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100 anos, hoje… ou, os quatro meses decisivos do Itaú

Julho de 1971 toca o telefone em minha sala, Francisco Madia, rua Libero Badaró, num pequeno grupo financeiro, chamado Anhanguera: “Madia, você não me conhece. Me chamo Olavo Setubal, tenho um banco médio, acompanho o trabalho revolucionário que vocês vêm fazendo, e queria que você viesse trabalhar comigo e implantar o marketing no Itaú. Sem marketing não chegarei, um dia, à liderança…”.  Respirei fundo e respondi, “Claro que conheço e admiro muito o senhor, Dr. Olavo Setubal… estou a sua disposição para conversarmos…”. 1 de setembro, assumo o comando de um primeiro departamento de marketing de um banco no Brasil, o do Itaú América Federal de Crédito. Vou dar um bom dia e receber as instruções do Dr. Olavo, em companhia de meu adorado chefe Alex Thiele. “Madia, não quero assustá-lo, mas temos pressa. Precisamos provocar um choque cultural em nossa equipe, muito especialmente a da linha de frente. Nos 300 gerentes e suas equipes das 300 agências que temos. E seguiu num longo briefing. Dá pra fazer tudo isso em quatro meses, até dezembro? Sonho em ver o Itaú um dia no topo do ranking. Antes de responder, recomendo você conhecer o banco…”. Uma semana depois volto, “Começando pelo fim, Dr. Olavo, sim, dá para iniciarmos de forma consistente o reposicionamento do Itaú América Federal de Crédito. E o diagnóstico e o plano tem essas grandes linhas. Precisamos, como o sr. bem disse, fazer com que os 300 gerentes que vieram de bancos diferentes passem a integrar uma mesma equipe. Para tanto, e depois de nos prepararmos, vamos realizar uma primeira convenção de gerentes. Todos juntos. Vamos criar uma comunicação interna, o Itaú Semanal, e mais adiante vamos reduzir todas as marcas a uma única, Itaú. Vamos trocar de agência de propaganda, vamos adotar uma nova e revolucionária política de branding, vamos mudar o sentido dos computadores IBM, deixando de processar papéis e convertê-los para a produção e gestão de dados, e outras providências complementares. Em síntese, o plano é esse, Dr. Olavo, podemos seguir em frente?” E tudo isso foi realizado naqueles quatro meses, setembro/dezembro 1971. Como diria Malcolm Gladwell, o “tipping point” que mudou a história do mercado financeiro do Brasil. No dia 1 de outubro começa a ser veiculada a primeira campanha criada pela nova agência, a DPZ, “Ajude o Itaú a ser o primeiro, um dia poderá ajudar você”, e Peter Drucker, por decisão genial e espetacular do Alex Thiele passa a ser o mentor intelectual de todo o reposicionamento do Itaú. O ensinamento disruptivo de Drucker converte-se no mantra do novo banco que nascia naquele momento, “A melhor forma de prever o futuro é construí-lo”. E pra coroar de êxito e emoção, por uma manifestação de carinho, apreço e amizade do querido amigo Boni, o Itaú, aquele banco médio de 300 agências, foi escolhido e assinou a primeira mensagem de Natal da Globo, com um casting de mais de 100 artistas, por um valor simbólico e que cabia na pequena verba, “Hoje é um novo tempo de um novo dia que começou”, música dos irmãos Valle e Nelson Motta. Um Natal inesquecível para todas as famílias das equipes das 300 agências que celebraram e cantaram junto com o casting da Globo, aquele momento único da história do marketing em nosso país. Todos os clientes, mais que se emocionaram, sentiram-se homenageados. A semente estava plantada… Parabéns Itaú Unibanco, pelos primeiros 100 anos! Muitos e mais sucessos, felicidade, 1.000 anos de vida.
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21 anos da Rede Vanguarda, e, a palestra do Boni

