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O ninguém mais faz escova no cabelo, e nem vai ao Méqui…

O que Jeremy Rifkin levou 5 anos para pesquisar e escrever no livro Sociedade de Custo Marginal Zero, Léa Valle da Costa, dona do salão Pé, Mão e Muito Mais, em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio, traduziu de forma precisa e irretocável: “Ninguém mais faz escova no cabelo”. Em matéria mais que reveladora no O Globo de final de semana, assinada pela sensibilidade e competência da jornalista Cássia Almeida. Depois de 5 anos Rifkin concluiu que pelo tsunami tecnológico e todas as decorrências, o preço de produtos e serviços tendiam a zero. Claro, não chegariam a ser de graça, mas despencariam. E é o que vem acontecendo nas últimas décadas. O problema é que à medida que os preços vão despencando, a receita das empresas idem, e com isso começam os cortes de salário, inicialmente, e de empregos, depois. E cá entre nós, o mundo não se preparou para esse momento, por mais que sejamos adeptos e usuários de todas essas fantásticas novidades. Na espetacular matéria de Cássia Almeida, contando o que aconteceu com Léa Valle da Costa, e seu Salão Pé, Mão e Muito Mais, a luz que, de um lado esclarece quase tudo que muitos estamos sentindo, e adverte sobre o que nos aguarda. A história é a seguinte. Antes da pandemia, Léa faturava R$20 mil todo mês. E retirava R$10. Hoje fatura R$25 mil e retira, quando retira, R$3 mil. Explica Léa, “Costumava fazer um reajuste significativo uma vez por ano. Agora, faço dois por ano, insignificantes, para não afastar os clientes… Tive que demitir empregados com carteira assinada… Contrai um empréstimo na pandemia para arcar com os custos da rescisão… Os que aceitaram continuar hoje são parceiros… A demanda voltou, mas não mais para todos os serviços… para os cuidados com os cabelos o movimento está em 30% do que era antes da pandemia… hoje ninguém mais faz escova, e maquiagem diminuiu muito…”. Retrato perfeito, irretocável, do que vem acontecendo com a maioria dos negócios. Que as pessoas sentem, mas têm uma dificuldade compreensível e humana de reconhecer e se adequar, desde que possível, a essa nova realidade, decorrente do tsunami tecnológico, da tal da Sociedade de Custo Marginal Zero, de Jeremy Rifkin… Simultaneamente, pessoas deixando de ir ao Méqui… O cenário, se não chega a ser desesperador, é tétrico. Nas principais cidades do mundo milhares de imóveis comerciais que, anos atrás, valiam uma fortuna, cobravam luvas elevadíssimas, abandonados. Mais ou menos o que aconteceu com os telefones, lembram. Famílias investiam em telefones, investidores chegaram a ter uma carteira entre 200 a 500 linhas, uma linha em Alphaville custa US$ 20 mil, e poucos anos depois, zero… De certa forma, é o que vem acontecendo com o comércio. E assim não surpreende mais ninguém, apenas os desatentos e desavisados, quando abriram O Globo do domingo, 25 de fevereiro de 2024, e deram de cara com Rogério Barreira, CEO da Arcos Dourados no Brasil, leia-se McDonalds, afirmando, apenas, e que, “As vendas digitais já representam 61% do total”!!! Ficou perplexo? É de ficar. O impacto do tsunami tecnológico, aditivado pela pandemia, é, simplesmente apoteótico em alguns setores de atividades. Rogerio entrou no Mc há 40 anos como atendente. Hoje comanda a operação. E revelou-se, também, surpreso: “Nós achávamos que, depois da pandemia, os pedidos via delivery fossem cair, mas não foi isso que aconteceu. Em verdade, é onde registram-se os maiores crescimentos. Mesmo podendo optar pelo drive-thru, pelo balcão dos Mcs, usar o totem, ou adiantar o pedido pelo smartphone e passar para retirar, vai adensando a quantidade dos que preferem pedir de e receber em casa… Lembram do tempo que era um programa ir com a família ao Mc… E de fazer escova nos cabelos. Acorda amigo, o mundo velho vai ficando para trás… Está esperando o que para iniciar a travessia?
