
A ciencia e a arte de pegar carona
De alguma forma, o negócio de venda de livros em nosso país chegou a uma encruzilhada nos últimos anos. De um lado, editoras e livrarias tentando colocar em pé o chamado livro digital, ou e-book. Que prometia ser um grande sucesso, que acenava com a perspectiva de praticar preços bem mais acessíveis que o dos livros de papel – no máximo 20% do preço de um livro de papel –, mas hoje, 20 anos depois, essa perspectiva perdeu muito de sua força inicial porque quem gosta de livro e tem o hábito de ler, ainda prefere os velhos, bons e queridos livros de papel. E como não conseguiu alcançar os volumes que imaginava, os e-books custam quase tanto hoje quanto os livros de papel.
Mas, e mesmo assim, na década passada, a crise chegou pra valer nas livrarias tradicionais, e as três maiores redes do Brasil fizeram água, e até hoje existem dúvidas sobre suas sobrevivências: a Cultura, Saraiva e Laselva. E a FNAC jogou a toalha e despediu-se do Brasil. Assim sobreviveram as novas redes, de lojas de tamanho menor, e também com uma quantidade menor de unidades.
Dentre essas, uma rede de porte médio, que começou a partir de uma única loja em 1985, a Livraria da Vila, e que desde 2002 é comandada por Samuel Seibel. Há 17 anos, a então tradicional Livraria da Vila da Fradique Coutinho abriu uma segunda loja na Alameda Lorena. Onde eu, Madia, lancei alguns de meus livros.
Com a pandemia, Samuel reconsiderou o tamanho de algumas de suas lojas, e decidiu mudar a tradicional livraria da Lorena, para a própria Lorena, num tamanho menor, mas recorrendo a estratégia de pegar carona. Assim, meses atrás inaugurou sua nova loja na mesma rua, só que agora, ao lado do Santa Luzia.
E apostando que conseguirá atrair parcela expressiva dos clientes daquele que é o supermercado de uma loja só com o mais elevado ticket médio de vendas do país.
Em tese, tem tudo para dar certo e converter-se num megassucesso. E talvez, como seu vizinho vencedor, e depois de algum tempo, ser a livraria do Brasil com o maior volume de vendas por metro quadrado. Vamos conferir.
De qualquer maneira sempre bom saber que as livrarias de tijolo e livros de papel sobrevivem, e, aparentemente, superaram sua maior crise. E pegar carona, continua sendo sempre, uma ótima estratégia.