“Madia, vamos completar 21 anos e queria oferecer uma palestra sua a comunidade do marketing de São José e região, – empresários e profissionais da Vanguarda – e a minha equipe, pode ser?” Assim, e no dia 21 de agosto tive o privilégio e a honra de palestrar para a comunidade empresarial de São José e Região, atendendo ao convite dele – Boni – o brasileiro que mudou, reeditando, a história do Brasil. Com competência, sensibilidade, acurácia e técnicas de ourivesaria; o que nós, brasileiros, hoje somos, na visão do mundo. “Madia, preciso que você conte onde estamos e para onde vamos, nós, nossas empresas, o mercado, e o que precisamos saber e fazer, pode ser?” Os presentes receberam o livro dele, O Lado B de Boni – já e pela segunda semana dentre os 10 mais vendidos do Brasil – e um pequeno livro meu, Madia Marketing e Branding Plan Guide – com todo o conhecimento, lições, metodologias, essenciais para as empresas enfrentarem e sobreviverem ao Tsunami Tecnológico que deu fim ao mundo em que nascemos, e começa a esboçar um novo e admirável mundo. O maior desafio, disse aos presentes, é que não estamos nem acostumados e muito menos preparados para enfrentar uma Crise Estrutural da dimensão da atual. Precisávamos, como nos ensinou Peter Drucker, saber “refratar como prismas”, e não “refletir como espelhos”, e que é o que a vida nos ensinou diante de infinitas crises conjunturais que enfrentamos e superamos. Quando refletimos como espelhos, planejamos com os olhos grudados no retrovisor, e projetamos o passado em direção ao futuro. Quando refratamos como prismas, ignoramos o passado, só olhamos através do para-brisa, e como nos ensinou Drucker. Essa palestra a partir de agora está à disposição de todas as empresas, e se chama, “A Palestra do Boni”, com um aposto de Peter Drucker, “A melhor forma de planejar o futuro é criá-lo”. O Boni é uma referência. A referência. Em 1971 fui contratado para reposicionar o Itaú América Federal de Crédito, pelo dr. Olavo Setubal, que queria adotar o marketing naquele banco de 300 agências para um dia alcançar a liderança. Fizemos o primeiro planejamento estratégico do Itaú em 30 dias, e começamos a execução no dia 1 de setembro de 1971, com um prazo inicial de 120 dias para os primeiros resultados. Mudamos a comunicação interna, contratamos a DPZ, colocamos no ar uma primeira campanha mais que agressiva e desafiadora – “Ajude o Itaú a Ser o Primeiro, Um Dia Poderá Ajudar Você”, mudamos a ótica dos computadores do banco que deixaram de ser máquinas de fazer economia de mão de obra e passaram a produzir informações de qualidade, fizemos a primeira convenção de gerentes no Cine Regina, na Avenida São João, e faltava um grande encerramento. Que, finalmente, fizesse da equipe do Itaú, embora cada um viesse de um banco diferente, uma equipe única, motivada, vencedora e mais que comprometida. E para isso contei com o Boni. Que nos possibilitou ‒ pela primeira e única vez, a uma organização – o Itaú ‒ ser parceiro da Globo em sua primeira mensagem de Natal, “Hoje é um novo dia…” composição legendária dos irmãos Valle e do Nelson Motta. Os 300 gerentes do Itaú tiveram o melhor Natal da vida deles, eram parabenizados pelos clientes e invejados pela concorrência, começando a nascer ali o novo líder de mercado, três décadas depois… 1981 contei, uma vez mais, com o talento, apreço e amizade do Boni, num momento em que ainda não existia a Apoio e o merchandising não era vendido, resolver um desafio descomunal. A rejeição que as famílias da cidade de São Paulo passaram a ter sobre seu mais novo e fascinante Shopping Center, o Eldorado, uma pirâmide na marginal, caótica internamente, e onde as pessoas tinham dificuldade para entrar, e maior de encontrar a saída. Pela primeira vez uma novela inteira teve como cenário principal um Shopping Center, “Guerra dos Sexos”, que quebrou todas as resistências e preconceitos da família paulistana em relação ao Eldorado, e até hoje, na medida em que a novela foi exibida em dezenas de países, estrangeiros vêm conhecer o Shopping da Novela… Assim, impossível não aceitar o convite de um mestre. E, neste artigo, reverenciar aquele que seguiu ao pé da letra o ensinamento de Drucker, construindo um legado monumental e que deixará para todos nós. “A melhor forma de planejar um Novo Brasil é criá-lo”. E é o que fez e segue fazendo em toda a sua legendária trajetória profissional e empresarial. Ele, O Boni! Valeu, amigo Boni. Sou seu fã. Para sempre… Francisco Madia.
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Dexco, operação resgate