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Vale e pode tudo

Hoje, em tempos de disrupção radical, sequelas da pandemia, desgovernos e um país que tem uma Justiça que passa a quase totalidade do tempo concedendo-se benefícios, e um governo que paga viagens para réus condenados para reuniões no Ministério da Justiça, sim… Pode tudo! Portanto, nessa selva em que vivemos nada mais surpreende, e, as big techs todas, em menor ou maior intensidade mesmo porque são incapazes de fiscalizar tudo o que passa por seus escaninhos e corredores, continuam possibilitando que contraventores de toda ordem trafeguem, anunciem e vendam, através de suas plataformas. Contando com a cumplicidade, complacência, preguiça ou omissão dos algoritmos. E aí O Globo, claro, sentindo-se mais que prejudicado, decidiu denunciar. E nem precisou de muito esforço para encontrar um monumental oceano de irregularidades. Vamos lá, denuncia O Globo, “Mesmo depois de ter entrado na mira do Ministério da Justiça, a Meta, dona do “Feice”, Insta e WhatsApp, segue veiculando em suas plataformas anúncios com indícios de que são usados para cometer crimes no Brasil. O Globo identificou peças publicitárias que divulgam de golpes financeiros aplicados a partir de programas do Governo Federal e ofertas da Black Friday ao jogo do bicho. O caso expõe as dificuldades das big techs em moderar conteúdos, inclusive aqueles que são impulsionados e, em tese, estão sujeitos à fiscalização mais rigorosa antes de entrarem no ar…”. E conclui O Globo, “Nos últimos dois dias, mais de 200 impulsionamentos de postagens que divulgam o jogo do bicho foram localizadas pela reportagem na própria Biblioteca de Transparência de anúncios mantida pela Meta. A prática é proibida no país e enquadrada como contravenção penal…”. Segue e intensifica-se a guerra entre as Novas Plataformas, e as Plataformas Clássicas e Convencionais. Curto e grosso. Mesmo as rainhas dos algoritmos, da inteligência artificial, da tecnologia, são incapazes de controlar tudo o que passa sob seus olhos vesgos e ouvidos moucos… Num país onde chefe de quadrilhas são recebidos com honras e homenagens, passagens e estadias pagas, no Ministério da Justiça, tudo, não deveria poder, mas, pode…
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Foi ótimo, mas, pouco me lembro…

Por linhas tortas e em decorrência do tsunami tecnológico e seus gadgets, nós, seres humanos, vamos descobrindo e constando as tremendas limitações de nosso cérebro. O quão pouco somos capazes de guardar, lembrar, recordar. Por essas e outras razões, e ao mesmo tempo que nos levam a essa conclusão, os smartphones tornaram-se no melhor recurso e pior testemunho das limitações de nossos cérebros. No dia seguinte, perplexos, vemos em nossos smartphones, fatos e acontecimentos onde estávamos presentes, e mesmo e apenas, horas depois, não nos lembramos de ter visto… Isso posto, agora mais que se sabe porque infinitas descobertas nos últimos 20 anos, decorrentes da capacidade de armazenamento e processamento de informações, não pararam e não param de eclodir. Nossos cérebros só processavam o que se lembravam, e que, hoje sabemos, era muito pouco. E como não se lembravam, pior ainda, nem mesmo imaginavam fazer determinadas perguntas… Publicações do mundo inteiro foram atrás do aparente fenômeno – em verdade, cruel e decepcionante realidade – e mais que comprovaram as inimagináveis e monumentais limitações de nossos cérebros. O jornal O Globo escalou sua jornalista Raquel Pereira para investigar, e Raquel voltou afirmando ter constatado o que denominou de “Amnésia Pós-Show”. O relato de fãs que aguardaram anos e décadas para um encontro pessoal com seus ídolos, e no dia seguinte, além de muita emoção, lembravam-se muito pouco… Comparado com o que seus smartphones registravam… O mais celebrado show da atualidade, a turnê Eras Tour, de Taylor Swift, tem demonstrado em diferentes países a tal de “Amnésia Pós-Show”… Na