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O Brasil invade os resorts de esqui na Europa… ou, feijão na neve…

Essa era a manchete de algumas publicações às vésperas da pandemia… janeiro/fevereiro de 2020… Não, não invadiu… O Brasil seguia por aqui paupérrimo e tentando, com ou sem pandemia, há 523 anos, dar um jeito na miséria e desigualdade social. Alguns brasileiros que conseguiram prosperar, esses sim, descobriram os resorts de esqui da Europa, foram comentando e contando para seus amigos, parentes e vizinhos, e hoje, e com o fim da pandemia, nos 16 resorts que o Club Med tem na França, Suíça e Itália, a cada novo ano mais brasileiros. Depois da França, o país que mais manda turistas para esses resorts. Conclusão, o Club Med precisou providenciar mudanças nos quartos, e muito especialmente no cardápio. Todos esses resorts hoje oferecem feijão nas refeições. Em entrevista para a Folha, Janyck Daudet, CEO do Club Med para a América do Sul, declarou, “Metade de nossos novos hóspedes é de brasileiros que vêm esquiar pela primeira vez… quase sempre os filhos nunca viram neve e alguns não falam inglês. Assim, decidimos e hoje temos uma equipe de brasileiros no atendimento…”. Já a quase totalidade dos brasileiros, a quase totalidade, repito, segue por aqui aguardando os tais dos dias melhores, que, em algum momento, virão… será? Aguardando, e rezando por um milagre… cada vez mais difícil de acontecer.
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Tropeços na linha de chegada – operação resgate

Acidentes de percurso sempre podem acontecer. Revestem-se de maior gravidade quando acontecem próximo da linha de chegada. Onde empresas planejam-se, organizam-se e produzem praticamente durante todo um ano para uma data promocional; e, às vésperas da data, são flagradas como se costuma brincar, dizendo, com “batom na cueca”. Isso aconteceu com a Ferrero, no ano passado, que dias antes da Páscoa teve que se defrontar com uma notícia procedente do exterior da contaminação de seus produtos infectados pela bactéria salmonella. Imediatamente a empresa veio a público para dizer que todos esses produtos, e que são fabricados em sua fábrica da Bélgica, jamais foram importados e comercializados no Brasil. Mas, e mesmo assim, a desconfiança mais que plantada na cabeça dos consumidores brasileiros, e prejuízos fortes muito especialmente em seu best-seller, os Ovos Kinder, que sempre brilharam mais na páscoa, e que se caracterizam e diferenciam pela surpresa que trazem dentro, e que se revela no abrir. Mesmo sabendo que esses produtos jamais chegaram ao Brasil, como medida de segurança a Anvisa suspendeu a venda dos produtos Kinder importados. Ou seja, não suspendeu nada mesmo porque não são importados… mas foi a forma como a Anvisa encontrou para alertar as pessoas. Mesmo vindo a público e reiterando que os produtos Kinder vendidos no Brasil não procedem de sua unidade na Bélgica, os prejuízos contabilizados foram, grandes. O que fazer-se em crises como essa, e que acontecem a poucos metros da linha de chegada. Grosso modo, nada em relação a efeméride e data promocional. Respirar forte e engolir o prejuízo, mas, na sequência e rapidamente aferir o grau de contaminação da marca, e executar um plano de recuperação e resgate da imagem e da marca. Tipo, operação, dependendo da dimensão dos estragos, tipo, Branding Aftermath, mais conhecida no Brasil como Operação Rescaldo…
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Atacarejo reinventa o hipermercado. Não vai dar certo!

