Os piratas da nova economia
Por mares nunca dantes navegados singravam embarcações dos mercadores de antigamente. E muito rapidamente, foram multiplicando-se os piratas que atacavam próximos às costas, e, mais adiante e até mesmo, em alto mar, ou águas profundas.
O mundo, mais do que mudar, está renascendo. E, como ele, os novos piratas e bandidos. Agora, não mais dos mares, bandidos da digisfera. Contra os quais nada faz uma sociedade que mal consegue cuidar do analógico, e não passa nem perto do digital.
E assim, deixou de ser excepcional ou raridade empresas convocarem reuniões de seus dirigentes para decidirem se pagam ou não pelo resgate de seus dados e informações. Não deveriam. Claro que não. Mas, e em meio às discussões, encontram-se diante de um desafio absurdo.
Pagar, ou morrer, na medida em que pelo sequestro de seus dados encontram-se imobilizadas, param de funcionar, e caminham inexoravelmente em direção à morte. A pior das mortes. Morrerão sentadas, saudáveis, sorrindo, paralisadas. Foram mortalmente feridas pelos piratas das águas profundas da deep web. Ou pagam, ou não retiram a seta que dispararam de suas zarabatanas digitais.
As estatísticas recentes registram 13 mil ataques mensais de todos os tipos de hackers, inclusive os quase mortais e que partem da deep web. E esses mesmos dados, e por enquanto, falam que empresas encurraladas, e com o “respectivo” na mão, desembolsaram, em 2020, um valor superior a US$20 bi para terem seus sistemas liberados e voltarem a operar.
Dentre as vítimas, a JBS, Renner, Protege, Laboratórios Fleury, apenas para citar algumas empresas.
E, assim, e em meio ao desespero, as empresas de segurança cibernética vão batendo recorde de vendas de seus serviços. No desespero, e temendo que a praga devasse sua família, alguns pais matriculam seus filhos, em horas supostamente vagas, em cursos de segurança cibernética.
Há dezenas deles anunciando no digital. Dizem coisas do tipo: “A aprendizagem sobre questões de segurança cibernética pode fazer com que a sua família se sinta mais protegida e segura on-line. A segurança cibernética é um conjunto de práticas que protege informação armazenada nos computadores e aparelhos de computação transmitida através de redes de comunicação, incluindo a internet e telefone celulares…”.
Em síntese, o Admirável Mundo Novo é fascinante, mágico, monumental, espetacular. Pena que trouxe os bandidos junto.
Estamos condenados a navegar permanentemente tensos, e na expectativa de nosso barco ser atingido e atacado por um “bandidonauta”! Nesse sentido, o mundo velho e o mundo novo são rigorosamente iguais. Talvez, o novo, pior.