matéria de Raquel Pereira muitos depoimentos. Com o de Larisa Magar, 25 anos, que veio até São Paulo para ver ao vivo o seu grupo de K-pop favorito, Super Junior e a quem acompanha há 11 anos. Procura ficar próxima do palco e foi às lágrimas muitas vezes de tanta emoção. No dia seguinte, “eu não lembrava de ter visto várias coisas. Até algumas músicas eu não lembrava que eles tinham cantado até ver depois a gravação que fiz no celular…”. Depoimento semelhante ao de Gabriela de Souza Viera, que veio à capital São Paulo assistir ao show de Harry Styles, depois de uma espera de 12 anos… “Esperei 12 anos, 4480 dias, foi o melhor dia da minha vida, e não me lembro de quase nada do show… Sou grata pelos momentos vividos, mas estou triste por não poder contar com as lembranças do melhor dia de minha vida…”. É isso, amigos. Talvez quando a expectativa extrapola todos os limites a capacidade de armazenamento de nossos cérebros fique sensivelmente prejudicada. Não importa. Essa é a realidade. Não fosse a velocidade e capacidade de processamento dos gadgets, ainda estaríamos parados no final do século passado. E, sim, a inteligência artificial é uma dádiva, depois das devidas regulações como aconteceu com todas as inovações da história da humanidade, em suporte e apoio ao permanente desenvolvimento de todos nós em direção a uma melhor qualidade de vida. Se hoje, e finalmente, entendemos que não compramos produtos, e sim os serviços que os produtos prestam, mais um pouco entenderemos que pouparemos nossos limitados cérebros para a última linha, no processo de tomada de decisão, enquanto colocamos a tecnologia e a inteligência artificial para as pesquisas e organizações dos dados, para que, e finalmente, tomemos a decisão. A consciência de nossas limitações é o passo mais importante em direção ao futuro, e a um mundo melhor. E um alerta da maior importância, para os prestadores de serviços de M&B ‒ Marketing & Branding. Mais que na hora de radical revisão de seus métodos, entendimentos e práticas.
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Eficiência e Eficácia

Atendendo a pedidos voltamos a falar sobre as diferenças radicais, extremas, entre Eficiência e Eficácia. Não é raro, pessoas, jornalistas, escritores, políticos, continuarem usando as palavras eficiência e eficácia como se fossem sinônimos. São parecidas, têm a mesma etimologia, mas são antônimos, com significados completamente antagônicos como nos ensinou, nosso adorado mestre e mentor, Peter Drucker. O que todas as empresas, equipes, organizações, orquestras, times, conjuntos, deveriam perseguir obstinadamente, é a Eficácia – fazer certo exclusivamente as coisas certas. E, jamais, a eficiência, fazer certo todas as coisas. Pela simples razão que é impossível fazer-se certo todas as coisas. Quem tenta fazer todas as coisas jamais termina, ou, quando termina, o prazo foi mais que ultrapassado e a realização é inócua, irrelevante, inútil. No ano passado, por exemplo, e ao anunciar na primeira página de seu caderno de esporte a vitória do Palmeiras sobre o Flamengo, O Globo disse: “O Tri da eficiência. Mais eficaz, Palmeiras aproveita falhas e conquista a libertadores de novo.” Isso posto, o Tri jamais é o da Eficiência, e sim, e sempre, da Eficácia. Segue a vida, mas todos nós, empresários e profissionais temos que ter mais que presente sempre essa aula magna de Drucker para não permanecermos parados pelo caminho, vida, negócios, sucesso. Eficácia, sempre; eficiência, jamais. Repetindo, de que adianta fazer todas as coisas no mínimo detalhe e precisão, e perder o trem, o avião, o encontro, o negócio, a vida? Ser sempre eficaz. Fazer exclusivamente certo as coisas certas. Aquilo que é essencial. Isso posto, elimine a palavra eficiência de seu vocabulário, é uma inutilidade. Persiga obstinadamente a eficácia. Concentre todo o seu tempo, energia, competência, conhecimento em ser exclusivamente eficaz – fazer certo as coisas certas.
