Nubank, a sabedoria de pegar atalhos e caronas
Talvez a mais importante lição a ser aprendida com um Nubank que, com apenas sete anos de vida, segundo os gestores de investimentos vale mais que o Banco do Brasil, é a sabedoria de se escolher por qual porta ingressar no jogo.
Depois de muito analisar, seu criador, o colombiano David Vélez, e sua sócia brasileira, Cristina Junqueira, decidiram ingressar pelo território dos cartões de crédito. Dominado por poucas empresas, com a maioria dos clientes insatisfeitos, muitos revoltados, quase todos sangrando, e a espera de uma luz. E essa luz veio, o Nubank, um cartão de crédito internacional, sem anuidade, e totalmente gerenciado a distância através de um competente aplicativo.
Assim, enquanto os novos entrantes, também conhecidos como fintechs, decidiram começar pela rua principal do mercado financeiro, o Nubank decidiu-se por uma rua paralela, mais calma, de mais fácil controle, com pouca ou nenhuma concorrência a não ser o prevalecimento dos vilões que dominavam esse território no correr de décadas. Mais ou menos como numa corrida de cavalos onde os favoritos e quase a totalidade dos cavalos embolam-se no meio da pista, e um único cavalo, correndo por dentro, ou por fora, atropela e vai assumindo a liderança. Foi exatamente o que aconteceu com o Nubank.
Com apenas sete anos de idade, e meses atrás, com um novo aporte de capital da ordem de US$ 400 milhões, passou a valer, segundo os critérios aditados por gestores de investimentos, mais que o Banco do Brasil, XP, Stone e BTG. Valor esse confirmado meses depois na abertura de seu capital.
De tanto visitar o Brasil à procura de projetos para investidores internacionais como a General Atlantic e o Sequoia Capital, David Vélez concluiu que não encontraria o que procurava e decidiu-se por converter-se naquele projeto que gostaria de ter encontrado.
No dia 18 de outubro de 2016, palestrou no CEO Summit, contou sobre sua passagem pelo Morgan Stanley e Goldman Sachs, e sua decisão de desembarcar de vez no Brasil e empreender. Naquele evento, disse,
A Descoberta – “Levei seis meses para conseguir abrir uma conta corrente”. Tentei entrar nas agências e era revistado pelos seguranças. Tentei pelos call centers um tédio. Nesse momento, pensei, “qual a razão de tanta dificuldade se os brasileiros pagam as maiores taxas pelos serviços de banco de todo o mundo…”, Ali começou a nascer o Nubank.Advertências – “O que mais ouvi quando desembarquei para ficar no Brasil, foi… No Brasil não dá, você não pode começar esses serviços porque os grandes bancos não vão deixar, os reguladores vão fiscalizar e proibir… Aí decidi conversar com especialistas”. Foram mais de 30 conversas e todos me desencorajavam:
“Esquece essa indústria, Vélez, e você ainda é gringo…”. Ou, “Quando chegou a hora de montar o call center, a equipe de atendimento, e de novo, disse, esquece, esse é um tipo de trabalho que nenhuma pessoa e os que toparem vão chegar atrasado sempre…”.
Não foi isso que aconteceu, todos foram muito cordiais e acolhedores − o sistema bancário e o Banco Central − e os inteligentes vieram e revelaram-se mais que pontuais…
Hoje sei que “o brasileiro é talentoso, e tudo o que temos que fazer é desafiar essas supostas verdades definitivas…”.
É isso, amigos, o Nubank é um cavalo carregado de energia, coragem, determinação, que exala inovação por todos os poros, com uma clientela gigantesca e jovem.
Se conseguir ir se organizando, evoluindo, e rentabilizando, em tese, e potencialmente, tem as melhores perspectivas pela frente, dentre todos os chamados novos bancos, ou fintechs.
Aprendizado: a estratégia de sempre que possível, escolher um atalho, ou, uma rua lateral…
Não se assustem se mais alguns anos o Nubank for o Novo Itaú, o Novo Bradesco… Deu provas que é suficientemente inovador para isso. Porém, ser inovador é importante, mas não é tudo. A partir de agora vai ter que demonstrar, como diz o Ratinho, que, “tem café no bule”. Que tem conhecimento, competência e energia empreendedora, embasados em comprovada capacidade de gestão. E aí são outros quinhentos…