No início dos anos 1970, por uma iniciativa de meu querido e saudoso amigo e gerente de propaganda do Itaú, Alfredo Rosa Borges, e com a aprovação de nosso também e mais que adorado chefe, Alex Cerqueira Leite Thiele, o Itaú passou a ocupar o relógio em cima do Conjunto Nacional, e de onde podia ser visto por toda a cidade. E que, numa primeira temporada, antes do Itaú, levava a marca da Willys. Willys Overland… “O Relógio do Itaú” era uma das referências da cidade de São Paulo… Quando apresentamos o projeto para o Dr. Olavo Setubal, foi aprovado em 5 minutos. Disse o Dr. Olavo. “Nem precisa continuar… se queremos ser o líder, mais que na hora de fincarmos nossa bandeira no topo da Paulista…” E assim aconteceu. Pessoas voltando para suas casas, de diferentes pontos da cidade, e confirmando as horas no relógio do Itaú. Por uma decisão patética e descabida, o Itaú foi obrigado a apagar e desmontar o relógio para não seguir recebendo pesadas multas por suposto desrespeito a polêmica Lei Cidade Limpa. Fevereiro, 2012. A cidade onde as pessoas veem, agora, 2024, as paredes brancas dos prédios, enquanto tropeçam e se arrebentam nas calçadas esburacadas… Ou, por razões que a própria razão desconhece e a ignorância, prevalece, o Itaú foi obrigado a apagar o relógio, e desligar para sempre aquela que durante quase quatro décadas foi, repito, uma das mais emblemáticas marcas da cidade. Fevereiro, 2012. Um dos símbolos da cidade apagado, repito novamente, pela ignorância e estupidez, para sempre. Agora, e imagino nada a ver com o que vou dizer, a Dexco, dona dentre outras das marcas Deca e Duratex, e que tem como acionistas algumas das famílias que detém o controle do Itaú, passa a ocupar parte do térreo do mesmo e emblemático e legendário Conjunto Nacional. Projeto monumental de David Libeskind. Em minha opinião, um prédio simplesmente espetacular. Um dos “clímax” da arquitetura paulistana. Assim, e na minha memória afetiva, o Itaú resgata a posição perdida, deixa o topo e passa a integrar a base, o coração do Conjunto Nacional. Num momento em que o Conjunto Nacional se encontra ferido e sangrando, pela perda da mais emblemática livraria da cidade, a Cultura. Isso posto, e tirando meu sentimento e saudosismo e delírios, uma decisão irretocável da Dexco em se posicionar, num dos melhores Branded Content Analógico, num mundo que se digitaliza a cada segundo, e no espaço que melhor representa São Paulo. Uma megaloja, pulsando todos os dias as marcas Deca, Portinari, Hydra, Duratex, Castelatto, Ceusa e Durafloor, num investimento de R$50 milhões, e onde se encontrarão de forma recorrente arquitetos, engenheiros, designers, e nós, todos nós, que amamos esta cidade, e que passamos a quase totalidade de nossas vidas convivendo com produtos de extraordinária qualidade como os metais Deca, as válvulas Hydra, por exemplo. Válvulas essas que já eram dotadas de IA – Inteligência Analógica – e que só agora começamos a reconhecer e valorizar. Parabéns Dexco. Um gol de placa. Não cicatriza de vez a ferida e a dor do Conjunto Nacional, mas atenua sensivelmente. Finalmente o Branded Content Analógico da Melissa na Oscar Freire ganha uma nova manifestação com a mesma qualidade. E Se for vivo, e tiver a disciplina de renovação da Melissa, sensacional. O MEQ– Marketing de Excepcional Qualidade em festa!
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Temos um 4º grande banco. E é 100% digital

Ao divulgar os resultados referente ao primeiro trimestre deste ano o Nubank revela números exuberantes, e qualifica-se, definitivamente, pela base espetacular de clientes que possui, a ingressar no mesmo ranking onde se digladiam Itaú, Bradesco e Santander. Vamos aos números. Um lucro no trimestre de quase 450 milhões de dólares, uma alta de 11,8% em relação ao quarto trimestre de 2023, e, um salto de 79,1 milhões de clientes para 99,3 milhões. Dias depois de anunciar os resultados, voltou à imprensa para informar já ter superado a casa de 100 milhões de clientes. Assim, e em número de clientes já é maior que o Santander, e encostou no Bradesco e no Itaú… Ainda distante da Caixa Econômica Federal com mais de 150 milhões de clientes… Bradesco, Itaú, Santander, Caixa, Banco do Brasil, levaram décadas ou séculos para chegarem onde se encontram hoje. O Nubank, exatos, 10 anos… Um exemplo clássico do ensinamento de Jean Cocteau. “Não sabendo que era impossível, David Vélez, Edward Wible e Cristina Junqueira, foram lá e fizeram… O que os demais grandes bancos do Brasil levaram, em média, um século para construir, o Nubank precisou de 10. Apenas isso. O impacto monumental e espetacular da tecnologia nos negócios.
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Branding mistakes. Itaú e Mondelẽz