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Vida antecipada, em duas dimensões

Poucos campos de atividade têm apresentado conquistas e evoluções tão espetaculares quanto a medicina e a saúde. Uma mesma rubrica, um mesmo título, encerra dois sentidos diferentes, e os dois, fantásticos: vidas antecipadas. Vidas antecipadas, no sentido de crianças que nascem de forma prematura, antes do tempo, e conseguem sobreviver com poucas ou nenhuma sequela. E vidas antecipadas, decorrente de todas as conquistas dos primeiros 20 anos de prática e experimentos a partir do Genoma Humano. E que torna possível antecipar-se vida, com prognósticos de altíssima precisão, a respeito de tudo o que aguarda pelas pessoas no correr de suas vidas. Na primeira das vidas antecipadas, a dos prematuros, anos atrás era um susto e total preocupação bebês prematuros de 28 ou 29 semanas. Em torno dos sete meses. Hoje, encara-se com preocupação, mas com confiança, bebês com apenas 24 semanas, seis meses ou menos. Em entrevista a Constança Tatsch de O Globo, a médica Romy Schmidt Brock Zacharias, coordenadora de neonatologia do Hospital Albert Einstein, afirmou, “Até a década de 1970, os bebês prematuros com até menos de um quilo dificilmente sobreviviam. Quanto mais prematuro maiores os riscos de alguma sequela. Mas a medicina evoluiu bastante em oferecer tratamento e cuidados mais adequados. Hoje o limite seria 22 semanas, menor que isso, por enquanto, só em ficção científica. Já com 24,25 semanas de vida, a chance de sobreviver do bebê é igual ou superior a 50%. Na segunda das vidas antecipadas, em decorrência de todas as conquistas do Genoma Humano e da Medicina Genética, a Corretiva, e segundo o biólogo e PHD em Biologia Celular e Molecular pela Cornell University, Fernando Reinach, “O primeiro genoma humano, há exatos 20 anos, custou a bagatela de US$3 bilhões. Hoje, com US$300 é possível sequenciar o genoma de uma pessoa. E, em sua coluna no Estadão, Fernando Reinach conta sobre um estudo recém-publicado por um grupo de cientistas que analisou o sequenciamento de genes de 454.787 pessoas, como todos os seus dados médicos, físicos e mentais registrados detalhadamente. Para não nos alongarmos muito, depois das sucessivas etapas desse estudo, sua conclusão compreenderá um catálogo que servirá como referência, métrica, espelho, para que se possa sequenciar o genoma de um recém-nascido e prever parte do que vai acontecer com ele durante toda a sua vida… Nos anos 1990, quando os cientistas decidiram se somar em busca do genoma humano, a promessa que faziam em termos de conquista era essa, a produção de um catálogo que permitiria antecipar e prevenir doenças. Na maior parte das vezes, processando-se correções genéticas. De certa forma, é o que esse estudo acaba de anunciar. É isso, amigos. Chegamos aos portais do Admirável Mundo Novo. Onde diferentes formas de vidas antecipadas vão se registrando. Ou, se preferirem, de vidas, mais que antecipadas, de vidas prolongadas. Até, e quem sabe mais adiante, alcançarmos a imortalidade. O dia em que morrer será opcional. E não está distante.
