Santander leva “a lambança da década”
No primeiro sábado de maio, dia 2, 2020, nossos consultores acordam com um
anúncio do Santander encapando os três principais jornais do País. Já na
primeira leitura mais que suficiente tratar-se de uma mega pataquada. Fruto de
descuidos inaceitáveis dos que propuseram e dos que aprovaram a iniciativa.
Indesculpável! Ato contínuo, o Madia escreveu seus comentários que envia para
todos os empresários e profissionais que assinam a plataforma de Mentoria de
Negócios, sob a responsabilidade do MadiaMundoMarketing: Perennials. Assim
como, fez um post no Facebook. O Madia perguntou, “Santander, boa notícia pra
quem?”. E continuou em seus comentários…
“Não pergunte porque alguns bancos são assim, são assim mesmo. Mesmo nas
maiores crises encontrando um jeito de ganhar mais dinheiro ainda, jeito esse
camuflado das melhores intenções. Encapando os três principais jornais do País,
hoje – Estadão, Folha, Globo – o Santander diz que banca o projeto que vai dar
novas fontes de renda para mais de 400 mil bancas do Brasil.
Fui conferir. E, não é bem assim. Financia, desde que… E aí uma sucessão
de “desde quês”… De boas intenções o inferno, que também é vermelho, está
abarrotado. Daquelas ideias “geniais” que alguém tem, aprova-se no
açodamento e irresponsabilidade, e depois, e se der problema, corrige-se…
Nada contra as resilientes, bancas de jornais do Brasil. Que por sinal, nem na
época áurea dos jornais onde o Brasil tinha milhares deles – quase toda a
cidade tinha seu jornal –, chegou a 10% das chamadas 400 mil que o Santander
diz em seu anúncio… Em 1986, eram 23 mil; Em 2019, 12 mil; e, de verdade
mesmo, não mais que 8 mil, hoje. Onde será que o Santander arrumou 400 mil…”.
“Eu passei muitas horas de todas as semanas de toda a minha vida –
continua o Madia – vasculhando bancas de jornais. Não vivo, não respiro, não
acordo sem uma revista – muitas – um jornal – muitos, na minha frente, como
acontece agora”, dizia eu no post, naquele sábado de manhã, 2 de maio de 2020,
9 horas… E além de todas as publicações que assino. Mas as razões da crise
das bancas, dos jornais e das revistas são infinitamente mais profundas. Dentre
outras, é que existe um novo mundo em processo de construção, provisoriamente
interrompido pela coronacrise, onde outras e novas alternativas de acesso à
informação prevalecem…
“Lembram, Al Ries e Jack Trout com a famosa e 1ª das “22 Leis
Consagradas do Marketing”. Onde a 1ª de todas, dizia, “Mais vale ser
o primeiro do que ser o melhor” e que foi literalmente defenestrada pelo
tsunami tecnológico. Agora essa 1ª lei precisou ser revista e passou a ter a
seguinte redação, “é importante ser o primeiro, mas, mais importante, ser
o melhor sempre”. E na cabeça dos jovens de 18 ou 88 anos, existem outras
alternativas e soluções que prestam o mesmo serviço de informações melhor, na
cabeça deles, repito, do que jornais e revistas.
“Eu, Madia, vou até o fim. Diria que minha paixão pelas publicações não
tem cura. Enquanto estiver vivo, quero ser o último assinante e leitor de
jornais e revistas. Dos livros, também! Não resisto ao prazer e a componente de
sensualidade de tocar nas páginas de jornais e revistas e livros de onde brotam
as informações mais relevantes para saciar o apetite de meu capital de
conhecimento. Assim, mega decepção! Pensei que o Santander ia bancar, de
verdade, e não financiar, como é de seu hábito, prática e business. Mais ainda,
não imaginaria que o Santander ia colocar os 5.500 municípios do país contra a
parede, estimulando os sobreviventes e heroicos donos das bancas, a brigarem
com as prefeituras desses municípios. E depois ficar rindo escondido…
“Pior ainda, não imaginei que o Santander fosse defender um privilégio
para as bancas sobreviventes, em detrimento aos “chaveiros, manicures,
ateliês de costura, floriculturas e até assistências técnicas de celular”,
que imagino alguns deles, talvez milhares, sejam clientes do Santander. E me
pergunto, será que o Sergio Rial aprovou essa nova modalidade de financiamento
do banco que dirige, modalidade cosplay tosca de ação de benemerência?
Assinado, Francisco Madia, o último assinante de jornais e revistas, o último
frequentador das bancas de jornais. Ou, um dos últimos… Tempos de coronavírus!
Acho que o covid-19 bagunçou a cabeça dos profissionais do Santander…” –
terminava o Madia.
Dias
depois, o Santander foi enquadrado pelo Conar por sua monumental lambança.
Acatou a acusação da ANJ – Associação Nacional de Jornais – que a campanha do
Santander deprecia a relevância dos jornais. Nos vídeos da campanha o Santander
dizia, “nos últimos anos, mais gente comprava jornal para catar sujeira de
bicho de estimação do que para ler…”, e, emendava… “ninguém mais compra
jornal em bancas, todo mundo lê notícia pelo celular…”.
No mês de maio de
2020, mas em tempo, o Santander arrebatou a taça da lambança da década.