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Negócio

Brasil inaceitável

No Carnaval de 2020, enquanto a pandemia começava em nosso país, o Governador do Estado de São Paulo na época, João Agripino da Costa Doria Júnior, comandou uma caravana de empresários brasileiros aos Emirados Árabes. Estavam presentes representantes de 50 empresas, ocasião em que o Estado de São Paulo inaugurou um escritório de representação em Dubai. Na volta da caravana, com a pandemia acelerando, o destaque foi a declaração do empresário Sidnei Piva, que comandava a Itapemirim em processo de recuperação judicial, ter anunciado um empréstimo de US$500 milhões para montar uma empresa aérea, a ITA. No dia 29 de junho de 2021, 16 meses depois da volta, a ITA fez seu primeiro voo. Anunciando que iria operar com 35 destinos, e que teria 50 aviões integrados à frota até junho do ano seguinte. Próximo do final do ano, com poucos meses de vida, e num exuberante voo de galinha, a ITA anunciou a suspensão de todos os voos por falta de caixa para pagar combustível aeroportos, e funcionários. Deixando milhares de passageiros com o bilhete na mão. A imprensa foi cobrar da agência reguladora do negócio da aviação em nosso país, a ANAC, porque tinha dado autorização para uma empresa em recuperação judicial, sem nenhuma experiência, e que deixara de cumprir algumas das exigências mínimas para se constituir. E ouviu perplexa, do presidente da ANAC na oportunidade, Juliano Noman, literalmente, a seguinte explicação: “Nós fomos pegos de surpresa. Não esperávamos que a companhia fosse parar…”. Ou seja, a tragédia é completa. A agência reguladora que deveria regular e que é responsável por todas as autorizações declarou-se surpresa… Se faltava um exemplo tétrico de um Brasil que definitivamente não queremos mais, essa aventura que começa no carnaval de 2020, o do início da pandemia, e que termina menos de dois anos depois, é mais que reveladora que essa situação é insuportável e que não pode nunca mais acontecer. Independente da imediata troca de comando e enquadramento de uma agência que não se envergonha de dizer ter sido pega de surpresa de alguma coisa que, em tese, estava debaixo de seu nariz e sob seu suposto comando e controle. Infelizmente, situação semelhante acaba de acontecer com o episódio Americanas, e o comportamento pífio, incompetente e lamentável da CVM – Comissão de Valores Mobiliários. Seis meses depois do primeiro voo, a falecida que jamais deveria ter nascido, a ITA, começou a devolver todos os aviões de sua frota, arrendados, e às empresas proprietárias. Não precisávamos de mais um escândalo dessa dimensão. Muito menos da dimensão do Americanas. Mas já que ocorreram e “Inês é morta”, que sirvam como últimos e derradeiros exemplos de um país que não queremos mais. Nunca mais…
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