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As previsões de Ben Hammersley

Ben Hammersley, da cidade de Leicester, Inglaterra, abril de 1976, é um respeitado jornalista e consultor especializado em tecnologia, e comanda sua empresa de previsões futurólogas, a Hammersley Futures. Meses atrás concedeu entrevista a Edward Pimenta, da editoria de economia de O Globo, e para a seção Época do jornal. A parte de O Globo que incorporou a falecida revista Época. Uma longa entrevista, e da qual separamos para comentar com vocês os três momentos mais importantes. Vamos lá. Sobre a suposta culpa dos algoritmos pelos absurdos que acontecem na internet. “Algoritmos são projetados e desenvolvidos por seres humanos e não estão, assim, livres de vieses, preconceitos e crenças pessoais. Isso pode ser muito ruim e acredito merecer algum tipo de regulação. Por outro lado, a tecnologia tem sido utilizada para o processo de decisões, como conceder empréstimos bancários, por exemplo. As empresas devem ser capazes de explicar como e porque se chegou a uma decisão e essa decisão precisa sempre ser passível de recurso. Assim, as empresas de tecnologia começam a entender sobre a importância de terem em seus quadros especialistas em ética…”. Sobre um provável boom de inovações nesta década 2021/2030. “A próxima grande inovação sempre será maior que a anterior. Assim, e por um lado, essa crença é verdadeira. Já se pensarmos no que aconteceu com o mundo, por exemplo, entre 1890 e 1920, as mudanças foram enormes. O mesmo acontecendo entre 1930 e 1960, e mais recentemente entre 1960 e 1990. Hoje falamos muito em tecnologia, mas as invenções da penicilina, avião, máquina de lavar, pílula anticoncepcional, ar-condicionado e geladeira mudaram o mundo muito mais, por exemplo, do que o surgimento da videoconferência, uma das sensações desta pandemia. Assim, não somos a única geração de pessoas que viveu em uma época em que as coisas mudaram radicalmente… Por decorrência, difícil dizer-se que teremos na próxima década, por exemplo, inovações espetaculares como foi, a chegada do avião…”. E sobre eventuais inovações impactantes em curso? Respondeu: “Sim. Há um reator de fusão nuclear sendo construído no Sul da França, o ITER – Reactor International Termonuclear Experimental – muito próximo de se tornar viável. Quando isso acontecer, conseguiremos, por exemplo, transformar a água do mar em energia. E assim, o mundo mudará, uma vez mais, da noite para o dia. Teremos fonte de energia infinita. Removendo o carbono da atmosfera e condenando ao abandono os combustíveis fósseis. Os envolvidos no ITER falam em no máximo 10 anos…”. E no final do papo, Edward Pimenta pediu a Ben que falasse sobre o futuro do trabalho pós-pandemia… “Hoje, e depois de meses em casa, quando uma empresa pede a um funcionário voltar ao escritório, está pedindo e lembrando a ele do gasto do tempo em transporte, mais dinheiro em roupas e sapatos, e na alimentação em restaurantes. Assim, as empresas mais sensíveis entenderam que não dá mais para voltar ao mundo igualzinho era antes da pandemia. E, por outro lado, as pessoas, em decorrência da pandemia, procederam a uma revisão consistente de seus principais valores. Passam, assim, e a partir de agora, a priorizar a família, saúde mental, o essencial. A consciência, enfim, de que por mais que dure, a vida é muito curta…”. E é assim, amigos, que todos mais que se prepararam para a volta pós-pandemia. Com uma outra cabeça, expectativas, motivações… Esse, Ben Hammersley, 47 anos, futurólogo respeitado.