Atacarejo é atacarejo não é hipermercado. Com o nascimento dos atacarejos, os hipermercados ingressaram em contagem regressiva. Classes A e B cada vez mais privilegiando os supermercados e varejos especializados, e comerciantes, ambulantes e vendedores em geral comprando nos atacarejos – foi para isso que nasceram. Mas, com a crise, e crescente falta de dinheiro, além dos comerciantes, outros tipos de clientes passaram a frequentar os atacarejos. Por outro lado, e com as mudanças radicais porque passa o varejo, os supermercados enfraqueceram-se com muitos marketplaces oferecendo os mesmos serviços, com entregas no mesmo dia, e poupando as pessoas do deslocamento físico. E aí, com a pandemia, uma desarrumação geral na economia do mundo, a inflação volta a crescer, milhões de desempregados, milhares de negócios fechando as portas, e o recorrer-se aos atacarejos, com todos os seus desconfortos na medida em que foram concebidos para atender os comerciantes, e não famílias e pessoas físicas, os Atacarejos, esquecendo-se de sua natureza e história, celebrando o sucesso momentâneo, perdem o juízo e resolvem converterem-se em, isso mesmo, Hipermercados! Nos jornais de um final de semana do ano passado a informação que algumas organizações do Atacarejo decidiram mudar a vestimenta, agregar penduricalhos, e atrair as classes A e B. Daniele Madureira, começa sua matéria na Folha, dizendo, “Lojas com ar-condicionado, bem iluminadas, com pé-direito alto, espaço para adega, fatiamento de frios, açougue e cafeteria, luxos tão comuns aos super e hipermercados, começam a fazer parte dos atacarejos – espaços de vendas espartanos, em que empilhadeiras e pallets dividem espaço com clientes nos corredores…”. Socorro! Atacarejo fazendo-se passar por Hipermercado não vai dar certo. A menos que fosse para desfilar no Comic-Com, como Cosplay, evento que retornou com tudo em dezembro do ano retrasado, no SP Expo. Atacarejo travestido de Hipermercado é, simplesmente, patético. Vai constranger os frequentadores do Comic-Com, e debilitar um negócio vencedor, o Atacarejo, desde que respeitada sua índole, cultura, propósito e missão.
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Cruzou a linha

Se os números de três das principais organizações de varejo do país são uma amostra mais que significativa da realidade, a realidade do comércio em nosso país é outra. As vendas no digital suplantaram as vendas no analógico. Os Bricks, gradativamente foram perdendo a importância, e abrindo espaço para os Clicks. Muitos dizem que as lojas continuam sendo da maior importância para algumas vendas, mas, e principalmente, como ponto de entrega do que foi comprado pelo digital, assim como resolver pequenos problemas. Mas para isso essas chamadas Novas Lojas, ou Terminais de Entrega, não precisam mais nem serem lojas, e muito menos pagarem por espaços privilegiados arcando com os valores inerentes aos chamados Pontos Comerciais. Não precisam ficar na avenida, podem instalar-se nas ruas de trás… Daniele Madureira da Folha foi atrás e consolidou os números. E o atravessar da linha está mais que constatado. Nos últimos meses as vendas no digital bateram com folga as realizadas nas lojas. Na Americanas as vendas pela internet alcançaram 76%; Luiza 71%, e VIA (Bahia + Ponto Frio) 59%. Por decorrência, no ano de 2021 a Luiza investiu R$222 milhões em 182 novas lojas, e R$790,2 milhões em tecnologia. A VIA R$223 milhões para abrir 101 novas lojas, mas, R$601 milhões em tecnologia. Curto e Grosso, a linha divisória foi atravessada e vai ficando para trás. Até o final desta década assistiremos a decadência irreversível das chamadas ruas de comércio, e o fechamento de milhares de lojas por todo o Brasil. Como de certa forma já aconteceu com os dois quarteirões da rua da Consolação antes de chegar na Avenida Paulista… Lembram do slogan da velha e boa transportadora e que era, “O mundo gira e a Lusitana roda”. É mais ou menos por aí. O mundo gira e os que almejam sobreviver que tratem de girar junto. Mas não é fácil…
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Bruxas e fantasmas

Brasil, um país único. Abarrotado de Bruxas e Fantasmas. Como assim, você nunca viu? Eu também nunca vi, mas a absurda realidade brasileira, mas que sugere e dá indícios inequívocos de suas existências. Mais ou menos confirmando o provérbio que diz, “Yo no creo em brujas, pero que las hay las hay”. Em verdade, originário da Galiza, e onde e no original seria, “Eu non creo nas meigas, mais habelas hainas…”. Assim é nosso país. O que obriga muitas vezes as pessoas e empresas tomarem cautela e protegerem-se daquilo que ainda não existe, mesmo porque em nosso país até o que não existe, assombra. Assim, e antecipando-se ao governo, legislativo, justiça e outras instituições, as empresas já pedem a seus escritórios de advocacia em todos os novos contratos de qualquer ordem pra já ir colocando cláusulas que as protejam das decorrências do Metaverso a caminho. Isso mesmo, o criado por Mark Zuckerberg que dia a dia vai se adensando, ao menos no plano dos comentários. Ou seja, a versão Metaverso Brasil já nascerá abarrotada de juridiquês… O que faz com que os escritórios sorriam e ganhem mais alguns e muitos cobres pelos prováveis e eventuais fantasmas e bruxas. Coisas de um país de gatos escaldados que têm medo de água fria, e sobre o qual o ex-ministro Malan teria dito, “o país onde o futuro é duvidoso e o passado incerto…”. E o presente, concluo, talvez…
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Uma entrevista instigante e devastadora

