Tag: iFood

Negócio

Dos dilemas dos comandantes

Muitas vezes o líder não acredita no que vê acontecendo com seus concorrentes e decide, no curto prazo, seguir a estratégia que sua cabeça diz ser a correta. E assim, pode prosseguir por mais algum tempo dependendo de seu carisma e reconhecida competência, em se tratando de empresa de capital aberto, ou, se em empresa de dono, o dono encontra-se satisfeito e comunga das mesmas crenças e apostas. Um ótimo exemplo da primeira alternativa, mas onde os acionistas já começavam a manifestar os primeiros sintomas de descontentamento sugerindo revisão da estratégia, diz respeito ao GPA – Grupo Pão de Açúcar, uma empresa hoje francesa, grupo Casino. Os resultados dos últimos trimestres e apenas, decepcionantes. E os acionistas começam a cobrar de forma mais eloquente de Jorge Faiçal, CEO do GPA. Meses atrás, e comentando com os acionistas sobre as causas dos resultados decepcionantes, disse, “Vamos recuperar o tempo perdido”, e “saímos um pouco atrás de nossos concorrentes ‒ referindo-se mais especificamente ao Carrefour – mas vamos recuperar”, insistiu. E aí é que a situação se embaralha e complica. O que decidiu e já está fazendo o Pão de Açúcar? Fazer parceria com os principais marketplaces. Dentre outros, já fechou com o Mercado Livre, Americanas, Supermercado Now e iFOOD e segue aberto para novos e mais parceiros. E aí as coisas vão se complicando… Culturalmente, o grupo Casino é um mega fracasso no território das lojas de departamento, muito especialmente nos eletroeletrônicos e produtos de tecnologia. Sua gestão na e da Via Varejo, e enquanto era a empresa controladora, foi um desastre monumental. Tanto errou que jogou a toalha, colocou à venda, levou dois anos para vender de volta para a família Klein, e que, dois anos depois, colocou a Via Varejo no azul e agora corre para recuperar o tempo perdido da gestão Casino. E o que declarou aos acionistas, Jorge Faiçal, CEO do GPA na oportunidade. Que: “Nossos concorrentes ‒ que alcançaram resultados significativamente melhores ‒ têm mais de 70% do crescimento das vendas decorrentes de um mix de produtos diferente do nosso, e uma experiência mais madura com os chamados aplicativos de entrega…”. Ou seja, amigos, o GPA continua derrapando. E se continuar assim por mais algum tempo perderá pontos substanciais de participação de mercado, que jamais conseguirá recuperar mais adiante. Meses atrás já tinha descaracterizado talvez o melhor programa de relacionamento do mercado, o Pão de Açúcar Mais, numa parceria sem sentido e esdrúxula com a RaiaDrogasil e o Itaú… Assim, vamos seguir acompanhando seu desempenho e aferir o quanto conseguirá reverter essa situação nos próximos trimestres e anos. Por enquanto, essa iniciativa, é um grande desastre. Por outro lado, as pressões pelos péssimos resultados do Grupo Casino em todo o mundo, especialmente na França, muito especialmente se comparados com os do Carrefour, provavelmente levará o Casino a decisões radicais. Tipo, vender o Pão de Açúcar no Brasil… Muito em breve…
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Diário de um Consultor de Empresas – 18/10/2022

Poucas coisas mudaram tão radicalmente como a alimentação das pessoas que moram nas grandes cidades. E vem mais mudanças pela frente…
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Diário de um Consultor de Empresas – 26/08/2022

Todos, todos sem exceção, negócios que disruptaram setores e cadeias de valor, agora, enfrentam a tal da hora da verdade. Terão que provar serem viáveis, e, ainda, pararem em pé em termos legais.
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Diário de um Consultor de Empresas – 04, 05 e 06/12/2021

AGORA, UMA PENÚLTIMA LINHA. A DOS DRONES. Em processo acelerado todas as experiências para a integração dos DRONES aos sistemas de logísticas de produtos e serviços.
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Diário de um Consultor de Empresas – 15/06/2021

PROTEÇÃO A MARCA, OU, UM NOVO NEGÓCIO? Por necessidade alguns dos melhores restaurantes tiveram que recorrer ao delivery. Agora decidiram deixar claro para seus clientes que, “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”.
Negócio

Princesa Isabel, Socorro!