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Estado Brasileiro, por asfixia, assassinando o Brasil

E, uma vez mais, volta-se a falar em reforma tributária. Claro, com o objetivo único de aumentar impostos. Um país que chegou ao nível de caos tributário em que vivemos, não precisa de uma reforma. Mais que carece de uma revolução tributária. De repensar-se do zero a política tributária do país, providenciar-se uma inadiável reorganização política do país, e, finalmente, partirmos para a criação de um Brasil Moderno aproveitando-nos da espetacular, excepcional e única oportunidade decorrente do tsunami tecnológico. Em nenhum outro momento da humanidade, o mundo reinventou-se tanto e radicalmente como agora. Não podemos perder essa oportunidade! Assim como os moradores dos condomínios não suportam mais as despesas, nós, brasileiros, sangrando, não suportamos mais o caos tributário, a incompetência e corrupção generalizada que prevalece nos escaninhos do poder. O novo governo conseguiu a proeza de falir, de revelar-se e demonstrar-se despreparado e absolutamente incompetente e caótico pela bateção de cabeça de suas principais lideranças, em menos de 60 dias. O novo governo, recém-empossado, acabou. Brasil, três anos e dez meses pela frente à deriva… Criamos um monstro – por indiferença, irresponsabilidade, e omissão – e que já comeu parcela expressiva de nossa carne e agora avança nos ossos. Se as taxas convencionais de administradoras de condomínios são de, no máximo, 10%, o mesmo deveria acontecer com os países. 10% do PIB para as despesas e investimentos comuns e necessários. No Brasil, hoje, é de 45,6%! 10% mais que possível e viável pós-tsunami tecnológico. É para onde estão caminhando os chamados países novos. Absolutamente tecnológicos. Na semana passada, matéria de excepcional qualidade de O Globo, e assinada por Felipe Grinberg, traz uma amostra mais que significativa do “sorvedor” e gastador de dinheiro em que se converteu o Estado em nosso país. O exemplo vem do Rio de Janeiro, e de uma iniciativa da Polícia Militar. Que decidiu considerar a possibilidade de deixar de produzir a alimentação de seus policiais internamente, e terceirizar. Na situação atual, produção interna, nos diferentes ”ranchos” da polícia militar trabalha quase um exército. 20 oficiais, 242 segundos-sargentos, 148 primeiros-sargentos, 98 subtenentes, 84 terceiros-sargentos, 120 cabos e 20 soldados. Que deveriam estar alocados exclusivamente nas funções da polícia, e não cozinhando, lavando arroz, escolhendo feijão, descascando cebola e lavando pratos… Pra não alongar mais esse tema constrangedor, e somando todos os demais custos de matéria- prima, preparação, limpeza, etc., chega-se a um valor mensal de R$11,3 milhões. Devidamente terceirizado, o custo seria num primeiro momento com tendência a cair mais com o correr do tempo, de R$8 milhões. O que significaria uma economia de R$40 milhões por ano, e mais ainda a liberação de quase 800 militares para cuidarem daquilo para que ingressaram na carreira, e que, definitivamente, não é cozinhar. Em maiores ou menores proporções isso acontece em todo o estado brasileiro, tanto em âmbito federal, como estadual e municipal. Assim, insuficiente reformar. Necessário e urgente revolucionar. A cultura de incompetência e corrupção instalou-se e nada acontecerá se insistirmos, apenas, em reformar. Repetimos e assinamos embaixo. Se agregarmos todas as possibilidades decorrentes do tsunami tecnológico e construirmos, finalmente, um novo e moderno Brasil, os atuais mais de 40% do PIB que esse estado custa, cairá para 10%. Ou seja, 30% seriam destinados para ganhos extraordinários de crescimento, prosperidade, e, principalmente inclusão e justiça social. O que estamos esperando para, mais que reformar, revolucionar o Brasil?