Meses atrás, Fernando Zancan, presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral, concedeu entrevista a Lana Pinheiro, da revista Dinheiro, e entortou a cabeça de muitos… De quase todos. Manifestou-se de forma definitiva e taxativa, “A solução para as questões climáticas não é acabar com os combustíveis fósseis, e sim, descarbonizar sua produção…”. Segundo Fernando, “Estamos sofrendo um escrutínio global por uma confusão de conceitos. Dentro do necessário processo de descarbonização da economia, há um entendimento errado de que é preciso acabar com o combustível fóssil. Pregam o fim da fonte, e não a solução do problema decorrente da emissão dos gases estufa. Os fósseis representam 80% da matriz energética mundial e, pela representatividade, viraram alvo. Assim, repito, a solução para as questões climáticas não é descarbonizar a cadeia. Temos de capturar CO2, armazená-lo ou dar outra destinação, planejando uma transição energética de um modelo de alto para o de baixo carbono sem destruir valor econômico nem social…”. Pouco provável, diante da altura e intensidade que alcançou a discussão, que agora a outra parte consiga ouvir as ponderações da Associação Brasileira do Carvão Mineral.
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Esqueceram–se do colchão

Há anos, quase 30, que o mundo sabia que mergulharia numa crise de dimensões monumentais. O fim dos empregos, e um intervalo entre 10 e 20 anos até reacomodar ou redirecionar milhões de pessoas. Prepará-los para migrarem de empregados para profissionais empreendedores. Com uma perspectiva e futuro muito melhor do que foi até ontem, mas com muita dor e sofrimento no intervalo. Assim, o mundo que já deveria ter se preparado para esse momento, construindo um colchão social para amparar essas pessoas – muito especialmente os jovens saindo da adolescência em direção a um mercado de trabalho que não existe mais. Meses atrás, Ronaldo Lemos, advogado e colunista de tecnologia na Folha, palestrante, com uma das melhores séries de TV sobre o admirável mundo novo em processo de construção – Expresso Futuro – trata do assunto relatando o que vem acontecendo em outros países, muito especialmente na China. Segundo Ronaldo, a geração que chamamos aqui de Geração Nem Nem – nem estuda, nem trabalha – no Brasil o dobro dos demais países desenvolvidos – 36% dos jovens entre 18 e 24 anos, ganham diferentes denominações em outros países. Na China, um contingente gigantesco de jovens entre 18 a 30 anos que integram a chamada geração Tang Ping – “Permanecer Deitado” – não fazer absolutamente nada, e deixar o tempo passar. E a caminho uma nova geração batizada de Bai Lan – “Deixar Apodrecer”. Uma geração que além de jogar a toalha quer que tudo se “ferre” para não dizer “se foda”. Parcela expressiva dessas pessoas passam seus dias mergulhados nas redes sociais. Segundo Ronaldo, em pesquisa recente realizada nos Estados Unidos com pessoas entre 23 e 38 anos, a constatação de que 22% dos entrevistados dizem não ter amigos; Nenhum! Solidão total e absoluta. E ainda, na China, uma outra denominação para essa geração, “Geração Morango” – jovens que pretendem ganhar a vida como influenciadores, mas que, e a semelhança dos morangos, são de uma inconsistência e fragilidade absolutas. É isso, amigos. Há duas décadas no mínimo se sabe que os empregos estavam terminando. Agora, com raríssimas exceções terminaram.  E nós, mundo, não criamos um colchão social para realizar a travessia de forma mais tranquila e segura. Infelizmente, a agressividade e violência deveria subir o tom de forma significativa. Talvez a principal característica da segunda metade desta década. Ninguém pode alegar que não sabia, e muito menos que fomos pegos de surpresa. Uma crise social e monumental anunciada com muitos anos de antecedência…
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Os dois caminhos