Estaríamos voltando aos velhos e péssimos tempos da escravatura. Acho que sim, ainda que movida a tecnologia, inteligência artificial, aplicativos, e tudo o de mais moderno. No ar, as Dark Kitchens! No início, os aplicativos de entregas de comida, trabalhavam com os restaurantes existentes. E assim passaram-se os primeiros anos, os anos de implantação do sistema ou da nova cadeia de valor. Os preços cobrados pelos restaurantes já existentes incluíam todos os custos, impostos, aluguel, marca, decoração, aparelhagem, enfim, tudo o que caracteriza um restaurante de verdade. Portanto, e mesmo comendo-se em casa e a distância, no preço do prato estava tudo incluído. E ainda era necessário agregar-se o custo da empresa de delivery, de entrega da comida. Ou seja, em relação aos preços praticados, os entregues em casa, custavam entre 8% a 12%, até 20% a mais. Assim, só pediam comida em casa as pessoas que tinham dinheiro e poderiam comer nos restaurantes, mas, por preguiça ou falta de tempo, preferiam pedir pelo smartphone. Queriam maratonar na Netflix e não tinham tempo para perder. Se todos se conformassem com isso, tudo estaria acomodado e nada mais aconteceria. Mas as novas empresas de entrega, turbinadas com o capital de investidores, não podiam parar de crescer, de melhorar a margem, rentabilidade… Em síntese, precisavam escalar. Aditivadas pela inteligência artificial sabiam muito mais do que os donos dos restaurantes, quais eram os clientes e o que queriam, e sabiam também que para poderem continuar crescendo na velocidade desejada pelos investidores, precisavam ser acessíveis às classes C e D. E se continuassem entregando comida de restaurantes que pagam aluguel, impostos, encargos sociais, e tudo o mais, não conseguiriam tornar-se acessíveis a esse universo e mundo maior das classes Cs e Ds. Solução, Dark Kitchens! Cozinhas que ninguém tem a mais pálida ideia onde é, de quem é, e que funcionam exclusivamente para o delivery, eliminam infinitos custos, e têm condição de praticar preços menores e acessíveis às classes C e D. Ou seja, antigos donos de restaurantes, e novos donos de restaurantes, estão multiplicando a quantidade de Dark Kitchens e passam a trabalhar para os aplicativos. Uma espécie de escravos dos tempos modernos, ou Digital Slaves. Inclusive com direito a música composta e cantada pelo Bayside Kings. Lembram,“Alienated, you choose to live in a world that was built to entertain you and distance you from what’s real…”. Daniele Madureira, do jornal Valor, foi atrás, e escreveu, no título de sua matérira, “Aplicativos de entrega dão as ordens na cozinha”. Daniele começa assim, a descrever o que encontrou, “Se depender dos grandes aplicativos de entrega de comida o tradicional convite “visite a nossa cozinha”, exposto em boa parte dos restaurantes, tende a desaparecer…” e conclui, “empresas como o iFood, Rappi, e Uber Eats estão investindo nas chamadas Dark Kitchens que só funcionam para atender às demandas dos serviços de delivery…”. Nas chamadas Dark Kitchens, os chefes de cozinha cozinham de olhos vendados. Não têm a mais pálida ideia de quem é que compra e come sua comida. Seu horizonte termina no motoboy que retira e faz a entrega. Fim. Uma perna só. Silêncio. Segundo Daniele, o roteiro é o seguinte: “Os aplicativos usam os imensos bancos de dados que possuem para identificar a demanda por um determinado tipo de refeição em um bairro ou vizinhança da cidade. De posse dessa informação, buscam um dos restaurantes que já usa a plataforma para a entrega e orienta na escolha de um ponto para a montagem de mais uma Dark Kitchens. O investimento fica por conta do restaurante que fecha um contrato de exclusividade com o aplicativo. A cozinha trabalha a portas fechadas e apenas para atender os clientes do aplicativo. Como se fosse a cozinha de uma casa. E recebe toda a orientação do aplicativo, inclusive passa a trabalhar com uma marca específica do aplicativo criada para esse serviço…”. Todos os aplicativos escondem o número das tais Dark Kitchens. Mas o Uber Eats abriu para Daniele uma pequena pista: “Nos 36 países onde encontra-se presente são mais de 5,5 mil dark kitchens”… É isso amigos. Evolução? Involução? Por enquanto é o que temos. E ainda tudo isso condimentado em nosso país pela crise econômica nossa, conjuntural. Acredito, no entanto, e que um pouco mais adiante, e quando a situação econômica melhorar, voltaremos a nos emocionar com as alegrias e felicidades de comermos num bom restaurante, ao lado de muitas e outras pessoas, contando com os serviços de maîtres e garçons, e a comida saindo direto da cozinha para nossas mesas, sem a necessidade de garupas de motos e temperos de fumaça e gasolina. Nada de errado, mas, no mínimo, constrangedor.