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Golden Cross

No jornal O Globo, de meses atrás, a notícia de que a Golden Cross tenta um lancinante “levanta, sacode a poeira, dá a volta por cima”. Mais conhecido na linguagem dos especialistas, como, turnaround… Difícil, complicado, quase impossível. Nessa tentativa reencontra, ou melhor, não encontra um território que apenas se renovou… Encontra um mais que novíssimo território, um território da saúde que praticamente renasceu e é outro, muito melhor, mais competitivo, do que o território onde um dia a Golden Cross foi líder. Segundo O Globo, a Golden Cross, fundada há mais de 50 anos no Rio de Janeiro, da família Afonso, e na palavra de seu presidente Franklin Padrão, “Estávamos estacionados há dois anos, tentando acertar processos internos. Agora fizemos uma mudança estratégica para acelerar a comercialização…”. Em verdade, a Golden Cross não está estacionada há dois anos. Parou no tempo há quase duas décadas. Já no ano de 1997, 26 anos atrás, Frederico Vasconcelos escrevia na Folha do domingo, dia 31 de agosto, o seguinte, “A crise da Golden Cross reproduz, no mercado dos serviços de saúde, a decadência de outros impérios privados que cresceram graças à inflação e se mostram despreparados para manter a posição numa economia estável… Assim com uma Mesbla, a Golden Cross tinha graves problemas de administração de negócios, operava com custos elevados, mascarados pelos ganhos financeiros decorrentes da inflação…”. Na matéria de O Globo, comenta-se sobre a volta da Golden Cross na propaganda com Fernanda e a Fernandinha Montenegro, sobre a mudança de sede, e muito mais. E lembra que no ano de 1997, quando a Folha publicou a matéria que citamos, ainda era líder do território dos planos de saúde com 2,5 milhões de clientes e faturamento de R$7 bi a valores de hoje. Nos números da ANS – Agência Nacional de Saúde ‒ a Golden Cross tinha, em maio de 2020, 318 mil beneficiários, contra uma Amil com 1,2 milhão… Ou seja amigos, muito difícil, depois de mais de duas décadas, conseguir-se agora, a tal da volta por cima… Existe um longo, gigantesco, concorrido e novíssimo caminho pela frente. Tarefa para gigantes. Mas, e no mínimo inspirador, uma empresa que reinou absoluta décadas atrás, tentar, ainda que com possibilidades mínimas, resgatar o brilho de um passado não tão distante.
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Cenas do mundo moderno

Um dia, o Madia perdeu parte das fotografias que se encontravam guardadas e apenas na memória do seu computador. Chamou um técnico, retiramos a memória, mandamos para três especialistas, e os dados estavam irreversivelmente corrompidos. Aquelas fotos, nunca mais. Desde então guarda tudo em três lugares diferentes, mais um backup exclusivo. Mas, e mesmo assim, o trauma foi de tal ordem que até hoje sente-se inseguro. Muitas pessoas decidiram confiar todos os seus dados às grandes corporações que dominam as nuvens. E, por mais seguro que seja, sempre pode dar algum problema. Assim, recomendável ter um segundo lugar, além das nuvens e fora das máquinas para ter um backup de dados e informações. Em agosto de 2021, o jornal O Globo, contou a história de Eduardo Ladeira que confiou ao DROPBOX todos os seus dados. Eram 190 mil arquivos, e mais 120 mil fotos. Conforme relato do Eduardo, desde o dia 15 de julho de 2021 perdeu o acesso a esses dados e teve sua conta desabilitada. A única explicação que Eduardo recebeu, e através de robôs, é que “violou os termos de uso” e mais nada, e não consegue falar com quem quer que seja. Assim que a matéria saiu no Globo dezenas de pessoas disseram ter o mesmo problema e agora organizam-se para criar um site na internet sobre o tema. Ou seja, amigos, as conquistas do digital são fantásticas, mas, e por um bom tempo, e ainda, uma selva. Onde a qualquer momento pode acontecer de tudo com os chamados internautas. Leia-se, com um de nós. Perder todos os seus dados, ver sua conta bancária assaltada, constatar que seus dados foram vendidos… Ainda levaremos de uma a duas décadas para que o digital tenha um nível básico de segurança. E isso só começará a acontecer quando as empresas assumirem suas responsabilidades, e pararem de dizer que não têm nada com isso.
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Blog do Madia

Diário de um Consultor de Empresas – 04/01/2023

SISSIMANIA DE VOLTA COM TUDO? Quem faz essa previsão é o colunista da revista ELA do jornal O GLOBO, BRUNO ASTUTO. O passado escrevendo o futuro. E nos negócios, nos tempos em que vivemos, como prever o futuro? O que pensa nosso adorado mestre sobre o tema?