. No domingo, 8 de setembro, Gorki, generosamente, escancarou números e detalhes do desafio que os sobreviventes, e os novatos no território, vêm enfrentando, em entrevista a Ruan De Sousa Gabriel, de O Globo. “Em 2018, com a recuperação judicial da Saraiva e da Cultura, percebemos que o número de livrarias ia diminuir, as lojas iam ficar menores e haveria menos prateleiras para livros de computação e negócios. Os livros técnico-científicos representavam metade de nosso faturamento. Nossa estratégia foi apostar na bibliodiversidade comprando editoras pequenas e médias de outras áreas. Hoje, em todas as prateleiras, há livros de nosso catálogo…”. E, na sequência, foi revelando as táticas de sua estratégia, ‒ “Compramos editoras porque não compramos apenas o catálogo, e sim, toda a experiência de erros e acertos ao longo de anos…”. ‒ “Honramos tudo o que está contratado e procuramos manter o editor na mesma posição para planejar o catálogo para os anos seguintes. Se ele decide sair, procuramos um profissional com o mesmo perfil para substituí-lo”. ‒ “Com o fechamento de livrarias percebemos que os espaços iam diminuir. Assim, compramos editoras para não só expandir o catálogo como também para brigar por prateleira e dar continuidade a projetos editoriais que pareciam inviáveis na nova configuração do mercado”. ‒ “De nosso faturamento 60% vêm de livros de negócios e desenvolvimento pessoal, 15% de técnico-científico, e os 25% restantes de literatura e gastronomia… e, um terço de nosso faturamento vem da Amazon… mas, para lançar um livro ainda precisamos de livrarias. No meio de tanta informação na tela, ninguém vê o lançamento…”. Ele, Gorki Starlin Oliveira, talvez o último dos editores de um negócio próspero durante décadas, e que mergulhou de cabeça e de forma irreversível na chamada Cauda Longa. São os malucos que giram a roda da economia, produzem riquezas, criam empregos, e assumem os riscos de quebrar e serem execrados por todos os demais. Mas a energia interior, a sanha empreendedora, é mais forte… Thanks God! God Bless You!