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Negócio

A disrupção da disrupção

A última fronteira do varejo on-line sempre foi e continuará sendo o comércio de perecíveis. Frutas, verduras, carnes e vegetais. O que o mundo aprendeu até agora é que além dos desafios da armazenagem e conservação, ainda tem as componentes da aparência, e a insegurança de se saber se o produto é fresco de verdade. De qualquer maneira, e mesmo com grandes players tendo desistido da missão, muito especialmente através de soluções centralizadas, como fez a Americanas, em 2021, quando decidiu entrar nesse território também, mas, privilegiando a proximidade e assim comprou uma empresa especializada e com 73 lojas, a Natural da Terra, algumas ainda insistem que é possível, e mais, conseguem convencer investidores e gestores de fundos. Dentre essas, chegou ao Brasil em setembro de 2021, com muito ânimo e um bom dinheiro, a startup mexicana, Justo. A Justo foi fundada na cidade do México, no ano de 2019, e posicionada como o primeiro supermercado on-line de verdade. Com os demais itens clássicos dos supermercados, mas, com o supermercado por inteiro, e incluindo os perecíveis. De certa forma, e contrariando a componente sharing do mundo moderno, o compartilhamento, a Justo pretende fazer tudo com equipe própria. Incluindo equipe exclusiva, uniformizada, com um mesmo discurso, e entregando sempre com hora marcada. Lembram ainda os comedidos, sensíveis e céticos, que a frota de veículos terá que ser construída especialmente para essa missão, na medida em que é absolutamente impossível trabalhar-se com todos os perecíveis numa mesma temperatura. Cada caminhão de entrega terá que ter no mínimo três compartimentos com temperaturas diferentes, o que complica ainda mais a manipulação dos perecíveis. Ou seja, mil e uma interrogações sobre as perspectivas de sucesso dessa iniciativa… Nenhuma empresa sobrevive de ótimas intenções que na prática ou revelam-se impossíveis, ou, economicamente inviáveis. Não vai dar certo.