Itaú Na falta do que fazer, com uma marca mais que irretocável e consagrada, o Itaú, como se diz na gíria, decidiu dar um tapa em sua marca na tentativa de um pretenso e desnecessário rejuvenescimento. Mais que um tapa, deu-se uma bofetada, uma espécie de Branding Slap. Simplesmente, por mais sútil e quase imperceptível que seja o face lifting, descaracterizou a marca. Talvez muitas pessoas nem mesmo se deem conta, mas, o cérebro registra. E a dissonância cognitiva gera incômodo, desconforto, e pior ainda, insegurança. E para completar a tragédia, num design que está mais para o retrô, revê seu positioning statement, e se diz, “Feito de Futuro”. Por que? Quem, dentro do banco cobrou essa plástica absolutamente desnecessária, perfunctória, deletéria? Início dos anos 1970, circunstancialmente eu, Madia, me encontrava à frente da primeira área de marketing de um banco em nosso país. Isso mesmo, do, na época, Itaú América. Que tinha uma marca desenhada pelo artista e designer Aloísio Magalhães. Fria, reta, nos estertores do Art Déco. Em parceria com o Alfredo Rosa Borges, gerente de comunicação do banco, com a cumplicidade de nosso chefe Alex Cerqueira Leite Thiele, e o talento e sensibilidade de Francesc Petit concluímos que era necessária uma revisão radical na marca. Eliminar o América, e fortalecer o Itaú. E, depois de uma série de movimentos, chegamos lá, contando com o apoio de dona Tide Setubal, esposa do Olavo Setubal. E mais que deu certo. O sonho do Dr. Olavo ao decidir pela criação de uma área de marketing que possibilitasse ao banco um dia alcançar a liderança do mercado concretizou-se. Com a construção de uma marca, simplesmente espetacular, irretocável. Marca essa que agora, sabe-se lá por quais razões, decidiu aplicar-se botox… não deveria… Mondelẽz, Morumbis Duas decisões recentes da Mondelẽz no território do Branding, e pra dizer o mínimo, temerárias. A primeira delas, a decisão de patrocinar o influenciador Felipe Neto, com seu mais que consagrado e legendário BIS. Felipe Neto, influenciador de adolescentes que divide opiniões e volta e meia se envolve em polêmicas, simplesmente, patéticas. E agora, em decisão tão ou mais temerária, escala seu legendário BIS para juntar-se e comprar o naming rights do estádio do São Paulo Futebol Clube, produzindo uma soma, no mínimo, tosca. MORUMBIS! Repetindo, e no mínino duas decisões precárias e controvertidas. Associar um produto mais que querido e adorado pela quase totalidade da população brasileira, que cresceu e segue – ou seguia – pedindo BIS, e que agora vê seu produto legendário e de coração tomando duplo partido. O de Felipe Neto, e suas preferências e manifestações temerárias, e o do São Paulo, contrapondo-se aos demais torcedores. A compra de Naming Rights, além de invariavelmente implicar num investimento elevado, e por um longo tempo de duração, jamais, deveria ser suportada por um único produto. E assim, e se quisesse seguir em frente com sua decisão, deveria ter comprado o naming rights para a Mondelẽz, tipo Arena Mondelẽz, ou Morumbi Mondelẽz, e, jamais para um único produto. Mas, deixou-se fascinar por uma espécie de trocadilho pífio, MORUMBIS… Muito especialmente um produto que é adorado e campeão de todas as torcidas. E jamais, deveria assumir as cores de um único time, e as preferências débeis de um apresentador inconsequente. Agora Inês é Morta, e a Mondelẽz verá, inexoravelmente, seu BIS perder parcela expressiva de seus milhões de clientes, Parcela expressiva deles, sente-se traída, por um produto que era mais que querido por todas as torcidas… R$ 90 milhões de “investimento” que resultarão em perda de participação de mercado, e, por decorrência, de dinheiro, de muito dinheiro.
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Diário de um Consultor de Empresas – 21, 22 e 23/10/2023

PIX, talvez, um dos melhores “CASES” das Últimas Décadas. Mais que merecia um MARKETING BEST.
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Diário de um Consultor de Empresas – 23/08/2023

A marca e a sombra de uma liderança espetacular, mesmo distante no tempo
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Diário de um Consultor de Empresas – 20/07/2023

A VERDADE DOS NÚMEROS, ou, brasileiros malucos para abrir contas em banco…
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Diário de um Consultor de Empresas – 15, 16 e 17/07/2023

O velho e único MERCADO PARALELO de MOEDAS também sendo disruptado pelo tsunami tecnológico.
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Diário de um Consultor de Empresas – 12/07/2023

Os resultados dos bancos e o endividamento das famílias brasileiras. Quase todas.
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