Sempre existe mais de um caminho para se encontrar uma solução para um problema ou um desafio. O caminho direto, o de eliminarmos o problema mediante corte e supressão. E o indireto, encontrando uma forma de solucionarmos o problema de forma natural. Muitas vezes usando muitas de suas propriedades para resolver. Assim, é com muito entusiasmo que registramos os comentários do biólogo Fernando Reinach, em sua coluna semanal no Estadão, de que, e finalmente, encontrou-se uma solução para a reciclagem enzimática de garrafa pet. Segundo Fernando, “O ideal, e, em teoria, seria desenvolver um sistema circular em que o plástico na forma de polímero fosse quebrado e seus monômeros fossem liberados. Uma vez liberados, poderiam ser purificados e usados novamente… E um grupo de cientista acaba de alcançar essa conquista. Enzimas capazes de quebrar as cadeias de Pet, liberando os monômeros, mas, e diferente do que acontecia no passado, 95% dos monômeros presentes nas garrafas foram recuperados possibilitando a reutilização e completando o círculo e refazendo o plástico…”. E tudo isso, hoje, em não mais que cinco dias… Assim, e muito brevemente, 12% do lixo sólido produzido pela humanidade a caminho da redenção. Talvez, uma das mais importantes notícias dos últimos tempos, sobre tema do interesse de todos.
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Revisão de estratégia, ou, um novo modelo que se converterá em benchmark?

Num reposicionamento de grandes dimensões, ou complementação de rota, talvez inspirado em pequenos varejos que recorreram ao franchise, como o Multicoisas, o fato é que o Leroy Merlin soltou as amarras e decidiu, além das megalojas, partir para lojas de bairro. Em entrevista à Márcia de Chiara do Estadão o diretor de desenvolvimento da empresa Renato Coltro abriu o jogo. A Leroy vai investir R$1 bi até 2024 para abrir 150 lojas para compras rápidas. Leroy Express. As Express serão extensões das megalojas que hoje existem nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Ao anunciar a revisão na estratégia Coltro disse “Ter 150 lojas express até 2024 é uma meta factível, mas no Brasil cabem muito mais lojas desse formato…”. De alguma forma, a Leroy segue em maiores dimensões o que fez a Telhanorte a partir de 2019. Hoje só na cidade de São Paulo são oito lojas, e com uma segunda marca começa a invadir o Rio Grande do Sul. Segundo a Leroy, as lojas express destinam-se a todos os clientes – muitos – que nem, querem ir às megalojas, e também não gostam de compras pela internet. Uma espécie de Nem, Nem… Nem megas, nem digi… Quem sabe, um novo modelo de varejo para determinados produtos que as pessoas consideram comprar a distância, mas se sentem mais segura dando uma olhadinha, presencialmente…
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Desertificação, e, prosperidade

Para quem ainda tem alguma dúvida, em que direção caminha o futuro, ou pra onde bate o vento, é suficiente olhar e ver o que acontece com o comércio de ruas, e como andam os negócios dos armazéns logísticos. O comércio de rua, mergulhou num processo irreversível de abandono e desertificação. Algumas das principais ruas das maiores cidades do Brasil, e do mundo, também, com o maior vendaval de Aluga-se, ou Vende-se, ou Passa-se o Ponto da história. Enquanto isso os chamados Armazéns Logísticos multiplicam-se numa velocidade maior que a dos coelhos. Uma das grandes empresas desse território, a GLP – multinacional que tem sua sede em Cingapura, investirá, entre 2024 e 2026 no Brasil para a construção de novos armazéns logísticos, a quantia de R$2,1 bilhões. Armazéns esses que já estão encomendados e serão locados, mais de 80% deles, às empresas do comércio eletrônico. Hoje, a GLP já é a maior empresa desse território. Possui 13 parques logísticos com mais de 30 galpões. Dos atuais 3 milhões de m², de hoje, para 4 milhões de m² em 3 anos. E cada vez mais, e para atender a necessidade de competitividade de seus locatários na moeda tempo, procura reduzir esses armazéns para uma distância 50% menor – de 30 para 15 quilômetros dos grandes centros de consumo… É isso, amigos. Só as pessoas absolutamente alienadas e desprovidas de um mínimo de juízo e sensibilidade revelam-se incapazes de definir para onde caminha o comportamento da humanidade, especialmente nós, brasileiros, em nossos hábitos de compra, e a dimensão dos desafios a serem enfrentados pela desertificação das chamadas ruas de comércio, e, em paralelo, pelo abandono das torres de escritórios. A encrenca para o final do século não é pequena para os “Zs” e seus filhos e netos…
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